O Coletivo Cinefusão surge, no final de 2008, a partir da iniciativa de trabalhadores de diversas áreas - cinema, jornalismo, publicidade, artes cênicas, filosofia, arquitetura, fotografia -, empenhados em criar primeiramente uma rede colaborativa que pudesse dar conta da junção dessas linguagens e também da possibilidade de abarcar potencialidades em busca de produção artística independente, mas também de reflexões concretas acerca da sociedade. É principalmente sobre este último pilar de atuação política, que o grupo vem, atualmente, pensando o cinema, sempre vinculado a outras expressões artísticas e movimentos sociais.

Histórico de atuação

O Coletivo Cinefusão surge, no final de 2009, a partir da iniciativa de trabalhadores de diversas áreas - cinema, jornalismo, publicidade, artes cênicas, filosofia, arquitetura, -, empenhados em criar primeiramente um espaço colaborativo que pudesse dar conta da junção dessas linguagens, mas principalmente que buscasse sistematizar uma produção cinematográfica independente, fora dos moldes tradicionais de mercado ou mesmo do modelo institucionalizado das escolas de cinema, e que trouxesse reflexões concretas acerca da sociedade. É principalmente sobre este último pilar de atuação política, que o grupo vem, atualmente, pensando o cinema, sempre vinculado a outras expressões artísticas e movimentos sociais.

Ainda em 2009, o coletivo se reúne para a filmagem de seus dois primeiros curtas-metragem, “Antes que o Amor se vá”, dirigido por Danilo J. Santos e “Cerol”, de Bruno Mello Castanho. São desses filmes - realizados dentro de uma instituição de ensino de cinema e, portanto, ainda submetidos às regras de mercado e de uma suposta indústria do cinema -, que cresce a vontade de se buscar outras maneiras de se fazer uma arte verdadeiramente coletiva e combativa.

É nesse mesmo momento de ruptura com tal institucionalização do cinema que é inaugurado, em 01 de novembro de 2009, o Cineclube Cinefusão, em parceria com o Centro Cineclubista de São Paulo. Surge assim, mais um espaço de debate político e estético constante, com exibições quinzenais gratuitas e de amplo acesso. O projeto, realizado também de forma independente e, portanto, com muitas dificuldades financeiras, segue a proposta de ciclos de debate, sendo que o primeiro deles busca traçar um panorama do chamado “Primeiro Cinema”, a fim de se buscar os elementos históricos que fizeram com que tal linguagem se desenvolvesse.

A partir daí, o cineclube passa a ser atividade regular do coletivo e uma maneira de colocar o público como agente da atividade cinematográfica. As exibições, abertas a todos, tornam-se não só mera opção para cinéfilos, mas principalmente espaço de debate político e sobre o próprio fazer, portanto, aglutinador de realizadores independentes. A atividade cineclubista passa a se opor ao sentido tradicional de espectador, aquele que só assiste, e o coloca como sujeito do processo cultural.  Em dezembro de 2009, inicia-se a filmagem do longa-metragem “Ode ao Natal”, com a proposta de se fazer um documentário crítico sobre a mercantilização do natal, que seria filmado nos natais subsequentes e está sendo finalizado em 2015.

No início de 2010, o Coletivo é contemplado com o edital do Festival Cultura Inglesa e passa a produzir o curta-metragem “Quinteto de Cordas”, dirigido por Bruno Mello Castanho. Em paralelo, intensificam-se as atividades do cineclube e é proposto o ciclo “Cinema e Fome”, que além de trazer um panorama com filmes que representam a fome e suas diversas manifestações, colocou em pauta o debate político essencial a respeito de uma mazela social das mais graves. O ciclo foi encerrado no dia 05 de dezembro de 2010, com exibição do filme “Josué de Castro – Cidadão do Mundo” e debate com o diretor Silvio Tendler. Na ocasião, estiveram presentes mais de 70 pessoas para discutir a fundo as ideias do geógrafo pernambucano.

Também em 2010, inicia-se uma gradual aproximação aos grupos de teatro para debate e trabalhos em parceria. Em outubro, é realizado um filme a partir do espetáculo “Terror e Miséria no Novo Mundo – Parte I”, da Cia Antropofágica, com a qual é estabelecida uma parceria de trabalho. No dia 19 de dezembro, é realizada a primeira mostra de filmes e processos do coletivo como atividade de encerramento do ano. Na ocasião, são exibidos “Meu Nome é Yuba”, “Travessias”, “Cerol”, “Antes que o Amor se Vá” e “Quinteto de Cordas”.

