O
 Coletivo
Cinefusão surge, no final de 2009, a partir da iniciativa de 
trabalhadores de
diversas áreas - cinema, jornalismo, publicidade, artes cênicas, 
filosofia,
arquitetura, -, empenhados em criar primeiramente um espaço colaborativo
 que pudesse dar conta da junção dessas linguagens, mas principalmente 
que buscasse sistematizar uma produção cinematográfica independente, 
fora dos moldes tradicionais de mercado ou mesmo do modelo 
institucionalizado das escolas de cinema, e que trouxesse reflexões 
concretas acerca da sociedade. É
principalmente sobre este último pilar de atuação política, que o grupo 
vem,
atualmente, pensando o cinema, sempre vinculado a outras expressões 
artísticas
e movimentos sociais.
Ainda
 em 2009, o
coletivo se reúne para a filmagem de seus dois primeiros 
curtas-metragem, “Antes que o Amor se vá”, dirigido por Danilo J. Santos
 e “Cerol”, de
Bruno Mello Castanho. São desses filmes - realizados dentro de uma 
instituição
de ensino de cinema e, portanto, ainda submetidos às regras de mercado e
 de uma
suposta indústria do cinema -, que cresce a vontade de se buscar outras
maneiras de se fazer uma arte verdadeiramente coletiva e combativa. 
É nesse
mesmo momento de ruptura com tal institucionalização do cinema que é
inaugurado, em 01 de novembro de 2009, o Cineclube Cinefusão, em parceria com o
Centro Cineclubista de São Paulo. Surge assim, mais um espaço de debate
político e estético constante, com exibições quinzenais gratuitas e de amplo
acesso. O projeto, realizado também de forma independente e, portanto, com
muitas dificuldades financeiras, segue a proposta de ciclos de debate, sendo
que o primeiro deles busca traçar um panorama do chamado “Primeiro Cinema”, a
fim de se buscar os elementos históricos que fizeram com que tal linguagem se
desenvolvesse. 
A
 partir
daí, o cineclube passa a ser atividade regular do coletivo e uma maneira
 de
colocar o público como agente da atividade cinematográfica. As 
exibições,
abertas a todos, tornam-se não só mera opção para cinéfilos, mas 
principalmente
espaço de debate político e sobre o próprio fazer, portanto, aglutinador
 de
realizadores independentes. A atividade cineclubista passa a se opor ao 
sentido
tradicional de espectador, aquele que só assiste, e o coloca como 
sujeito do processo
cultural.  Em dezembro de 2009, inicia-se a
filmagem do longa-metragem “Ode ao Natal”, com a proposta de se fazer um
documentário crítico sobre a mercantilização do natal, que seria filmado
 nos natais subsequentes e está sendo finalizado em 2015. 
No início de 2010, o Coletivo é contemplado com o edital do Festival
Cultura Inglesa e passa a produzir o curta-metragem “Quinteto de Cordas”,
dirigido por Bruno Mello Castanho. Em paralelo, intensificam-se as atividades
do cineclube e é proposto o ciclo “Cinema e Fome”, que além de trazer um
panorama com filmes que representam a fome e suas diversas manifestações,
colocou em pauta o debate político essencial a respeito de uma mazela social
das mais graves. O ciclo foi encerrado no dia 05 de dezembro de 2010, com
exibição do filme “Josué de Castro – Cidadão do Mundo” e debate com o diretor
Silvio Tendler. Na ocasião, estiveram presentes mais de 70 pessoas para
discutir a fundo as ideias do geógrafo pernambucano. 
Também em 2010, inicia-se uma gradual aproximação aos grupos de teatro para
debate e trabalhos em parceria. Em outubro, é realizado um filme a partir do
espetáculo “Terror e Miséria no Novo Mundo – Parte I”, da Cia Antropofágica,
com a qual é estabelecida uma parceria de trabalho. No dia 19 de dezembro, é realizada
a primeira mostra de filmes e processos do coletivo como atividade de
encerramento do ano. Na ocasião, são exibidos “Meu Nome é Yuba”, “Travessias”,
“Cerol”, “Antes que o Amor se Vá” e “Quinteto de Cordas”. 
