O Coletivo Cinefusão surge, no final de 2008, a partir da iniciativa de trabalhadores de diversas áreas - cinema, jornalismo, publicidade, artes cênicas, filosofia, arquitetura, fotografia -, empenhados em criar primeiramente uma rede colaborativa que pudesse dar conta da junção dessas linguagens e também da possibilidade de abarcar potencialidades em busca de produção artística independente, mas também de reflexões concretas acerca da sociedade. É principalmente sobre este último pilar de atuação política, que o grupo vem, atualmente, pensando o cinema, sempre vinculado a outras expressões artísticas e movimentos sociais.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Começa o Festival Internacional de Curtas 2011



Entre os dias 26 de agosto e 2 de setembro ocorre o 22º Festival Internacional de Curtas Metragens 2011. São mais de 400 filmes do Brasil e do mundo em oito salas em São Paulo e com sessões gratuitas. As exibições acontecem de 26 de agosto a 2 de setembro.

Além da Cinemateca, o Festival também acontece no CineSESC, Museu da Imagem e do Som, Espaço Unibanco Augusta, Centro Cultural São Paulo, Cine Olido e Cinusp, com atividades especiais no Museu do Futebol e no Cine Eldorado, de Diadema.

O destaque desse ano são os temas relacionados ao universo da mulher, como o programa “Feminino Plural”, e o “Fashion Curtas”, especial de curtas que mostram como estilistas e grandes grifes usam o audiovisual para expor seus conceitos e divulgar suas marcas.

Primeira edição de Teatro de Bonecos de São Paulo


  
Foi-se o tempo de achar que teatro de bonecos era coisa de criança. Com o objetivo de cativar e interar a população, vários pontos da cidade de São Paulo dessa arte no mês de agosto.

A mostra Teatro de Bonecos de 2011 ocorre de 12 ao dia 28, de sexta à domingo, das 10h às 20h30. A entrada é Catraca Livre.

São doze espetáculos com grupos de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Distrito Federal, além da Colômbia, Cuba, Argentina, Espanha, Itália e Peru.

Entre as técnicas utilizadas está o teatro de sombras, com o espetáculo “No Toquen Mis Manos”, da espanhola Valeria Guglietti.

Além disso, a programação conta também com a novidade trazida pelo grupo mineiro Aldeia: uma máquina de histórias que traz micro espetáculos e intera artistas e público.

Confira abaixo a programação completa por dia:

12 13 14 15 16 20 22 23 25 27 28

20h30 – Centro de Estudos e Práticas do Teatro de Animação
Biblioteca Monteiro Lobato
R. General Jardim, 485 – Vila Buarque
Valeria Guglietti No Toquen Mis Manos
Origem: Barcelona – Espanha

Teatro de Bonecos de 2011

de 12 a 28/08 - Sextas, Sábados e Domingos das 10:00 às 20:30

Curta-metragem de Suzie Templeton, "Stanley"

Sobre um homem que desloca todo seu potencial de amar para um grande repolho, onde busca cultivar vida.

Curta impressiona, principalmente, pela construção dos bonecos, as expressões, rugas, olhos "ensanguentados", e é uma prova que um filme feito 11 anos atrás,  essa tendência de tornar as animações cada vez mais próximas de um living-action, não passa de falta de inventividade dentro das quase infinitas possibilidades dentro desse seguimento.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

"Eu Não Sou Morte" , Curta Metragem do Coletivo Cinefusão, em apoio ao Movimento dos Trabalhadores da Cultura


[Assista em 720hd]

Este curta foi feito, numa parceria com a Traço Livre Comunicação, em apoio ao Movimento dos Trabalhadores da Cultura (http://www.culturaja.com/).

Além, é claro, do curta ter uma intenção, a priori, de engrossar o apoio ao movimento - chamando ainda mais a atenção para a causa da cultura, e o de como ela vem sendo jogada às traças, sobretudo pelo poder público -, há também uma sincera vontade de agregar o cinema a essa luta, já que ele, enquanto movimento, coletivo, é evidente não representa de fato uma organização contundente. Apesar do surgimento de alguns coletivos de audiovisual, ainda é pouco aparente a divisão entre comercial e não-comercial - se é que sejam esses os melhores termos -, como, por exemplo, se vê claramente na relação teatro de grupo e "teatrão".

Além disso,  sob o mesmo registro de importância, há alguns critérios referentes à estética, que nós sempre costumamos levantar em discussão, a fim de expor o processo do filme. 

No que diz respeito à montagem, foi trabalhado desde o inicio, enquanto se assistia o material, um conceito de certo movimento que o filme viria a ter. Então, chegamos a ideia de que cada imagem, ou cada plano levaria ao seguinte, através de gestos, movimentos de corpos, automóveis, olhares. Porém, essa relação se estabeleceria a partir  de imagens que não teriam sido captadas necessariamente com este fim, já que isso seria impossível com única câmera durante uma manifestação. Há uma cadência e diálogo intenso entre os planos, mas que não se trata de uma construção realista e de cuidado com a continuidade por exemplo, não por desleixo, mas por opção estética. 

