O Coletivo Cinefusão surge, no final de 2008, a partir da iniciativa de trabalhadores de diversas áreas - cinema, jornalismo, publicidade, artes cênicas, filosofia, arquitetura, fotografia -, empenhados em criar primeiramente uma rede colaborativa que pudesse dar conta da junção dessas linguagens e também da possibilidade de abarcar potencialidades em busca de produção artística independente, mas também de reflexões concretas acerca da sociedade. É principalmente sobre este último pilar de atuação política, que o grupo vem, atualmente, pensando o cinema, sempre vinculado a outras expressões artísticas e movimentos sociais.

terça-feira, 14 de junho de 2011

(WTF)SPFW: Grife encerra 1º dia com discurso político contra regime cubano (WTF?)


Que o meio da moda sempre foi um espaço, onde dificilmente se dá alguma credibilidade, principalmente no que diz respeito aqueles, que representam maior parte da categoria, entregues, e ao mesmo tempo por alienação e acomodação, propagadores e defensores do status quo, e sobretudo da ditadura do capital, isso não é novidade para ninguém.

Agora, um desfile do SPFW, tecer críticas ao que chamam de "regime ditatorial cubano" é novidade. Primeiro, porque, provavelmente, nem estilista e muito menos modelos devem saber sequer onde fica Cuba, e segundo- apesar de não ser fiel e completamente defensor de como se deu a continuidade das conquistas revolucionárias pós-batista,  por diversas razões históricas(que podemos desenvolver caso haja a necessidade) -, que essa crítica maniqueísta - se é que alguma dessas pessoas que participou disso sabe o que é maniqueísmo, ou melhor se é que algum deles irá ler alguma coisa sobre a grande merda que fizeram, ou quiçá se sabem ler - só poderia vir de um campo que representa a mercadoria em seu estado mais puro; não há outra utilidade a não ser vender, inclusive a si próprio da forma mais descarada, e não chamo de não-hipócrita, mas sim de prostituição declarada e defendida; isso piora situação para o estilista que para se distanciar um pouco da sua condição de objeto-mercadoria-prostituta, personifica seu desejo travestindo-se de cafetão, e divide sua perversidade, estendendo-a por alguns tantos modelos na passarela. 

O que mais revolta não é a crítica à Cuba - apesar de, ao mesmo tempo, irritar muito, sendo feita por quem fez e da forma tão burra -, mas que o sonho de quem a fez é provavelmente ser fotografado pela Caras passeando com um abacaxi sobre a cabeça na Oscar Freire, onde seu entendimento por liberdade paira mais concretamente, pois lá a miséria é proibida e jogada para bem longe.

Há um lugar em nossa cabeça, no cérebro mesmo, que dizem ser um grande buraco negro, um vazio, onde nada paira, nada se gera. Parabéns, você acaba de jogar sua existência, enquanto aquilo que acredita ser seu trabalho, neste lugar.


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