tag:blogger.com,1999:blog-32394402503506689632024-03-12T22:29:41.353-03:00Coletivo CinefusãoUnknownnoreply@blogger.comBlogger909125tag:blogger.com,1999:blog-3239440250350668963.post-73807238168676008742016-05-16T19:07:00.000-03:002016-05-17T12:25:25.350-03:00CIA ANTROPOFÁGICA PROPÕE EXPERIMENTO PARA LABORATÓRIO CINEFUSÃO<b>EXPERIMENTO #7 - CINEMA E ANTROPOFAGIA</b><br />
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Após o debate "Cinema e Antropofagia: Livre Experimentação", que ocorreu no Espaço Pyndorama, o Coletivo Cinefusão e a Cia. Antropofágica deram início a um processo de reflexão acerca das possibilidades ou impossibilidades de se atualizar a Antropofagia proposta por Oswald de Andrade, para a experimentação ou aplicação no audiovisual. A Cia Antropofágica propôs um experimento em vídeo para o projeto Laboratório Cinefusão, contemplado pelo Programa de Ações Culturais do Estado de São Paulo. A proposta segue detalhada abaixo:<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmQY6dsy483FSVY_t8n7m5b4kYa7xR5rdKLvAY_O2NADdjTy_v6sZet2gCeC9npsJagIBhGNU0eOnvkihHVHnRg94hEzhFwfjvHJm-3UpvWYPeBzYkutFNhQqrrxkMK7IC7B8Ay1eLLzc/s1600/12496147_1154204794589671_5824080175532026322_o.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="460" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmQY6dsy483FSVY_t8n7m5b4kYa7xR5rdKLvAY_O2NADdjTy_v6sZet2gCeC9npsJagIBhGNU0eOnvkihHVHnRg94hEzhFwfjvHJm-3UpvWYPeBzYkutFNhQqrrxkMK7IC7B8Ay1eLLzc/s640/12496147_1154204794589671_5824080175532026322_o.jpg" width="640" /></a></div>
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<i>Aqui jaz o antigo comandante. Seus adeptos, cujos nomes por ora devem</i></div>
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<i>permenecer secretos, dedicamlhe esta pedra tumular. Dentro de alguns</i></div>
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<i>anos, quando seus adeptos forem mais numerosos, ele voltará a se</i></div>
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<i>erguer e reconquistará a colônia. Tende fé e esperai.</i></div>
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<i>(Kafka)</i><br />
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<b>Proposta:</b> produção de um vídeo por integrante do Coletivo Cinefusão e pelo menos um vídeo realizado pela Cia antropofágica.</div>
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<b>Prazo para entrega: </b>06 de julho</div>
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<b>Pré-requisito:</b> Ler o “Manifesto Antropófago” e “Manifesto PauBrasil”. Assistir ao filme “Di”, de</div>
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Glauber Rocha.<br />
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<b>Obstrução formal:</b> <b>1.</b> [ao menos 1] cena com máscara; <b>2.</b> [ao menos 1] cena alegórica - o procedimento deve ser compreendido em sua acepção mais ampla, incluindo os debates realizados no encontro “Cinema e Antropofagia; <b>3.</b> é proíbido o uso de som direto para diálogos e monólogos, sendo, portanto, permitido apenas a <b>Voz Off/Over</b>. <b>4.</b> Utilizar livremente o texto contido no capítulo VII de “Introdução ao Fascismo”, de Leandro Konder. <b>5.</b> Utilizar estritamente trilha sonora original da Cia Antropofágica .</div>
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A construção das obstruções, e pré-requisitos, para a execução deste experimento se baseiam, sobretudo, no conhecimento produzido por meio dos debates realizados nos dois encontros de “Cinema e Antropofagia”. Dessa forma, não se trata de um ponto de vista cristalizado da Antropofagia, tanto em sua significação antropológica e limitada, quanto àquela estruturada durante o Modernismo que orienta de forma mais incisiva a Cia Antropofágica. Trata-se, então, da tensão desses dois modelos de pensamento criando novas possibilidades poéticas e políticas o que torna ainda mais complexa a tarefa de realizar uma obra antropofágica ou pensar antropofagicamente em mundo que representa algo a ser superado para que, justamente, as proposições do Manifesto Antropofágico possam ser vislumbradas.</div>
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Além disso, parte das discussões nos levavam constantemente ao momento histórico que vivemos, especificamente em relação às movimentações contra e a favor do impedimento da presidenta do Brasil. Por conseguinte, voltamos a discutir as possibilidades do fascismo, parte pelo viés subjetivo e a cadeia de afetos presentes no sujeito, e que podem ser cooptadas por movimentos totalitários; e, por outro lado, a sugestão de que as movimentações se assemelhem a momentos históricos que possibilitariam o surgimento de organizações deste caráter. Ainda que tais sugestões possam ser negadas, transpondo à nossa realidade, a epígrafe kafkaniana ressalta e pontua nosso caráter colonial interno e externo, frente às outras nações, e, portanto, deixa em aberto a via de mão dupla de caminhos que se bifurcam entre utopia e barbárie.</div>
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<b><span style="font-size: large;">Manifesto Pau-Brasil, de Oswald de Andrade</span></b></div>
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<i>Publicado em 1924 no jornal "O Correio da Manhã"</i></div>
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"A poesia existe nos fatos. Os casebres de açafrão e de ocre nos verdes da Favela, sob o azul cabralino, são fatos estéticos.</div>
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O Carnaval no Rio é o acontecimento religioso da raça. PauBrasil. Wagner submerge ante os cordões de Botafogo. Bárbaro e nosso. A formação étnica rica. Riqueza vegetal. O minério. A cozinha. O vatapá, o ouro e a dança.</div>
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Toda a história bandeirante e a história comercial do Brasil. O lado doutor, o lado citações, o lado autores conhecidos. Comovente. Rui Barbosa: uma cartola na Senegâmbia. Tudo revertendo em riqueza. A riqueza dos bailes e das frases feitas. Negras de Jockey. Odaliscas no Catumbi. Falar difícil.</div>
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O lado doutor. Fatalidade do primeiro branco aportado e dominando politicamente as selvas selvagens. O bacharel. Não podemos deixar de ser doutos. Doutores. País de dores anônimas, de doutores anônimos. O Império foi assim. Eruditamos tudo. Esquecemos o gavião de penacho. A nunca exportação de poesia. A poesia anda oculta nos cipós maliciosos da sabedoria. Nas lianas da saudade universitária.</div>
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Mas houve um estouro nos aprendimentos. Os homens que sabiam tudo se deformaram como borrachas sopradas. Rebentaram.</div>
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A volta à especialização. Filósofos fazendo filosofia, críticos, critica, donas de casa tratando de cozinha.</div>
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A Poesia para os poetas. Alegria dos que não sabem e descobrem. </div>
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Tinha havido a inversão de tudo, a invasão de tudo : o teatro de tese e a luta no palco entre morais e imorais. A tese deve ser decidida em guerra de sociólogos, de homens de lei, gordos e dourados como Corpus Juris.</div>
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Ágil o teatro, filho do saltimbanco. Ágil e ilógico. Ágil o romance, nascido da invenção. Ágil a poesia. </div>
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A poesia Pau-Brasil. Ágil e cândida. Como uma criança.</div>
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Uma sugestão de Blaise Cendrars: Tendes as locomotivas cheias, ides partir. Um negro gira a manivela do desvio rotativo em que estais. O menor descuido vos fará partir na direção oposta ao vosso destino.</div>
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Contra o gabinetismo, a prática culta da vida. Engenheiros em vez de jurisconsultos, perdidos como chineses na genealogia das idéias.</div>
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A língua sem arcaísmos, sem erudição. Natural e neológica. A contribuição milionária de todos os erros. Como falamos. Como somos.</div>
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Não há luta na terra de vocações acadêmicas. Há só fardas. Os futuristas e os outros.</div>
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Uma única luta a luta pelo caminho. Dividamos: Poesia de importação. E a Poesia Pau-Brasil, de exportação.</div>
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Houve um fenômeno de democratização estética nas cinco partes sábias do mundo. Instituíra-se o naturalismo. Copiar. Quadros de carneiros que não fosse lã mesmo, não prestava. A interpretação no dicionário oral das Escolas de Belas Artes queria dizer reproduzir igualzinho... Veio a pirogravura. As meninas de todos os lares ficaram artistas. Apareceu a máquina fotográfica. E com todas as prerrogativas do cabelo grande, da caspa e da misteriosa genialidade de olho virado o artista fotógrafo.</div>
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Na música, o piano invadiu as saletas nuas, de folhinha na parede. Todas as meninas ficaram pianistas. Surgiu o piano de manivela, o piano de patas. A pleyela. E a ironia eslava compôs para a pleyela. Stravinski.</div>
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A estatuária andou atrás. As procissões saíram novinhas das fábricas.</div>
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Só não se inventou uma máquina de fazer versos já havia o poeta parnasiano.</div>
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Ora, a revolução indicou apenas que a arte voltava para as elites. E as elites começaram desmanchando. Duas fases: 1º) a deformação através do impressionismo, a fragmentação, o caos voluntário. De Cézanne e Malarmé, Rodin e Debussy até agora. 2º) o lirismo, a apresentação no templo, os materiais, a inocência construtiva.</div>
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O Brasil profiteur. O Brasil doutor. E a coincidência da primeira construção brasileira no movimento de reconstrução geral. Poesia Pau-Brasil.</div>
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Como a época é miraculosa, as leis nasceram do próprio rotamento dinâmico dos fatores destrutivos.</div>
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A síntese</div>
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O equilíbrio</div>
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O acabamento de carrosserie</div>
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A invenção</div>
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A surpresa</div>
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Uma nova perspectiva</div>
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Uma nova escala.</div>
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Qualquer esforço natural nesse sentido será bom. Poesia Pau-Brasil.</div>
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O trabalho contra o detalhe naturalista pela síntese; contra a morbidez romântica pelo equilíbrio geômetra e pelo acabamento técnico; contra a cópia, pela invenção e pela surpresa. </div>
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Uma nova perspectiva.</div>
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A outra, a de Paolo Ucello criou o naturalismo de apogeu. Era uma ilusão ética. Os objetos distantes não diminuíam. Era uma lei de aparência. Ora, o momento é de reação à aparência. Reação à cópia. Substituir a perspectiva visual e naturalista por uma perspectiva de outra ordem: sentimental, intelectual, irônica, ingênua.</div>
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Uma nova escala:</div>
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A outra, a de um mundo proporcionado e catalogado com letras nos livros, crianças nos colos. O redame produzindo letras maiores que torres. E as novas formas da indústria, da viação, da aviação. Postes. Gasômetros Rails.</div>
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Laboratórios e oficinas técnicas. Vozes e tics de fios e ondas e fulgurações. Estrelas familiarizadas com negativos fotográficos. O correspondente da surpresa física em arte. A reação contra o assunto invasor, diverso da finalidade. A peça de tese era um arranjo monstruoso. O romance de idéias, uma mistura. O quadro histórico, uma aberração. A escultura eloquente, um pavor sem sentido. Nossa época anuncia a volta ao sentido puro.</div>
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Um quadro são linhas e cores. A estatuária são volumes sob a luz. </div>
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A Poesia Pau-Brasil é uma sala de jantar domingueira, com passarinhos cantando na mata resumida das gaiolas, um sujeito magro compondo uma valsa para flauta e a Maricota lendo o jornal. No jornal anda todo o presente.</div>
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Nenhuma fórmula para a contemporânea expressão do mundo. Ver com olhos livres.</div>
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Temos a base dupla e presente a floresta e a escola. A raça crédula e dualista e a geometria, a algebra e a química logo depois da mamadeira e do chá de ervadoce. Um misto de "dorme nenê que o bicho vem pegá" e de equações.</div>
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Uma visão que bata nos cilindros dos moinhos, nas turbinas elétricas; nas usinas produtoras, nas questões cambiais, sem perder de vista o Museu Nacional. Pau-Brasil.</div>
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Obuses de elevadores, cubos de arranha-céus e a sábia preguiça solar. A reza. O Carnaval. A energia íntima. O sabiá. A hospitalidade um pouco sensual, amorosa. A saudade dos pajés e os campos de aviação militar. Pau-Brasil.</div>
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O trabalho da geração futurista foi ciclópico. Acertar o relógio império da literatura nacional.</div>
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Realizada essa etapa, o problema é outro. Ser regional e puro em sua época. </div>
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O estado de inocência substituindo o estada de graça que pode ser uma atitude do espírito.</div>
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O contrapeso da originalidade nativa para inutilizar a adesão acadêmica.</div>
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A reação contra todas as indigestões de sabedoria. O melhor de nossa tradição lírica. O melhor de nossa demonstração moderna.</div>
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Apenas brasileiros de nossa época. O necessário de química, de mecânica, de economia e de balística. Tudo digerido. Sem meeting cultural. Práticos. Experimentais. Poetas. Sem reminiscências livrescas. Sem comparações de apoio. Sem pesquisa etimológica. Sem ontologia. </div>
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Bárbaros, crédulos, pitorescos e meigos. Leitores de jornais. Pau-Brasil. A floresta e a escola. O Museu Nacional. A cozinha, o minério e a dança. A vegetação. Pau-Brasil."</div>
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<b>MANIFESTO ANTROPÓFAGO</b></div>
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Só a Antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente.</div>
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Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos. De todas as religiões. De todos os tratados de paz.</div>
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Tupi, or not tupi that is the question.</div>
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Contra todas as catequeses. E contra a mãe dos Gracos.</div>
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Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago.</div>
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Estamos fatigados de todos os maridos católicos suspeitosos postos em drama. Freud acabou com o </div>
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enigma mulher e com outros sustos da psicologia impressa.</div>
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O que atropelava a verdade era a roupa, o impermeável entre o mundo interior e o mundo exterior. A reação contra o homem vestido. O cinema americano informará.</div>
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Filhos do sol, mãe dos viventes. Encontrados e amados ferozmente, com toda a hipocrisia da saudade, pelos imigrados, pelos traficados e pelos touristes. No país da cobra grande.</div>
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Foi porque nunca tivemos gramáticas, nem coleções de velhos vegetais. E nunca soubemos o que era urbano, suburbano, fronteiriço e continental. Preguiçosos no mapa-múndi do Brasil.</div>
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Uma consciência participante, uma rítmica religiosa.</div>
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Contra todos os importadores de consciência enlatada. A existência palpável da vida. E a mentalidade</div>
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pré-lógica para o Sr. LévyBruhl estudar.</div>
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Queremos a Revolução Caraiba. Maior que a Revolução Francesa. A unificação de todas as revoltas eficazes na direção do homem. Sem nós a Europa não teria sequer a sua pobre declaração dos direitos do homem.</div>
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A idade de ouro anunciada pela América. A idade de ouro. E todas as girls.</div>
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Filiação. O contato com o Brasil Caraíba. <i>Ori Villegaignon print terre</i>. Montaigne. O homem natural.</div>
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Rousseau. Da Revolução Francesa ao Romantismo, à Revolução Bolchevista, à Revolução Surrealista e ao bárbaro tecnizado de Keyserling. Caminhamos..</div>
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Nunca fomos catequizados. Vivemos através de um direito sonâmbulo. Fizemos Cristo nascer na Bahia. Ou em Belém do Pará.</div>
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Mas nunca admitimos o nascimento da lógica entre nós.</div>
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Contra o Padre Vieira. Autor do nosso primeiro empréstimo, para ganhar comissão. O rei analfabeto dissera-lhe: ponha isso no papel mas sem muita lábia. Fez-se o empréstimo. Gravou-se o açúcar brasileiro. Vieira deixou o dinheiro em Portugal e nos trouxe a lábia.</div>
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O espírito recusa-se a conceber o espírito sem o corpo. O antropomorfismo. Necessidade da vacina antropofágica. Para o equilíbrio contra as religiões de meridiano. E as inquisições exteriores. Só podemos atender ao mundo orecular.</div>
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Tínhamos a justiça codificação da vingança. A ciência codificação da Magia. Antropofagia. A transformação permanente do Tabu em totem.</div>
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Contra o mundo reversível e as idéias objetivadas. Cadaverizadas. O stop do pensamento que é dinâmico.</div>
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O indivíduo vitima do sistema. Fonte das injustiças clássicas. Das injustiças românticas. E o esquecimento das conquistas interiores.</div>
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Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros.</div>
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O instinto Caraíba.</div>
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Morte e vida das hipóteses. Da equação eu parte do Cosmos ao axioma Cosmos parte do eu. Subsistência. Conhecimento. Antropofagia.</div>
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Contra as elites vegetais. Em comunicação com o solo. </div>
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Nunca fomos catequizados. Fizemos foi Carnaval. O índio vestido de senador do Império. Fingindo de Pitt.</div>
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Ou figurando nas óperas de Alencar cheio de bons sentimentos portugueses.</div>
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Já tínhamos o comunismo. Já tínhamos a língua surrealista. A idade de ouro.</div>
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Catiti Catiti</div>
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Imara Notiá</div>
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Notiá Imara</div>
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Ipeju*</div>
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A magia e a vida. Tínhamos a relação e a distribuição dos bens físicos, dos bens morais, dos bens dignários. E sabíamos transpor o mistério e a morte com o auxílio de algumas formas gramaticais. Perguntei a um homem o que era o Direito. Ele me respondeu que era a garantia do exercício da possibilidade. Esse homem chamava-se Galli Mathias. Comia. </div>
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Só não há determinismo onde há mistério. Mas que temos nós com isso?</div>
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Contra as histórias do homem que começam no Cabo Finisterra. O mundo não datado. Não rubricado. Sem Napoleão. Sem César.</div>
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A fixação do progresso por meio de catálogos e aparelhos de televisão. Só a maquinaria. E os transfusores de sangue.</div>
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Contra as sublimações antagônicas. Trazidas nas caravelas.</div>
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Contra a verdade dos povos missionários, definida pela sagacidade de um antropófago, o Visconde de</div>
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Cairu: – É mentira muitas vezes repetida.</div>