A ideia de distanciamento também foi o tempo todo pensada, até mesmo por uma possível carga emotiva  sem camadas, onde pudéssemos imprimir nosso olhar sobre o momento, além de outras complexidades do próprio movimento. E, apesar da tentativa em alguns momentos de distanciamento, as próprias imagens dos trabalhadores, por exemplo, com as tampas de privada, já eram por si só algo que levava a ele. Além disso, a própria montagem e a fotografia, que por vezes pareciam tentar revelar algum personagem singular, acabavam levando a outras imagens e personagens, deixando claro - se assim conseguimos - a não-existência de um herói, mas de um grande coletivo composto de diversos indivíduos  complexos, de semelhante importância e necessidade para todo aquele movimento. 

Na fotografia, principalmente num ato como esse, não há tanto planejamento, e no caso desse curta foi exatamente esse não-planejamento que deu unidade ao filme: regular exposição, foco, enquadramento, durante a própria filmagem. Por ter sido captado com uma câmera muito usada no mundo todo, hoje em dia   - que, inclusive Vincent Moon chamou de câmera da globalização - há, muitas vezes, em nossos filmes, uma vontade muito grande de quebrar ou subverter a imagem dessa câmera, que acaba tirando a singularidade de cada filme. Nem sempre conseguimos, e nem sei dizer se neste último resultado, que subimos para o youtube, chegamos a isso, já que o próprio processo de subir um vídeo em alta definição para a internet passa por algumas modificações como, por exemplo, o fato do vídeo estar disponível no máximo na visualização  720HD, sendo que sua origem é 1080HD. Claro que isso tem relação com o não pagamento de contas vips nesse sites e, portanto, termos um canal limitado.

Uma última e breve reflexão é que, como podem ver, não há créditos, tanto para quem trabalhou no vídeo, no ato, ou no caso do poema na cartela inicial, que é um trecho da obra "A Rosa do Povo", de Carlos Drummond de Andrade. A ideia é que forma e conteúdo dialoguem intrinsecamente, e não faria sentido com tal conteúdo e forma proposta, neste filme, cristalizar nenhuma "única individualidade", mesmo aquela passível de direito autoral - apesar de poder cair em contradição, já que no texto eu acabo dando os créditos do poema ao autor. Paciência. 

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Ocupação Cultural do Largo Santa Cecília, este domingo!

FONTE:http://videopopular.wordpress.com/



No próximo dia 21 de agosto, estão todos convidados a construir uma pré-atividade da 1ª ocupação cultural do Largo de Santa Cecilia. Vai funcionar mais ou menos assim: cada um ou cada grupo de pessoas, que aceitar o convite aparece lá no Sindicato dos Correios, no dia e hora marcados.

Nesse encontro vale grafitar, cantar, tocar, se apresentar, convergir, exibir, conspirar e tudo mais o que você e/ou seu coletivo possa trazer. Para si, para quem está lá, para quem passar por lá. Pode durar o dia todo ou alguns minutos.

Todos podem propor, compartilhar, assistir, ou tudo isso junto. E é assim. Alguma coisa sempre acontece!

Algumas ideias já surgiram e você pode contribuir mais:

Grafite, Exibições, Arte Libertária, Movimento passe livre/MPL

E você quer contribuir? Então tragar o seu vídeo, música, poesia, lata de tintas e vamos tocar o terror na parada.

Apareça no dia 21 de agosto, a partir das 10h na Rua Canuto do Val, 169 – Sindicato dos Correios.
Até lá! Repassem para seus contatos!

Fala ingnada de cidadão britânico à BBC de londres

Ainda bem que estamos no Brasil ; /

Prefeitura de São José quer mudar vocação de prédio desativado desde 2003 para revitalizar centro; artistas são contra




Xandu Alves
São José dos Campos

O tradicional Cine Teatro Benedito Alves da Silva, no centro de São José, vai virar um empreendimento comercial após 8 anos desativado. 

Polêmica, a proposta da prefeitura é conceder à iniciativa privada a administração do espaço, construído na década de 1950 e fechado desde 2003.

A proposta faz parte do projeto ‘Centro Vivo’, anunciado na semana passada para revitalizar toda a área central da cidade. A meta é permitir que, por até 10 anos, uma empresa explore comercialmente o prédio do teatro, que terá que ser reformado e preservado.

Lazer noturno. Cynthia Gonçalo, diretora- geral do Ipplan (Instituto de Pesquisa, Administração e Planejamento), disse que três grupos de empresários já estão interessados na concessão. Eles operam nas áreas gastronômica, de lazer noturno e de entretenimento.

A concessão do teatro é considerada estratégica para os planos de revitalização da região central, principalmente pela exigência de funcionamento em horário estendido do prédio.

“Isto \[a concessão à iniciativa privada\] irá movimentar e valorizar ainda mais o centro da cidade”, afirmou Cynthia. 

Segundo ela, o edital de concessão deverá ser publicado até dezembro.

Reação. A classe artística de São José promete se mobilizar contra a proposta. Eles defendem que o Cine Teatro seja restaurado e mantido sob administração da Fundação Cultural Cassiano Ricardo, prevalecendo sua vocação original.

“A prefeitura está transferindo a sua responsabilidade para a iniciativa privada”, disse a escritora e artista Jacqueline Baumgratz.

“A prefeitura deixou o prédio ser sucateado e agora quer empurrar o problema para os outros”, afirmou o fotógrafo e produtor Marcelo Magano.

