O Coletivo Cinefusão surge, no final de 2008, a partir da iniciativa de trabalhadores de diversas áreas - cinema, jornalismo, publicidade, artes cênicas, filosofia, arquitetura, fotografia -, empenhados em criar primeiramente uma rede colaborativa que pudesse dar conta da junção dessas linguagens e também da possibilidade de abarcar potencialidades em busca de produção artística independente, mas também de reflexões concretas acerca da sociedade. É principalmente sobre este último pilar de atuação política, que o grupo vem, atualmente, pensando o cinema, sempre vinculado a outras expressões artísticas e movimentos sociais.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

INSCRIÇÕES PARA RESIDÊNCIA NO ESPAÇO CULTURAL PYNDORAMA

Estão abertas as inscrições para a residência de núcleos convidados, de diversas linguagens, no Espaço Pyndorama. Os núcleos selecionados poderão usufruir do espaço para, por exemplo, ensaios, apresentações, debates ou outras atividades, além de participar dos encontros de reflexão e compartilhamento com os outros núcleos residentes no espaço.

FRAME: Homens ao mar



No último Festival Latino Americano, tive uma bela surpresa com "Alamar", do belga-mexicano Pedro González-Rubio. Fui envolvido completamente pelo documentário/ficção que mostra de forma singela a relação entre pai e filho que teria somente o mar como testemunha, não fosse o filme de Rubio. Ao final da projeção, me senti acolhido e livre por ter tido contato com uma relação humana amparada naquilo que de mais belo pode existir: o carinho de um homem por outro.

Natan é um garoto de oito anos que vive com a sua mãe em Roma e vai passar férias com o pai, que vive em alto mar, dedicado à pesca e à contemplação apaixonada da natureza. Cria-se, assim, um movimento contrário daquele dito "civilizatório", um retorno ao que lhe é natural, intrínseco ao próprio humano. Natan, acostumado com a vida de um grande centro urbano, passa por um desenvolvimento interno e aprende aos poucos a lidar com a natureza e as suas peculiaridades.

Diretor, roteirista, produtor, diretor de fotografia e montador de "Alamar", Pedro González-Rubio constrói uma narrativa carregada de simplicidade e, por isso mesmo, igualmente repleta de significados. A jornada de Natan e seu pai, em constante aproximação da natureza, os leva a uma cumplicidade tal, que chegamos a perceber o homem em seu estado mais natural, aquele ligado ao instinto e revelador do ser humano como a mais autêntica manifestação da natureza em seu estado latente, o mesmo que nos faz chorar perante uma simples imagem cinematográfica.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

FRAME: A juventude americana em "Dazed and Confused"

Talvez daqui alguns anos – ou já, agora – o mundo (é)será um grande depósito de dvds, hds externos, pendrives, todos contendo longas e curtas metragens. Pode ser, então que nessa projeção do futuro cinematográfico, cada pessoa tenha seu(s) próprio(s) filme(s), em suas casas, sobre suas vidas. Provavelmente serão filmes tecnicamente bem trabalhados, devido a evolução de todo aparato para a execução e com a enorme quantidade de informações disponíveis hoje no meios de comunicação, sobretudo a internet.
A nós, amantes e trabalhadores dessa arte, restará, além do medo de um fim progressivo e doloroso, o cuidado de preservar aqueles que estarão para sempre como fontes de estudo histórico, político, filosófico ou apenas – mas de igual importância - servindo ao deleite artístico.
Para mim, “Dazed and Confused” é um desses casos. Um bando de adolescentes ao fim dos anos 70, tentando se manter em uma eterna “festa” com amigos, namoros, drogas, música e brigas. Um retrato de jovens que representam uma nação norte americana muito menos careta, conservadora e imperialista. O outro lado – o conservador, careta e imperialista -, por sua vez, é representado pelo treinador do time de futebol.
Garotas lindas em meio à competição entre elas mesmas e a perspectiva de uma vida como mães em uma classe média sem rumo. Garotos bonitos, jovens, jovens, jovens... A saída do “high school” para a “college” já não representa mais garotas, festas e drogas facilmente adquiridas, mas sim que estão crescendo e isso é, dolorosamente, incontrolável.