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Mas não foram cruzados que vieram. Foram fugitivos de uma civilização que estamos comendo, porque somos fortes e vingativos como o Jabuti.</div>
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Se Deus é a consciência do Universo Incriado, Guaraci é a mãe dos viventes. Jaci é a mãe dos vegetais. Não tivemos especulação. Mas tínhamos adivinhação. Tínhamos Política que é a ciência da distribuição. E um sistema social-planetário.</div>
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As migrações. A fuga dos estados tediosos. Contra as escleroses urbanas. Contra os Conservatórios e o tédio especulativo. </div>
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De William James e Voronoff. A transfiguração do Tabu em totem. Antropofagia.</div>
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O pater famílias e a criação da Moral da Cegonha: Ignorância real das coisas+ fala de imaginação + sentimento de autoridade ante a prole curiosa.</div>
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É preciso partir de um profundo ateísmo para se chegar à idéia de Deus. Mas a caraíba não precisava. Porque tinha Guaraci.</div>
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O objetivo criado reage com os Anjos da Queda. Depois Moisés divaga. Que temos nós com isso?</div>
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Antes dos portugueses descobrirem o Brasil, o Brasil tinha descoberto a felicidade.</div>
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Contra o índio de tocheiro. O índio filho de Maria, afilhado de Catarina de Médicis e genro de D. Antônio de Mariz.</div>
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A alegria é a prova dos nove.</div>
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No matriarcado de Pindorama.</div>
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Contra a Memória fonte do costume. A experiência pessoal renovada.</div>
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Somos concretistas. As idéias tomam conta, reagem, queimam gente nas praças públicas. Suprimarnos as idéias e as outras paralisias. Pelos roteiros. Acreditar nos sinais, acreditar nos instrumentos e nas estrelas.</div>
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Contra Goethe, a mãe dos Gracos, e a Corte de D. João VI.</div>
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A alegria é a prova dos nove.</div>
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A luta entre o que se chamaria Incriado e a Criatura – ilustrada pela contradição permanente do homem e o seu Tabu. O amor cotidiano e o modus-vivendi capitalista. Antropofagia. Absorção do inimigo sacro. Para transformá-lo em totem. A humana aventura. A terrena finalidade. Porém, só as puras elites conseguiram realizar a antropofagia carnal, que traz em si o mais alto sentido da vida e evita todos os males identificados por Freud, males catequistas. O que se dá não é uma sublimação do instinto sexual. É a escala termométrica do instinto antropofágico. De carnal, ele se torna eletivo e cria a amizade. Afetivo, o amor. Especulativo, a ciência. Desvia-se e transfere-se. Chegamos ao aviltamento. A baixa antropofagia aglomerada nos pecados de catecismo – a inveja, a usura, a calúnia, o assassinato. Peste dos chamados povos cultos e cristianizados, é contra ela que estamos agindo. Antropófagos.</div>
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Contra Anchieta cantando as onze mil virgens do céu, na terra de Iracema, – o patriarca João Ramalho fundador de São Paulo.</div>
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A nossa independência ainda não foi proclamada. Frape típica de D. João VI: – Meu filho, põe essa coroa na tua cabeça, antes que algum aventureiro o faça! Expulsamos a dinastia. É preciso expulsar o espírito bragantino, as ordenações e o rapé de Maria da Fonte.</div>
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Contra a realidade social, vestida e opressora, cadastrada por Freud – a realidade sem complexos, sem loucura, sem prostituições e sem penitenciárias do matriarcado de Pindorama.</div>
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<b>OSWALD DE ANDRADE</b> - Em Piratininga Ano 374 da Deglutição do Bispo Sardinha. (<i>Revista de</i></div>
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<i>Antropofagia, Ano 1, No. 1, maio de 1928</i>.)</div>
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* "Lua Nova, ó Lua Nova, assopra em Fulano lembranças de mim", in O Selvagem, de Couto Magalhães</div>
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Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3239440250350668963.post-11345620179945335992015-12-10T01:21:00.002-02:002015-12-10T01:21:54.899-02:00ÚLTIMA SESSÃO DO ANO - CINECLUBE CINEMA EM REVISTA<div style="text-align: justify;">
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O Cineclube Cinema em Revista, continuando o ciclo cine-demência, recebe em sua última sessão do ano o ator, roteirista e diretor Adriano Araújo para a pré-estreia do seu curta "Demência", que será exibido ao lado do longa "Jogo da Vida", de Maurice Capovilla. A sessão gratuita ocorre no dia 13 de dezembro, a partir das 18h01, no Espaço Cultural Latino Americano (ECLA). Após a exibição haverá uma roda de prosa entre os presentes.<br /><br />O ciclo cine-demência, uma evidente homenagem ao mestre Carlão Reichenbach, tem como proposta a discussão estética e política, dentro do âmbito de um cinema paulista que se organiza de forma independente e propõe a experimentação da linguagem e o filme-risco, posicionando-se claramente contrário ao cinema-mercadoria e àquilo que convencionou-se chamar de "filme médio", e que nós denominamos medíocre.<br /><br />Trata-se de uma iniciativa de coletivos de cinema e teatro Coletivo Cinefusão, Coletivo Zagaia e PARACATUZUM, que, posicionados dentro de um campo de disputa simbólica, vêm, a partir da experiência de um cineclube permanente, propor reflexões críticas em torno da experiência coletiva e da necessidade de um outro fazer cultural e cinematográfico. As sessões são gratuitas e irão ocorrer todo primeiro domingo do mês, às 18h01.<br /><br />Cineclube, experiência de recuperação do espectador morto. Espaço onde o óbito não é aceito sem diagnóstico. O especialista, neste caso, está mais do que convidado, mas aqui o diagnóstico é feito de forma coletiva, sobre a égide do universalismo, em contraponto com a educação tecnocrata das instituições de ensino. Ciclo Cine-Demência. O cineclube é permanente, Cineclube Cinema Em Revista. Um participa da ação do outro. E afirmamos: A arte tem que ter uma perspectiva revolucionária, caso contrário, os ursinhos carinhosos dominarão.</div>
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Estão quase todos convidados: </div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZHSqcc113dGaDVP9Jdvwld8qFnp03ZctzUh68R7zbjXLMjWUdcny7DibbJH-W8aOO4eqEBqAM-S_ogjF1bP3o0tis1nKkSP0UveTUnFZg7oYznzg-fvvYZ-v8eQ3iGoZQXnMF2Tt_Rn4/s1600/cineclube_dezembro.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZHSqcc113dGaDVP9Jdvwld8qFnp03ZctzUh68R7zbjXLMjWUdcny7DibbJH-W8aOO4eqEBqAM-S_ogjF1bP3o0tis1nKkSP0UveTUnFZg7oYznzg-fvvYZ-v8eQ3iGoZQXnMF2Tt_Rn4/s1600/cineclube_dezembro.jpg" /></a></div>
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Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3239440250350668963.post-14666395252999000552015-11-23T21:58:00.001-02:002015-11-24T00:12:31.368-02:00BREVES ANOTAÇÕES SOBRE EDUCAÇÃO PÚBLICA<i>* contribuição enviada pelo camarada Leandro Costa</i><br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_0rbX6MA7goSQCC9B-N7LZ38UcuGH50J7gNigpzzwmKIg0LbwRSmtiAeJ_dwzmKy_c7tDRsJyeuQ0OSj2U6LnDezR8CxNp7DQDp4HXCNyQdIT8BBY6ex6JnuTIkbdRbYTG9VKZXZyCq0/s1600/11218981_722504101216671_5015387014457349897_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="384" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_0rbX6MA7goSQCC9B-N7LZ38UcuGH50J7gNigpzzwmKIg0LbwRSmtiAeJ_dwzmKy_c7tDRsJyeuQ0OSj2U6LnDezR8CxNp7DQDp4HXCNyQdIT8BBY6ex6JnuTIkbdRbYTG9VKZXZyCq0/s640/11218981_722504101216671_5015387014457349897_n.jpg" width="640" /></a></div>
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É comum na fala de professores, alunos e pais a defesa do ensino público de qualidade. Espera-se da escola que, ao socializar as crianças e os jovens com o mundo dos adultos, ensinem os seus alunos a serem cidadãos consequentes e trabalhadores qualificados. Apresentando-lhes o mito do homem bem-sucedido, a escola, faz com que o novíssimo cidadão em formação compreenda, ou melhor, decore a primeira lição: “devo estudar para ser alguém na vida”, mesmo que o que se ensina não faça sentido algum tanto para alunos quanto para professores e muito menos para os pais. O objetivo da escola pública – porém, burguesa – se cumpre na medida em que o oprimido passa a reproduzir os ideais do opressor (FREIRE). Ou seja, na medida em que o sonho, o desejo do estudante é tonar-se um burguês bem sucedido, uma vez que ele tem a ilusão de que o estudo é o fator determinante para a ascensão social, a escola cumpriu o seu papel. </div>
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A escola terá então a tarefa de moldar um tipo de cidadão adequado ao modo de produção dominante para que o status quo social econômico e político – tanto dos exploradores quando dos explorados – continue inalterado, esse é o desafio dos educadores comprometidos com o ensino – burguês – público de qualidade.</div>
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De acordo com dados oficiais o ensino fundamental no Brasil está universalizado, isto significa que nossas crianças, bem ou mal, pois a qualidade do ensino é questionável até mesmo para os ideais burgueses, possuem o mínimo de instruções para a perpetuação do capitalismo no Brasil, por outro lado, no ensino médio a situação é outra, boa parte dos nossos jovens que deveriam estar cursando o ensino médio encontra-se dispersa fora das escolas: desempregados ou em subempregos; desde o trabalho escravo ou semi-escravo da agroindústria à criminalidade urbana. </div>
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De qualquer maneira, em relação aos jovens brasileiros, décadas atrás, a situação não era muito diferente quanto ao número de jovens fora das escolas, contudo, sobretudo nos grandes centros do país, elas – as escolas – incluíam em suas grades curriculares, além da matemática e da gramática, o ensino de humanidades: Filosofia e Arte, por exemplo. Esperava-se com isso formar cidadãos – entenda-se força de trabalho – mesmo que em pequeníssimo número, mais capacitados, mais completos para as exigências de um país em “desenvolvimento” que precisava mostrar ao mundo que também poderia participar do bloco progressista.</div>
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Entretanto, as Humanidades, foram postas de lado durante o período da Ditadura-Civil-Militar (1964-1985), pois, o progresso à brasileira – inspirado por um tipo de leitura positivista – prescindia de elementos que pudessem causar a reflexão crítica acerca do funcionamento de máquinas ou de governos. Naquele tempo priorizou-se o ensino tecnológico que deixaria marcas até hoje nas instituições de ensino brasileiras e consequentemente nas subjetividades de professores, alunos e pais, desde o nível básico até o ensino superior. Talvez, os militares entendessem que o ensino de humanidades, de Filosofia, por exemplo, fosse uma prática subversiva por natureza e, portanto prejudicial ao municiar os alunos com elementos teóricos que possibilitassem a contestação de milagres, mesmo os de caráter econômicos. Fato é que com o fim do regime militar, o ensino de humanidades vem – gradativamente – sendo implantado nos currículos Brasil afora, porém, não sem resistências... Um exemplo disso é a polêmica levantada por alguns seguimentos da burguesia guarulhense acerca da criação de um campus da Unifesp voltado para as humanidades quando estes queriam algo mais “adequado ao perfil da cidade” (?).</div>
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O ensino técnico, ainda hoje, é defendido calorosamente pelos defensores das chamadas políticas neoliberais. O argumento de que o país necessita de uma força de trabalho especializada para poder operar maquinário avançado, dominar técnicas contemporâneas de logística ou administração é difundido pelos representantes das indústrias, tecnocratas ligados aos governos municipais, estaduais e federal e intelectuais comprometidos com os interesses do capital monopolista nacional e internacional. Todos dizem que o país necessita reduzir a dependência da força de trabalho especializada estrangeira. Ou, talvez, o interesse dos capitalistas seja o de criar uma força de trabalho nacional especializada, porém, mais barata.</div>
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Fato é que, concomitante à defesa do ensino técnico, as chamadas ciências humanas retornaram ao ensino médio, hoje, o ensino de Artes, Filosofia e Sociologia, além de História e Geografia, são defendidos pela legislação (LDB) a fim de garantir a formação de um cidadão e de um trabalhador capaz de compreender as necessidades do mercado que exigem um sujeito capaz de relacionar diferentes habilidades com o intuito de torná-los mais produtivos. Mesmo os militantes de esquerda, no âmbito da educação pública, defendem que tais reformas implementadas pelos governos chamados por eles de neoliberais não garantem ao Brasil a formação de uma força de trabalho capaz de atender às demandas do capitalismo ou em outras palavras às demandas contemporâneas do mercado: “Do ponto de vista educacional, as reformas têm reforçado amplamente a formação de um aluno/trabalhador adestrado, polivalente e com pouca possibilidade de ampliar seu poder de abstração para atender as necessidades mais imediatas do mercado de trabalho, desprovendo, assim, os alunos de arsenal teórico-político capaz de potencializar e aguçar sua visão crítica para agirem contra o sistema que os explora e oprime enquanto classe trabalhadora.” (LIMA, APEOESP).</div>
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Ora, mas, será a escola pública burguesa capaz de – ao mesmo tempo – formar cidadãos/trabalhadores que atendam as necessidades do mercado de trabalho e potencializar e aguçar a visão crítica dos mesmos para que estes, munidos de um arsenal teórico-político fornecido pela escola, ajam contra o sistema que os oprime enquanto classe trabalhadora? </div>
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Uma leitura do iluminismo (Aufklärung) do qual Marx e Engels certamente foram “seguidores” afirmava categoricamente que o homem deveria ou deve “submeter à natureza as suas necessidades” para tornar-se livre ou para se libertar, caso contrário, isto é, se o homem é quem se submete a natureza, ele tende a permanecer na menoridade (Kant), no misticismo, na animalidade... O esperado ensino público de qualidade na sociedade capitalista tanto para a burguesia progressista quanto para a pequena burguesia de esquerda não é nada mais do que uma ideia reguladora. Ora, tal ideia diz respeito aos interesses e necessidades do mercado de trabalho, inalcançáveis quando percebemos o lugar que o Brasil ocupa na divisão internacional do trabalho; ora diz respeito ao oportunismo honesto ou não de uma camada da pequena burguesia simpática às “ideias” de uma esquerda política fundamentada num tipo de marxismo vulgar.<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKebKYL8hMBGmUAzSC6YSa_JMqrEzKCdVGtw97Yufz7agzQqXhGKwStHassBDSqucJblBxXGZXNNttW7e1A0cquGtPmNz18ghoMrpaX984oh-_YDWT-3oHtz80vbGMX4uSsq606UYNDJ4/s1600/escola.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="386" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKebKYL8hMBGmUAzSC6YSa_JMqrEzKCdVGtw97Yufz7agzQqXhGKwStHassBDSqucJblBxXGZXNNttW7e1A0cquGtPmNz18ghoMrpaX984oh-_YDWT-3oHtz80vbGMX4uSsq606UYNDJ4/s400/escola.jpg" width="400" /></a></div>
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A experiência soviética, talvez seja o lugar mais adequado para onde devemos olhar se quisermos ter uma noção do devir da escola após a tomada do poder pelo proletariado e a instauração de sua ditadura. Talvez lá encontremos os melhores exemplos (quem sabe os únicos exemplos concretos estejam lá) do papel que a escola deve assumir se de fato entende que o seu papel enquanto ensino público a serviço do proletariado é dar condições para que os alunos sejam capazes de potencializar e aguçar sua visão crítica para agirem contra o sistema que os explora e oprime reconhecendo na revolução socialista a única possibilidade de chegarmos ao comunismo e aí quem sabe, não mais como ideia, mas como realidade concreta obtermos um ensino público não de qualidade, mas adequado às necessidades humanas nos capacitando a submeter minimamente à natureza aos nossos interesses.</div>
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Enquanto isso a escola em todos os níveis (do ensino primário ao superior) permanecerá um local hostil ao desenvolvimento do materialismo histórico e dialético. Enquanto instituição a escola formará – no máximo – cidadãos. O lugar da formação do militante comunista é outro, embora a sua forma em muitos casos se assemelhe a da escola, o conteúdo e o objetivo são completamente diversos, ao invés do cidadão (sociedade homogenia) é necessário que o proletariado entenda-se enquanto membro de uma classe (sociedade de classes) e que a sua classe, o proletariado, possuí interesses antagônicos quando se depara com outras classes (luta de classes), sobretudo, a burguesia. Para chancelar a nossa opinião acerca do lugar da teoria marxista na sociedade capitalista, recentemente, ela foi classificada como sendo uma “teoria duvidosa” pela Capes, instituição ligada ao MEC, que se negou a financiar um projeto de pesquisa cuja linha teórica era o materialismo histórico e dialético.</div>
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Por fim, este brevíssimo ensaio tem a pretensão apenas de apontar as nossas primeiras impressões acerca da situação do ensino público no país, sendo assim, não é preciso mencionar que nossos estudos ainda estão aquém do que necessitamos, entretanto, existe uma vasta bibliografia que certamente poderá nos auxiliar na compreensão do que é e na elaboração do que pode vir a ser um ensino público de qualidade, sigamos em frente. </div>
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<b>Bibliografia utilizada:</b></div>
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<i>Freire, Paulo. Pedagogia da autonomia.</i></div>
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<i>Ezio de Lima. Ainda as reformas neoliberais na educação in. debates simpro guarulhos educação 2.</i></div>
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<i><a href="http://livrepensamento.com/2014/06/09/academico-da-capes-nega-projeto-cientifico-por-divergencias-ideologicas/">http://livrepensamento.com/2014/06/09/academico-da-capes-nega-projeto-cientifico-por-divergencias-ideologicas/</a></i></div>
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Leandro Costa</div>
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Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3239440250350668963.post-60971189183118627182015-11-18T15:16:00.002-02:002015-11-18T16:06:26.027-02:00Por uma Revolução na Educação!!<div class="p1" style="font-family: Times; line-height: normal; widows: 1;">
<b>ESCRITOR TICO E PROF. RUBÃO APOIAM LUTA PELA EDUCAÇÃO</b></div>
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<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="360" src="https://www.youtube.com/embed/jZW2K0Z45nQ" width="640"></iframe><br /></div>
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<div class="p1" style="font-family: Times; line-height: normal; text-align: justify; widows: 1;">
<b>Quinta-feira, dia 18 de junho de 2015.</b></div>
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Debate na E. E. Domingos Mignoni, no Taboão da Serra, sobre o livro “As Núpcias do Escorpião”, do escritor Tico, falecido no último 14 de outubro de 2015. Fecha o vídeo o professor Rubens Santos (Rubão). </div>
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<span style="font-family: "times";">Debate realizado com alunos do EJA (Educação de Jovens e Adultos), projeto que também vem sofrendo cortes do Governo do Estado, que já anunciou que irá fechar o EJA do E. E. Domingos Mingoni, após 25 anos de atuação do programa na escola. </span><br />
<span style="font-family: "times";"><br /></span>
<span style="font-family: "times";"><b>TODO APOIO ÀS ESCOLAS OCUPADAS!!</b></span><br />
<span style="font-family: "times";"><b><br /></b></span>
<span style="font-family: "times";"><b>POR UMA REVOLUÇÃO NA EDUCAÇÃO!!</b></span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3239440250350668963.post-37098140211947188052015-08-17T21:18:00.000-03:002015-08-18T11:56:41.691-03:00PRIMAVERA TUPINAMBÁ<div style="text-align: justify;">
Todo apoio ao projeto "Primavera Tupinambá". Colaborem e ajudem a trazer 15 lideranças Tupinambá de Olivença para São Paulo.</div>
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Link para contribuir: <a href="https://beta.benfeitoria.com/primaveratupinamba" target="_blank">https://beta.benfeitoria.com/primaveratupinamba</a></div>
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<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="281" mozallowfullscreen="" src="https://player.vimeo.com/video/135925944" webkitallowfullscreen="" width="500"></iframe> </div>
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De 27 de agosto à 7 de setembro, ocorrerá, em São Paulo, a <b>Etapa Paulista do Seminário Índio Caboclo Marcelino</b>. O evento, criado e gerido pelo <b>Povo Tupinambá de Olivença/BA</b>, está em sua 7º edição.</div>