Gerente do Sesc de São José, Oswaldo Almeida Júnior vê de forma positiva a concessão, mas desde que a utilização do espaço seja determinada pela administração. “O poder público tem que direcionar.”



SAIBA MAIS

Construção
O teatro foi construído na década de 1950 para apresentações teatrais, bailes e exibições de filmes, com capacidade para 256 pessoas

Aquisição
O prédio foi adquirido pela prefeitura por meio de permuta com a Mitra Diocesana de São José. A primeira negociação foi em 2000, mas o prédio foi incorporado ao patrimônio público em 2003

Uso 
Desde que foi adquirido, o prédio está de portas fechadas. Desde junho de 2007, está sob a guarda da Fundação Cultural Cassiano Ricardo

Agosto: Trilogia da Cia Antropofágica de Teatro volta em cartaz, só até o último sábado de agosto!



Neste primeiro fim de semana de Agosto, às 19h, a Antropofágica participou da mostra "Engenho Mostra um Pouco do Que Gosta", no Engenho Teatral na zona Leste com a peça Entre a Coroa e o Vampiro.

Nos três últimos Sábados de Agosto, às 18h30, a Antropofágica retorna em curta temporada no Pyndorama com a primeira parte da sua trilogia: Terror e Miséria no Novo Mundo Parte 1: Estação Paraíso. Depois da apresentação da primeira parte, haverá um cabaré-intervalo com música e comida, seguido da peça que dá seqüência à trilogia: Entre a Coroa e o Vampiro – Terror e Miséria no Novo Mundo Parte 2, que tem inicio às 21h.

Tendo como tema a história do Brasil, a primeira parte da trilogia se debruça sobre o período colonial, enquanto a segunda parte tem como material de pesquisa o Brasil Império. Com música ao vivo, a trilogia parte da crítica das relações que se desenvolveram nestes dois períodos, bem como do próprio colonialismo e imperialismo em si, para construir uma reflexão quanto aos seus desdobramentos no contemporâneo.

Arrigo Barnabé no Teatro Coletivo, em São Paulo


quinta-feira, 18 de agosto de 2011

UNIVERCINE exibe "Preto Contra Branco" e "Na Lona" neste sábado


Fruto de parceria entre a Cinemateca Brasileira, a UNIFESP e a FAP – Fundação de Apoio à UNIFESP, o projeto UNIVERCINE é uma atividade educativa voltada à formação de público e à discussão de temas relativos ao campo das ciências humanas. Exibe mensalmente, aos sábados, filmes brasileiros em sessões seguidas de debate com a presença de professores da UNIFESP e convidados. Este mês, serão exibidos os documentários Na lona, curta-metragem sobre o mundo do boxe amador, e Preto contra branco, média-metragem sobre uma partida de futebol de várzea que ocorre há mais de trinta anos na favela de Heliópolis. Após a projeção, o debate, com mediação de Mauro Rovai, conta com a presença do cineasta Wagner Morales, diretor de ambos os filmes exibidos, e do jornalista Ivan Marsiglia, bacharel em Ciências Sociais e editor assistente do caderno Aliás do jornal O Estado de S. Paulo, responsável pelo argumento e roteiro do filme Preto contra branco.


CINEMATECA BRASILEIRA

Largo Senador Raul Cardoso, 207

próximo ao Metrô Vila Mariana

Outras informações: (11) 3512-6111 (ramal 215)

ENTRADA FRANCA

PROGRAMAÇÃO 

20.07 | SÁBADO

SALA CINEMATECA BNDES

14h00 NA LONA | PRETO CONTRA BRANCO | DEBATE COM WAGNER MORALES E IVAN MARSIGLIA | MEDIAÇÃO DE MAURO ROVAI

FICHAS TÉCNICAS E SINOPSES

Na lona, de Wagner Morales

São Paulo, 2002, 35mm, cor, 26’

Documentário sobre o mundo do boxe amador. Acompanhando o treinamento de dois lutadores novatos de São Paulo, que acabarão por se enfrentar no Campeonato Estadual, o filme expõe suas expectativas e sonhos e a dura realidade dos confrontos. Depoimentos de lutadores veteranos, anônimos e campeões mundiais traçam um retrato fiel desse esporte, ao mesmo tempo belo, cruel e violento. 

Classificação indicativa: 12 anos

sáb 20 14h00

Preto contra branco, de Wagner Morales


São Paulo, 2004, 35mm, cor, 74’

A partida de futebol “Preto contra Branco” é um duelo varzeano que acontece há mais de 30 anos na periferia de São Paulo, opondo um time formado apenas por negros a outro formado apenas por brancos, em uma alegoria da diversidade racial do Brasil. Ambos os times reúnem moradores do bairro de São João Clímaco e da favela de Heliópolis, na zona sul da capital. Desconhecida de grande parte da população da cidade, esta tradicional disputa futebolística é o foco deste documentário. Com a participação e colaboração ativa do cantor Rappin’ Hood, a produção se concentra na semana de preparação para a partida e a toma como referência para discutir o preconceito racial no Brasil. Filme produzido no âmbito do programa DocTV, do Ministério da Cultura e da TV Cultura. 

Classificação indicativa: 12 anos
sáb 20 14h00

Pode ser que, entreabertos, Meus lábios de leve, Tremessem por ti

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Campanha de boicote à Globo por um dia.

