O Coletivo Cinefusão surge, no final de 2008, a partir da iniciativa de trabalhadores de diversas áreas - cinema, jornalismo, publicidade, artes cênicas, filosofia, arquitetura, fotografia -, empenhados em criar primeiramente uma rede colaborativa que pudesse dar conta da junção dessas linguagens e também da possibilidade de abarcar potencialidades em busca de produção artística independente, mas também de reflexões concretas acerca da sociedade. É principalmente sobre este último pilar de atuação política, que o grupo vem, atualmente, pensando o cinema, sempre vinculado a outras expressões artísticas e movimentos sociais.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Buñuel e a crítica à arte burguesa

Para darmos sequência ao debate sobre o filme "O Discreto Charme da Burguesia" - exibido no último dia 26, no Cineclube Cinefusão, proponho aqui mais uma livre interpretação.

Entre tantas críticas que o filme traz, gostaria de levantar aquela que talvez diga respeito à arte. Em 3 momentos, "O Discreto Charme" traz, de alguma forma, referências ao própria fazer/fruir artístico. Na primeira delas, as  três amigas protagonizam um cômico chá da tarde, na qual a possibilidade de se concretizar o ritual burguês é ridicularizada. É durante essa cena que presenciamos o único momento musical do filme, no qual uma pequena orquestra executa uma belíssima peça, enquanto as três damas trocam futilidades. Buñuel concretiza o seu ataque a um público burguês, representado por Florence que pede para trocar de lugar com a irmã, pois não gosta de olhar o violoncelo, algo que considera ultrapassado e grosseiro. Ao mesmo tempo, o músico nos brinda com um precioso solo desse instrumento e Buñuel nos revela a precariedade do gosto artístico dessa burguesia, que aprecia não a arte, mas sim o seu requinte.

Em outra passagem do filme, o diretor ataca a arte sob outra perspectiva: aquela que diz respeito à apropriação que as classes dominantes fazem dos meios artísticos como forma de repressão e criminalização de tudo que vai contra o sistema. Para isso, Buñuel se utiliza de um elemento simbólico, ao mostrar baratas saindo de dentro de um piano, enquanto este é utlizado como cama elétrica, em uma sessão de tortura com choques para que um prisioneiro revele uma informação. O piano, instrumento artístico, sendo utilizado como meio de tortura representa a utilização burguesa da arte e as baratas a repugnância de tal uso.

Por fim, a terceira possível crítica em "O Discreto Charme da Burguesia" ocorre naquela que talvez seja a cena mais emblemática do filme: a sequência-sonho em que uma sala de jantar é transformada em palco teatral. Buñuel parece querer nos colocar, como espectadores, frente a frente com a nossa própria condição perante o filme. Pra cá da tela, estamos nós, observando incrédulos a hipocrisia burguesa. Ao centro, a elite hipócrita e escrava de códigos janta em uma grande mesa, compondo o chamado "espetáculo". No lado oposto, a representação de nós mesmos, uma platéia, vaia a fraca atuação dos burgueses. Além de propor a atuação crítica perante os objetos artísticos e, portanto, nos convidar ao embate crítico com o seu próprio filme, Buñuel não é complacente com uma suposta classe artística  elitista, que protagoniza um jogo de aparências em que as falas são sussuradas e não há arte verdadeira.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

DEBATE - "AS PERSPECTIVAS PARA A CULTURA NO BRASIL E EM SÃO PAULO"

Dia 29 de setembro (quarta-feira), às 20h, será realizado o debate "As perspectivas para a cultura no Brasil e em São Paulo", em evento que dá sequência ao Ciclo de Debates sobre as grandes questões nacionais. O foco será no tema do financiamento à produção cultural. Na pauta, a revisão da Lei de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), a nova lei dos Direitos Autorais, o Plano e o Sistema Nacional de Cultura e as novas perspectivas para o financiamento à cidadania cultural. Estarão presentes representantes do executivo, do legislativo e da sociedade civil. Participarão do debate:

Ney Piacentini (Cooperativa Paulista de Teatro)

Simão Pedro (Dep. Estadual)

Vicente Cândido (Dep. Estadual, autor da Lei de Fomento ao Teatro)

Sergio Mamberti (Presidente da FUNARTE) - a confirmar

Local: Casa da Cidade - R. Rodésia, 398



sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Arte e cultura como vias de transformação social




Por João Marcio


Da Página do MST

O MST inaugurou o centro cultural Bertold Brechet, no assentamento 26 de Março, localizado na região Sul do Pará. O local, onde funcionava um antigo curral, agora dá espaço a diversas manifestações culturais, com origem na região amazônica, construída pelos jovens do movimento.