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Esse ano, 15 lideranças desejam ir à capital paulista para promover sua luta e contar suas histórias. Isso só será possível se conseguirmos custear as passagens, hospedagens e alimentação. Ajude-nos a tornar isso realidade e venha participar das nossas atividades!</div>
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<div style="text-align: justify;">
A história da luta do <b>Povo Tupinambá</b> por suas terras e tradições, como de todos os índios brasileiros, advém da invasão portuguesa ao Brasil em 1500. Neste processo, os Tupinambás foram historicamente e sistematicamente perseguidos – até os dias de hoje. Tornou-se comum ler e ouvir que este Povo não existe mais.</div>
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No entanto, mesmo com as tentativas de extermínio, os Tupinambás continuam a existir através de diferentes formas de vivências e não abandonaram o seu território. Resistiram aos portugueses, ao poder dos grandes proprietários e à atuação depreciativa do Estado. Um exemplo, neste sentido, foi a chamada Revolta do Índio Caboclo Marcelino, entre as décadas de 1920-1940, contra o processo de espoliação. Na década de 1980, novamente a resistência Tupinambá ganhou maior visibilidade, com muitas pessoas valorizando seu sangue e sua alma indígena, retornando a suas terras e a seus parentes. Esta resistência indígena foi um dos elementos fundamentais no processo de Reconhecimento Étnico, em 2002, e da Demarcação Territorial, em 2009.</div>
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Entretanto, após relatório expedido pela FUNAI baseado nesses dados, aumentou a situação de difamação, perseguição e repressão sobre os índios. Reintegrações de posse tentaram desmanchar comunidades inteiras, diversos índios foram presos e até mesmo mortos por resistirem. O auto-reconhecimento étnico passou a ser ainda mais perigoso. Parece mesmo que a situação não muda quando envolve os direitos indígenas. </div>
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<div style="text-align: justify;">
O conjunto destas ações reflete um quadro de arbitrariedade, intolerância e racismo que sofrem os Tupinambás de Olivença. Ser um líder de um Povo é ser criminoso. Retomar nosso Território Tradicional, visto o Estado não cumprir com seu compromisso, virou esbulho possessório. Agir coletivamente, marco tradicional de todos os povos indígenas, virou formação de quadrilha. Lutar por nossos direitos negados pelo Estado Brasileiro virou exercício arbitrário das próprias razões. Somos um Povo Guerreiro. Temos nossa tradição e nossa forma diferenciada de ser e agir - e queremos ser respeitados como tais.</div>
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Para combater a violência imposta à comunidade, a Associação Beneficente de Cultura Sustentável e Promotora da Pesca e do Artesanato dos Índios Tupinambás de Olivença – APAITO; a direção, os discentes e docentes da Colégio Estadual Indígena Tupinambá de Olivença - CEITO; e alguns discentes e docentes da Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC criaram o <b>Seminário Internacional Índio Caboclo Marcelino</b>, que em 2015 chega a sua sétima edição. O evento, que ocorre nas Aldeias Tupinambás de Olivença, em Ilhéus/Bahia, promove troca de saberes entre diversos Povos indígenas e não-indígenas solidários à luta.</div>
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Este ano, além do evento tradicional que ocorrerá entre os dias 23 à 28 de setembro, faremos a <b>Etapa Paulista do VII Seminário Internacional Índio Caboclo Marcelino.</b> Devido ao grande contingente de apoiadores da luta tupinambá na cidade de São Paulo, faremos, na capital paulista, uma série de atividades de troca de saberes, confraternizações e manifestações, além da divulgação do evento em Olivença. Isso ocorrerá entre os dias 27 de agosto e 7 de setembro de 2015.</div>
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Traremos 15 lideranças do Povo Tupinambá de Olivença à São Paulo. Já contamos com a ajuda de pessoas que voluntariamente estão colaborando na preparação e divulgação deste trabalho, mas ainda buscamos formas de financiar o <b>transporte, alimentação e estadia</b> dos 15 Tupinambás. </div>
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É por isso, que agora precisamos de você. Apoie a realização e participe do nosso seminário!</div>
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MAIS INFORMAÇÕES E LINK PARA CONTRIBUIR COM O PROJETO: </div>
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<a href="https://beta.benfeitoria.com/primaveratupinamba" target="_blank">https://beta.benfeitoria.com/primaveratupinamba</a><br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWw5ucMDEjkPkzsm6Q5nZZ7Wv025nW2JsMJLDvyYe9rsiJphciZLmj0gjL4pwgjYVA9IZxVBWiVqiyHPX4EUTHeJkkO1-qeJ26-nThTCX9d-gF-Q_mQUrV1Qq9WbypCHXnTd7DCDeYuYk/s1600/seminario.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="328" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWw5ucMDEjkPkzsm6Q5nZZ7Wv025nW2JsMJLDvyYe9rsiJphciZLmj0gjL4pwgjYVA9IZxVBWiVqiyHPX4EUTHeJkkO1-qeJ26-nThTCX9d-gF-Q_mQUrV1Qq9WbypCHXnTd7DCDeYuYk/s640/seminario.jpg" width="640" /></a></div>
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Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3239440250350668963.post-33234351754041240172015-06-12T11:50:00.001-03:002015-06-12T12:05:35.462-03:00LANÇAMENTO ONLINE DO EXPERIMENTO #5 DO LABORATÓRIO CINEFUSÃO<strong style="background-color: white; color: #010202; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13.1999998092651px; line-height: 18.4799995422363px; text-align: justify;">EXPERIMENTO #5 - UM PLANO PODE BASTAR</strong><br />
<strong style="background-color: white; color: #010202; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13.1999998092651px; line-height: 18.4799995422363px; text-align: justify;"><br /></strong>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgq54pZa_bak1ko9fcH6pAHX1JkAGhtaaMRkQhmx-mZk-N2t4hXlx1CdaPkGaARbPYaEMocWA0z6Rtem7rU44D4lBeZQ8-_htb9sSRxSjadufuPiYOvmDE9vyVJsEmZf3tDA576xs45pgQ/s1600/laboratorio.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="436" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgq54pZa_bak1ko9fcH6pAHX1JkAGhtaaMRkQhmx-mZk-N2t4hXlx1CdaPkGaARbPYaEMocWA0z6Rtem7rU44D4lBeZQ8-_htb9sSRxSjadufuPiYOvmDE9vyVJsEmZf3tDA576xs45pgQ/s640/laboratorio.jpg" width="640" /></a></div>
<strong style="background-color: white; color: #010202; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13.1999998092651px; line-height: 18.4799995422363px; text-align: justify;"><br /></strong>
<br style="background-color: white; color: #010202; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13.1999998092651px; line-height: 18.4799995422363px; text-align: justify;" />
<span style="background-color: white; color: #010202; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13.1999998092651px; line-height: 18.4799995422363px; text-align: justify;">Neguemos o tempo do cinema-lebre. O cinema-lebre na verdade filmou a famosa fábula onde a tartaruga vence a corrida, na busca da integridade moral e perseverança para com o labor. O cinema-lebre é norte-americano, quer o tempo aprisionado na circulação mercadológica. O espectador não pode sentir nada a não ser uma leve emoção </span><em style="background-color: white; color: #010202; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13.1999998092651px; line-height: 18.4799995422363px; text-align: justify;">dramadrástica, </em><span style="background-color: white; color: #010202; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13.1999998092651px; line-height: 18.4799995422363px; text-align: justify;">materializada nos animaizinhos pacíficos que sofrem com o desmatamento. O cinema-lebre escolhe seus planos para aproximar ao máximo o espectador de uma ‘’vida real’’, que se tratando de cinema é uma bobagem. Sejamos sinceros, a burguesia é anti-artística há muito tempo. </span><br />
<br style="background-color: white; color: #010202; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13.1999998092651px; line-height: 18.4799995422363px; text-align: justify;" />
<span style="background-color: white; color: #010202; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13.1999998092651px; line-height: 18.4799995422363px; text-align: justify;">Como então provocar o contrário? Partir de uma negação radical (ainda que a negação radical só possa vir com a tomada dos meios de produção) ao elaborar um exercício estético, no qual inclusive o tempo possa ser indeterminado, não esquecendo os seus donos-permanentes: o burguês-níquel. Pelo contrário, por conhecê-lo, nega-lo. Um plano por tempo indeterminado.</span><br />
<br style="background-color: white; color: #010202; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13.1999998092651px; line-height: 18.4799995422363px; text-align: justify;" />
<span style="background-color: white; color: #010202; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13.1999998092651px; line-height: 18.4799995422363px; text-align: justify;">Narrar uma reflexão que se depare de forma crítica com o cinema-lebre. Ou seja, provocar em um plano uma meditação da própria necessidade de se fazer um só plano. Isso já é por si só a obstrução criativa. O exercício traz consigo uma temática-formal que nem de longe é formalista, atua como força política numa metalinguagem necessária para tempos onde o cinema-lebre se reproduz sem muitos contraceptivos, principalmente na sem sucesso fornicação industriosa-nacional.</span><br />
<br style="background-color: white; color: #010202; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13.1999998092651px; line-height: 18.4799995422363px; text-align: justify;" />
<span style="background-color: white; color: #010202; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13.1999998092651px; line-height: 18.4799995422363px; text-align: justify;">Poderão ser usados atores, bem como não atores, vozes do próprio realizador, apenas imagem e silêncio. Enfim, dessa vez a liberdade é total dentro de um só plano, sem cortes e elipses de tempo, movimento é permitido. </span><br />
<br style="background-color: white; color: #010202; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13.1999998092651px; line-height: 18.4799995422363px; text-align: justify;" />
<span style="background-color: white; color: #010202; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13.1999998092651px; line-height: 18.4799995422363px; text-align: justify;">Seremos as tartarugas fogosas, com a crítica prévia ao esforço do trabalho como redenção dos pecados.</span><br />
<br style="background-color: white; color: #010202; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13.1999998092651px; line-height: 18.4799995422363px; text-align: justify;" />
<span style="background-color: white; color: #010202; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13.1999998092651px; line-height: 18.4799995422363px; text-align: justify;">Regras estabelecidas:</span><br />
<span style="background-color: white; color: #010202; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13.1999998092651px; line-height: 18.4799995422363px; text-align: justify;">- tudo é permitido dentro de um único plano</span><br />
<span style="background-color: white; color: #010202; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13.1999998092651px; line-height: 18.4799995422363px; text-align: justify;">- vídeo sem cortes</span><br />
<span style="background-color: white; color: #010202; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13.1999998092651px; line-height: 18.4799995422363px; text-align: justify;">- não há limite de duração</span><br />
<br style="background-color: white; color: #010202; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13.1999998092651px; line-height: 18.4799995422363px; text-align: justify;" />
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="360" src="https://www.youtube.com/embed/7frbLIdYFm8" style="background-color: white; color: #010202; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13.1999998092651px; line-height: 18.4799995422363px; text-align: justify;" width="640"></iframe><br style="background-color: white; color: #010202; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13.1999998092651px; line-height: 18.4799995422363px; text-align: justify;" />
<br style="background-color: white; color: #010202; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13.1999998092651px; line-height: 18.4799995422363px; text-align: justify;" />
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<br style="background-color: white; color: #010202; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13.1999998092651px; line-height: 18.4799995422363px; text-align: justify;" />
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<br style="background-color: white; color: #010202; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13.1999998092651px; line-height: 18.4799995422363px; text-align: justify;" />
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<br style="background-color: white; color: #010202; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13.1999998092651px; line-height: 18.4799995422363px; text-align: justify;" />
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="360" src="https://www.youtube.com/embed/IOHF3zcwknY" style="background-color: white; color: #010202; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13.1999998092651px; line-height: 18.4799995422363px; text-align: justify;" width="640"></iframe>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3239440250350668963.post-35875886418386246332015-06-10T01:23:00.002-03:002015-06-12T11:48:39.138-03:00A atual função da Universidade: produzir desemprego em massa<div style="text-align: right;">
<div style="text-align: justify;">
Publicamos, abaixo, uma importante contribuição do camarada, escritor e professor de filosofia Bruno Henrique de Souza Soares. O artigo tem a imprescindível objetividade dialética para colocar a questão concreta do problema da educação. Sem cair em abstrações econômicas, faz uma síntese necessária sobre a situação dos estudantes-trabalhadores e desvela o uso político ideologizante dos projetos reformistas. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>A atual função da Universidade: produzir desemprego em massa </b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBNytvlH9wo6Vwp8pLt49uNQqgiBS3VuPjFsaQOdrO1G70G91inlyHHORjjl3sm_HZVc1pJUdnDdkONGOSWSgxuJYH4e6BDYPlrq8JHml4U6tvyYs5LosWR_f4LQx9BHAtt8Sat5K6y_I/s1600/11125387_802453526498492_1447684595_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="275" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBNytvlH9wo6Vwp8pLt49uNQqgiBS3VuPjFsaQOdrO1G70G91inlyHHORjjl3sm_HZVc1pJUdnDdkONGOSWSgxuJYH4e6BDYPlrq8JHml4U6tvyYs5LosWR_f4LQx9BHAtt8Sat5K6y_I/s400/11125387_802453526498492_1447684595_n.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<i><br /></i>
<i>Por bruno henrique de souza soares </i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
Se hoje o slogan “Pátria Educadora” é marcado por cortes econômicos na área da Educação – desde o MEC até estados e municípios, cortes esses respondido por greves em todo o Brasil, pelos trabalhadores tanto da educação básica como do ensino superior, lutando por melhores salários e condições de trabalho e portanto, contra os cortes que recaem nas costas dos trabalhadores da Educação – que poderíamos dizer do antigo slogan <i>governista</i>: “educação para todos”, “democratização do ensino” e outras expressões do mesmo gênero, tão agradáveis aos ouvidos, mas de eficácia social questionada. . </div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ora, o governo do PT, que capitalizou os anseios dos movimentos sociais e populares por uma inclusão social na educação básica e no ensino superior, foi capaz de transformar essa reivindicação legítima num projeto de <i>conciliação de classes</i>, produzindo a ilusão na imensa maioria da população pobre de que finalmente fariam parte dessa camada alfabetizada, intelectualmente desenvolvida e com possibilidades de crescimento pessoal, profissional (e salarial), mas que na prática, tão só aplica as diretrizes do capital internacional por um ensino quase que puramente técnico na maioria dos casos, e cada vez mais rebaixado do ponto de vista da formação do estudante, e dessa forma, busca enriquecer os bancos e os capitalistas da educação. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Isso se dá através de programas como FIES e PROUNI – no caso do ensino superior privado –, ou com o surgimento de Universidades sem estrutura, nem planejamento, muito menos condições de permanência – no caso do REUNI – ou, se tratando do ensino público na educação básica, cria um sistema de ensino que na prática busca apenas administrar o controle físico e ideológico do jovem, acostumando-o a receber ordens e acatá-las, adaptá-los à vida social através de salas superlotadas, e porque não apontar a <i>semelhança</i> estrutural do ponto de vista físico, operacional e nos hábitos instituídos, das escolas públicas com o <i>regime de quartel</i> da fábrica e a <i>violência repressora</i> do sistema prisional em nosso país. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E para essa imensa juventude que frequenta a escola pública básica, nas atuais condições, qual é a perspectiva desta de adentrar o Ensino superior, sendo capaz de passar pelo <i>funil </i>do vestibular – mesmo que este se chame ENEM – e assim, possa se tornar essa minoria que adentra o ensino superior? </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Para alguns, essa questão começou a ser resolvida com os programas que citamos a pouco (FIES, PROUNI, REUNI), dando o nome de “políticas públicas”. Contudo, se olharmos mais de perto, pode-se perceber, sem grande dificuldade, que tais programas simplesmente transferem o dinheiro em posse do governo – que não é senão o nosso próprio dinheiro – para esses magnatas do capital que tratam a educação como uma mercadoria, como outra qualquer [1], e, portanto, não visa estruturar, do ponto de vista de “políticas públicas” um cenário que pudesse ampliar, efetivamente, o acesso e as condições de permanência em instituições educacionais. Além disso, também podemos reconhecer que tais medidas só foram possíveis, pois o Brasil passou por uma conjuntura economicamente favorável, momento este que se esgotou. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Um fato digno de nota sobre a finalidade última de programas como PROUNI e FIES, é o apontamento da Controladoria Geral de União (CGU), noticiado na Folha de São Paulo (notícia: <i>Auditoria encontra alunos já mortos e de alta renda no sistema do Prouni</i>, 25/05/2015 [2]), sobre a existência de “alunos-fantasmas”, angariando somas volumosas de dinheiro público até mesmo para estudantes que não existem. Os dados analisados pela CGU correspondem entre os anos de 2005 a 2012, e constatou a existência de 47 estudantes mortos como beneficiários do programa PROUNI, assim como 4.400 bolsistas com rendimento superior ao que permitido. Isso sem falar na quantidade de estudantes que, através do FIES, quando conseguem se formar, ficam endividados, ou nem conseguem se formar, e permanecem com dívidas insustentáveis [3]. E segundo notícia veiculada em<br />
2010 pelo jornal Folha, informa que dos 250 mil contratos em fase de pagamento na época, 50 mil estavam em dívida, como podemos ler (notícia: <i>Caixa cobra 37 mil fiadores de universitários </i>[4]). </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E visto que, em primeiro lugar, fica implícito que a Universidade, como instituição que teria por função ser o espaço de pesquisas, estudos, da liberdade do pensamento, <i>ao menos no Brasil</i> ela deixou esse papel a âmbitos tão reduzidos que beiram a inexistência, e em substituição, assumiu o papel de que a Universidade serve hoje tão somente para a formação para o mercado de trabalho, isto é, preparação formal e técnica para a força de trabalho medianamente especializada em diversas áreas de atuação.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Sendo assim, cabe questionar se ao menos esse papel a Universidade, no Brasil, tem levado a cabo. E pelo <i>cenário geral</i>, pode-se constatar que ela tem feito um trabalho <i>ruim</i>, visto que muitos concluem o curso com dificuldades elementares: seja na sua capacidade cognitiva, no uso da língua nativa, o português – quando não há casos de sujeitos que se formam na condição de analfabetismo funcional –<br />
