O Coletivo Cinefusão surge, no final de 2008, a partir da iniciativa de trabalhadores de diversas áreas - cinema, jornalismo, publicidade, artes cênicas, filosofia, arquitetura, fotografia -, empenhados em criar primeiramente uma rede colaborativa que pudesse dar conta da junção dessas linguagens e também da possibilidade de abarcar potencialidades em busca de produção artística independente, mas também de reflexões concretas acerca da sociedade. É principalmente sobre este último pilar de atuação política, que o grupo vem, atualmente, pensando o cinema, sempre vinculado a outras expressões artísticas e movimentos sociais.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Rebelar-se é permitido e o estado garante isso. 27/01/2011 Manifestação contra o aumento da tarifa de ônibus

Fotos de Danilo Santos - Coletivo Cinefusão


Gostaria de deixar uma coisa clara sobre o post: talvez, por deficiência minha, de propor um texto irônico, talvez dialético, tenha deixado abertas contradições das quais não eram minha intenção deixar, sequer, subentendido. Como por exemplo a suposta crítica ao movimento passe livre, que são os principais motivadores dessas manifestações. Dessa forma gostaria de deixar claro que se alguém fez essa associação, peço desculpas pela minha incompetência ao fazer o texto, não faria sentido criticar este coletivo, já que, na minha visão, são eles que buscaram e continuam buscando força para que os atos aconteçam e tenho certeza que são eles que estarão em situações similares - falo no sentido de organização, claro que não desconsidero as centenas de pessoas que estão nas ruas lutando - quando forem necessárias, assim como tenho acompanhado há tempos. É fácil para muitos  que não participaram da concepção e do ato em si, criticarem este coletivo, e é por isso que queria deixar claro que entendo o passe livre como um movimento integro, fiel e coerente ao seus princípios mas que acima de tudo luta por aqueles que estão a sua volta e por isso muitas vezes devem recorrer a ações e formas que são referentes a muitas outras pessoas que também lutam pela causa mas não compartilham dos ideais. Como é o exemplo de negociações e etc. das quais, acredito não serem vontades do grupo, mas uma necessidade que vem de outros grupos de pessoas presentes nas ações, nesse caso contra o aumento.

Peço desculpas se em algum momento resvalei numa crítica ao movimento, ao contrário, enquanto tiver pessoas assim, são essas que quero ajudar, ser ajudado, estar ao lado e disseminar.



Segue o post original:


A manifestação contra o aumento da tarifa de ônibus, hoje, em São Paulo, contou com cerca de mil pessoas e foi do teatro municipal até a camara municipal.

Apesar da força dos cidadãos-manifestantes, e de não ter acontecido repressão por parte da polícia, ficou claro, ainda sim, e infelizmente, - e que não é nenhuma novidade - que 'rebelar-se é permitido', e sim nosso prefeito nos permite isso - sim, estou sendo irônico. 

Me impressionou, negativamente,o 'apoio' policial à manifestação, já que outrora esses tão simpáticos defensores da ordem não eram lá tão cordiais - mas no final das contas é a função deles: responder aos estímulos superiores, bom, deixemos a complexa definição de polícia para outra hora. 



Enquanto nos mantemos como uma massa amorfa, e nos permitimos não ser radicais, não modificamos o iníquo cotidiano  empurrado por nossa garganta. 

Logo, para os poderosos e seus cães de guarda, uma passeata, guiada e negociada pelos mesmos, de algumas centenas de cidadãos, pode, daqui há um tempo, se tornar uma espécie de data comemorativa.


Mais fotos da manifestação:






  

7 comentários:

  1. nao sei se mta ironia no texto escrito funciona tao bem
    nao entendi direito sua posicao e sua opiniao sobre os fatos
    bjo

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  2. Oi Mariana,

    Talvez minha proposta, que não é, nesse caso, de um texto jornalístico, possa não ter tido tanto êxito.

    De qualquer forma, esse post é uma continuação dos outros relativos às manifestações que estive cobrindo, se você der uma olhada neles e nas coisas que escrevo aqui pelo blog, talvez digerir esse aqui seja mais tranquilo, e também entenderá minha posição.