Uma mobilização promovida por meio do Facebook convoca os brasileiros a boicotarem a Rede Globo por um dia. A campanha tem mais de 21 mil pessoas convidadas, sendo que pelo menos 4,2 mil confirmaram participação.

A ação está marcada para acontecer no dia 29 de agosto, uma segunda-feira. Na ocasião, os envolvidos prometem postar uma "bateria de reclamações coletivas na página da Rede Globo, na aba ‘críticas’".

O intuito do "Um dia sem Rede Globo", conforme explica o criador da página, Samuel Quintans, é "mostrar pra Rede Globo quem depende de quem". "A única maneira de termos uma TV de qualidade é mexendo na sua audiência", diz.

"No dia 29/08/2011, quem estiver participando deverá também postar uma crítica a algum de seus programas (coisa não muito difícil de ser feita)", afirma Quintans. "Para que tenha efeito, é necessário o maior número de pessoas reclamando ao mesmo tempo."

Além do Facebook, os participantes também usarão o Twitter para protestar. As reclamações acerca do canal líder de audiência deverão ser postadas com a hashtag #desligaglobo.


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domingo, 14 de agosto de 2011

Astor Piazzola - Resurreción del Ángel

Breves notas sobre um cinema-defunto


Ontem, ao assistir à peça "Opera dos Vivos"¹ da Cia do Latão, me surpreendi positivamente sobretudo com tamanha qualidade crítica em quatro experimentos independentes: o "teatro (dialética interrompida)"; o "cinema (alegoria trágica)"; a "música(sociedade do espetáculo)";  a "televisão (nação liquidificada)"².

Como adianto, a crítica ao cinema foi o que mais me impressionou. E o engraçado, é que ela não perece ter se dado durante o segundo ato, onde de fato vemos um filme, mas em seu último ato durante a gravação de um telefilme - o que não é lá grande surpresa, já que os modelos de produção são praticamente os mesmos.

Há um momento em que toda a equipe se cala, e olha para cima a figura do produtor. Acompanham seus passos, sem desviar os olhos, sem piscar, sem se mexer. Alegoria?

Não, definitivamente. O cinema sequer teve a chance de conhecer um "outro mundo", ele desembocou direto no capitalismo e incorporou todo seu modo de produção.

Mas o que mais me incomoda nisto tudo é ver que a atividade crítica no cinema, dele sobre ele, desaparece um pouco a cada dia. A reflexão sobre os meios de se chegar à tela - pc, tv, talvez cinema - se tornam "coisa de anacrônico", agora o que vale são perambulações pós-modernas. O legal é o gênio individual - pós moderno? quem é o anacrônico? Já que tal conceito já houvera sido quase extinto muito antes do ser próprio nascimento.

Conheci, trabalhando com cinema, algumas pessoas que sempre farei questão de ter ao lado, como, é claro, o coletivo, mas ao mesmo tempo foi o ambiente que mais me deu acesso a um número tão grande de imbecis.

O cinema de hoje cumpre uma única função: chegar ao set e cumprir o plano de produção. E, para isso, é necessário formar o maior número de idiotas-técnicos, ou técnicos-idiotas - do assistente de som ao diretor(obedeço aqui à hierarquia).

E, assim, esperamos então algumas semanas em cartaz, os próximos editais e algumas palestras de grandes cineastas-fetiche, para que enfim, os dois mil reais que você gastou por mês para se tornar um estúpido valham a pena.

¹ "Ópera dos vivos", Cia do Latão, em cartaz no CCSP (sexta 19h, sábado 18h e domingo 18h)
² Fragmento retirado do programa da peça.

Democracia: uma máscara cada vez mais frágil!

Não é incomum referências elogiosas à Globo News. Tido como o canal reservado aos bem-pensantes, intelectuais e democratas moderados. A moderação aqui refere-se à ideia de que a democracia representativa é o cúmulo de igualdade política alcançável pelo homem. Para além disso, é utopia. A diferença da Globo News em relação aos canais abertos é uma: a quantidade de informação. Do ponto de vista qualitativo, a não ser pela presença de "pensadores ilustres", e de uma maquiagem mais reflexiva, não há a menor diferença. A ausência de qualquer distanciamento reflexivo no jornalismo do canal aberto sufoca a consciência das massas, impondo as notícias em bloco, imprimindo-lhes o molde de um moralismo grotesco, anti-histórico, e autoritário - porém disfarçado na confusão informacional. Desculpa-se aos trabalhadores o fato de serem domesticados sem notar. Pior mesmo são as elites pensadoras da classe-média, que, apesar de acharem-se na crista da onda do tempo histórico, reproduzem o mesmo discurso apenas de forma mais requintada. 

O privilégio da Globo News é fazer ver a essência do jornalismo global sem o disfarce da seriedade irônica de um William Bonner, que, em todo caso, não deixa de ser ridículo: mete a pose de democrata acima de qualquer suspeita num dos países mais desiguais do mundo - cínico ou louco? Enfim, salta aos olhos o pressuposto ideológico por trás do bom-senso e da máscara da imparcialidade: os problemas sociais e políticos são despojados de sua essência histórica, reduzidos à esfera moral, e totalmente distantes de análises sistemáticas. A sociedade não é conduzida por uma lógica materialmente determinada no tempo, ou seja: não existe uma totalidade concreta, e sim uma... reunião aleatória de indivíduos! Uma espécie de "contrato social"!