Maria Raimunda, uma das dirigentes do MST no Pará, que acompanha o projeto de implementação dos centros culturais, em entrevista à Página do MST, destaca a importância de fomentar a cultura junto ao jovem acampado e assentado. “Começamos a identificar nas comunidades os jovens que gostam de trabalhar com cultura, que despertaram para a arte por intermédio das atividades desenvolvidas”, conta. Para ela, a cultura deve ser trabalhada na perspectiva da emancipação social. “A formação da consciência é a tarefa desse projeto”, afirma.

Abaixo, leia a entrevista.


Como surgiu a ideia da criação dos centros culturais?
Surgiu para aglutinar as ações de cultura nos assentamentos e acampamentos do MST, para formar uma frente, um coletivo de cultura da Reforma Agrária, contemplando todas as atividades e as tornando permanentes e contínuas. São atividades culturais que, de certa forma, já existiam, mas precisavam ser organizadas e centralizadas por um coletivo.


Quantos centros culturais têm hoje no Pará?

São três centros consolidados: o centro cultural Che Guevara, no acampamento 17 de Abril, o Augusto Boal, no assentamento Palmares, e agora o Bertold Brecht, recém inaugurado no assentamento 26 de Março. Estamos em via da implementação de mais onze centros.


Qual o envolvimento da comunidade com o projeto?

Geralmente, esses centros atuam em parceria com as escolas dos assentamentos e acampamentos, como é o caso do centro cultural Augusto Boal, que desenvolve uma série de atividades, utilizando o espaço escolar, trazendo o incentivo à leitura, à arte. Não é só para os jovens e os alunos, que de certa forma já estão inseridos nesse meio, mas também para toda a comunidade.


Quais as atividades desenvolvidas nos centros culturais?

Mostra de filmes, como o Cinema da Terra itinerante de temática agrária, apresentado nos assentamentos, acampamentos e em praças públicas. Fazemos oficinas de música, organizamos exposições fotográficas, que retratem nossa luta e história. No teatro, estamos prestes a formar um grupo. Ainda temos a preocupação de atrelarmos os coletivos de cultura e comunicação, como nas atividades de agitação e propaganda e na elaboração da programação de nossas rádios comunitárias.


O que se percebe nos assentamentos e acampamentos depois da implementação dos centros?

Começamos a identificar nas comunidades os jovens que gostam de trabalhar com cultura, que despertaram para a arte por intermédio das atividades desenvolvidas. Grupos culturais vão surgindo e começam a fazer parte do coletivo de cultura, canalizado pelo centro cultural. Antes se perdia essa iniciativa, mas com os centros estruturados, não.


Por que o Movimento trata a cultura como parte fundamental do processo de emancipação social de seus militantes?

A formação da consciência é a tarefa desse projeto. Formar, sobretudo, sujeitos que compreendam, por meio da arte e das manifestações culturais, o processo de opressão e libertação que os envolve. Por isso, temos acima de tudo uma preocupação com a formação técnica dos educadores de Letras e de Artes, que trabalharão nos centros culturais, além da questão política e ideológica.


Quais as perspectivas para futuros projetos?

Fomentar as artes plásticas, fazer oficinas que ajudem a formar grupos de teatro, desenvolver na juventude o gosto pela literatura, melhorar nas escolas as salas de leitura e as bibliotecas. Buscar apoio econômico para conseguir formalizar e sociabilizar esses espaços perante a sociedade e promover em novembro a Semana Amazônica de Cultura Brasileira e Reforma Agrária.

http://www.mst.org.br/

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Cineclube Cinefusão


Nós, aqui do Coletivo Cinefusão, convidamos a todos para volta de nosso cineclube, agora com o ciclo "Cinema e Fome". Pretendemos trazer um panorama com filmes que representam a fome e suas diversas manifestações: estética da fome, não fome, gula, fome abstrata, desnutrição, etc.

Nessa sessão convidamos a artista plástica e militante politica formada pelo Psol, Rita Mendes, que apresentará provocações sobre a obra, sua relação com a fome, sociedade, luta de classes e afins. É primordial também para enriquecemos a discussão que levemos nossas próprias indagações, provocações, etc. afim de fazermos dos encontros não sõ uma exibição de um filme, mas um meio de reflexão, diversão e critica.