    Mas respondendo diretamente sua pergunta, já que não consegui fazê-lo pelo post, aí vai: Sou totalmente a favor da manifestação, e faço questão de divulgar e sobretudo estar nela. Luto e quero que ela seja cada vez maior. Contudo, nós vivemos 'extremos' dentro do movimento - uso a palavra 'movimento' no sentido de 'percurso' - das manifestações que me incomoda; por extremo digo: ou tomamos porrada da polícia ou fazemos aliança com eles, e por sua vez com os tais poderosos que lutamos contra.
    Infelizmente eu faço o básico papel do chatão, de fato não tenho de antemão nenhuma solução para tal, mas me incomodou sim e muito sermos 'escoltados' por aqueles quais estamos nos rebelando contra - e se já vem de muito tempo em vários outros movimentos, manifestações e etc. É como se a função do estado estivesse sendo cumprida, e nós, manifestantes, nem mais incomodamos eles, entende?

    É esse o problema, enquanto permitimos que o estado execute sua 'democracia'não saímos do lugar, e sim aí manifestação para eles - o estado- vai começar a virar evento.

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  3. Eu resumiria tudo isso com uma frase que li esses dias, do Benjamin Franklin e acho muito significativa:

    "Os que renunciam à liberdade essencial para comprar um pouco de segurança temporária não merecem nem a liberdade nem a segurança"

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  4. Gostaria de deixar uma coisa clara sobre o post: talvez, por deficiência minha, de propor um texto irônico, talvez dialético, tenha deixado abertas contradições quais não eram minha intenção deixar, sequer, subentendido. Como por exemplo a suposta crítica ao movimento passe livre, que são os principais motivadores dessas manifestações. Dessa forma gostaria de deixar claro que se alguém fez essa associação, peço desculpas pela minha incompetência ao fazer o texto, não faria sentido criticar este coletivo, já que, na minha visão, são eles que buscaram e continuam buscando força para que os atos aconteçam e tenho certeza que são eles que estarão em situações similares - falo no sentido de organização, claro que não desconsidero as centenas de pessoas que estão nas ruas lutando - quando forem necessárias, assim como tenho acompanhado há tempos. É fácil para muitos que não participaram da concepção e do ato em si, criticarem este coletivo, e é por isso que queria deixar claro que entendo o passe livre como um movimento integro, fiel e coerente ao seus princípios mas que acima de tudo luta por aqueles que estão a sua volta e por isso muitas vezes devem recorrer a ações e formas que são referentes a muitas outras pessoas que também lutam pela causa mas não compartilham dos ideais. Como é o exemplo de negociações e etc. das quais, acredito não serem vontades do grupo, mas uma necessidade que vem de outros grupos de pessoas presentes nas ações, nesse caso contra o aumento.

    Peço desculpas se em algum momento resvalei numa crítica ao movimento, ao contrário, enquanto tiver pessoas assim, são essas que quero ajudar, ser ajudado, estar ao lado e disseminar.

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. Indo direto no assunto, acho que aquilo que é criticável no movimento, ao mesmo tempo é o fator elogiável do mesmo.

    É tão óbvio o fato de que uma organização que se limita apenas à questão do transporte é limitada, que chega a dar uma certa gastura repetir este lugar-comum ... porém acredito que respostas automáticas às obviedades podem levar ao ceticismo. Quem vai negar que a consciência desperta justamente em relação às questões mínimas da vida? Ou que um movimento que se dirige ao transporte, na verdade, tem um potencial que excede esta questão específica, e deve ser respeitado enquanto resposta "orgânica" à inúmeras outras formas de desrespeito por parte do Estado? Creio que o movimento do "passe-livre" é tanto mais criticável quanto mais ignora suas limitações. Mas, consciente disso, acho que é respeitável.

    Quanto ao texto, pra mim há ironia suficiente para deixar claro que a questão não se resume ao simples maniqueísmo do apoio cego de um lado, ou da crítica cética de outro... em outras palavras, acho coloca bem o problema.

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