e até mesmo nas capacidades técnicas na sua área de atuação. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E em segundo lugar, exatamente devido a essa <i>alteração</i> descrita, cabe questionar que, se o mote de tais pretensas “políticas públicas” de democratizar um ensino que se tornou pura e simplesmente formação para o mercado de trabalho, isto então significaria maior capacidade, para o país, de incorporar tamanha força produtiva de milhares de jovens e adultos que, ao adentrarem a universidade, sonham em seus futuros empregos e carreiras? </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Vemos que é exatamente o oposto o cenário de quem concluiu seus cursos universitários. A perspectiva é o desemprego. Portanto, o que parecia, à primeira vista, como um programa social que favoreceria a imensa maioria da população pobre com o slogan “democratização do ensino” se mostra, em verdade, como socialização do desemprego, da miséria de milhares de profissionais diplomados sem nenhuma perspectiva no futuro imediato – claro que, sem antes enriquecer os monopólios do ensino superior privado e das empreiteiras que superfaturam centenas de obras nas universidades públicas.<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Das universidades particulares às públicas, dos cursos mais humanitários aos mais voltados ao mercado, do norte ao sul do Brasil, a Universidade cumpre essa <i>miserável</i> função, de formação em série, periodicamente, sem cessar, de um volumoso exército de desempregados diplomados. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Se esse cenário, que foi construído nas duas últimas décadas, se deu numa conjuntura economicamente favorável, as perspectivas são muito piores, quando a crise econômica mundial se manifesta no Brasil, depois de sacudir países à beira da falência como Grécia, Egito, Espanha, Portugal e outros. Portanto, se o cenário era ruim, ou péssimo, ele, atualmente beira a catástrofe..</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É desse ponto de vista que a juventude e a classe trabalhadora no Brasil podem – e <i>ouso</i> dizer, necessitam – tirar lições das tarefas que se colocam atualmente, e permite, inclusive, uma unidade articulada de estudantes – que serão futuros trabalhadores na imensa maioria, quando já não o são – e a classe trabalhadora contra o horizonte do desemprego em massa, da miséria econômica e social, fruto do sistema capitalista de produção. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">[1] Cabe notar que, para eles, ao tratar a educação (e em última análise, o diploma, diga-se de passagem) como mercadoria, acontece o mesmo com qualquer outra mercadoria, o único objetivo é vender, realizar o valor de troca (dinheiro pela mercadoria), e não importa o uso, isto é, o valor de uso dessa mercadoria. Sendo que, seja qual for a matéria que se torne mercadoria, que ela possa ser trocada no mercado por dinheiro. Tanto faz se o objeto da venda são batatas ou diplomas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">[2] Conferir: <span style="color: #0000ee;"><u><a href="http://www1.folha.uol.com.br/educacao/2015/05/1633397-auditoria-encontra-alunos-ja-mortos-e-de-alta-renda-no-sistema-do-prouni.shtml">http://www1.folha.uol.com.br/educacao/2015/05/1633397-auditoria-encontra-alunos-ja-mortos-e-de-alta-renda-no-sistema-do-prouni.shtml</a></u></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">[3] Conferir: G1. (<i>Estudante de medicina fica sem FIES e acumula divida de quase R$ 20 mil</i>) - <a href="http://g1.globo.com/educacao/noticia/2015/05/estudante-de-medicina-fica-sem-fies-e-acumula-divida-de-quase-r-20-mil.html" target="_blank">http://g1.globo.com/educacao/noticia/2015/05/estudante-de-medicina-fica-sem-fies-e-acumula-divida-de-quase-r-20-mil.html </a></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">[4] Conferir: <a href="http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0903201001.htm" target="_blank">http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0903201001.htm </a></span></div>
Unknownnoreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-3239440250350668963.post-57325349664769820492015-06-03T21:32:00.002-03:002015-06-04T17:26:35.112-03:00II Feira Antropofágica de Opinião no Memorial da América LatinaÉ com enorme satisfação que o Coletivo Cinefusão estará, ao lado de 40 grupos convidados, na II Feira Antropofágica de opinião. Exibiremos um vídeo-experimento no domingo, dia 07, às 19h. Ressaltamos a importância de somarmos forças neste evento, que tem a papel histórico de colocar o debate estético e político na ordem do dia. <br />
<br />
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="360" src="https://www.youtube.com/embed/U8vlLbf2DS4?rel=0" width="640"></iframe><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhiNvW9qB_5ojsv2tUu2Be_Jijh30mPoAWw9o68MiSPyqFv29Md6JhL0MUoUD4HHHwqdBSffUglAdCR-ZWYne74VKmDrV1-J1cjEBGxgWT_M5jrE6MH8wrE5lhwJf53z_m-kVJ0QKKYGjk/s1600/CartazFeiraII-03_500_722.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhiNvW9qB_5ojsv2tUu2Be_Jijh30mPoAWw9o68MiSPyqFv29Md6JhL0MUoUD4HHHwqdBSffUglAdCR-ZWYne74VKmDrV1-J1cjEBGxgWT_M5jrE6MH8wrE5lhwJf53z_m-kVJ0QKKYGjk/s1600/CartazFeiraII-03_500_722.png" /> </a></div>
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São 40 grupos de teatro em quatro dias de eventos. São músicos, poetas, artistas plásticos e coletivos de cinema. Todos em torno de uma pergunta: “O que Pensa Você do Brasil de Hoje?” Este é o mote da II Feira Antropofágica de Opinião produzida pela Companhia Antropofágica, no evento que acontece de 04 a 07 de junho, das 14h às 22h, no Memorial da América Latina, na Barra Funda, São Paulo.</div>
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Com direção geral de Thiago Reis Vasconcelos, a II Feira Antropofágica de Opinião pretende discutir – por meio de diversos segmentos artísticos – o cenário sociopolítico do Brasil atual. Serão intervenções artísticas com teatro, música, cinema, poesia e artes plásticas. Três palcos serão reservados às apresentações teatrais com encenações de 15 a 30 minutos.<br />
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As apresentações musicais serão em um palco específico. Já a projeção de audiovisuais acontece ao ar livre, podendo ser vista de diversas partes do evento. Pensar é compreender. Logo, a Antropofágica provoca os artistas a darem suas compreensões e respostas a este questionamento. Por sua vez, instigar o público a refletir sobre este Brasil contemporâneo. Assim, trazer uma reflexão como uma função social da arte.<br />
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Como inspiração, está a Primeira Feira Paulista de Opinião, que aconteceu em 1968. Organizada pelo Teatro de Arena, com direção geral do ensaísta e dramaturgo AUGUSTO BOAL (1931-2009), aquele evento aconteceu quando entrou em vigor o Ato Institucional nº 5 (AI-5), que marca o período mais duro da ditadura militar (1964-1985).<br />
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Para driblar a censura, acontecia em teatros, cujos diretores com peças em cartaz, cediam uma parte do seu tempo para a feira. Nomes das artes cênicas como GIANFRANCESCO GUARNIERI (1934-2006), LAURO CÉSAR MUNIZ, BRÁULIO PEDROSO (1931-1990), PLÍNIO MARCOS (1935- 1999), entre outros, e da música como GILBERTO GIL, CAETANO VELOSO, SÉRGIO RICARDO, EDU LOBO, e artistas plásticos, como NELSON LEIRNE, participaram da empreitada.<br />
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Remasterizada– Como comenta a psicanalista e atriz CECÍLIA BOAL, viúva do dramaturgo, “uma feira itinerante e cigana, que se tornou uma romaria”. Cecília participará da mesa de abertura da feira 2015. Em fevereiro de 2014, a Companhia Antropofágica retoma a ideia dos seus idealizadores com a mesma pergunta norteadora de Boal: “O que Pensa Você do Brasil de Hoje?”.<br />
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Assim, acontecia a II Feira Paulista de Opinião, que dava lugar à I Feira Antropofágica de Opinião, que aconteceu no Espaço Cultural Tendal da Lapa. Desta vez, com a impressão digital da Companhia Antropofágica, fundada em 2002, com o conceito de brasilidade do Manifesto Antropófago e da Semana de Arte Moderna de 1922. Entre outras atividades, a reedição da feira contou com palestras e a presença de participantes da feira de 1968. Contou também com a reapresentação do livro Teatro do Oprimido [Augusto Boal, Cosac Naify].<br />
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Teatro de Esquerda – Idealizador do Teatro do Oprimido e integrante do Teatro de Arena, Boal via as artes cênicas como espaço para a atuação política, libertária e transformadora. Suas técnicas dramáticas mostram que teatro é ação. Logo, o espectador também pode ser sujeito atuante do processo cênico. Suas ideias dialogam com o pensamento e a obra de PAULO FREIRE (1921-1997) na sua Pedagogia do Oprimido.<br />
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Segundo o diretor Thiago Reis Vasconcelos, nos últimos 20 anos, o chamado teatro de grupo aponta modificações expressivas para a linguagem teatral. “Este fenômeno recente tem fortes ligações com grupos de outras épocas, além de manter um diálogo vivo e constante com as outras linguagens artísticas”, compara.<br />
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Quinta-feira - 04 de Junho de 2015</b></div>
14h00 - Karroça Antropofágica<br />
14h30 - Abertura com Cecília Boal<br />
15h00 - Grupo OPNI / Clara Ianni<br />
15h30 - Companhia Estudo de Cena<br />
16h00 - Fraternal Companhia de Arte e Malas-Artes<br />
16h30 - Núcleo Bartolomeu de Depoimentos<br />
17h30 - Teatro dos Ventos<br />
18h00 - Companhia Antropofágica<br />
18h30 - Núcleo Sem Drama<br />
19h00 - Wanderley Martins<br />
19h30 - Companhia Estudo de Cena<br />
20h00 - Kiwi Companhia de Teatro<br />
20h30 - Pessoal do Faroeste<br />
21h00 - Folias D`Arte 21h30 - Grupo Rima Fatal da Leste<br />
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<b>Sexta-feira - 05 de Junho de 2015</b></div>
14h00 - Grupo Pandora de Teatro<br />
14h30 - Cia do Tijolo <br />
15h00 - Núcleo Pavanelli <br />
15h30 - Cia Teatral Boccaccione <br />
16h00 - Grupo Rosa dos Ventos <br />
16h30 - Cia Humbalada <br />
17h00 - Mamulengo da Folia <br />
17h30 - Companhia Ocamorana <br />
18h00 - Mariana Moreira <br />
18h30 - Coletivo de Galochas <br />
19h00 - Coletivo Zagaia <br />
19h30 - Cia dos Inventivos <br />
20h00 - Companhia Antropofágica <br />
20h30 - Teatro de Narradores <br />
21h30 - Grupo Odisséia das Flores <br />
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<b>Sábado - 06 de Junho de 2015</b></div>
14h00 - Teatro VentoForte<br />
14h30 - Grupo Teatral Parlendas <br />
15h00 - Coletivo Território B<br />
15h30 - Grupo Redimunho de Investigação Teatral<br />
16h00 - Arlequins Grupo de Teatro<br />
16h30 - Coletivo Cê<br />
17h00 - Núcleo 184<br />
17h30 - Grupo Sem Fronteiras de Teatro do Oprimido<br />
18h30 - Cia São Jorge de Variedades<br />
19h00 - Coletivo Tela Suja Filmes<br />
19h30 - Brava Companhia<br />
20h00 - Grupo Clariô de Teatro<br />
20h30 - Cia Estável<br />
21h00 - Companhia do Feijão<br />
21h30 - Sérgio Ricardo<br />
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<b>Domingo - 07 de Junho de 2015</b><br />
14h00 - Companhia Antropofágica <br />
14h30 - Teatro da Neura <br />
15h30 - Bando Trapos <br />
16h00 - Grupo Buraco d`Oráculo <br />
16h30 - Satyros <br />
17h00 - Dolores Boca Aberta Mecatrônica de Artes <br />
17h30 - Cia Artehúmus de Teatro <br />
18h00 - Alípio Freire e Ateliê XXII de Artes Plásticas<br />
18h30 - Pombas Urbanas <br />
19h00 - Coletivo Cinefusão <br />
19h30 - Cia Teatro Documentário <br />
20h30 - Juh Vieira <br />
21h00 - Companhia Antropofágica <br />
21h30 - Karroça Antropofágica <br />
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<br />Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3239440250350668963.post-30798957899760406262015-05-25T09:17:00.001-03:002015-05-25T09:17:09.507-03:00Um Filme Canalha<div style="text-align: justify;">
<i>texto publicado originalmente no <a href="http://www.chezcroque.com.br/cultura/278/Um%20filme%20canalha" target="_blank">site http://www.chezcroque.com.br/cultura/278/Um%20filme%20canalha</a></i></div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQRpTqyUVnRHWYRx8BxmhYxsCvOxVJnpl0_ln5XFgotk4bEE-NolLhY3MdHbZVpmWEKp-N-bluhQ_FDpRz9ydQsESZOP88alcSFCFK9IVurYaayEYQl0DY1AuwTb9_hNQzbMtFMwOieYg/s1600/chef+1.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQRpTqyUVnRHWYRx8BxmhYxsCvOxVJnpl0_ln5XFgotk4bEE-NolLhY3MdHbZVpmWEKp-N-bluhQ_FDpRz9ydQsESZOP88alcSFCFK9IVurYaayEYQl0DY1AuwTb9_hNQzbMtFMwOieYg/s320/chef+1.jpg" width="320" /></a></div>
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Se há algo que salta aos olhos em “A Chef in Love” - tradução difundida do filme “Shekvarebuli Kulinaris Ataserti Retsepti”, realizado na Geórgia, em 1996, por Nana Dzhordzhadze – é a superficialidade com que lida com as questões históricas e relações humanas. Para além do fato de ser uma comédia romântica daquelas bem insossas e repleta de amenidades pueris, é canalha na maneira como torna rasteiro todo e qualquer debate. A sua trivialidade transborda dos próprios conteúdos e atinge a forma, o que se evidencia através da importação de recursos enlatados do cinema norte-americano, sem ao menos reutilizá-los criativamente.</div>
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“A Chef in Love” situa-se na Geórgia, em dois tempos históricos distintos, o presente, quando o filme foi realizado, e os anos de 1920, nos quais a Geórgia passa ao domínio da União Soviética, após ser tomada pelo exército vermelho. É no presente, que o artista plástico Anton, às vésperas de estrear uma nova exposição, é convocado para uma visita a Marcelle, uma fotógrafa gastronômica, que irá lhe mostrar escritos guardados do renomado chef de cozinha francês Pascal Ichak, que é tio de Marcelle e autor de um famoso livro de culinária georgiana. Eis aí a desculpa para se recorrer ao banalizado recurso do flashback, que será alternado com as conversas narrativas entre os dois, para no final descobrirmos "surpresos" que o chef francês é pai de Anton.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgieV5eUWNWdUumj7PXkoj5oIWc1ziq9LUA9A2UIh-j-DrjYJaGfOvNiey0kzTryKh0p5we16VbGLF0b_k3Sswhh7b9FXx86V1WlKYxe1oxSXGbDom-9xIgEwePe2Cmx6zndVRWPnF5YWA/s1600/chef+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgieV5eUWNWdUumj7PXkoj5oIWc1ziq9LUA9A2UIh-j-DrjYJaGfOvNiey0kzTryKh0p5we16VbGLF0b_k3Sswhh7b9FXx86V1WlKYxe1oxSXGbDom-9xIgEwePe2Cmx6zndVRWPnF5YWA/s320/chef+2.jpg" width="320" /></a></div>
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Durante os flashbacks, passamos, então, a acompanhar episódios da trajetória de Ichak, após conhecer e se apaixonar por Cecília, uma das princesas da Geórgia. É ao seu lado que ele perambula pelo país do Cáucaso, em busca de novos sabores e levando uma vida de verdadeiro “bon vivant”. Quase como um romântico ou renascentista da gastronomia, ele percorre campos de uvas; experimenta iguarias da região, como o kupati; bebe em um só gole 8 litros de vinho, dentro de um chifre de boi; até abrir o restaurante Eldorado, onde irá cozinhar os pratos típicos do país: pato com amêndoas amargas, língua defumada, faisão com pistaches e outros requintes reservados para os mais abastados e, portanto, com evidente distinção social do paladar.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBT59yhHUaaeVCq6BS-ilm7nwMX_s9IerA22CtSQ6272CBkJjmg7I1_1wTwTMRAZyg6CoEm7O8gZZ-oDH-r8FzV6BXPKHBgT2-HdOabXK01eH34fyWT4z84jQx3ydrWmye1PgPz2sN5wo/s1600/chef+3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBT59yhHUaaeVCq6BS-ilm7nwMX_s9IerA22CtSQ6272CBkJjmg7I1_1wTwTMRAZyg6CoEm7O8gZZ-oDH-r8FzV6BXPKHBgT2-HdOabXK01eH34fyWT4z84jQx3ydrWmye1PgPz2sN5wo/s320/chef+3.jpg" width="320" /></a></div>
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Ironicamente, a metade final do filme é praticamente uma defesa da permanência dessa alta gastronomia, sempre para privilegiados de classe, enquanto espaço gourmet, como gostam de dizer. A maneira como retrata a tomada da Geórgia pelo exército vermelho, sem qualquer relativização a respeito da degeneração dos ideais comunistas, principalmente durante o período de Stalin, simplifica de tal maneira as questões ideológicas, que restam algumas pinceladas morais sobre uma caricatura grosseira do que seria o comunismo: um grupo de homens autoritários, que cantam a internacional em um banquete, ao lado de mulheres masculinizadas (exclusivamente porque são comunistas), e que são todos contra a “arte gastronômica”. “O comunismo desaparecerá um dia, a boa cozinha não”, diz Ichak, em determinando momento, com ar de artista esclarecido, mas esquecendo-se que o comunismo nunca chegou efetivamente a existir para desaparecer, e que a ideia de comunismo continua viva sim para matar o que se chama hoje de alta gastronomia, pois, no comunismo por vir, os banquetes serão abundantes e para todos. E aí sim a gastronomia será arte verdadeira.</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3239440250350668963.post-60190798697984130132015-05-07T10:41:00.004-03:002015-05-07T10:45:38.954-03:00Como fazer um filme<div style="text-align: left;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9h3YKyeZt4DVic9I4-uoe5s4-PKGOVKCKfKJVEj9LJBqgrmSetoJ18V7Z20NK1Ecm7t92aYpa7gNxanJ3P5GMIMUtaG11uJsPm8eyEkJmUFH7c9T7tgInUKsz3VUz5fmRDyubJnKqKGA/s1600/valerie-lalonde_14309716029wZ0c5YA.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9h3YKyeZt4DVic9I4-uoe5s4-PKGOVKCKfKJVEj9LJBqgrmSetoJ18V7Z20NK1Ecm7t92aYpa7gNxanJ3P5GMIMUtaG11uJsPm8eyEkJmUFH7c9T7tgInUKsz3VUz5fmRDyubJnKqKGA/s1600/valerie-lalonde_14309716029wZ0c5YA.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9h3YKyeZt4DVic9I4-uoe5s4-PKGOVKCKfKJVEj9LJBqgrmSetoJ18V7Z20NK1Ecm7t92aYpa7gNxanJ3P5GMIMUtaG11uJsPm8eyEkJmUFH7c9T7tgInUKsz3VUz5fmRDyubJnKqKGA/s1600/valerie-lalonde_14309716029wZ0c5YA.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9h3YKyeZt4DVic9I4-uoe5s4-PKGOVKCKfKJVEj9LJBqgrmSetoJ18V7Z20NK1Ecm7t92aYpa7gNxanJ3P5GMIMUtaG11uJsPm8eyEkJmUFH7c9T7tgInUKsz3VUz5fmRDyubJnKqKGA/s1600/valerie-lalonde_14309716029wZ0c5YA.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"></a><i>texto publicado originalmente no site <a href="http://chezcroque.com.br/cultura/275/Como%20Fazer%20um%20Filme" target="_blank">http://chezcroque.com.br/cultura/275/Como%20Fazer%20um%20Filme</a></i></div>
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Dirigido pelo casal norte-americano Les Blank e Gina Leibrecht, o filme em si é a visita que ambos fazem, em 2000, ao amigo Leacock, um dos responsáveis pelo aprimoramento do chamado “cinema-direto”, através da sincronização de som e imagem durante a captação, que permitia menor interferência do cineasta sobre a realidade filmada. É em sua casa, na Normandia, no norte da França, que Leacock se abre para uma conversa informal filmada por Les Blank e que resulta em um perfil biográfico muito singular do diretor britânico. A simplicidade do filme dialoga formalmente com a simplicidade de Richard Leacock, que recebe seu amigo com ternura, enquanto cozinha. Em meio à deslumbrante paisagem da propriedade do cineasta, que “Como Cheirar uma Rosa: Uma Visita com Rick Leacock à Normandia” é, antes de tudo, uma aula sobre o próprio cinema. Aos 79 anos, quando foi filmado, Leacock se debruçou sobre lembranças de sua carreira, as quais são ilustradas por Les Blank através de imagens dos filmes que ele cita.<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_mrlKZEkx4l71mdSOqzchUaj6TKRaGwvxO_6o7XF6VMJX9wsVymWaNRypt6xcBvocz3id1d4T09h1BuqIVUtXmEA50QdPlFXV1xLPK4v0jhL1jKBfYjrzU3eaRVJ-0VafXrwNTPt1sL8/s1600/howtosmell2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="194" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_mrlKZEkx4l71mdSOqzchUaj6TKRaGwvxO_6o7XF6VMJX9wsVymWaNRypt6xcBvocz3id1d4T09h1BuqIVUtXmEA50QdPlFXV1xLPK4v0jhL1jKBfYjrzU3eaRVJ-0VafXrwNTPt1sL8/s320/howtosmell2.jpg" width="320" /> </a></div>
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Por mais que aparentemente estejamos frente a um senhor com a vida ganha, que se acomodou ao seu modo de vida pequeno burguês, a essência de Leacock vai se descortinando e passamos a uma compreensão mais profunda, inclusive da generosidade política deste personagem que, antes de tudo, doou sua vida ao desenvolvimento de uma linguagem. São nas sutilezas das conversas que percebemos o homem por trás do artista e o artista que apequena o homem. Entre o preparo de um cordeiro, o descascar de batatas e a afetuosa relação que tem com sua companheira e parceira no cinema, Valerie Lalonde, o cineasta escancara o seu amor pela imagem e pela simples ideia de transmitir ao espectador as sensações daquilo que capta com sinceridade. É comovente, por exemplo, o carinho que ele demonstra por uma imagem, a princípio banal, de um casal de japoneses que tentam utilizar um telefone de rua sem sucesso. Leacock extrai da mais ingênua imagem significados que atravessam a sociedade e as inquietações do homem. Tudo, portanto, está na sutileza da captação.</div>
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Leacock morreu em 2011 e o diretor do filme, Les Blank, em 2013, ainda sem ter finalizado o filme, que foi editado e lançado pela viúva de Les Blank, Gina Leibrecht, que assina a direção ao seu lado. Sem ser pedante, as imagens revelam aos poucos o complexo ser humano por trás da simplicidade que imprime em seus filmes e também na gastronomia que tem como hobby. A associação entre a sutileza com que prepara um dos pratos mais populares da França, o pot-au-feu, um guisado de carne com ervas aromáticas (talvez equivalente ao nosso “picadinho”), e o próprio modo com que encara a realização cinematográfica é inevitável. Se o paladar é estimulado com os sabores que te levam para outros lugares, os filmes também devem levar o espectador a “sensação de estar ali”, como insiste Leacock, para voltar a si transformado, absorto em novas compreensões do mundo que não as habituais. </div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-uYVMNmF4-43TcCj5pma2gOtDyz6I0XfVAKpcfllS1ZnOi0p8PuUy29la9nHvNCj2tUsRU-Jp9LJPpVpxNvAYXZlV1gQC42FpJHMkI21_cgmq_JHk7JtcnZi6TGGXrnaIpkRiQJyqOh8/s1600/HowtoSmell1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="195" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-uYVMNmF4-43TcCj5pma2gOtDyz6I0XfVAKpcfllS1ZnOi0p8PuUy29la9nHvNCj2tUsRU-Jp9LJPpVpxNvAYXZlV1gQC42FpJHMkI21_cgmq_JHk7JtcnZi6TGGXrnaIpkRiQJyqOh8/s320/HowtoSmell1.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: justify;">
É a verdade da imagem, não em um sentido moral, mas dentro da
perspectiva de uma ética cinematográfica que Leacock parece querer
transmitir. Em um dos momentos em que se revela a coerência do homem por
trás das câmeras, ele relembra de um de seus filmes, no qual captou o
momento em que políticos discutem economia e questões políticas, em um
quarto de hotel, quando um camareiro chega com o almoço que foi pedido.