A sessão é gratuita, e ela acontecerá:

Domingo, 26 de setembro
Ás 18 horas
$ GRÁTIS $
Centro Cineclubista de São Paulo
Rua Augusta, 1239, sala 13. Próximo a metrô consolação.

Dúvidas ou maiores informações: http://cinefusao.blogspot.com/ ou pelos telefones 76534550, 94110251.

Gunnar Vargas no Centro Cultural Mario Pedrosa


Nesta sexta-feira, 24 de setembro, as 20h, no Centro Cultural Mario Pedrosa, Gunnar Vargas apresentará as canções do seu novo cd "Circo Incandescente", ainda em fase de gravação, no qual, através de sambas, conta a história de um casal que, após apaixonados e casados, encontram dificuldades financeiras para manter a casa. Com ironia, tristeza, libído, a vida dos dois é retratada da separação ao reencontro, com a simplicidade das histórias do povo brasileiro.


Informações:
www.myspace.com/gunnarvargas
http://www.circoincandescente.blogspot.com/
http://www.youtube.com/watch?v=3Hrwa3FySUw]

ENTRADA FRANCA!!!

R. Tabatinguera, 318 – Sé (próx. ao metrô Sé)
Tel: 3104-0111
http://centroculturalmpedrosa.blogspot.com/
http://www.livrariamarxista.com.br/


sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Debate sobre comunicação

Antropofágica fará intervenção com a Karroça neste Domingo



Como parte do projeto Liberdade em Pi(y)ndorama, a Antropofágica realizará uma série de intervenções de rua pela cidade com uma carroça. Estas intervenções incluem músicas originais, cenas e trechos de peças como Mãe Coragem, de Bertolt Brecht. Neste próximo Domingo, dia 7 de setembro, acontecerá uma destas intervenções, saindo às 13h do Pyndorama (Rua Turiassú, 481, próximo ao metrô Barra Funda) e caminhando até a Lapa. Em caso de chuva não haverá intervenção.

Todas as ações divulgadas neste boletim são gratuitas e fazem parte do projeto Liberdade em Pi(y)ndorama, contemplado pela Lei Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo.


Informações: contato@pyndorama.com , Telefone: (11) 3871-0373 - http://www.pyndorama.com/

A viagem sensorial de um "road movie"

Após 30 anos de carreira, o diretor argelino Tony Gatlif foi reconhecido pelo seu domínio da linguagem cinematográfica ao receber o prêmio de melhor diretor no Festival de Cannes de 2004. O filme que lhe rendeu a recompensa foi o envolvente “Exílios”, um road movie, no qual um casal de franceses amantes (Zano e Naima) viajam à Argélia, em busca de suas origens.

Logo em seu início – um plano muito fechado, quase nos poros do dorso nu de Zano (Romain Duris), acompanhado de uma bem construída composição sonora – “Exílios” já entrega a proposta de Gatlif: imagem e som no que de mais intenso essa junção possa revelar. Nessa e em outras sequências, o diretor argelino declara o seu amor à imagem e à força que ela pode ter quando unida sensorialmente ao som.

Algumas das críticas negativas que o filme teve diziam respeito a uma necessidade constante de demonstrar domínio técnico da linguagem. Porém, de que serve o domínio que não é revelado? Tony Gatlif é um estudioso do cinema e, com a longa carreira, aprendeu exatamente onde colocar a câmera ou movimentá-la  e como explorar o espaço do plano, pelo menos nos seus filmes. É assim que, em determinado momento, durante uma “ofensiva” de mosquitos que picam Naima, a câmera é colocada na subjetiva do próprio inseto. Experimentamos, por um breve momento, a sensação de flutuar na ânsia pelo sangue de Naima que, inusitadamente, provoca quase que sexualmente o mosquito.


Em outra cena, o diretor escolhe filmar de perto uma gota de suor, de uma desconhecida qualquer, que cai no braço de Naima, representando a incorporação quase que física do elemento estrangeiro, a união de culturas. Mais uma vez, a pele é tida como o significado máximo da experiência sinestésica. Assim, o contato dos personagens com as lembranças perdidas não se limita à afetividade, pois as suas trajetórias lhe impõem a relação corpórea com essa memória. Aliás, essa relação é reforçada por um metáfora óbvia, mas não desncessária, impregnada nas cicatrizes dos corpos dos protagonistas. 