Problemas que manifestam um conteúdo social emergente, uma carga de desigualdade histórica absolutamente inegável, como, por exemplo, o tráfico de drogas nos morros do Rio de Janeiro, são reduzidos a mero problema de caráter, à natureza diabólica e maligna dos "sujeitos" que praticam o "crime". Interessante como a pretensão de imparcialidade e de bom-senso da Globo esconde um atraso vergonhoso, traduzindo em forma modernizada um conteúdo histórico arcáico. Acham-se no alto da correção, e reproduzem - como papagaios, caixa de ressonância, cordeirinhos idiotinhas (o nosso "complexo de vira-lata", como diria Nelson Rodrigues) -, tudo aquilo que é dito na grande Democracia do Ocidente. De um ponto de vista de classe, há um repudio subliminar e uma vergonha indisfarçável por parte da Rede Globo em relação a pobreza e a feição miserável do povo brasileiro. "Criança Esperança" serve para constar, aos olhos do mundo, como caridade daqueles que tudo podem - modo de se diferenciar também precisamente daqueles para quem fazem a caridade. 

Assim, o governo inglês condenou os "marginais" (isto é, estudantes e desempregados) que sairam às ruas para protestar. Os repórteres da Globo News, claro, cobriram os acontecimentos reproduzindo as mesmas declarações do corrompido Estado do Reino Unido. Numa democracia tão perfeita e igualitária como a inglesa, teriam os jovens motivo para questionar? Enfim, no link abaixo, o sociólogo Silvio Caccia Bava, de maneira bem polida, com um pouco mais de inteligência e senso histórico que os repórteres da Globo News, assoprou a ferida a ponto de incomodar o moralismo burguês desses urubus disfarçados de democratas. Vale a pena assistir.

(por dificuldade em fazer o download, posto o endereço para que vejam o vídeo direto no youtube)

http://www.youtube.com/watch?v=HI1YSPHVeIA&feature=youtu.be



quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Em liminar, Justiça Federal proíbe exibição A Serbian Film – Terror Sem Limites


FONTE ORIGINAL: http://cinema.yahoo.net/noticia/carregar/titulo/em-liminar-justi-a-federal-pro-be-exibi-o-a-serbian-film-terror-sem-limites/id/32296

10/08/2011 09h32 -  Heitor Augusto, do Cineclick 
Durou pouco a liberação de A Serbian Film – Terror sem Limites no Brasil. Após a classificação indicativa dar seu parecer, o que autorizaria o filme a ser exibido para maiores de 18 anos, a Justiça Federal em Belo Horizonte decidiu, na noite de terça-feira (9/8) pela proibição do filme em todo território brasileiro. A decisão liminar permite recurso.

Na decisão, o juiz Ricardo Machado Rabelo, da 3ª Vara Federal, cita que, “Tratando-se de um filme que traz consigo a marca da polêmica, já deflagrada inclusive em outros países, sobretudo em razão da alegada cena na qual um recém-nascido é violentado sexualmente sobretudo em razão da alegada cena na qual um recém-nascido é violentado sexualmente, como afirmado na inicial, creio que a decisão da Administração [Ministério da Justiça] de classificar e liberar a exibição do filme, ainda que elegendo um prazo de 30 dias para que os órgãos competentes verifiquem a possível ocorrência de crime, subverte a ordem natural e lógica do que é razoável”.

O juiz não esclareceu se chegou a assistir ao filme ou se decidiu pela proibição baseando-se em matérias na imprensa como fizera juíza Katerine Jatahy Nygaard, da 1ª Vara da Infância, Juventude e Idoso do Rio de Janeiro, a primeira a proibir o filme – inicialmente, apenas no Rio de Janeiro, quando a cópia foi apreendida em 22 de julho.

Desde então,
A Serbian Film – Terror Sem Limites, que conta a história de um ator pornô que entra em um projeto obscuro e é obrigado a cometer barbáries sexuais, teve dois recursos negados na Justiça carioca e a classificação indicativa atrasada, também por conta de uma ação mineira.

O distribuidor do filme no Brasil Raffaele Petrini afirmou que irá recorrer da decisão. Quando a liberação da classificação indicativa foi divulgada, a reportagem do
Cineclick já havia esclarecido que se corria o risco de o longa enfrentar processos em cada cidade que estreasse.

Na decisão de ontem, o juiz mineiro recorreu, assim como nos pareceres anteriores, à proteção prévia à população, alegando que, se não concedesse a liminar, “graves e irreversíveis serão os prejuízos causados à ordem jurídica, ao consumidor nacional, tendo em vista o fato de que o filme será encaminhado aos cinemas do país e exibido a toda a população”.

Antes da nova proibição, Petrini pretendia lançar o filme nos cinemas em 26 de agosto. As pré-estreias começariam já na próxima semana. Para ele, a proibição abre precedentes para censura à liberdade intelectual. “Isso pode abrir um pretexto perigoso, pois, se começam a censurar um filminho de terror como
A Serbian Film - Terror Sem Limites, grupos religiosos e partidos como o DEM, vão se inspirar nisso. É inadmissível num país que se diz tão livre como o Brasil que aconteça uma coisa dessa”, afirmou ao Cineclick quando da primeira proibição.