Ao invés de desligar a câmera, ele segue filmando a patética discussão
que, agora, mistura, as mesmas questões políticas com a preocupação de
encontrar os bifes mal ou bem passados e seus respectivos donos. Mais
uma vez, a simplicidade do olhar, quase ingênuo, explode em
significações, trazendo uma triste e sarcástica nota sobre os caminhos
que o capitalismo nos impõe. Longe de ser um conformado, Richard Leacock
celebra a vida, mas não sem determinar o que olhar e como olhar, para
dali tirar toda a força de seus filmes. É assim que “Como Cheirar uma
Rosa”, para além das rosas, talvez nos ensine, afinal, algo sobre como
fazer um filme.</div>
</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3239440250350668963.post-7811575897521456512015-04-27T23:59:00.001-03:002015-04-27T23:59:13.433-03:00Debate: DIREÇÃO ANTICOLONIALISTA / Estética de Resistência, Luta e Poesia - da perspectiva da Direção Cinematográfica<div style="text-align: justify;">
evento no facebook: <a href="https://www.facebook.com/events/679592855479687/" target="_blank">https://www.facebook.com/events/679592855479687/</a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O COLETIVO TELA SUJA FILMES e a FILMES DE ABRIL iniciam os trabalhos do projeto AS VEIAS ABERTAS DO CINEMA LATINO AMERICANO. Propomos um processo coletivo de estudo e pesquisa cinematográfica que visa contribuir com a historicização crítica do cinema político produzido na América Latina, a partir de meados dos anos 60 até os dias de hoje.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
Iniciamos com um debate com ADIRLEY QUEIRÓS e ANDREA TONACCI, dois grandes cineastas que respeitamos a admiramos pela conduta cinematográfica e pelo histórico de coerência e luta que imprimem com suas obras. Estamos ansiosos em partilhar a presente reflexão e esperamos a todos!</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Debate:<br />
DIREÇÃO ANTICOLONIALISTA<br />
Estética de Resistência, Luta e Poesia<br />
- da perspectiva da Direção Cinematográfica<br />
- com ADIRLEY QUEIRÓS e ANDREA TONACCI</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quando:<br />
03 de Maio de 2015, domingo, às 19h00</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Onde:<br />
Cineclube Latino Americano Juan Carlos Arch<br />
Sala de Cinema no Pavilhão da Criatividade Darcy Ribeiro<br />
Fundação Memorial da América Latina<br />
Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664<br />
Barra Funda - São Paulo - SP</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Informações:<br />
<a href="mailto:telasujafilmes@gmail.com">telasujafilmes@gmail.com</a> / <a href="mailto:filmesdeabril@gmail.com">filmesdeabril@gmail.com</a><br />
<a href="http://www.telasujafilmes.com/">www.telasujafilmes.com</a> / <a href="http://www.filmesdeabril.com.br/">www.filmesdeabril.com.br</a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span id="goog_458373863"></span><span id="goog_458373864"><br /></span></div>
<span id="goog_2130352146"></span><span id="goog_2130352147"><br /></span>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiM-2WaqeZy_piGf6xgwvAKM50aksEK1lG5y2abD7aSXuSwFSYf7Zi7iZCQm8gVGZF2zYZXAohJQudA8sWyee-YXgfZGAnH3BQKhBAr7UuP7yuNigkRbEXbsHlW0x4SHrTq2Nn9tLU7hkA/s1600/10423700_10203182964609705_3972154224411145978_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiM-2WaqeZy_piGf6xgwvAKM50aksEK1lG5y2abD7aSXuSwFSYf7Zi7iZCQm8gVGZF2zYZXAohJQudA8sWyee-YXgfZGAnH3BQKhBAr7UuP7yuNigkRbEXbsHlW0x4SHrTq2Nn9tLU7hkA/s1600/10423700_10203182964609705_3972154224411145978_n.jpg" height="236" width="640" /></a></div>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<em>Nuestro cine tiene una profunda raíz de protesta y fue constante en la resistencia. Pero también es un cine de sueños. Detrás de toda esa protesta hay un sueño de justicia, igualdad y belleza. Un sueño rebelde que no acepta el conformismo o esa realidad que no es lo que tendría que ser... (Fernando Birri)</em></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3239440250350668963.post-42311362466769800732015-04-03T22:57:00.001-03:002015-04-03T22:57:39.253-03:00Todo apoio à greve dos professoresVídeo realizado pelo comando de greve da zona norte.<br />
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="360" src="https://www.youtube.com/embed/ycjHgivEGRc?rel=0" width="640"></iframe><br /></div>
<br />
<br />Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3239440250350668963.post-69602298014649790032015-03-18T19:42:00.003-03:002015-03-18T19:42:36.935-03:00Ciclo de Abertura da II Feira Antropofágica de Opinião<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQle31HbGwLQZf_Rten1skVJM9aJ0GX6XNFw71A2oJipqaZBoakodRHi6RaouOJmulOGAMEuYBabKiRNoYsFsjppwU_NVpBUC10Hku5np7Vgcnw4Ft35cXXcRlRZJx2BGQO5afNUZ2KbE/s1600/ciclo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQle31HbGwLQZf_Rten1skVJM9aJ0GX6XNFw71A2oJipqaZBoakodRHi6RaouOJmulOGAMEuYBabKiRNoYsFsjppwU_NVpBUC10Hku5np7Vgcnw4Ft35cXXcRlRZJx2BGQO5afNUZ2KbE/s1600/ciclo.jpg" height="640" width="460" /></a></div>
<br />Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3239440250350668963.post-89278522740222059412015-03-05T14:13:00.002-03:002015-03-05T14:13:55.288-03:00Enquanto isso, dentro da caixa preta do audiovisual...<i>Vídeo realizado pelo movimento "Rio: Mais cinema, menos cenário".</i><br />
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="360" src="https://www.youtube.com/embed/ORr_F99jvXE?rel=0" width="640"></iframe><br /></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<br />Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3239440250350668963.post-8791519125200978912015-02-11T22:13:00.001-02:002015-02-11T22:13:32.937-02:00CONTRA O CINEMA INDUSTRIOSO OU A RESPEITO DA SPCINE<i>carta assinada pelo coletivo cinefusão e publicada originalmente no blog dos parceiros da <a href="http://zagaiaemrevista.com.br/contra-o-cinema-industrioso/" target="_blank">Zagaia</a></i><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Publicamos um manifesto crítico escrito por realizadores de cinema. Esta carta foi lida por diretores paulistanos na Mostra de Cinema de Tiradentes no dia 27/1, data em que a prefeitura de São Paulo criava a SPCine, empresa encarregada da produção audiovisual na cidade de São Paulo. Nos anos 50 outro projeto industrial surgiu em São Paulo e foi um fracasso: a Vera Cruz produziu cerca de quarenta filmes, a maioria hoje merecidamente esquecidos, e se tornou um exemplo negativo de arremedo do cinema industrial produzido nas grandes metrópoles para as gerações seguintes. A carta busca valorizar o verdadeiro cinema paulistano, o cinema de invenção que marcou nossa cinematografia e deixou muitos herdeiros, representado por mestres como Carlos Reichenbach, Ozualdo Candeias, Jairo Ferreira, Rogério Sganzerla e Andrea Tonacci. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfLAv1z1OXdAsq0rpLpiptlEyZ4hDROBba3IDdbfv3O-fsH0jc630tCEC6gnOkX2OkfMV0-gYX8FLIWaJlxnH_5nOGPUre60tt8v1gQogxVsU2pN0kgD7qQGV7Bc52IECGkTLw2FM9qj0/s1600/alma_corsaria.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfLAv1z1OXdAsq0rpLpiptlEyZ4hDROBba3IDdbfv3O-fsH0jc630tCEC6gnOkX2OkfMV0-gYX8FLIWaJlxnH_5nOGPUre60tt8v1gQogxVsU2pN0kgD7qQGV7Bc52IECGkTLw2FM9qj0/s1600/alma_corsaria.JPG" height="320" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
CONTRA O CINEMA INDUSTRIOSO </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Hoje, quando vários filmes paulistanos fazem sua primeira exibição na Mostra de Cinema de Tiradentes está sendo aberta a SPCine em São Paulo. É importante frisar que a imensa maioria dos filmes paulistanos aqui exibidos não tem nenhum apoio desta prefeitura. O que diz muito sobre a forma como a cultura é tratada em nossa cidade. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O perfil ideológico da SPCine, o grande empreendimento da secretaria da cultura de São Paulo, fica cada vez mais claro: incentivar o lixo cultural em detrimento do cinema de invenção e de risco. Fortalecer as grandes produtoras, que não estão preocupadas com a cultura, mas sim com os seus negócios. Incentivar o lixo cultural imposto cotidianamente pelos grandes meios de comunicação: as globo-chanchadas, o cinema publicitário, o gangsterismo cultural travestido em audiovisual.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Aproveitamos esta oportunidade para frisar que nós, realizadores e criadores do cinema paulistano aqui representados em vários filmes, nos negamos a produzir o lixo cultural que o projeto industrioso da prefeitura de São Paulo tenta nos impor. Joguemos pedras aos porcos. Declaramos guerra à cultura-consumo defendida pela SP-Cine. Guerra à mercadoria audiovisual. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não comercializamos o sentimento. Não concordamos, não aceitamos, não acreditamos: não vendemos. Lutaremos com todas nossas forças por um cinema artesanal, de invenção e de risco. Por filmes integros. Por um mundo de olhos livres. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Assinam: Coletivo Zagaia, Coletivo Cinefusão, Comitiva Paracatuzum </b></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3239440250350668963.post-6925364605678782862015-01-22T11:08:00.001-02:002015-01-22T11:08:12.014-02:00A ENTRADA DAS OPERÁRIAS NAS FÁBRICAStexto publicado originalmente no blog <a href="http://ideariodialetico.blogspot.com.br/2014/10/a-entrada-das-operarias-nas-fabricas.html" target="_blank">Ideário Dialético</a><i><br /></i><br />
<br />
<i>Reflexões em torno da formação do pensamento político feminino.</i><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
O assunto mais detestável, a qualquer mulher onde reina o mínimo de lucidez, é o feminismo. Dentre toda circulação de ideias—vejam, digo circulação com vistas direta ao fator econômico fundante de nossa socialização—as que são atribuídas diretamente a mulher são sempre questões de cunho sensível (arte, artesanatos, família, educação...) ou, em ambientes um pouco mais “avançados” , a concepção de ideias em torno da libertação da mulher também são entregues a ela. Sim, nos legaram o direito de lutar por nossa liberdade, sobretudo material. Agora, restam as questões: em que campo? Com quais armas?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não raras são às vezes onde se nota um esforço fervoroso da mulher para trazer a si direitos que se equiparem ao do sexo masculino, esquecendo-se, fundamentalmente, que bradar por direitos iguais pressupõe saber ao direito de qual homem a mulher pretende se igualar; a de um trabalhador ou a de um burguês? No caso de um burguês, um empresarial ou um intelectual? E no caso de um intelectual, quer os direitos concedidos ao intelectual de esquerda ou de direita? Ao que tudo indica, senhoras, estamos ainda em uma sociedade cindida em classes e reivindicar um direito prevê saber que a divisão social do trabalho e o Valor, encontram-se diretamente ligados a qualquer crítica que se pretenda. E neste caso, ou a crítica se constitui como crítica materialista, ou não se solidifica em nada.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Recorrentemente, acompanhamos em movimentos feministas aquilo que se tornou a pauta central—principalmente no Brasil!— de qualquer luta política. Uma vez esquecida a luta de classes e seu fundamento diante da história, resta a reforma democrática do sistema numa tentativa quase inofensiva de melhorias aos oprimidos. A luta política de emancipação da mulher deixou de ser política para se tornar moral, assim como a luta do movimento negro, LGBT e dos próprios trabalhadores aparelhados ao movimento sindical. Porém, o salto “inesperado” disso é que as lutas pelos direitos humanos e democráticos são principalmente apoiadas pelo grande capital.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhXPMaL-mZ1sfKnxS5BstzgTKicsqvHUmWcwJkJ-3aYUovtKnbXGVcLdrTk2ay0i4debXyrst6d1Qo-JNuS-qjagQ9mZWMepjGKcAz3g49tH0TbEsjs2nNh7LQcf-MPTRVfhYl3iLldtE/s1600/suffragettes-2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhXPMaL-mZ1sfKnxS5BstzgTKicsqvHUmWcwJkJ-3aYUovtKnbXGVcLdrTk2ay0i4debXyrst6d1Qo-JNuS-qjagQ9mZWMepjGKcAz3g49tH0TbEsjs2nNh7LQcf-MPTRVfhYl3iLldtE/s1600/suffragettes-2.jpg" height="240" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Tanto isto é verdade que a democracia, para qualquer indivíduo um pouco
mais atento e com o mínimo de consciência de classes, nunca foi garantia
de nada dentro do sistema capitalista. Uma vez a ordem ameaçada e os
aparatos militares rigorosamente mantidos ao lado do Estado entram em
ação destroçando qualquer tentativa de derrubada desarmada contra o
sistema. Mas, ao contrário disso, cair no jogo democrático está
diretamente ligado a se afinar as regras legais permitidas a sociedade.