Em 2011, intensifica-se o processo de formação do grupo, que passa a escrever projetos de oficinas e a se encontrar semanalmente para discussões sobre cinema e política, e práticas de linguagem cinematográfica. É inaugurado também o ciclo “Cinema e Culturas Marginais”, dentro de uma proposta cineclubista de apresentar um panorama de filmes realizados por cineastas de culturas não tão conhecidas, e distantes de um senso comum marcado pelo ocidentalismo europeu e norte-americano, que produz o cinema comercial. A primeira sessão foi simbólica ao passo que homenageou o cineasta iraniano Jafar Panahi e o coletivo declarou repúdio à prisão de tal artista, na época condenado a seis anos de prisão e proibido de filmar ou deixar o Irã por 20 anos, devido à “participação em reuniões e propaganda contra o regime islamita”.

Na programação do mesmo ciclo ocorrem ainda sessões marcantes como, por exemplo, a comemoração do Bicentenário Paraguaio, no dia 14 de maio, com a exibição de “Hamaca Paraguaya”, de Paz Encina, em parceria com o Núcleo Cultural Guarani “Paraguay Teete”; e a exibição do filme “Mbaraká – A Palavra que Age” junto ao Tribunal Popular para debater a questão da luta indígena no Mato Grosso do Sul. Marca também o ano de 2011, uma nova produção do coletivo, realizada de maneira independente, com a proposta de experimentação da linguagem cinematográfica e apoio ao Movimento dos Trabalhadores da Cultura,  o curta “Eu Não Sou Morte”, dirigido por Danilo J. Santos.

Em 2012, novos membros passam a integrar o coletivo e intensificam-se as atividades de filmagem e aproximação dos grupos de teatro. Porém, também é um ano em que as dificuldades materiais impedem novamente que o potencial artístico dos membros seja plenamente experimentado e nem todas ideias podem ser concretizadas. Pela primeira vez, em dois anos, o cineclube é temporariamente desativado por falta de espaço e recurso financeiro. A falta de equipamentos também impede a realização de alguns projetos. No entanto, algumas conquistas são concretizadas como, por exemplo, o início das filmagens do primeiro longa-metragem de ficção do grupo, “Primeiro de Maio”, filme proposto por Danilo J. Santos como exercício de experimentação e tentativa de se realizar de forma totalmente independente. Algumas filmagens são realizadas, várias discussões são feitas com diversas pessoas, e  o processo segue com a participação de alguns grupos de teatro e outros parceiros. Porém, infelizmente, o projeto é paralisado, para ser retomado apenas no ano seguinte e finalizado em 2014 e exibido na Cinemateca Brasileira. 

Apesar das dificuldades, segue-se a vontade imensa de produzir e debater. Com isso, é finalizado, também de maneira independente, com uma proposta de colagem de diversos materiais filmados, o curta-metragem “A Mais Perfeita União”, dirigido por Danilo J. Santos. O filme, além de um avanço novamente para o grupo em termos de linguagem, se coloca no campo de uma militância política que vinha sendo intensificada, e é produzido em repúdio às ações ocorridas em Pinheirinho. São realizadas também filmagens com a Cia Estável de Teatro, da peça “Auto do Circo”, e exercícios de vídeo de alguns membros do coletivo com a Cia do Latão. Em junho de 2012, o coletivo é convidado para dar uma oficina de curta-metragem documental em Manaus, na Universidade Estadual do Amazonas (UEA), representando um momento de desenvolvimento de uma proposta pedagógica.

A ânsia por produzir faz com que o grupo intensifique maneiras alternativas de se filmar e distribuir suas produções. Em agosto do mesmo ano é finalizado mais um curta de caráter experimental e que lida com a linguagem poética, “Trajetória até Aqui – Assunto Poesia”, dirigido por Florêncio Guerra. No mês seguinte, o Coletivo Cinefusão realiza sua segunda mostra, com a proposta de ocupar um espaço público, agora na Cinemateca Brasileira e desta vez com a exibição de 9 filmes e algumas intervenções políticas, musicais e teatrais, incluindo a leitura de uma cena do longa “Primeiro de Maio” e de um manifesto estético-político do coletivo.