É também a partir desse elemento físico, de busca por uma identidade cultural, que “Exílios”, em diversos planos, atinge, inclusive, uma denotação mais carnal. Porém, todo o excesso é banhado por uma sensibilidade ímpar para lidar com som e imagem e, principalmente, cores. Isso fica claro, por exemplo, em uma inusitada, porém bela, cena de sexo (ver vídeo abaixo, ignorando as legendas), que acontece num pomar, a serviço de uma estética exótica e destoante, que serve à proposta do filme.

Impossível falar de “Exílios” sem mencionar também o impactante e envolvente plano sequência, de mais de 10 minutos, em que Naima passa por um ritual religioso de transe. Para os adeptos do cinema hollywoodiano e comercial essa seria a cena que confirmaria a chatice do filme, pois, além de repetitiva, a sequência é deveras incômoda. Porém, de forma magistral, o diretor argelino traz o seu espectador para dentro desse transe, com uma câmera que acompanha toda a agitação do momento, sem cortes. Entendemos que o cinema também é capaz de nos colocar em transe, em comunhão íntima com aquilo que de mais estrangeiro nos possa ser.

Filho de mãe cigana da Andaluzia e pai árabe, Gatlif viajou 7 mil km para realiazar esse filme, em uma busca que, talvez, seja mais sua do que dos próprios personagens. E, se há defeitos comprometedores em “Exílios”, estes estão todos na sua superficialidade narrativa que, apesar de ir fundo em alguns detalhes culturais, acaba por resolver alguns conflitos de forma simplista e questionável. Porém, difícil não se entregar à primazia visual e sonora dessa extravagante viagem sensorial, que se impõe, de maneira objetiva e sincera.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Debate sobre arte e cultura no Brasil

Vídeo realizado para o programa de internet da campanha de Plínio Arruda Sampaio, a partir de debate sobre arte e cultura, realizado no dia 22 de junho de 2010 e articulado pelo Coletivo Socialismo e Liberdade (CSOL) e Coletivo Cinefusão. Participam do vídeo Silvio Tendler, Mariana Tamari, Fernando Kinas, Hamilton Assis, Thiago Vasconcelos, Pedro Ekman, Poliana Lima, Viviane Neri e Danilo Santos.

DEBATE SOBRE SOFTWARE LIVRE E POLÍTICAS PÚBLICAS

No dia 23 de setembro, quinta-feira acontecerá na usp (cidade universitária) um debate sobre as tecnologias de domínio público que, por sua vez, estão diretamente ligadas à qualidade da educação e à soberania nacional. O debate que será realizado é promovido pelo grupo "Quinta Livre".

Dia 23 de setembro/2010, quinta-feira, 19h30.

USP-SP (Cidade universitária) Faculdade de Educação, auditório da escola de aplicação.

Maiores informações: http://quintalivre.org

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Os Filhos da Dita

Boletim antropofágico de setembro.

Arlequins convida a todos para as “segundas opiniões”: uma série de encontros marcados no Espaço Pyndorama para discutir a ditadura militar brasileira e seus desdobramentos.

Paulo Arantes

20/09/2010, segunda-feira às 20h

Iná Camargo Costa e Ana Martins

27/09/2010, segunda-feira às 20h

Ivan Seixas

04/10/2010, segunda-feira às 20h

Espaço Pyndorama

Rua Turiassú, 481 – Perdizes

Próximo ao metrô Barra Funda

Estacionamento conveniado no local: R$ 8,00

Reservas e informações: 11 3871-0373

Email: contato@pyndorama.com

http://geracaoai5.blogspot.com/

Segundas Opiniões é uma parceria entre Antropofágica e Arleguins, que faz residência no Espaço Pyndorama como parte do projeto Liberdade em Pi(y)ndorama, contemplado pela Lei Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo.

http://www.arlequins.ato.br/

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

DEBATE: Teatro na luta de classes

O teatro pode fazer diferença na luta de classes?
Convidados: Dulce Muniz(Studio 184); Graça Cremon(M27M e Roda do Fomento); Representante da brigada nacional de cultura do MST(a confirmar).
Será no dia 13 de setembro - segunda-feira, ás 10h.
Local: Sindicato dos Advogados do Estado de São Paulo - Rua da Abolição, 167, 1º andar. Próximo a câmara municipal e ao metrô Anhangabaú.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

CINEMA PARA LER - Num Piscar de Olhos

“Editar é como fazer uma cirurgia: você já viu algum cirurgião fazer uma operação sentado? Editar também é como cozinhar, e ninguém se senta no fogão para cozinhar. Mas editar é principalmente uma espécie de dança – o filme pronto é como uma dança cristalizada – e onde já se viu um dançarino se sentar para dançar?”