Evidentemente, não se quer afirmar com isso que a luta pelos direitos
democráticos não deva ser feita, tampouco que este não deve ser um lugar
ocupado por aqueles que lutam verdadeiramente pela causa dos
trabalhadores. Contudo, é necessário notar com clareza qual é o limite
da via legal democrática, e de que maneira alcançar estes direitos não
está antes ligado a um avanço estrutural da sociedade e não ao que se
modifica sempre com maior retardo, a superestrutura.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Um bom exemplo dessa mudança estrutural, que garantiu o nascimento dos direitos das mulheres, foi a entrada da mulher no ambiente fabril. A necessária chegada da mão de obra feminina no trabalho operário está antes ligada a uma demanda da produção e das trocas mercantis que ao direito da mulher de sair de sua condição de escrava doméstica. Ao contrário, a mulher alcança direitos civis e trabalhistas fora de casa, mas onde o trabalho não é condicionado pelo Valor, ela continua na situação de escrava. A dupla jornada da mulher do final do século XIX demonstra com nitidez que a garantia de direitos aos trabalhadores, vem sempre com a função de manter a todo vapor as máquinas do capitalismo e não de torna-lo mais justo. Com o avanço das forças produtivas e com o advento da Primeira Grande Guerra, as fábricas passam a ter mais lugares vagos a serem preenchidos pela mão-de-obra inferior ao homem: crianças e mulheres explodem como indivíduos necessários para a produção da mercadoria e da guerra. Como em toda reviravolta histórica, as forças propulsoras de mudança ali também foram contraditórias. Ainda que a mulher tivesse que se submeter a precarização total do trabalho e tendo também que se manter enquanto escrava em casa, a entrada no mundo do trabalho assalariado, local absolutamente masculino, faz com que a mulher entre também, definitivamente, como agente política necessária a luta de classes. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Antes de estar inserida na divisão social do trabalho, a mulher tinha que se identificar à luta política como companheira e não como agente histórica. O problema, porém, mantém-se. Na divisão social do trabalho, os cargos de formadores de opinião já são primordialmente lugares ocupados por homens, principalmente vindos da pequena-burguesia branca. Quando uma mulher alcança a emancipação intelectual possível no capitalismo, ela é rapidamente enquadrada em um caráter masculino. Esquecem a biologia, para manter a hierarquia. Então, o que vemos com os gritos que bradam por igualdade entre os sexos é, antes de tudo, o esquecimento da organização da sociedade através da forma mercadoria e do mundo do trabalho, que sempre fora masculino. Neste sentido, não surpreende que qualquer mulher que queira debater ideias esteja cercada de homens e, inclusive, torne-se um. Muito menos surpreende que uma mulher terceirizada em uma empresa de limpeza, trabalhe mais e seja maioria na categoria. Essa é a sua função dentro da igualdade democrática entre os sexos. A violência do trabalho é propulsora de todas as outras violências cometidas à mulher. Como tudo que tem determinação histórica e social, a diferença entre os sexos também é um advento material e não abstrato, como temos tratado por aí.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A violência contra a mulher pressupõe uma violência brutal contida na mercantilização da própria vida. O fato da perspectiva da humanidade estar voltada ao trabalho alienado aliena, também, qualquer possibilidade racional de consolidação das relações humanas. Portanto, como evocar um homem para que este seja menos machista se o sistema de dominação, alienado do próprio sujeito, é consolidado por um fundamento patriarcal violento que perdura há anos?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O que quero dizer é que, não se pode contar com a cisão desse vácuo existente entre os sexos nem mesmo pelos homens de esquerda, estes não são deuses pairando num Olimpo distante do mundo material dos homens. Contar com isso em abstrato equivale a contar com o pote de ouro no final do arco-íris. Ou, para deixar mais concreto, seria como contar que as reformas sociais proporcionadas pelo PT fossem levar o Brasil ao comunismo. Sinto nos informar, mas os privilegiados muito dificilmente abdicam de seus privilégios. Então, ainda é papel da mulher, de maneira urgente, pensar arduamente na destruição do patriarcado através da destruição da sociedade de classes. Mas, para isso, é necessário que nos fundamentemos cada vez mais e ocupemos o lugar de pensadoras da crítica materialista, caso contrário, toda posição que nos aparece enquanto crítica está fadada a degenerar em mera conversa fiada.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nathalia Colli </div>
Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3239440250350668963.post-2147150773414784682014-12-03T19:12:00.001-02:002014-12-03T19:12:10.137-02:00CINECLUBE CINEMA EM REVISTA - CICLO CINE-DEMÊNCIA #7<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9QdAUkos1-_wHVQNbqW4iGNj6OK_OySaxqO6E7mBahkb7EO0CE4DTZ5aePXnbpQJAMcQgpLnk0GtPnPbT2SSmN-cUAcuGQ3GLdyAcc3CYJIm3_k81pCGyjLKmyiqNOTMkrNKzzLZ_WRM/s1600/Cineclube_Inacio(final).jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9QdAUkos1-_wHVQNbqW4iGNj6OK_OySaxqO6E7mBahkb7EO0CE4DTZ5aePXnbpQJAMcQgpLnk0GtPnPbT2SSmN-cUAcuGQ3GLdyAcc3CYJIm3_k81pCGyjLKmyiqNOTMkrNKzzLZ_WRM/s1600/Cineclube_Inacio(final).jpg" height="640" width="477" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Para finalizar o ano, mas não o ciclo que segue firme em 2015, o Cineclube Cinema em Revista dá continuidade a sua fáustica jornada e realiza mais uma sessão maldita em torno das profundidades do cinema paulista. Desta vez, receberemos para o debate conosco o crítico e cineasta Inácio Araújo, uma referência cara para nós e dos poucos críticos que persiste em reinventar o cinema, a despeito da distância que insistem em colocar o trabalho crítico da realização. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Para afastar de vez os Mefistófeles do cinema paulista, exibiremos filmes que não podem ser apropriados, pois já nascem dentro de uma outra lógica, de invenção, experimentação e sem pactos incontornáveis para a explosão criativa. Em todos eles o crítico se aproxima da realização e participa do processo criativo:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Filme Demência (1986): dirigido por Carlos Reichenbach e co-roteirizado por Inácio Araujo </div>
<div style="text-align: justify;">
- Uma Aula de Sanfona (1982): episódio do longa "As Safadas" dirigido por Inácio Araujo </div>
<div style="text-align: justify;">
- O Guru e os Guris (1973): curta de Jairo Ferreira montado por Inácio Araujo </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O ciclo cine-demência, uma evidente homenagem ao mestre Carlão Reichenbach, tem como proposta a discussão estética e política, dentro do âmbito de um cinema paulista que se organiza de forma independente e propõe a experimentação da linguagem e o filme-risco, posicionando-se claramente contrário ao cinema-mercadoria e àquilo que convencionou-se chamar de "filme médio", e que nós denominamos medíocre.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Trata-se de uma iniciativa de coletivos de cinema e teatro Coletivo Cinefusão, Coletivo Zagaia, PARACATUZUM e Núcleo de Estudos Cynematográficos que, posicionados dentro de um campo de disputa simbólica, vêm, a partir da experiência de um cineclube permanente, propor reflexões críticas em torno da experiência coletiva e da necessidade de um outro fazer cultural e cinematográfico. As sessões são gratuitas e irão ocorrer todo primeiro domingo do mês, às 18h01. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Cineclube, experiência de recuperação do espectador morto. Espaço onde o óbito não é aceito sem diagnóstico. O especialista, neste caso, está mais do que convidado, mas aqui o diagnóstico é feito de forma coletiva, sobre a égide do universalismo, em contraponto com a educação tecnocrata das instituições de ensino. Ciclo Cine-Demência. O cineclube é permanente, Cineclube Cinema Em Revista. Um participa da ação do outro. E afirmamos: A arte tem que ter uma perspectiva revolucionária, caso contrário, os ursinhos carinhosos dominarão. Será sempre convidado alguém que valha realmente a pena, inclusive, os sujeitos da mídia-piada brasileira. Neste caso, não garantimos que não ocorra um ataque feroz por parte dos presentes, sempre no nível do debate, mas prometemos lançá-lo para o abismo de suas contradições.</div>
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Estão quase todos convidados: </div>
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<br /></div>
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“E sobretudo, meu corpo, da mesma forma que a minha alma, evitem ficar de braços cruzados em atitude estéril de espectador, porque a vida não é um espetáculo, porque um mar de dores não é um proscênio, porque um homem que grita não é um urso dançando...”</div>
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(Aimé Cesaire)</div>
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evento no facebook: <a href="https://www.facebook.com/events/316920555168464/?fref=ts">https://www.facebook.com/events/316920555168464/?fref=ts</a></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3239440250350668963.post-1820575072912081232014-11-30T19:21:00.000-02:002014-11-30T19:21:57.868-02:00TRECHO DE UM CONTO OU PESQUISA PARA O FILME "FERROADA"<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlW3I2vJQ5g8gQ7fXZYWuU2s8_SYh4x4KgY62HxNVqwRGbGyGNa32tBswR4E1roMbtSrCExIyEHyiicklJIxzyoxLAjzkazWkM71onpU8P_6s4AMkpwrs-67ecr8VbIa7147pv89GWwQ8/s1600/747796_951.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlW3I2vJQ5g8gQ7fXZYWuU2s8_SYh4x4KgY62HxNVqwRGbGyGNa32tBswR4E1roMbtSrCExIyEHyiicklJIxzyoxLAjzkazWkM71onpU8P_6s4AMkpwrs-67ecr8VbIa7147pv89GWwQ8/s1600/747796_951.jpg" height="400" width="287" /></a></div>
<br />
<br />
"Enquanto ela, vestido suspenso, uma nesga de coxa descoberta, verificava com um dos pés a temperatura da água do chuveiro, no quarto o homem falava ao telefone e espiava pela janela a rua deserta. Era de madrugada e eles tinham chegado do bar. Ela se despiu e entrou no banho. Ele desligou o telefone, fechou as cortinas e pôs sobre a mesa o revólver que trazia à cintura. Apagou o abajur e dirigiu-se ao banheiro. Nessa hora, a penumbra da sala ganhou um matiz roxo-azulado e eu senti a pressão da mão de Keyla no meu colo, vi os seus dedos deslizarem para abrir o zíper da minha casa. Ocultei seus movimentos com a camisa que há pouco tirara, e de soslaio procurei ver se éramos observados. Foi então que ouvi os primeiros cochichos alusivos à tatuagem nas minhas costas. E parece que Keyla também, pois ela me abraçou e sorriu debochada. O casal na tela bebia conhaque sob as cobertas. O homem, levantou-se, nu, com o copo na mão, apanhou a arma e a trouxe para o criado-mudo. Keyla percebeu os rumores crescendo ao nosso redor e, do riso sarcástico, passou à cólera. O homem deitou-se e a mulher o beijou. Mais comentários. Enfurecida, Keyla nem chegou a ver a cena de sexo. Ergueu-se e mostrou o dedo médio em riste para toda a plateia.<br />
<br /></div>
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- Caretas! Bundões! - gritava ela. - Moralistas enrustidos do cacete! Vêm ver filminhos de arte porque um intelectualoidezinho de merda qualquer disse na <i>Ilustrada</i> que é bom. Mas não estão entendendo porra nenhuma. Vocês consomem os guias culturais e as resenhazinhas sobre arte com a mesma sofreguidão e frivolidade que os leitores de <i>Caras</i>. Vocês devoram os segundos cadernos com objetivo idêntico ao dos malhadores crônicos, ao das patéticas figuras que se submetem a todo tipo de dieta pra se livrar das gordurinhas a mais.Vocês, assim como esses compulsivos ergométricos, almejam um padrão que lhes foi imposto. Não fazem nada por prazer. Eles não se deleitam com o sol, nem vocês com a arte. Querem apenas, eles, um corpo tostadinho e rijo, e, vocês, um discursinho cabeça e pernóstico. Pra isso, eles suam feito imbecis nas esteiras e vocês babam nas exposições. Galeria, teatro, museu estão para vocês, assim como academia, clube e praia estão para eles. Mas tudo é falso. Hipócritas! Vão passar a vida como dublês de clones. Se exercitando para se enquadrar no modelo determinado. Tentando fazer ginástica intelectual e sentindo fome de telenovelas. Quem sabe até, induzidos por seus preconceitos, não assaltem de madrugada o quartinho da empregada, em busca de material que os sacie? "Algumas folhinhas de <i>Contigo</i> e umas linhazinhas de <i>Sabrina</i> não poderão me fazer mal; o importante é que ninguém saiba!" Vocês nunca passarão disso. Serão sempre burros! Néscios crônicos. Insensíveis. Com celulites medonhas na massa cinzenta. Porque vocês não se entregam e, então, não há regime à base de Bergman ou Proust que tire a banha desses cérebros adiposos. Ainda não inventaram silicone pros neurônios. Aprendam a gozar, burgueses do caralho; senão, vão morrer assim, sofrendo de mediocridade mórbida e idiotismo agudo. Eu desprezo vocês. Babacas! Sem estilo e sem tesão. Vulvas secas e broxas! Todos aí! Eu respeito mais quem fica em casa à noite vendo televisão e, de manhã, liga o rádio AM pra saber o que diz o horóscopo. Pelo menos, são mais honestos. E mais felizes..."<br />
<br />
("Elas, Etc", Tico)</div>
Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3239440250350668963.post-66612171330031116332014-11-28T19:30:00.000-02:002014-12-02T01:15:26.828-02:00A QUEBRADA NÃO É CHAPA BRANCA! Nota de repúdio à alteração de imagem na peça de divulgação da III Mostra “Cinema da Quebrada”<div style="text-align: justify;">
<i>publicada originalmente pelos parceiros do Coletivo <a href="http://zagaiaemrevista.com.br/a-quebrada-nao-e-chapa-branca-nota-de-repudio-a-alteracao-de-imagem-na-peca-de-divulgacao-da-iii-mostra-cinema-da-quebrada/">Zagaia</a></i><br />
<br />
Há uma imagem, do filme “O Muro da Vergonha”. Nela vemos um muro, erguido na Favela do Moinho, no qual há uma pichação: “Haddad sustenta o muro da vergonha do Kassab”. Gilberto Kassab, ex-prefeito de São Paulo, ergueu o muro e que não havia sido posto abaixo pela administração do atual prefeito, Fernando Haddad. O muro foi derrubado pela própria população, em protesto. </div>
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Havia uma imagem: essa mesma, também retirada do filme, com a pichação inscrita. Essa imagem supostamente foi usada pelo Cinusp e pela organização da III Mostra Cinema da Quebrada para a divulgação do evento. “Supostamente” porque a imagem não foi de fato utilizada. O Cinusp e produção da mostra alteraram ela digitalmente, modificando seu conteúdo. Por meio de uma intervenção grosseira, apagou-se o nome do prefeito Haddad da pichação, restando da frase apenas o verbo e o predicado: “sustenta o muro”. Assim mesmo, sem sujeito. A mostra exibe o filme, mas não sustenta o compromisso com suas imagens no momento de divulgar o evento. Será que ocorreu ao Cinusp e aos organizadores da mostra que tal posição, além de contraditória, é um ato de violência contra todos os filmes exibidos, e não somente aquele que teve sua imagem alterada? Não percebe o Cinusp que tal ato atinge também as lutas e posicionamentos expressos nos sons e imagens desses filmes? </div>
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<br /></div>
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Por isso, nós, realizadores com filmes na programação da III Mostra Cinema de Quebrada, viemos, através dessa carta, demonstrar nosso repúdio ao procedimento realizado pelo Cinusp e organização da mostra e exigir dos responsáveis: </div>
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a) que se pronunciem publicamente, através de comunicado no site do Cinusp e na sua página no facebook, sobre o ato da manipulação; </div>
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b) que retirem a imagem alterada da capa da pagina do Cinusp no facebook e a substitua pela imagem original; </div>
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A existência da mostra é, em princípio, positiva. Abrir um espaço de reflexão na academia para a produção cinematográfica da periferia é indispensável, sobretudo na USP, uma universidade com poucos alunos “da quebrada”. Mas é preciso deixar bem claro que a relação com a periferia não pode se dar pela via da domesticação.</div>
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Quem quer exibir a quebrada, que seja para dar a ela voz e imagem, e não para silenciá-la. Quem quer dar espaço e tela para a periferia, tem de ser honesto com o recado e as lutas que vem dela. Não topamos exibir nossos filmes na Mostra para correr o risco deles serem apresentados num contexto que parece se envergonhar ou temer o que dizem suas imagens. Nos é difícil compreender que um evento destinado a pensar e exibir as imagens da quebrada se preste ao papel de apaziguar conflitos que seus realizadores, em contrário, desejam promover. Não nos parece sequer razoável que uma universidade pública promova o silêncio ao invés do questionamento e do conflito. </div>
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<br /></div>
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A quebrada não é chapa branca e sua voz e seus conflitos não serão apaziguados num cordial panos quentes com o poder. Esperamos que essa seja uma oportunidade de o Cinusp se retratar ante o ocorrido e pautar sua conduta futura na promoção de um maior diálogo com a periferia e a arte política que se arrisca, sem temer nem maquiar o que dizem as imagens dos filmes. São Paulo, 27-11-2014, </div>
<br />
Assinam:<br />
<br />
Adirley Queirós, cineasta<br />
Affonso Uchoa, cineasta<br />
Andre Novais, cineasta<br />
Coletivo Tela Suja Filmes<br />
Diogo Noventa, cineasta e diretor teatral<br />
Ester Marçal Fer, cineasta<br />
Evandro Santos – cineasta e educador<br />
Felipe Terra, cineasta<br />
Flávio Galvão – Coletivo Fabcine<br />
Lincoln Péricles, cineasta<br />
Rafael Fermino Beverari, cineasta e educador<br />
Renan Rovida, cineasta<br />
Rodrigo Sousa e Sousa, cineasta<br />
Romulo Santos – cineasta e educador<br />
Rede de Comunidades do Extremo Sul<br />
Thiago B. Mendonça, cineasta – roteirista e produtor de Dias de Greve<br />
Viviane Ferreira, cineastaUnknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3239440250350668963.post-44365757361849497142014-10-30T21:06:00.006-02:002014-10-30T21:07:06.534-02:00CINECLUBE CINEMA EM REVISTA - CICLO CINE-DEMÊNCIA #6<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhr9Afr2ZhpTOG7nmCVfi9AvZj_jA61F1Wylxg8A8553hobSlDn1FslYRsyYGgJlTcX6fF0Yam2I2BF__STMIlkSfRqzIpGHm9BQfd8O2anqkz_qjAPX7GfbETz6WGQvnz7uATJaOvVoc0/s1600/poster+cineclube+cinema+em+revista+%236.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhr9Afr2ZhpTOG7nmCVfi9AvZj_jA61F1Wylxg8A8553hobSlDn1FslYRsyYGgJlTcX6fF0Yam2I2BF__STMIlkSfRqzIpGHm9BQfd8O2anqkz_qjAPX7GfbETz6WGQvnz7uATJaOvVoc0/s1600/poster+cineclube+cinema+em+revista+%236.jpg" height="640" width="437" /></a></div>
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No dia de finados, não iremos ao cemitério, não levaremos flores, não rezaremos e não choraremos a morte. Realizaremos o nosso ritual pagão. É debaixo da tempestade que se anuncia que celebraremos o cinema nosso de cada dia, bebendo e debatendo o que foi e ainda é forte. É nesse clima que o Cineclube Cinema em Revista realiza a 6ª sessão do ciclo cine-demência e exibe 7 curtas-metragem, numa tentativa cabalística de reafirmar a força de um cinema paulista que sabe ser vivo.</div>
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“Exemplo Regenerador” (1919, José Medina)</div>
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“Mário Gruber” (1966, de Rubem Biáfora) </div>
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“Uma Rua Chamada Triumpho” (1971, Ozualdo Candeias)</div>