"A Vodka, a Igreja e o Cinema" - "Questões do Modo de Vida", Leon Trotsky



Transcrição autorizada

Dois fenômenos importantes imprimiram a sua marca no mundo de vida operário: a jornada de oito horas e a proibição da vodka. A liquidação do monopólio da vodka, que a guerra exigia meios tão avultados que o tzarismo podia renunciar, como a um pecadilho, aos rendimentos que lhe advinham da venda de bebidas alcoólicas. Um bilião de mais ou de menos era a diferença mínima. A revolução foi herdeira da liquidação do monopólio da vodka; sancionou o facto, fundando-se, porém em considerações de princípio. É só depois da conquista do poder pela classe operária — poder construtor consciente de uma economia nova — que a luta do governo contra o alcoolismo, luta ao mesmo tempo cultural, educativa e coerciva, adquire toda a significação histórica. Nesse sentido a interdição da venda devido à guerra imperialista, de nenhum modo modifica o facto fundamental de que a liquidação do alcoolismo vem acrescentar-se ao inventário das conquistas da revolução. Desenvolver, reforçar, organizar, conduzir com êxito uma política anti-alcoólica no país do trabalho renascente — eis a nossa tarefa. E os nossos êxitos econômicos e culturais aumentaram paralelamente com a diminuição do números de “graus”. Nenhuma concessão é aqui possível.

No que respeita à jornada de oito horas, é uma conquista directa da revolução e das mais importantes. Em si mesmo, este fato provoca uma modificação fundamental da vida do operário ao libertá-lo de dois terços da jornada de trabalho. Cria-se assim uma base para transformações radicais do modo de vida, para melhorar a forma de viver, para desenvolver a educação coletiva, etc., mas trata-se apenas de uma base. Quanto mais o tempo de trabalho seja utilizado conscienciosamente, mas a vida do operário se organizará de forma completa e inteligente. É precisamente nisso que consiste, como já se disse, o sentido fundamental da convunção de Outubro: os êxitos econômicos de cada operário conduzem automaticamente a uma elevação material e cultural da classe operária no seu conjunto. “Oito horas de trabalho, oito horas de repouso, oito horas de liberdade” — proclama a velha fórmula do movimento operário. Nas atuais condições, essa fórmula adquire um conteúdo de todo novo: quanto mais as oito horas de trabalho forem produtivas, mais as oito horas de repouso serão reparadoras e higiênicas e mais as oito horas de liberdade serão culturais e enriquecedoras.

Por conseguinte, o problema das distrações apresenta-se como um problema cultural e educativo muito importante. O caráter da criança revela-se e forma-se nos jogos. O caráter do adulto manifesta-se mais claramente nos jogos e nas distrações. Mas as distrações e os jogos podem da mesma forma ocupar um lugar de eleição na formação do caráter de toda uma classe se esta classe é jovem e segue avante como o proletário. O grande utopista francês Fourier, ao insurgir-se contra o ascetismo cristão e contra a repressão da natureza humana, construiu os falanstérios (as comunas do futuro) na base de uma utilização e de uma combinação justa e racional dos instintos e das paixões. Consusbstancia-se aqui um pensamento profundo. Um Estado operário não é nem uma ordem espiritual nem um convento. Consideramos os homens tal como a natureza os criou e tal como a antiga sociedade em parte os educou e em parte os mutilou. Nesse material humano vivo, buscamos qual o ponto em que fixar a alavanca da revolução, do partido e do Estado. O desejo de distração, de entretenimento, de diversão e de riso, é um desejo legítimo da natureza humana. Podemos e devemos proporciona-lhe satisfações cada vez mais artísticas e, ao mesmo tempo, devemos fazer do divertimento um instrumento de educação coletiva, sem constrangimentos e dirigismo inoportunos.

Atualmente, neste domínio, o cinema representa um meio que ultrapassa de longe todos os outros. Essa surpreendente invenção penetrou na vida humana com uma rapidez jamais vista no passado. Nas cidades capitalistas, o cinema faz agora parte integrante da vida quotidiana do mesmo modo que os balneários, os estabelecimentos de bebidas, a igreja e as demais instituições necessárias, louváveis ou não. A paixão pelo cinema é ditada pelo desejo de diversão, de ver qualquer coisa de novo, de desconhecido, de rir a até de chorar, não acerca das infelicidades próprias mas das de outrem. Todas essas exigências o cinema satisfaz de forma mais direta, mas espetacular, mais imaginativa e mais viva, sem que nada se exija do espectador, nem mesmo a cultura mais elementar. Daí esta reconhecida atração do espectador pelo cinema, fonte inesgotável de impressões e de sensações. Tal é o ponto de partida, e não só o ponto de partida, mas o domínio imenso a partir do qual se poderá desenvolver a educação socialista.

O fato de até o presente, isto é, desde há quase em breve seis anos, não temos dominado o cinema, mostra até que ponto somos toscos e ignaros, para não dizer simplesmente tacanhos. É um instrumento que se nos oferece o melhor instrumento de propaganda qualquer que esta seja — técnica, cultural, anti-alcoólica, sanitária e política; permite uma propaganda atraente e acessível a todos, que fala a imaginação e que além disso, constitui uma fonte possível de rendimento.

