O Coletivo Cinefusão surge, no final de 2008, a partir da iniciativa de trabalhadores de diversas áreas - cinema, jornalismo, publicidade, artes cênicas, filosofia, arquitetura, fotografia -, empenhados em criar primeiramente uma rede colaborativa que pudesse dar conta da junção dessas linguagens e também da possibilidade de abarcar potencialidades em busca de produção artística independente, mas também de reflexões concretas acerca da sociedade. É principalmente sobre este último pilar de atuação política, que o grupo vem, atualmente, pensando o cinema, sempre vinculado a outras expressões artísticas e movimentos sociais.

sábado, 8 de janeiro de 2011

"Se a terra é um direito, ocupar é um dever"



Existem atualmente no Estado de São Paulo cerca de 2.800 famílias vivendo em acampamentos, reivindicando o direito à um pedaço de terra. Entraram na luta do MST por necessitarem de trabalho, comida e moradia. Lutam para serem assentadas e viverem em comunidades, com acesso à educação, à saúde, cultura e meios de produção.

Boa parte dessas famílias está nessa situação há 8 anos, pois a política aplicada hoje tanto em âmbito estadual como também no âmbito Federalpriorizou o agronegócio em detrimento de uma política de Reforma Agrária que beneficiaria a maioria da população brasileira, gerando com isso trabalho, distribuição de renda, alimentação saudável sem envenenamento dos agrotóxicos, uma política habitacional.  

As famílias acampadas no estado de São Paulo seguem sem uma resposta concreta a respeito de sua situação.  E além daquelas que vivem debaixo da lona preta, boa parte dos assentamentos ainda não estão regularizados pelo INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma  Agrária), ou só com parte da área liberada. Isso ainda com o agravante das famílias assentadas não estarem tendo o apoio necessário para o seu desenvolvimento, como escolas, acesso à saúde, estradas, água, energia elétrica e condições de produção e comercialização, que são direitos garantidos pela constituição. Porém os recursos que tem sido destinados aos assentamentos não dão conta de cumprir sequer com um dos itens citados. A situação de grande parte dos assentamentos é precária, pois a reivindicação pela concessão de créditos para implementação de agroindústrias nos assentamentos permanece sem ser atendida. Os assentamentos no estado de São Paulo se deparam também com a falta de Assistência Técnica, tanto da parte do INCRA, como também da parte do ITESP (Instituto de Terras do Estado de São Paulo). 


Frente à indiferença do governo diante da demanda por uma política de Reforma Agrária no Estado de São Paulo, cerca de 300 acampados, assentados, militantes e aliados do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ocuparam nessa manhã do dia 05 de janeiro de 2011 a Fazenda Martinópolis, em Serrana, região de Ribeirão Preto. 

A fazenda foi arrematada pelo governo do estado em 1992, porém em 2002 a decisão foi revogada. A área pertence à Usina Nova União, que tem uma dívida de 300 milhões de reais devido a sonegação de ICMS, além de dívida trabalhista com 600 trabalhadores funcionários referente a 2010 e condenações por crimes ambientais.

Por volta das seis horas da manhã dessa dessa sexta feira,dia 07 de janeiro, a Polícia Militar do Estado de SP cercou o acampamento Alexandra Kollontai com o pedido de reintegração de posse, junto ao pedido de prisão dos militantes identificados como lideranças. Desde a então ocorre tensa negociação entre os Ocupantes da Usina Nova União e a Polícia Militar. O Movimento vem tentando fazer contato com advogados e parlamentares aliados da luta pela terra para ajudar nas negociações.


Fonte: Movimento 27 de março

3 comentários:

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  2. Danilo,

    De forma complementar ao que você disse a respeito do fato de que as famílias recorrem à luta por não possuírem, absolutamente, qualquer fonte de sustento, diria também que isto é o suficiente para entendermos que o MST é mais uma consequência histórica do que uma forma deliberada de "terrorismo", como diz a direita ignorando a responsabilidade do governo; ou "reformismo", como diz a esquerda, incapaz de construir outra alternativa.

    A associação entre latifundiários e agronegócio me parece ser o ponto. O agronegócio apóia-se nas propriedades dos latifundiários; estes, por sua vez, são crias sustentados pelo agronegócio, como sabemos. É uma relação interdependência: tanto nossa "existência" enquanto nação, quanto nossa sustentação econômica no jogo internacional do capitalismo, é causa da perpetuação de nosso "atraso" (e efeito, em certa medida). Logo, acho difícil reforma agrária dentro dos parâmetros desse nosso "Estado mediador". Claro que há um campo de ação mínimo, mesmo que fosse pra dizer pelo menos que tentou; mas o Estado não faz isso, se não terá que dizer quem manda verdadeiramente... Enfim, isso tudo você já sabe... hahahaha

    De qualquer forma, nunca é demais lembrar a constituição.

    Abraços cara.

    Bom texto.

    João

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  3. Tem razão João, também acho perigoso o Estado mediador que se encarrega da ação reformista. Não há como reformar algo que está no âmago do sistema. um abraço

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