O Coletivo Cinefusão surge, no final de 2008, a partir da iniciativa de trabalhadores de diversas áreas - cinema, jornalismo, publicidade, artes cênicas, filosofia, arquitetura, fotografia -, empenhados em criar primeiramente uma rede colaborativa que pudesse dar conta da junção dessas linguagens e também da possibilidade de abarcar potencialidades em busca de produção artística independente, mas também de reflexões concretas acerca da sociedade. É principalmente sobre este último pilar de atuação política, que o grupo vem, atualmente, pensando o cinema, sempre vinculado a outras expressões artísticas e movimentos sociais.

terça-feira, 8 de março de 2011

A Demissão de Charlie Sheen e A Hipócrita Capa do Bom Senso

"É um dia de enorme satisfação na toca do Vale dos Sóbrios porque agora eu posso tomar todas, nunca mais terei de olhar para a cara do 'como é mesmo o nome dele' e jamais terei de vestir aquelas camisas ridículas enquanto este bruxo existir na dimensão terrena." Charlie Sheen.

Warner Bros decidiu demitir o ator Charlie Sheen, 45, da série "Two and a Half Men".

"Two and a Half Men" não será mais produzida neste ano
O ator se envolveu em uma série de escândalos com drogas e atrizes pornôs, além de ter brigado com o criador da série. Leia a reportagem completa sobre os motivos da demissão


Não de hoje que a indústria cultural americana extrapola a identidade conservadora estadunidense. E fatos como esse - a demissão de Charlie Sheen da série "Two and Half Man" - demonstram o quanto, nesse caso, esta mesma indústria, ao contrário dos princípios da "boa família" americana, está muito longe  de estender os ditos referentes a liberdade, democracia  e solidariedade pregados por seus líderes, ao decorrer do processo histórico.

Particularmente, gostava da série e sempre achei Charlie Sheen um bom ator, apesar de nunca ter visto nenhum grande diferencial fora de seu papel dentro da indústria ianque. O que assusta é que o "mercado do entretenimento" americano se esconde, e não é o primeiro e nem último caso, atrás de sua hipocrisia, sob uma capa de um falso bom-senso e baseado nos bons costumes, para negar a existência, ainda que artística, daqueles que não os seguem. Não se trata, nem nunca se tratou de um real "cuidado" com aqueles que assistem, mas, como já sabemos, uma estratégia de manter as vendas dessa empresa para aqueles que são o espelho de sua programação, que por sua vez é a imagem, potencializada, daqueles, sob uma capa de mediocridade.

Não torno o ator herói, nem faço apologia a seus atos, mas questiono: Por quanto tempo nos manteremos sob essa colcha de senso comum, que nos impede de dar um salto qualitativo em nossas próprias vidas? Até quando casos como esse serão tratados pela velha máxima "ele é uma pessoa pública, um exemplo a ser tomado, não pode ter atitudes como essa". Já estamos cobertos por tamanha estupidez. Por que não voltarmos a nos questionar sobre essa condição  da hierarquia do dia-a-dia referente a essas pessoas, a canonização de seres de carne e osso como nós, e, que, ao contrário de nós, "reles mortais", estão mais próximos e relacionados aos meios de comunicação que os criam, nos educam e dominam.

Somos cultivados e por conseguinte frutos de veículos de comunicação que tem a pretensão de fazer crer. Como há pouco uma reportagem de um jornal espanhol falava, e muitos ativistas batiam orgulhos no peito, que Pamela Anderson, Bill Clinton eram vegetarianos. Engraçado, que mesmo por aqueles - analisando na estrutura macro - que são, nas mais brutas expressões, dominadores, manipuladores, e mantenedores de um sistema econômico que assegura qualquer tipo de exploração, passam a ter razão quando nos apontam mínimas "melhorias" de opções individuais, mesmo usando como objeto de exemplo uma mulher, representante, no mais alto grau, da futilidade, e símbolo da mulher-mercadoria; um presidente que foi marco do conservadorismo americano, além de ter apoiado ações imperialistas, como o início da guerra no Iraque. 

Fatos como a demissão de Charlie Sheen apontam - ou reforçam, para aqueles que ainda tendem a acreditar num "mundo predestinado" - a desumanização da relação dos detentores desta indústria por seus "criados" - pois é assim que são vistos e como estes vêem a outros, e assim sucessivamente -, desencadeiam outras reações como os exemplos citados e reafirmam o perigo iminente de algumas poucas redes de televisão, além de veículos da internet, que também tem sido tomados por elas, estarem cada vez mais fortes. Ao contrário do que pensam os otimistas, como quanto a queda do número de pessoas que assistem televisão, vale lembrar que mais de metade do mundo acessa um único site de busca.

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