Motivo de atração e distração, o cinema por isso mesmo concorrência às cervejas e às feiras de compra e venda. Não sei quais são atualmente em Paria e Nova Iorque os estabelecimentos mais numerosos — se os bares ou as salas de cinema. Nem quais são os mais rendosos. Mas é claro que o cinema rivaliza antes de mais com as lojas de bebidas no que respeita as oito horas livres. Poderemos nós dominar esse incomparável instrumento? Por que não? O governo tsarista alguns anos toda uma rede de lojas de bebidas, o que lhe rendia milhões de rubros-ouro. Porque não poderia um governo operário organizar uma rede de salas de cinema, porque não poderia implantar esse modo de distração e de educação na vida popular, opondo-se ao alcoolismo e tornando-o ao mesmo tempo uma fonte de receitas? Será isso realizável? Por que não? Não é decerto empresa fácil, mas é em todo o caso mais natural, corresponde melhor a natureza, às forças e as capacidades de um Estado operário do que digamos, a restauração da rede de lojas de bebidas(1). O cinema rivaliza com os bares, mas também com a igreja. E essa concorrência pode tornar-se fatal para a igreja desde que completemos a separação da igreja do Estado socialista por uma união do Estado socialista com o cinema.

Na classe operária russa, o sentimento religioso é praticamente nulo. Nunca, aliás, existiu verdadeiramente. A igreja ortodoxa representava o conjunto de costumes e uma organização política. Não conseguiu penetrar profundamente nas consciências nem ligar os seus dogmas com e os seus cânones aos sentimentos profundos das massas populares. A razão disso é sempre a mesma: a incultura da velha Rússia, inclusive a da sua igreja. É por isso que, ao despertar para a cultura, o operário russo se liberta tão facilmente da igreja à qual está superficialmente ligado. É verdade que para o camponês isso é mais difícil, não por ter penetrado mais profunda e intimamente nos ensinamentos da igreja — não se trata evidentemente disso — mas porque o seu modo de vida uniforme e rotineiro está estreitamente ligado aos ritos uniformes e rotineiros da igreja.

O operário — inferimo-nos à massa operária sem partido — mantém com a igreja na maioria dos casos relações fundadas no hábito, habito esse enraizado, sobretudo nas mulheres. Conservam-se os ícones pendurados em casa, porque lá estão há longo tempo. Decoram as paredes, sem que estas pareceriam nuas e não se está a isso habituado. O operário não adquire novos ícones, mas não manifesta o propósito de retirar os antigos. Porque modo celebrar a festa da primavera, a ser fazendo um kulitch ou uma Paskha?(2) E é uso fazê-los benzer para que não falte qualquer coisa. De modo nenhum se freqüenta a igreja por espírito religioso, mas sim porque há lá muita e esplendor, muita gente e se canta bem; a igreja atrai devido a toda uma série de motivos sócio-estéticos, que nem a fábrica, nem a família nem a rua oferecem. A fé não existe ou quase não existe. Em todo o caso, não existe qualquer respeito pela hierarquia eclesiástica, nenhuma confiança na força mágica do rito. Não existe também vontade de cortar com tudo isso. O divertimento e a distração representam um enorme papel nos ritos da igreja. A igreja age por métodos teatrais sobre a vista, o ouvido e o olfato (o incenso!) e, através deles, age sobre a imaginação. No homem, a necessidade de espetáculo — ver e ouvir qualquer coisa de não habitual e de colorido, qualquer coisa para além do acinzentado do quotidiano — é muito grande, é irremovível e persegue-o desde a infância até à velhice. Para libertar as largas massas desse ritual, dessa religiosidade rotineira, a propaganda anti-religiosa não basta, embora seja necessária. A sua influência limita-se apenas de tudo a uma minoria ideologicamente mais informada. Se as largas massas não se submetem a propaganda anti-religiosa, não é porque seja fortes os seus laços com a religião; é, pelo contrário, porque não tem nenhum vínculo ideológico, mantendo com a igreja relações uniformes, rotineiras e automáticas, de que não tem consciência, como basbaque que não recusa participar numa procissão, ou numa solenidade fautosa, ouvir cânticos ou agitar as mãos. É nesse ritualismo sem fundamento ideológico que pela sua inércia se incrusta na consciência, e do qual a crítica por si só não pode triunfar, mas que se pode desagregar por meio de novas formas de vida, por novas distrações, por uma nova espetaculosidade de efeitos culturais. E aqui o pensamento volta-se de novo naturalmente para o instrumento mais poderoso por ser o mais democrático: o cinema. O cinema não carece de uma hierarquia diversificada, de brocados ostentosos, etc.; basta-lhe um pano branco para fazer nascer uma espectaculosidade muito mais penetrante do que a igreja, da mesquita ou da sinagoga mais rica ou mais habituada às experiência teatrais seculares. Na igreja apenas se realiza um ato, aliás sempre igual, ao passo que o cinema mostrará que na vizinhança ou do outro lado da rua, no mesmo dia e à mesma hora, se desenrolam simultaneamente a páscoa pagã, judia e cristã. O cinema diverte, excita a imaginação pela imagem e afasta o desejo de entrar na igreja. Tal é o instrumento de que devemos saber fazer uso custe o que custar!

