O Coletivo Cinefusão surge, no final de 2008, a partir da iniciativa de trabalhadores de diversas áreas - cinema, jornalismo, publicidade, artes cênicas, filosofia, arquitetura, fotografia -, empenhados em criar primeiramente uma rede colaborativa que pudesse dar conta da junção dessas linguagens e também da possibilidade de abarcar potencialidades em busca de produção artística independente, mas também de reflexões concretas acerca da sociedade. É principalmente sobre este último pilar de atuação política, que o grupo vem, atualmente, pensando o cinema, sempre vinculado a outras expressões artísticas e movimentos sociais.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

FRAME: O Inferno de todos nós

O diretor bósnio Danis Tanovic passou a ser conhecido após o seu surpreendente e primeiro longa metragem “Terra de Ninguém”. Só esse fato já justificaria uma conferida no seu segundo filme “O Inferno”. Além disso, o filme é parte de um projeto, deixado pelo consagrado Krzysztof Kieslowski, antes de sua morte, para uma trilogia baseada na “Divina Comédia”, de Dante Alighieri, divida em três partes: “O Paraíso”, “O Inferno” e “O Purgatório”. O primeiro dos roteiros, “O Paraíso”, foi filmado pelo alemão Tom Tykwer (Corra Lola, Corra). 

O filme de Danis Tanovic dividiu a crítica, sendo que alguns consideram um trabalho de uma presunção que não se justifica. No entanto, me incluo entre os que admiraram mais essa obra corajosa de um diretor ousado, que abusa de movimentos de câmera e de um refinamento estético exagerado, mas coerente com a proposta.  Estamos aqui diante de um intenso drama familiar, com todos os significantes atrelados à figura feminina. Amparado na figura mitológica da Medéia, Tanovic amarra três histórias simultâneas de forma competente e revela uma direção segura e ritmada. Ainda voltarei a falar mais de “O Inferno”, mas por enquanto fica a dica de mais um belo exercício cinematográfico, talvez enfraquecido por algumas atuações, mas imageticamente muito forte. Segue, abaixo, a visceral abertura do filme. Reparem como Tanovic consegue tirar beleza da mais pura crueldade.

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