Parceiro frequente de Francis Ford Coppola, inclusive em seu mais recente filme "Tetro", apresentado em Cannes, Walter Murch é um dos editores (de imagem e som) mais reconhecidos internacionalmente. Porém, a sua maior e mais respeitada contribuição à 7ª arte é, sem dúvida, a construção sonora de "Apocalypse Now", pensada de uma forma em que o som vem carregado do teor psicológico dos personagens, e lembrada sempre pelo barulho dos helicópteros mesclados ao do ventilador de teto.

Murch utiliza aqui - e também em outros filmes dos quais participou como, por exemplo, o engenhoso "A Conversação" - o som como elemento narrativo essencial, tão ou até mais importante que a própria imagem. Talvez, seja justamente a escassa abordagem sobre construção sonora, que deixa o leitor de "Num Piscar de Olhos" com o sentimento de que algo faltou. Além disso, o posfácio - acrescentado a esta segunda edição e dedicado à edição digital - é um pouco repetitivo e enfadonho, mesmo porque Walter discorre, no ano de 2001, sobre processos tecnológicos da edição digital que, hoje, já estão ultrapassados.

No entanto, "Num Piscar de Olhos" é leitura essencial para todos que buscam entender um pouco mais da arte cinematográfica e, principalmente, para os que pensam em editar seus próprios filmes. Walter Murch tem uma visão apaixonada do processo de montagem e compartilha com o seu leitor um pouco das suas manias, teorias, metodologia de trabalho e aspirações. Vale um destaque especial para o capítulo "A Regra de Seis", em que Murch escreve sobre os seis critérios que devem ser obedecidos, hierarquicamente, para um corte ideal. É também muito curioso e inquietante o paralelo apresentado, entre a edição de filmes e o piscar de olhos, daí o motivo do título do livro.

Recomendo a leitura, pois assim como um corte cinematográfico clássico, o virar de páginas de "Num Piscar de Olhos" flui de maneira fácil e agradável.

Water Murch e a importância narrativa do som em "Apocalypse Now"

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

CARTOON - Quino e os rumos da humanidade

Joaquín Salvador Lavado, o Quino, é grande cartunista argentino, "pai da Mafalda" e de tantas outras charges que durante várias décadas vem encantando o mundo. Sua marca distintiva é o humor reflexivo, inteligente e sempre atual. 

No momento, publica seus desenhos na revista semanal do "El Clarín" - Buenos Aires. Nos  cartoons abaixo, o criador de Mafalda, se mostra desiludido com o rumo deste século no que diz respeito aos valores humanos. 
 


Contribuição enviada por Marco Antonio Ribeiro (radialista e diretor de TV)

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Índios de MT registram em vídeo seus rituais e cotidiano

A ONG Vídeo nas Aldeias (http://www.videonasaldeias.org.br/) funciona desde 1987 e ensina aos indígenas técnicas e linguagem audiovisual. O secretário-executivo da ONG, Vincent Carelli, é documentarista e indianista experiente. Com mais de 20 documentários produzidos, ele diz que antigamente "levar uma ilha de edição para uma aldeia era quase impossível, uma operação de guerra".

Atualmente, com as novas tecnologias, os índios participam de todo o processo. Já há etnias que fazem tudo sozinhas, como os Hunikuis, do Acre. "Essa autonomia proporciona novos olhares. Às vezes, mais interessante que os rituais e as festas são os registros cotidianos. O dia a dia é muito interessante do ponto de vista cinematográfico". 

As filmagens são abrigadas no próprio site da entidade e estão separadas por etnias. Xavantes, Nambiquaras, Guaranis-Kaiowás e outras dezenas de etnias mantêm vídeos no YouTube e no portal da ONG. Os filmes mais interessantes são os feitos pelos próprios índios, com imagens de rituais, festas, danças e outras manifestações culturais. 

Os Kuikuros, etnia que vive na região do Alto Xingu, no Mato Grosso, têm um vídeo chamado Kidene (abaixo), mostrando a preparação de guerreiros para a luta. Com exceção da edição, feita por um "homem branco", tudo foi produzido pelos próprios índios. 