Em 2011, intensifica-se o processo de formação do grupo, que passa a
escrever projetos de oficinas e a se encontrar semanalmente para discussões
sobre cinema e política, e práticas de linguagem cinematográfica. É inaugurado
também o ciclo “Cinema e Culturas Marginais”, dentro de uma proposta cineclubista
de apresentar um panorama de filmes realizados por cineastas de culturas não
tão conhecidas, e distantes de um senso comum marcado pelo ocidentalismo
europeu e norte-americano, que produz o cinema comercial. A primeira sessão foi
simbólica ao passo que homenageou o cineasta iraniano Jafar Panahi e o coletivo
declarou repúdio à prisão de tal artista, na época condenado a seis anos de
prisão e proibido de filmar ou deixar o Irã por 20 anos, devido à “participação
em reuniões e propaganda contra o regime islamita”.
Na programação do mesmo ciclo ocorrem ainda sessões marcantes como, por
exemplo, a comemoração do Bicentenário Paraguaio, no dia 14 de maio, com a
exibição de “Hamaca Paraguaya”, de Paz Encina, em parceria com o Núcleo
Cultural Guarani “Paraguay Teete”; e a exibição do filme “Mbaraká – A Palavra
que Age” junto ao Tribunal Popular para debater a questão da luta indígena no
Mato Grosso do Sul. Marca também o ano de 2011, uma nova produção do coletivo,
realizada de maneira independente, com a proposta de experimentação da
linguagem cinematográfica e apoio ao Movimento dos Trabalhadores da Cultura,  o
curta “Eu Não Sou Morte”, dirigido por Danilo J. Santos.
Em
 2012, novos membros
passam a integrar o coletivo e intensificam-se as atividades de filmagem
 e
aproximação dos grupos de teatro. Porém, também é um ano em que as 
dificuldades
materiais impedem novamente que o potencial artístico dos membros seja
plenamente experimentado e nem todas ideias podem ser concretizadas. 
Pela
primeira vez, em dois anos, o cineclube é temporariamente desativado por
 falta
de espaço e recurso financeiro. A falta de equipamentos também impede a
realização de alguns projetos. No entanto, algumas conquistas são 
concretizadas como, por exemplo, o
início das filmagens do primeiro longa-metragem de ficção do grupo, 
“Primeiro
de Maio”, filme proposto por Danilo J. Santos como exercício de 
experimentação
e tentativa de se realizar de forma totalmente independente. Algumas 
filmagens
são realizadas, várias discussões são feitas com diversas pessoas, e  o 
processo segue com a participação de alguns grupos de teatro e outros 
parceiros. Porém, infelizmente, o projeto é paralisado, para ser 
retomado apenas no ano seguinte e finalizado em 2014 e exibido na Cinemateca Brasileira. 
Apesar das dificuldades, segue-se a vontade imensa de produzir e debater. Com isso, é finalizado, também de maneira independente, com uma proposta de colagem de diversos materiais filmados, o curta-metragem “A Mais Perfeita União”, dirigido por Danilo J. Santos. O filme, além de um avanço novamente para o grupo em termos de linguagem, se coloca no campo de uma militância política que vinha sendo intensificada, e é produzido em repúdio às ações ocorridas em Pinheirinho. São realizadas também filmagens com a Cia Estável de Teatro, da peça “Auto do Circo”, e exercícios de vídeo de alguns membros do coletivo com a Cia do Latão. Em junho de 2012, o coletivo é convidado para dar uma oficina de curta-metragem documental em Manaus, na Universidade Estadual do Amazonas (UEA), representando um momento de desenvolvimento de uma proposta pedagógica.
A ânsia por produzir faz com que o grupo intensifique maneiras
alternativas de se filmar e distribuir suas produções. Em agosto do mesmo ano é finalizado mais
um curta de caráter experimental e que lida com a linguagem poética,
“Trajetória até Aqui – Assunto Poesia”, dirigido por Florêncio Guerra. No mês
seguinte, o Coletivo Cinefusão realiza sua segunda mostra, com a proposta de ocupar um espaço público, agora na Cinemateca
Brasileira e desta vez com a exibição de 9 filmes e algumas intervenções
políticas, musicais e teatrais, incluindo a leitura de uma cena do longa “Primeiro de
Maio” e de um manifesto estético-político do coletivo. 