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

ÓPERA DOS VIVOS REESTRÉIA NO CENTRO CULTURAL SÃO PAULO

FONTE:http://blog.companhiadolatao.com.br/


Ópera dos Vivos fica em cartaz no Centro Cultural São Paulo do dia 05 de agosto a 11 de setembro de 2011, de sexta a domingo. Sexta às 19; sábado e domingo às 18 horas.

Os ingressos podem ser adquiridos na bilheteria do Centro Cultural de terça a domingo, das 10 às 22 horas; ou pelo site do Ingresso Rápido: http://www.ingressorapido.com.br/Evento.aspx?ID=16415

ÓPERA DOS VIVOS

Centro Cultural São Paulo

Rua Vergueiro, 1000

Tel. 33974002

Sexta a domingo

Sexta às 19; sábado e domingo às 18

Classificação 16 anos

Espetáculo Breviário - Gota D'água está em São Paulo




Livre adaptação das obras Medéia e Gota D-'água, o espetáculo transporta a tragédia grega de Medéia para a miséria urbana carioca, por meio de um poema com 4 mil versos.
Vale destacar que a trama conta com composições de Chico Buarque, além de tem compostos especialmente para a montagem.
Direção: Heron Coelho
Elenco: Georgette Fadel, André Capuano, Alexandre Krug, Luís Mármora, Daniela Duarte, Luciana Paes de Barros, Flávia Melman, Joaz Campos, Cibele Bissoli e Otávio Dantas 
Curta temporada (até 27/09) - Terças-Feiras - 20 horas
Preço R$ 30,00 e R$ 15,00
Fone: (11) 3255-5922

terça-feira, 2 de agosto de 2011

O programa "Arsenal" na ocupação da Funarte: É hora de perder a paciência


TRABALHADORES DA CULTURA DESOCUPAM FUNARTE EM GRANDE ATO

A luta dos trabalhadores da cultura: Episódio nº 1




Trabalhadores da cultura desocupam a Funarte com um ato em frente ao Itaú Cultural. Fim do “primeiro episódio”, mas mobilização continua. Por Passa Palavra

Era por volta de 3 horas da tarde quando os portões da Funarte foram abertos e os manifestantes sairam em marcha pelas ruas do centro de São Paulo. Dando sequência a série de atividades que anunciaram desde a segunda-feira passada, os trabalhadores da cultura deixaram hoje o espaço da instituição e realizaram um ato que culminou na frente do Itaú Cultural, na avenida Paulista.

A manifestação, que marcava o desfecho deste “primeiro episódio” de luta, teve um caráter altamente  performático, bem diferente do que costumamos em outros atos de rua. Um carro a frente, com teclado, bateria, guitarra, baixo, microfone e outros instrumentos musicais puxava uma dupla fila de artistas e apoiadores que entoavam canções e coreografavam com acentos de privada, simbolizando a mercantilização e a privatização da cultura. Eram cerca de 500 pessoas cantando em coro, enquanto membros da Brava Cia. de Teatro encenavam seus “fúrias” a frente do bloco.

A ação foi pensada em ensaida pelos trabalhadores da cultura durante este fim de semana. Na assembleia de sexta-feira passada, eles decidiram pela saída e começaram a organizar o desfecho deste primeiro momento da mobilização.Para as pessoas que estavam instaladas no espaço da Funarte, a ocupação já teria cumprido o seu papel, sendo a hora preservar as forças acumuladas e começar a pensar em ações mais radicais e que atinjam mais diretamente as instituições que hoje comandam a política cultura do país. A maioria dos ocupantes destaca que a última semana foi um momento intenso de aprendizado político e fortalecimento de laços entre os grupos, o que se demonstra não só pelas atividades de formação que ocorreram quase todas as noites, mas também pelas inúmeras conversas e iniciativas extra-oficiais que aconteciam por todos os cantos da Funarte. Parte deste acúmulo ficou expresso nas duas cartas finais que a ocupação redigiu [que em breve publicaremos] e que foram lidas e aclamadas por todos, minutos antes dos portões se abrirem.

Pela leitura do documento, o movimento demonstrava ter chegado ao entendimento de que as reivindicações pontuais apresentadas, como as aprovações das PECs 150 e 236, constituem apenas uma pequena parte da batalha pela desmercantilização da cultura; e que, neste horizonte mais largo, uma instituição como a Funarte já nem pode mais ser entendida como lugar representativo do inimigo que combatem, uma vez que as mais importantes tomadas de decisão a respeito das políticas culturais estão nas mãos das grandes corporações.

Por volta das 17h, o movimento chega, então, à Avenida Paulista, onde se localizam as principais instituições financeiras benefeciadas pelas leis de incentivo fiscais que fundamentam as programas culturais do país. A cada banco que passavam ou espaço cultural gerido pelas grandes empresas, os trabalhadores da cultura encenavam um ataque ao inimigo, chamando a atenção e despertando a simpatia do público que passava pela rua.

A cena final do “ato-bomba”, como chamavam, aconteceu na frente do Itaú Cultural, próximo à estação Brigadeiro do Metrô, onde foi feita uma projeção de vídeo e, depois de muita brincadeira misturada com protesto,  instalada com cimento na calçada uma privada.

Fim da ocupação da Funarte e fim do primeiro episódio da série. No entanto, a mobilização continua e outros atos-bombas vêm por aí.  Para tanto, uma nova reunião já está marcada para o dia 10/08, às 19h, no Teatro Coletivo, na Avenida Consolação.