FONTE: Folha Online 
 

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Cia Antropofágica divulga boletim com atividades em Setembro

A Cia Antropofágica pela segunda vez contemplada pelo Edital de fomento de teatro para a cidade de São Paulo, divulga suas atividades nesse no mês de setembro. Todas gratuitas.

Além da oficina do ator antrpofágico que tem como objetivo a devoração de tudo aquilo que foi parte da concepção da Cia na formação do trabalho do ator-criador, as peças "Zumbi or not Zumbi" e "Mas afinal o que é a liberdade?" reestréiam, se iniciam também no dia 26 os Diálogos Antropofágicos sendo o primeiro deles com o filsófo Paulo Arantes. E por fim a intervenção com "Karroça" antropofágica que faz parte da segunda parte da trilogia da Cia. A ideia é que parte do espetáculo seja uma karroça que percorrerá a cidade de São Paulo como num cortejo com música, dança e pequenas apresentações em alguns pontos da cidade. A karroça remete tanto aos tropeiros no Brasil império quanto a peça de Bertold Brecht "Mãe Coragem".

Nesta terça, dia da independência a Cia antropofágica convida a todos para acompanhar a trajetória dessa Karroça até o Ipiranga. Em tempos como esses, é interessante comparecermos, reutilizarmos o espaço público para arte, além de discutirmos juntos a todo "fervor" da data até onde podemos dizer que o Brasil é realmente independente.

Conheça a Cia Antropofágica: www.pyndorama.com Cronograma: Boletym Antropofágico 2010

Intervenção com a Karroça, 7 de setembro

Como parte do projeto Liberdade em Pi(y)ndorama, a Antropofágica realizará uma série de intervenções de rua pela cidade com uma carroça. Estas intervenções incluem músicas originais, cenas e trechos de peças como "Mãe Coragem" de Bertold Brecht.

Neste próximo feriado, 7 de setembro, acontecerá uma das intervenções, saindo ás 10h30 da praça da Sé e caminhando até o museu do Ipiranga.

Em caso de chuva não haverá intervenção.

Diálogos Antropofágicos, com Paulo Arantes

A Antropofágica convida a todos apara devorar este importante pensador brasileiro em uma roda regada a vinho e frutas. Professor Paulo Arantes é doutor em Filosofia pela universidade de Paris IV, professor aposentado da Universidade de São Paulo. Autor de diversas obras. Dirige a coleção Zero a Esquerda pela editora Vozes e a coleção Estado de sítio pela editora Boitempo.

Domingo, 26 de setembro, ás 16h.

Espaço Pyndorama, R. Turiaçu, 481, Perdizes. - Próximo ao metrô Barra Funda.

Abertas as inscrições para a Oficina do Ator Antropofágico

Parte fundamental, tanto no processo de pesquisa da Antropofágica quanto na formação artística e social do coletivo, a Oficina do Ator Antropofágico representa a comunhão entre a Antropofágica e novos indivíduos participantes. Entendemos que compartilhar enriquece todo o fazer teatral. Para os que chegam, a oportunidade de tomar conhecimento e se alimentar dos exercícios, dos jogos teatrais, das músicas, dos rituais, dos textos, da criação. Para os que já estão, a doação, o alimento renovado e revisitado, a simbiose, a devoração.

As oficinas serão ministradas por integrantes da Antropofágica nos seguintes locais: Espaço Cultural Tendal da Lapa, Escola Estadual Almirante Marquês de Tamandaré, Escola de Samba Rosas de Ouro.

As oficinas apresentam elementos comuns que serão trabalhados respectivamente por seus responsáveis durante o período determinado. Os pontos iniciais em comum são: exercícios corporais, jogos teatrais, proposições artísticas da Antropofágica, treinamentos musicais e estudos teóricos.

Todas as oficinas terão acompanhamento e orientação pedagógica dos coordenadores Thiago Reis Vasconcelos e Mei Hua Soares.

Leia mais sobre os Objetivos, Metodologia e Estrutura da Oficina do Ator Antropofágico.