O início de 2013 é marcado por mais uma
parceria com a Cia Antropofágica, que convida o Cinefusão para publicar duas
páginas na sua revista, “Bucho Ruminante”, lançada no dia 29 de janeiro de
2013. No mesmo ano é filmado o primeiro curta de Adriana Beatriz Barbosa,
 "El Día de La Batalla de Puebla", que investiga a mercantilização e 
banalização de uma festividade mexicana e deve ser finalizado em 2015; e
 o curta "Rompe o Disfarce", de Florêncio Guerra, uma crítica ao espaço 
acadêmico e ao empobrecimento da poesia, ainda em processo de produção. 
Dando continuidade à parceria com os grupos teatrais da cidade, o
coletivo participa da “Celebração Teatral”, realizada no Arsenal da 
Esperança,
no dia 1º de maio, iniciativa do Estudo de Cena e da Cia Estável, em
comemoração ao dia do trabalho. Na ocasião, são exibidos trechos do 
longa “Ode ao Natal”, que também será lançado em 2015. Durante o ano de 
2013, o Coletivo Cinefusão, em parceria com a Cia Antropofágica mantém o
 Cineclube Cinema em Revista, no Espaço Pyndorama, com o ciclo 
cinema-greve.
No
 início de 2014, o Coletivo inaugura o "Laboratório Cinefusão", com a 
produção permanente de vídeos para internet, a partir da proposta de se 
buscar uma constante experimentação da linguagem cinematográfica. Em 
fevereiro, o coletivo participa da II Feira Paulista de Opinião, uma 
iniciativa da Cia Antropofágica que reúne diversos grupos teatrais para 
debates e apresentação de trabalhos. Na ocasião, são exibidos os 
primeiros vídeos do Laboratório. É também no ano de 2014 que se 
aprofunda a parceria entre alguns coletivos de cinema de São Paulo e o 
Cineclube Cinema em Revista inaugura um novo ciclo, o "cine-demência" - 
que pretende resgatar principalmente o cinema paulista independente em 
uma homenagem ao mestre Carlão Reichenbach -, organizado pelo Coletivo 
Cinefusão, Zagaia, Paracatuzum, Tela Suja Filmes e Núcleo de Estudos 
Cynematográficos, no Espaço Cultural Latino Americano (ECLA). 
Novamente,
 no dia 01 de maio, são exibidos alguns vídeos do Laboratório, no 
Arsenal da Esperança, na II Celebração Teatral em homenagem ao dia do 
trabalhador. Em 2014, estreita-se também a aproximação do Coletivo 
também com a Associação Brasileira de Documentaristas e Curtametragistas
 (ABD-SP), na qual o grupo segue atuando. No final de 2014, participa de
 um intercâmbio com o Coletivo Sáfaro, contemplado pelo VAI com o 
projeto "Helena". Deste intercâmbio, surge um exercício em vídeo, em 
torno de uma pesquisa sobre representações da Guerra, que dá origem à 
ideia do curta-metragem "Ensaio para a Guerra", que está em processo de 
produção no início de 2015. 
É
 também no final de 2014 que o Coletivo Cinefusão e o Coletivo Zagaia 
completam 5 anos de existência e organizam uma celebração, que acontece 
no Espaço Cultural Latino Americano (ECLA), e conta com a apresentação 
de uma roda de samba de parceiros, além da exibição de vídeos realizados
 pelos grupos. Na ocasião, é exibido um trecho da pesquisa para o 
curta-metragem "Ferroada", um filme sobre o escritor Tico, que foi 
contemplado pelo Prêmio Estímulo de Curta-Metragem 2014, e será 
realizado em 2015. 
Para este ano de 2015, além do "Ferroada", estão previstos também a finalização do longa "Ode ao Natal", do curta "El Día de La Batalla de Puebla" e do curta-metragem "Rompe o Disfarce", além da produção do "Ensaio para a Guerra" e um documentário sobre o Dia dos Mortos, no México. Além disso, o Coletivo Cinefusão dá sequência ao Laboratório Cinefusão e ao Cineclube Cinema em Revista, com o ciclo cine-demência. Em julho, o grupo participa da II Feira Antropofágica de Opinião, com a exibição de um vídeo realizado para responder a pergunta "O que você pensa do Brasil hoje?".
 
 
 
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