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“Migrantes” (1973, João Batista de Andrade)</div>
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“Blablablá” (1975, Andrea Tonacci)</div>
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“Nem Verdade, Nem Mentira” (1979, Jairo Ferreira)</div>
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“Divina Previdência” (1983, Sergio Bianchi)</div>
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<br /></div>
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O ciclo cine-demência, uma evidente homenagem ao mestre Carlão Reichenbach, tem como proposta a discussão estética e política, dentro do âmbito de um cinema paulista que se organiza de forma independente e propõe a experimentação da linguagem e o filme-risco, posicionando-se claramente contrário ao cinema-mercadoria e àquilo que convencionou-se chamar de "filme médio", e que nós denominamos medíocre.</div>
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<br /></div>
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Trata-se de uma iniciativa de coletivos de cinema e teatro Coletivo Cinefusão, Zagaia em Revista, PARACATUZUM, Cia Antropofágica, Tela Suja Filmes e Núcleo de Estudos Cynematográficos) que, posicionados dentro de um campo de disputa simbólica, vêm, a partir da experiência de um cineclube permanente, propor reflexões críticas em torno da experiência coletiva e da necessidade de um outro fazer cultural e cinematográfico. As sessões são gratuitas e irão ocorrer todo primeiro domingo do mês, às 18h01. </div>
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Cineclube, experiência de recuperação do espectador morto. Espaço onde o óbito não é aceito sem diagnóstico. O especialista, neste caso, está mais do que convidado, mas aqui o diagnóstico é feito de forma coletiva, sobre a égide do universalismo, em contraponto com a educação tecnocrata das instituições de ensino. Ciclo Cine-Demência. O cineclube é permanente, Cineclube Cinema Em Revista. Um participa da ação do outro. E afirmamos: A arte tem que ter uma perspectiva revolucionária, caso contrário, os ursinhos carinhosos dominarão. Será sempre convidado alguém que valha realmente a pena, inclusive, os sujeitos da mídia-piada brasileira. Neste caso, não garantimos que não ocorra um ataque feroz por parte dos presentes, sempre no nível do debate, mas prometemos lançá-lo para o abismo de suas contradições.</div>
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Estão quase todos convidados: </div>
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“E sobretudo, meu corpo, da mesma forma que a minha alma, evitem ficar de braços cruzados em atitude estéril de espectador, porque a vida não é um espetáculo, porque um mar de dores não é um proscênio, porque um homem que grita não é um urso dançando...”</div>
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(Aimé Cesaire)</div>
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DOMINGO, 02 DE NOVEMBRO, 18h01</div>
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GRÁTIS</div>
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ECLA (ESPAÇO CULTURAL LATINO AMERICANO) - RUA ABOLIÇÃO, 244 - BIXIGA</div>
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EVENTO NO FACEBOOK: <a href="https://www.facebook.com/events/336782613171481/?fref=ts">https://www.facebook.com/events/336782613171481/?fref=ts</a></div>
<br />Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3239440250350668963.post-5615552238151228482014-10-16T18:53:00.001-03:002014-10-16T18:53:15.093-03:00PROJETO "HELENA" - DEBATE "NO PAÍS DAS CALÇAS BEGE"<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDE7jQoaN4CHd90h2wcOGOXZOV8T327Xu9b5_cI8CECCh9_XsZtm5rSenHNrWRv_hw4uYm-VOSkf1x9-iXWyKFaTw4K7PY7dcvIcVa8pswC9Ozr0mwFfBJD1yBLupsJjv0cLu-_MzihC8/s1600/safaro.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDE7jQoaN4CHd90h2wcOGOXZOV8T327Xu9b5_cI8CECCh9_XsZtm5rSenHNrWRv_hw4uYm-VOSkf1x9-iXWyKFaTw4K7PY7dcvIcVa8pswC9Ozr0mwFfBJD1yBLupsJjv0cLu-_MzihC8/s1600/safaro.jpg" height="640" width="452" /></a></div>
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<br /></div>
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Dia 18, próximo sábado, acontecerá a segunda roda de conversa do projeto "Helena", do Sáfaro, em ação conjunta com o Grupo de Estudos Pedro Alexandrino. </div>
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<br /></div>
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Desta vez a roda contará com a presença de Alain Gerino (Grupo de Estudos P.A.) e Rodolfo Valente (Rede Dois de Outubro). </div>
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<br /></div>
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Nela discutiremos a questão carcerária no Brasil, a vertiginosa ampliação das ações de encarceramento e seu lugar na luta de classes. Além disso, tentaremos estabelecer conexões entre o espaço prisional e outros espaços disciplinares, especialmente com o mundo escolar e do trabalho.</div>
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<br /></div>
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Gratuito</div>
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<br /></div>
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Antes do início da roda, haverá apresentação do Núcleo de Criação Performática, com duração de 15 minutos.</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3239440250350668963.post-3491864690795365912014-10-07T01:41:00.003-03:002014-10-07T01:44:46.372-03:00O Saci e Procissão dos Mortos – Auto-referência fantástica no cinema paulista<div style="text-align: center;">
<i>*<i>artigo de Laura Cánepa, extraído do site <a href="http://www3.usp.br/rumores/artigos.asp?%3C/i%3Ecod_atual=169">http://www3.usp.br/rumores/artigos.asp?cod_atual=169</a></i><br />
</i></div>
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<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="//www.youtube.com/embed/oK9ay-gkyRU" width="420"></iframe><br /></div>
<div style="text-align: center;">
<i>O curta "Procissão dos Mortos" começa aos 42min</i></div>
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<br /></div>
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A história do cinema fantástico brasileiro ainda está por ser contada. Esse gênero, embora se apresente no cinema nacional de maneira diluída em diversas formas e diferentes períodos, tem também uma trajetória própria em um grupo de filmes que o assumem de maneira declarada e autoconsciente – e o estudo de tal trajetória ainda permanece disperso nas pesquisas sobre o nosso cinema. Mas, quando nos debruçamos, mesmo que superficialmente, sobre os filmes fantásticos brasileiros, notamos que a relação entre eles não é tão dispersa quanto fazem parecer os poucos trabalhos publicados a respeito: o que se observa, ao se colocarem os filmes lado a lado, é que existiram, ao longo do tempo, diálogos, tentativas de estabelecimento de filões de mercado, competição e, em alguns casos, até citações e outros procedimentos intertextuais facilmente identificáveis que dão a essa cinematografia um caráter próprio e inventivo dentro do universo do cinema brasileiro. Exemplos evidentes disso podem ser encontrados nas diversas pornochanchadas de horror, muito populares no final dos anos 1970; na maioria dos filmes infantis, inclusive em uma boa parte da filmografia do grupo Os Trapalhões, uma das mais bem-sucedidas comercialmente no país; nas paródias de filmes fantásticos estrangeiros, freqüentes nos anos 1970 e presentes na obra de diretores populares como Amácio Mazzaropi e Adriano Stuart; na filmografia de estrelas da televisão dos anos 1980/90, como Xuxa e Angélica; em séries cinematográficas como <i>Se eu fosse você</i> (2006) e <i>Se eu fosse você 2</i> (2008), de Daniel Filho, entre muitos outros. Mas também existem exemplos mais discretos e que exigem observação mais detalhada. Um deles será objeto de análise neste artigo por revelar uma surpreendente continuidade: trata-se da homenagem feita por Luis Sérgio Person, no curta-metragem de horror <i>Procissão dos Mortos</i> (parte do longa-metragem em episódios <i>Trilogia do Terror</i>), produzido por Antonio Pólo Galante e Renato Grecchi, em São Paulo, em 1968, ao longa-metragem infantil <i>O Saci</i>, realizado também em São Paulo, por Rodolfo Nanni, em 1953. A partir da análise proposta neste trabalho, pretende-se demonstrar a evidente relação visual e narrativa entre os dois filmes, e também levantar hipóteses que nos permitam compreender o significado da retomada, feita por Person, de diversos elementos do filme infanto-juvenil de Nanni. </div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<b>O Saci e o fantástico para crianças</b> </div>
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<i>O Saci</i> foi um marco para o cinema brasileiro por várias razões: foi o primeiro longa-metragem infantil realizado no país, o primeiro inspirado na obra de Monteiro Lobato e também um dos primeiros a reunir um grupo de artistas e intelectuais que teria papel definitivo na constituição de um projeto de cinema nacional, como o cineasta Nelson Pereira dos Santos, que foi assistente de direção do filme, e o pesquisador Alex Viany, gerente de produção. A equipe, chefiada pelo artista plástico Rodolfo Nanni, que até então tinha experiência no cinema apenas como continuísta (do inacabado AGLAIA, de Ruy Santos), contava também com outros profissionais importantes, como o fotógrafo Ruy Santos, o compositor Cláudio Santoro e o montador José Cañizares, além do elenco composto pelas crianças (Paulo Matozinho, como Saci; Livio Nanni, como Pedrinho; Aristela Paula Souza, como Narizinho) e outros atores convidados, como Maria Rosa Ribeiro (Dona Benta), Otávio Araújo (Tio Barnabé) e Benedita Rodrigues (Tia Nastácia). Concebido como um projeto quase familiar e filmado nos estúdios alugados da Cinematográfica Maristela, em São Paulo, entre 1951 e 1953, o longa foi produzido num sistema independente, mas obteve, depois, significativo sucesso comercial. Inspirado no Saci-Pererê (1), figura folclórica conhecida no Brasil desde o século XVII, e cuja origem está na junção de uma figura da mitologia indígena com elementos das culturas africana e européia, o filme trazia a entidade brincalhona a partir da visão do escritor Monteiro Lobato, que a transformou em personagem recorrente da coleção <i>Sítio do Pica-pau Amarelo</i>, publicada entre 1921 e 1947 – e iniciada justamente com o livro <i>O Saci</i>. O longa de Rodolfo Nanni contava uma das aventuras das crianças Pedrinho e Narizinho no Sítio do Pica-Pau Amarelo, quando o menino aprende a caçar sacis e acaba ficando amigo de um deles, que o leva para assistir à “sacizada” (reunião em que dezenas de sacis que se encontram magicamente durante a noite) no meio da floresta. Então, Pedrinho e seu novo amigo descobrem que Narizinho fora petrificada pela maldosa bruxa Cuca, e precisam resgatá-la em uma caverna assombrada, para desespero da vovó Dona Benta e da fiel cozinheira Tia Nastácia. Como se pode depreender da trama, o filme era dedicado ao público infantil, mas também fazia parte de uma proposta mais abrangente de seus realizadores, no sentido de abordar a cultura e a identidade brasileiras no cinema, apresentando soluções estéticas diferentes daquelas que as grandes produtoras cariocas e paulistas (como a Atlântida, a Vera Cruz e a própria Maristela) haviam escolhido. Nesse sentido, o longa chama a atenção por apresentar-se como uma experiência lúdica, que abordou, de maneira quase teatral na direção de arte, e quase documental na direção de fotografia, personagens típicos da literatura e do folclore brasileiros, num recorte que pouco tinha a ver com um cinema “de gênero” internacional pretensamente emulado nos estúdios da época, e estava muito mais ligado à literatura e às representações populares do fantástico na cultura brasileira. A obra acabou fazendo uma boa carreira comercial, beneficiando-se da popularidade dos textos de Monteiro Lobato e das leis de proteção ao cinema brasileiro, que garantiram a circulação da fita, sobretudo nas cidades do interior do país. O Saci também ganhou alguns prêmios importantes, como o Prêmio Saci de 1954 (concedido pelo jornal O Estado de S. Paulo) e o Prêmio Governador do Estado de São Paulo, no mesmo ano. O filme também teve sua memória relativamente bem preservada, sendo exibido eventualmente na televisão (nas emissoras educativas), e ganhando recentemente uma pouco divulgada edição em DVD, que traz, nos extras, um detalhado documentário sobre a realização do filme. </div>
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<b>O fantástico para os jovens em Procissão dos mortos</b> </div>
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Diferentemente de Rodolfo Nanni, que fazia sua estréia como diretor em <i>O Saci</i>, Luis Sérgio Person realizou o curta-metragem <i>Procissão dos mortos</i> num momento de maior maturidade em sua carreira cinematográfica. Então com 33 anos, ele já era conhecido por ter dirigido dois filmes fundamentais para o cinema moderno brasileiro: <i>São Paulo S/A</i> (1965), retrato do desamparo do cidadão comum perante a industrialização iniciada nos anos 1950, e <i>O caso dos irmãos Naves</i> (1967), adaptação de um episódio verídico de injustiça e abuso de poder ocorrido durante o Estado Novo. A oportunidade para Person fazer seu curta de horror surgiu em 1967, pelas mãos do amigo José Mojica Marins e do então jovem produtor Antonio Pólo Galante. Naquele ano, Mojica e o escritor/roteirista Rubens Francisco Luchetti lideravam o programa de televisão <i>Além, muito além do além</i>, sucesso noturno da TV Bandeirantes, e haviam sido convidados por Galante e Renato Grecchi para fazer um filme baseado em episódios do programa. A idéia dos produtores era reunir três enfant terribles (2) do cinema nacional para realizarem um filme inspirado no programa de TV de Mojica/Luchetti: o próprio Mojica, Person e Ozualdo Candeias, que também acabara de estrear o seminal <i>A Margem</i> (1966). Candeias, que já fora assistente de direção de Mojica em seu primeiro longa de horror, <i>À meia-noite levarei sua alma</i>, realizado em 1963, dirigiu o curta <i>O Acordo</i>, remotamente baseado no episódio <i>Noite Negra</i>, de Luchetti. A trama original trazia um homem que fazia um pacto com o demônio pela cura da grave doença de sua filha, mas a versão de Candeias, embora se passasse no mesmo cenário de uma cidade interiorana cercada de lendas indígenas e de um catolicismo sincrético, trazia uma mulher que apelava a uma espécie de feiticeiro hippie para fazer com que sua filha se interessasse sexualmente por um fazendeiro que desejava evolver-se com ela. O resultado ficou distante daquilo que geralmente se entende por horror, tratando-se mais de uma reflexão do próprio Candeias em torno das superstições interioranas, da contracultura e das relações de poder e sexo entre homens e mulheres no mundo rural, mas ficou famosa a cena assustadora em que um personagem “encarna” uma entidade sobrenatural num ritual ocorrido em cima de um morro, numa demonstração do domínio do diretor sobre aspectos perturbadores das religiões afro-brasileiras. Já Mojica dirigiu <i>Pesadelo Macabro</i>, curta muito mais comprometido com as características canônicas do gênero horror, tratando do drama de Cláudio (Mario Lima), um homem perturbado com pesadelos premonitórios de ser enterrado vivo – argumento recorrente nas narrativas de horror clássicas como as de Edgar Allan Poe, cuja obra é influência confessa de Luchetti. Apesar da filiação ao horror clássico, porém, o curta carregava no sensacionalismo em torno de rituais de macumba e em cenas de violência sexual, num estilo exagerado e explícito que já era marca do diretor desde seus primeiros filmes, e que se acentuava no final dos anos 1960. Finalmente, Person, que fora co-roteirista não-creditado de Mojica em seu longa de estréia, o faroeste <i>A Sina do Aventureiro</i> (1957), ficou com <i>Procissão dos mortos</i>, inspirado em episódio homônimo do programa de TV. O episódio original, escrito por Luchetti, mostrava o pavor de um menino que via fantasmas, mas, no curta de Person, tratava-se de fantasmas muito especiais. O diretor se aproveitou da morte do revolucionário argentino Ernesto “Che” Guevara, ocorrida meses antes, na Bolívia, para contar uma estória de horror claramente alegórica, usando como fonte a realidade do país durante a ditadura militar. No filme, o garoto Quinzinho sai de casa para caçar passarinhos, contrariando as recomendações de sua mãe. No mato, encontra um guerrilheiro morto, cujo corpo em decomposição segura uma metralhadora e exibe um sorriso sardônico. A polícia é chamada, o corpo é recolhido e exposto à curiosidade pública, mas os moradores da cidade, insatisfeitos com as explicações das autoridades (que negam a possibilidade de o guerrilheiro ser Che Guevara e dizem não ter encontrado nenhuma metralhadora junto ao corpo), começam a desconfiar de que o menino esteja ajudando outros guerrilheiros ainda escondidos na floresta. Então, o operário Miguel (Lima Duarte), pai do menino, ofendido após uma discussão com seus companheiros de bar, decide ir à floresta à noite para comprovar que não há outros guerrilheiros por lá, levando como arma apenas o símbolo da paz pendurado no pescoço. Quando ele chega à pedreira no meio da floresta, porém, os guerrilheiros, na forma de dezenas de fantasmas de Che Guevara, cercam-no e matam-no a golpes de metralhadora no coração – exatamente de onde pendia o símbolo da paz. No dia seguinte, Quinzinho volta para o mato – desta vez, não mais em busca de passarinhos, mas dos próprios guerrilheiros. Ele encontra a metralhadora, entrega a um deles, que a devolve carregada e sugere que ele comece a experimentá-la. O menino, então, atira em direção à câmera. Fim. Evidentemente, <i>Procissão dos Mortos</i> contém uma corajosa alegoria política, ao sugerir que a revolução seria irresistível aos jovens. Também é notória, no filme, a preocupação do diretor em ligar seu trabalho às experiências do cinema moderno brasileiro da época, como se percebe num certo olhar neo-realista reconhecível no uso de locações reais e na opção por um tipo de fotografia (feita por Oswaldo de Oliveira), que não interferia na luz natural. Outro elemento interessante que surge no filme é o uso da música popular, em particular quando um dos personagens entoa a canção <i>Pra onde vai, valente?</i> , de Manezinho Araújo (3), composta em 1934, cujo refrão repete “pra onde vai, valente? eu vou pra linha de frente” – canção que é seguida pela entrada de um personagem bêbado cantando o Hino do Exército, no qual se destacam as palavras “a guerra só nos causa dor, a paz queremos com fervor”. Com isso, <i>Procissão dos mortos</i> pode ser visto, de certa forma, como um documento das tensões daquele período. Mas também é, inquestionavelmente, um filme de horror – possivelmente o mais interessante e curioso de <i>Trilogia de Terror</i>, justamente pela (rara) capacidade de reunir o universo de um gênero geralmente tido como retrógrado (por sua rejeição à alteração da ordem vigente) ao discurso político engajado pela revolução e pelas mudanças sociais. O filme ficou pronto em março de 1968. Depois de marcar o lançamento para 22 de abril, no Rio de Janeiro, e 13 de maio, em São Paulo, Galante começou a agendar sessões especiais para os críticos, que mostraram simpatia pelo curta de Person e enorme rejeição ao filme de Mojica (BARCINSKI, FINOTTI, 1998: 211). No dia 09 de abril de 1968, porém, a Censura proibiu o filme, o que levou Renato Grecchi à Brasília para negociar com os censores. Ele acabou conseguindo liberar o filme com apenas quatro cortes, que prejudicaram particularmente os filmes de Person e de Mojica. Ainda assim, <i>Trilogia de Terror</i> teve uma recepção razoável entre os críticos. Segundo Barcinski e Finotti (1998: 217), por exemplo, o Estadão teria publicado, na estréia do filme em São Paulo, um texto com o título: <i>Tudo bem, antes de Mojica</i> (4), o que indicava que a estratégia criada por Grecchi de chamar Candeias e Person fora fundamental para garantir a circulação da fita. Mais ou menos na mesma linha da manchete citada do Estadão, seguiram quase todos os críticos do Rio e de São Paulo, que elogiaram particularmente o filme de Person e se mostraram incomodados com as cenas de violência sexual do filme de Mojica. Um dos únicos entusiastas da obra inteira foi Salvyano Cavalcante de Paiva, que escreveu, no jornal carioca Correio da Manhã, um de seus muitos libelos ao cinema de entretenimento: </div>