Espaço Cultural Tendal da Lapa

Início da oficina dia 14 de setembro de 2010

Terça Feira às 15h

Informações: 3871-0373

Rua Constança, 72 - Lapa. Tel: 3862-1837

Escola estadual Almirante Tamandaré

Rua Jacaré-copaíba, 33 - Freguesia do Ó. Tel: 3975-4241

Início 14 de setembro de 2010

Terça feira às 14h

Informações: 3871-0373

Sociedade Rosas de Ouro

Rua Coronel Euclides Machado, 1066 - Freguesia do Ó

Informações: 3871-0373

Estréia: Zumbi or not Zumbi

Zumbi

Espetáculo gratuito

Espaço Pyndorama

Rua Turiaçu, 481 (próximo ao metro Barra Funda)

Sábado às 20h Estréia 02 de outubro

Estréia: Mas Afinal O que é a Liberdade?

Espetáculo gratuito

Domingo às 20h

Estréia 03 de outubro

Espaço Cultural Pyndorama

Rua Turiaçu, 481 próximo ao metro Barra Funda)

domingo, 5 de setembro de 2010

História e Evolução do Cinema

O curso acontece nos dias 09, 16, 23 e 30 de outubro/2010, no espaço Catavento cultural e Educacional.
Gratuito!

FRAME - irmãos Taviani e o patriarcado


Os irmãos Taviani se apaixonaram por cinema após assistirem Paisà do mestre Rossellini, que presidiu o júri do Festival de Cannes de 1977 e entregou pessoalmente nas mãos dos irmãos a Palma de Ouro pelo drama familiar "Pai Patrão".

O filme narra a história verídica de Gavino, um garoto que ainda novo é obrigado pelo pai a abandonar os estudos para trabalhar no campo, no interior da Sardenha. Trata-se, talvez, de uma das mais intensas jornadas de busca cultural já revelada pelo cinema. O esquema patriarcal imposto pelo pai impede inclusive o desenvolvimento intelectual do filho, que pensa e age como uma das ovelhas das quais cuida, encontrando no estudo sua única defesa possível.

É um cinema pós neorealismo que ainda bebe nas fontes neorealistas, mas busca uma essência própria. Os atores amadores e o dialeto sardo acentuam esse realismo bruto , mas há toda uma construção poética e fantasiosa que ressalta um clima fabulesco e de desdramatização constante no filme. Cinema bem italiano, no que de melhor isso possa significar.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

PROJETO O QUE É CINEMA CICLO "MONTAGEM"

O projeto tem como objetivo além de apresentar um bom filme ao expectador, buscar também uma discussão e entendimento do que é e como funcionam os departamentos de criação responsáveis pela produção de um filme, como por exemplo, roteiro, direção de arte, direção de fotografia, etc. Este mês o tema será a MONTAGEM que é a área da produção de um filme onde são selecionadas e ordenadas as cenas filmadas em uma sequencia e ritmos afim de dar sentido e emoção ao filme.
Para este ciclo de Setembro, serão exibidos os filmes

04/09 sab - 16h - NÓS QUE AQUI ESTAMOS, POR VÓS ESPERAMOS de Marcelo Masagão (Brasil11/09 sab - 16h - APOCALYPSE NOW de Francis Ford Coppola (EUA)

18/09 sab - 16h - AMNÉSIA de Christopher Nolan (EUA)

25/09 sab - 16h - REQUIEM PARA UM SONHO de Darren Aronofsky (EUA)

local: Cineclube Adamastor - Av. Monteiro Lobato, 734 - Macedo - Guarulhos informações: 2087-4171 - email: cineclube.adamastor@gmail.com

Todas as exibições tem a ENTRADA FRANCA!Será fornecido declaração de participação para universitários e interessados.

programação sujeita a alterações.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

COMEÇA A 5ª MOSTRA MUNDO ÁRABE DE CINEMA


Dia 3 começa a 5ª Mostra Mundo Árabe de Cinema, promovida pelo Instituto da Cultura Árabe (ICArabe) com diversos parceiros. A abertura do festival, que vai até dia 29, será dia 2 (quinta-feira), às 20h30, no CineSesc, com a exibição do filme Porta da Web.

Nesta edição, serão apresentados 14 filmes, sendo cinco documentários, sobre assuntos relacionados ao mundo árabe em geral. Entretanto haverá temas centrais como a imigração e o exílio forçado, questões de gênero, conflitos entre tradição e modernidade, além de crônicas sociais. Entre as salas de exibição estão o CineSesc, Centro Cultural São Paulo, Galeria Olido, Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso, Cinemulher, Esporte Clube Sírio e Clube Atlético Monte Líbano.

A programação completa da mostra está disponível no site http://mundoarabe2010.icarabe.org/