O início de 2013 é marcado por mais uma parceria com a Cia Antropofágica, que convida o Cinefusão para publicar duas páginas na sua revista, “Bucho Ruminante”, lançada no dia 29 de janeiro de 2013. No mesmo ano é filmado o primeiro curta de Adriana Beatriz Barbosa, "El Día de La Batalla de Puebla", que investiga a mercantilização e banalização de uma festividade mexicana e deve ser finalizado em 2015; e o curta "Rompe o Disfarce", de Florêncio Guerra, uma crítica ao espaço acadêmico e ao empobrecimento da poesia, ainda em processo de produção. Dando continuidade à parceria com os grupos teatrais da cidade, o coletivo participa da “Celebração Teatral”, realizada no Arsenal da Esperança, no dia 1º de maio, iniciativa do Estudo de Cena e da Cia Estável, em comemoração ao dia do trabalho. Na ocasião, são exibidos trechos do longa “Ode ao Natal”, que também será lançado em 2015. Durante o ano de 2013, o Coletivo Cinefusão, em parceria com a Cia Antropofágica mantém o Cineclube Cinema em Revista, no Espaço Pyndorama, com o ciclo cinema-greve.

No início de 2014, o Coletivo inaugura o "Laboratório Cinefusão", com a produção permanente de vídeos para internet, a partir da proposta de se buscar uma constante experimentação da linguagem cinematográfica. Em fevereiro, o coletivo participa da II Feira Paulista de Opinião, uma iniciativa da Cia Antropofágica que reúne diversos grupos teatrais para debates e apresentação de trabalhos. Na ocasião, são exibidos os primeiros vídeos do Laboratório. É também no ano de 2014 que se aprofunda a parceria entre alguns coletivos de cinema de São Paulo e o Cineclube Cinema em Revista inaugura um novo ciclo, o "cine-demência" - que pretende resgatar principalmente o cinema paulista independente em uma homenagem ao mestre Carlão Reichenbach -, organizado pelo Coletivo Cinefusão, Zagaia, Paracatuzum, Tela Suja Filmes e Núcleo de Estudos Cynematográficos, no Espaço Cultural Latino Americano (ECLA). 

Novamente, no dia 01 de maio, são exibidos alguns vídeos do Laboratório, no Arsenal da Esperança, na II Celebração Teatral em homenagem ao dia do trabalhador. Em 2014, estreita-se também a aproximação do Coletivo também com a Associação Brasileira de Documentaristas e Curtametragistas (ABD-SP), na qual o grupo segue atuando. No final de 2014, participa de um intercâmbio com o Coletivo Sáfaro, contemplado pelo VAI com o projeto "Helena". Deste intercâmbio, surge um exercício em vídeo, em torno de uma pesquisa sobre representações da Guerra, que dá origem à ideia do curta-metragem "Ensaio para a Guerra", que está em processo de produção no início de 2015. 

É também no final de 2014 que o Coletivo Cinefusão e o Coletivo Zagaia completam 5 anos de existência e organizam uma celebração, que acontece no Espaço Cultural Latino Americano (ECLA), e conta com a apresentação de uma roda de samba de parceiros, além da exibição de vídeos realizados pelos grupos. Na ocasião, é exibido um trecho da pesquisa para o curta-metragem "Ferroada", um filme sobre o escritor Tico, que foi contemplado pelo Prêmio Estímulo de Curta-Metragem 2014, e será realizado em 2015. 

Para este ano de  2015, além do "Ferroada", estão previstos também a finalização do longa "Ode ao Natal", do curta "El Día de La Batalla de Puebla" e do curta-metragem "Rompe o Disfarce", além da produção do "Ensaio para a Guerra" e um documentário sobre o Dia dos Mortos, no México. Além disso, o Coletivo Cinefusão dá sequência ao Laboratório Cinefusão e ao Cineclube Cinema em Revista, com o ciclo cine-demência. Em julho, o grupo participa da II Feira Antropofágica de Opinião, com a exibição de um vídeo realizado para responder a pergunta "O que você pensa do Brasil hoje?".

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