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<i>A inteligência de Trilogia de Terror foge, talvez, à compreensão de apenas duas espécies de cinespectadores: os falsos puritanos, obnubilados por uma neblina de preconceitos intransponíveis, que rejeitam aprioristicamente o erotismo e a violência intrínseca de seres humanos projetados em personagens de criação artística legítima (...); os falsos estetas de um cinema supostamente engajado em inovações formais, a mais importante das quais seria o distanciamento e o enclausuramento do público (PAIVA, apud BARCISNKI; FINOTTI, 1998: 213).</i></div>
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A relativa simpatia dos críticos, porém, não se refletiu nas bilheterias, o que transformou o projeto num mau negócio para seus produtores. Com isso, quase toda a equipe (à exceção de Mojica) ficaria longe do cinema de horror nos anos seguintes. No entanto, aos olhos de hoje, e considerando-se a trajetória inconstante do horror no cinema brasileiro, "Trilogia de Terror" marca um momento em que o gênero foi experimentado por realizadores influentes no cinema nacional, que, em outras circunstâncias históricas, poderiam ter indicado caminhos consistentes para o gênero em nossa cinematografia. E, além de marcar esse momento importante do cinema de horror brasileiro, o filme também traz, no episódio de Person, uma curiosa homenagem a outro “clássico” do cinema fantástico brasileiro e paulista: "O Saci", de Rodolfo Nanni, conforme se examina a seguir. </div>
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<b>O Saci e Procissão dos Mortos: parentesco inegável</b> </div>
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Embora os filmes de Nanni e Person tivessem intenções estéticas, mercadológicas e políticas completamente diferentes e estivessem ligados a contextos históricos igualmente distintos, ambos assumiram claramente o gênero fantástico. No primeiro caso, através de uma estória infantil com final feliz; no segundo, através de uma perturbadora estória de horror. Nesse sentido, cabe salientar que o gênero fantástico, tanto em suas primeiras expressões literárias quanto em seus desdobramentos nas mais diversas mídias, sempre abarcou uma grande e variada gama de situações que tinham em comum a introdução de um elemento “sobrenatural” ao mundo natural conhecido, o que poderia gerar inúmeras abordagens. Mas, evidentemente, além dessa relação de gênero, os filmes têm muito mais em comum. A idéia da fuga para a floresta com o objetivo de buscar algum animal ou entidade mítica da natureza, que dá o plot dos dois filmes, é originária dos contos populares (como os de fadas) e um dos motivos mais antigos e freqüentes nas estórias fantásticas. Além disso, é notória a referência imagética feita por Person ao filme de Nanni na seqüência em que Quinzinho entra na floresta, o que se evidencia na cena em que o menino bebe água no rio sem usar as mãos. Neste momento, Procissão dos Mortos praticamente “decalca” o plano do filme de O Saci, conforme se pode verificar nas imagens a seguir, que reproduzem fotogramas originais dos filmes. </div>
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Cena de <i>O Saci</i><br />
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Cena de <i>Procissão dos Mortos</i></div>
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</i></div>
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A citação quase literal, no entanto, parece ser apenas uma “chave” oferecida pelo diretor para a seqüência em que surgem os fantasmas de Che, e que dá o clímax de <i>Procissão dos Mortos</i>. Nesta, a referência a O Saci fica mais evidente e mais orgânica, pois, ao reunir os guerrilheiros sobrenaturais que atacam o pai de Quinzinho impiedosamente, Person parece sugerir um paralelo com a “sacizada” testemunhada pelo garoto Pedrinho em <i>O Saci</i>. Como se pode notar nas imagens a seguir, que reproduzem fotogramas dos dois filmes, ambos trazem os personagens mágicos surgindo um a um, no meio da noite, em algum lugar misterioso e pouco acessível, para depois mostrá-los juntos em ação, numa reunião ao mesmo tempo fantástica e caótica. O resultado narrativo dessa reunião, no entanto, como já foi relatado, é diferente em cada um dos filmes, marcando justamente sua diferença fundamental. </div>
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Cena da “sacizada” descoberta por Pedrinho em <i>O Saci</i>, de Rodolfo Nanni<br />
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Cena da “sacizada” descoberta por Pedrinho em <i>O Saci</i>, de Rodolfo Nanni<br />
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Cena de <i>Procissão dos mortos</i>, de Luis Sérgio Person<br />
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<span style="text-align: start;"> Cena de </span><i style="text-align: start;">Procissão dos mortos</i><span style="text-align: start;">, de Luis Sérgio Person </span></div>
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Assim, <i>Procissão dos Mortos</i> talvez possa ser visto como uma “atualização histórica” de <i>O Saci</i>, feita num momento particularmente dramático da história brasileira. Aparentemente, na visão de Person, o inocente passeio de Pedrinho, nos anos 1950, em um mundo rural e selvagem no qual podia se encontrar romanticamente com entidades da natureza e com um Brasil idílico, não era mais possível em 1967. Agora, o menino precisava lidar com uma realidade mais urgente, mais violenta e mais adulta, mas podia ter uma conduta igualmente romântica ao unir-se aos guerrilheiros na floresta em busca de um mundo menos autoritário e que não tivesse a paz silenciosa como ideal a ser buscado. Se o Saci de Nanni podia ser visto como o divertido e rebelde amigo das crianças, que poderia mostrar-lhes uma nova vida de alegria e fantasia, os fantasmas dos guerrilheiros também traziam uma alternativa mítica de libertação e, ao mesmo tempo, o drama da nova situação. Nesse sentido, impressiona o domínio do diretor sobre uma atmosfera de medo construída num ambiente rural já contaminado pelo desenvolvimento urbano (pois trata-se de uma região devastada por uma pedreira na qual o pai do menino e seus companheiros trabalham), e no qual o recrudescimento das tensões políticas é evidenciado junto com o horror. Além dessa metáfora sobre a guerrilha, a evidente “citação interna” do cinema paulista mostra a consciência de Person sobre duas questões fundamentais para o cinema de sua época. A primeira era o contato entre o trabalho engajado dos anos 1960 e as experiências relacionadas à luta pelo cinema nacional e popular dos anos 1950. A segunda, o fato de que, tanto em seu filme como no de Nanni, tratava-se de experiências de popularização do cinema brasileiro através do gênero fantástico. Não por acaso, Person seguiria fazendo interessantes experiências relativas ao cinema de gênero, sem deixar de lado o engajamento político e a crítica social. Seu faroeste <i>Panca de Valente</i> (1968), por exemplo, paródia cômica dos filmes hollywoodianos e italianos, vinha carregado de sátira social e política, com seu herói desajeitado e seus vilões ridículos. Também a pornochanchada <i>Cassy Jones, o magnífico sedutor</i> (1972), com seu protagonista que começa a se cansar do assédio das mulheres, trazia a reflexão sobre as mudanças no comportamento sexual iniciadas nos anos 1960. Rever a filmografia de Person a partir dessas experiências ajuda a jogar novas luzes sobre sua obra, fazendo com que sejam levadas em consideração as possibilidades criativas e políticas do uso dos gêneros cinematográficos canônicos pelo cinema brasileiro. Nesse conjunto, <i>Procissão dos mortos</i> desponta como uma das experiências mais radicais e bem-sucedidas, marcando um dos últimos “respiros” antes do recrudescimento da ditadura militar no final de 1968, com a instituição do AI-5 e de suas nefastas conseqüências para a vida e a cultura nacionais.</div>
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BARCINSKI, André; FINOTTI, Ivan. <i>Maldito – a vida e o cinema de José Mojica Marins, o Zé do Caixão</i>. São Paulo: Editora 34, 1998. CÁNEPA, Laura Loguercio. <i>Medo de quê? - Uma História do Horror nos Filmes Brasileiros.</i> Campinas: Instituto de Artes da Universidade de Estadual de Campinas, 2008. Tese de Doutorado em Multimeios. RAMOS, Fernão; MIRANDA, Luis Felipe. <i>Enciclopédia do cinema brasileiro.</i> São Paulo: SENAC, 2000. TODOROV, Tzvetan. <i>Introdução à literatura fantástica.</i> 2. ed. São Paulo: Perspectiva, 1992. </div>
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<b>Referências filmográficas </b></div>
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<i><b>SACI, O</b></i> (1953, São Paulo, P&B, 64 minutos) Produção: Artur Neves Direção: Rodolfo Nanni Roteiro: Rodolfo Nanni e Artur Neves, baseados nos personagens de Monteiro Lobato Assistente de direção: Nelson Pereira dos Santos Gerente de Produção: Alex Viany Direção de Fotografia: Ruy Santos Montagem: José Cañizares Cenografia: Teresa Nicolau Música original e regência: Cláudio Santoro Companhia Produtora: Brasiliense Filmes Elenco: Paulo Matosinho, Lívio Nanni, Aristela Paula Souza, Olga Maria Amâncio, Maria Rosa Ribeiro, Benedita Rodrigues, Otávio Araújo </div>
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<i><b>TRILOGIA DE TERROR</b></i> (1968, São Paulo, P&B, 92 minutos) Produção: Antônio Pólo Galante e Renato Grecchi Direção: Ozualdo Candeias, Luiz Sergio Person, José Mojica Marins Montagem: Sylvio Renoldi Companhia Produtora: Produtora Nacional de Filmes, Produções Cinematográficas Galacy Ltda, Cia. Cinematográfica Franco-brasileira <b><i>Procissão dos mortos</i></b> Direção e Roteiro: Luis Sergio Person, com base em texto de R.F.Luchetti Fotografia e câmera: Osvaldo de Oliveira Elenco: Lima Duarte, Cacilda Lanusa, Waldir Guedes, Carlos Alberto Romano</div>
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<i>(1) Do tupi-guarani Çao-Sy (olho mau) e Perereg (saltitante). (2) Segundo Barcinski e Finotti, biógrafos de Mojica, tudo começou em outubro de 1967, quando Galante teria procurado o diretor com a intenção de fazer a continuação do seu filme </i>Esta noite encarnarei do teu cadáver<i>, que estreara no começo daquele mesmo ano. O negócio, porém, não vingou, em função da negativa do produtor de Esta noite..., Augusto Pereira. Então, Mojica e Galante teriam decidido fazer um filme de horror em episódios baseados no programa da TV Bandeirantes, mas Galante precisava obter financiamento do INC (Institudo Nacional de Cinema) e sabia que poderia ter problemas em função da fama de Mojica como diretor de filmes excessivamente violentos e escatológicos. Para tentar resolver o problema, ele procurou o veterano produtor Renato Grecchi, que se juntou à dupla e propôs que fossem chamados para integrar o projeto os diretores Candeias e Person, que haviam, recebido prêmios do INC por </i>A Margem<i> e </i>O Caso dos Irmãos Naves<i>, respectivamente. Com isso, o projeto foi aprovado (Cf. In: BARCINSKI; FINOTTI, 1998: 204-205). (3) Manuel Pereira de Araújo, conhecido como Manezinho Araújo (1913-1993), pernambucano de Cabo de Santo Agostinho, foi cantor, compositor, jornalista e pintor, e teve várias de suas músicas eternizadas por Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro. (4) Os episódios do filme são ordenados da seguinte maneira: </i>O acordo, Procissão dos mortos, Pesadelo macabro.</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3239440250350668963.post-4284203396691723832014-09-24T20:41:00.000-03:002014-09-24T22:18:16.555-03:00Mais um ponto para Thanatos<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 15px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Me lembro de dois gatos que tive Na morte de um deles depois de enterrado deitava sobre o túmulo de seu único parceiro Parceiro genérico Como o velho Marx dizia Naquele momento meu gato tinha perdido um tipo de fio de existência que o tornava uma espécie Sem outra referência do que era Quando outro morre somos meu gato sem história sem essência sem com quem compartilhar nossa falta de sentido E aos vivos próximos de serem soprados dessa selvageria que é a vida nos reaproximamos Um dia ainda me pegarei pensando por qual sentido atravessaria oceanos para ver outro de mim sem vida e por que ao contrário não cruzei oceanos para lhe celebrar enquanto existia No meu caso nesta noite morre uma tia minha Meu pai longe de minha mãe que luta pela cova de minha tia Ele se perde na cozinha sem se deixar ver-se perdido Por algum momento chego a pensar se não fora minha mãe que morrera No lugar do café se vê na obrigação de um achocolatado requentado Me oferece um pedaço de panetone Enquanto isso a louça enorme e suja Ele me conta rapidamente da morte de minha tia Resolvo atipicamente em minhas cada vez mais repetidas aproximações da casa deles lhe preparar um café Uma parte de mim chora por minha mãe Mas também por meu pai Começo a lavar a louça também atípico gesto na formação de minha família Minha mãe entra pela porta e diz que não lave mais a louça Eu continuo ela se senta no sofá e conversa com meu pai Não fui habituado a lhe dar com que chamam de forma correta de luto mas naquele momento senti que a louça que lavava soava pelo espaço como um abraço em minha mãe Coragem</span></div>
<b id="docs-internal-guid-622fb761-aa07-fe43-c77c-18abe1fd6a29" style="font-weight: normal;"><br /></b>
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<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: right;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 15px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">à minha mãe</span></div>
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<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: right;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 15px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Com esperança de que um dia possamos chamar de fortuna a isso que hoje não passa de hypótese: a vida</span></div>
<div>
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 15px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></div>
Danilo J. Santoshttp://www.blogger.com/profile/16715891646270812953noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3239440250350668963.post-38920563404071963882014-09-03T23:48:00.001-03:002014-09-03T23:48:24.898-03:00LABORATÓRIO CINEFUSÃO - EXPERIMENTO #3<b>EXPERIMENTO #3 - O TRABALHO NOS FARÁ DIGNOS</b><br />
<br />
A proposta do experimento surge da conhecida análise do sociólogo alemão Max Weber, presente no livro “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”, em que o Calvinismo surge como doutrina responsável por trazer à tona o espírito capitalista. O exercício vem, então, como proposta de negar a visão religiosa da predestinação, que entende o homem como escravo de seu destino e o trabalho como único reflexo da salvação. Essa ideia também está presente no pensamento liberal, que reafirma o caminho da plenitude através do trabalho, e que mercantiliza o próprio tempo, com a máxima “time is money”. <br />
<br />
O intuito é evidenciar a contradição presente na sociedade de classes no que diz respeito à relação do homem com o trabalho. A proposição weberiana encontra eco na própria Declaração Universal dos Direitos Humanos, datada de 1948, que coloca logo em seu artigo primeiro a questão da dignidade humana:<br />
<br />
<i>“Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.” </i><br />
<br />
Trechos como este surgem inverossímeis e até irônicos em relação ao capitalismo, já que a destruição das potencialidades humanas é o próprio princípio fundados do capitalismo ao coisificar as relações e mercantilizar toda atividade do homem. No que diz respeito ao trabalho, a tal Declaração, diz:<br />
<br />
<b>Artigo XXIII</b><br />
<br />
<i>1. Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego. </i><br />
<i>2. Toda pessoa, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho. </i><br />
<i>3. Toda pessoa que trabalhe tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana, e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social. </i><br />
<i>4. Toda pessoa tem direito a organizar sindicatos e neles ingressar para proteção de seus interesses.</i><br />
Citamos um trecho também da pesquisadora Lívia Mendes Moreira Miraglia para determiner a própria incompatibilidade entre a coisificação do homem e sua dignidade garantida:<br />
<br />
<i>"Inicialmente, cumpre salientar que a dignidade impede que o homem seja utilizado como mero<br />
instrumento, como meio para a consecução de um fim. O ser humano é fim em si mesmo e não se admite em nenhuma hipótese a sua “coisificação”. Nesse sentido o magistério de Kant, para quem os seres racionais estão submetidos a um imperativo categórico que determina que “cada um deles jamais trate a si mesmo ou aos outros simplesmente como meios, mas sempre simultaneamente como fins em si”</i><br />
<br />
Assim, a proposta gira em torno da ideia falha, e repetida comumente, de que o trabalho dignifica o homem. Como afirma Marx “o dinheiro é a essência alienada do trabalho e da existência do homem; a essência domina-o e ele adora-a”. Portanto, o trabalho, ao expropriar o homem dos meios de produção, cria na realidade a alienação e impossibilita a verdadeira natureza do trabalho, que seria a de transformar livremente a natureza, de acordo com suas potencialidades e vontades. <br />
<br />
<b>Enfim, concretamente, a realização dos vídeos deve partir da proposta de criação de um roteiro a partir do cenário de um ambiente ou relação de trabalho, no qual um personagem é retratado diante de uma situação de plena contradição na relação com seu patrão ou colega de trabalho que represente uma hierarquia superior. O tema essencial da “dignidade” é colocado em questão e a cena denuncia a impossibilidade de o trabalho dignificar o homem na sociedade capitalista. </b><br />
<br />
Regras estabelecidas:<br />
<br />
- máximo 7 minutos de duração sem contar créditos iniciais e finais;<br />
- cada um dos cinco envolvidos terá uma limitação criativa que será sorteada antecipadamente: obrigatório que seja um vídeo em plano sequência (Dida Beller); proibido o uso de trilha sonora (Domenico Salopini); obrigatória a utilização de voz off (Oswaldo Janete); proibido a utilização de atores profissionais (Volim Habar); utilizar apenas um cenário (Ermelino Escobar); trazer alguma questão de gênero (Raoni Yacamin). <br />
- Eventualmente são permitidas as trocas de limitações entre os envolvidos caso haja comum acordo;<b></b><br />
<b><br />
<iframe width="640" height="360" src="//www.youtube.com/embed/UZuBkD9gdHo?rel=0" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
</b> <b><br />
<iframe width="640" height="360" src="//www.youtube.com/embed/cn4N6QLMVlo?rel=0" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
</b> <b><br />
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Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3239440250350668963.post-51406228387273855312014-08-22T02:18:00.001-03:002014-08-22T02:18:30.022-03:00Inimigos Públicos do Passado, Heróis Hoje | Contraplano<div style="text-align: center;">
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Danilo J. Santoshttp://www.blogger.com/profile/16715891646270812953noreply@blogger.com0