Érico Veríssimo é um dos escritores mais lidos em todo Brasil , e foi também, seguramente, um dos mais preocupados com a função social da literatura. Segundo Antonio Candido, Érico teria colocado, como poucos, a literatura “a serviço do leitor”. Sua força reside na clareza e simplicidade do estilo, aliado a uma busca incansável pelo homem, submerso na escuridão sem forma da rotina e do cotidiano.
Trata-se de uma obra com alto poder humanizador, ao mesmo tempo em que retrata a agonia subjetiva das relações humanas atualmente, que, seguindo ainda Antonio Candido, representaria um dos limites do romance moderno enquanto “incomunicabilidade dos seres”. Assim, a perspectiva de humanização pela literatura é mais do que uma simples reelaboração artística dos problemas atuais, pois a arte só pode retratar bem a desagregação da vida na medida em que ela própria, em si mesma, não se deixa desagregar.
Nesse sentido, os livros de Érico retratam um mundo que, longe de ser “bonitinho”, tornou-se ainda mais desagregado. Atribui-se certa função pacificadora à arte, como se esta fosse uma espécie de anestésico que evitaria o enfrentamento direto e franco da vida real. Por isso, contra esta falsificação ideológica da verdadeira natureza da arte, devemos resgatar o sentido profundo daquilo que sugere as grandes obras, como os livros de Érico Veríssimo, já que, afinal de contas, colocam abertamente a necessidade de lutarmos pelo resgate da vida.
Não dá para esquecer, de passagem, as infinitas sugestões cinematográficas presentes em alguns romances de Érico, sobretudo na “multiplicidade de planos narrativos” dos romances ambientados no meio urbano. Fernando Sabino e David Neves dirigiram dez curtas-metragens retratando a vida e o cotidiano de dez grandes escritores brasileiros, entre os quais Érico Veríssimo. Finalizo, então, postando o vídeo de Fernando Sabino sobre este homem que, apesar da “fama”, jamais perdeu a simplicidade e a consciência de suas responsabilidades. Repito: é sempre a obra que não nos deixa mentir.
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