O diretor bósnio Danis Tanovic passou a ser conhecido após o seu
surpreendente e primeiro longa metragem “Terra de Ninguém”. Só esse fato
já justificaria uma conferida no seu segundo filme “O Inferno”. Além
disso, o filme é parte de um projeto, deixado pelo consagrado Krzysztof
Kieslowski, antes de sua morte, para uma trilogia baseada na “Divina
Comédia”, de Dante Alighieri, divida em três partes: “O Paraíso”, “O
Inferno” e “O Purgatório”. O primeiro dos roteiros, “O Paraíso”, foi
filmado pelo alemão Tom Tykwer (Corra Lola, Corra).
O filme de Danis
Tanovic dividiu a crítica, sendo que alguns consideram um trabalho de
uma presunção que não se justifica. No entanto, me incluo entre os que
admiraram mais essa obra corajosa de um diretor ousado, que abusa de
movimentos de câmera e de um refinamento estético exagerado, mas
coerente com a proposta. Estamos aqui diante de um intenso drama familiar, com todos os significantes
atrelados à figura feminina. Amparado na figura mitológica da Medéia, Tanovic amarra três
histórias simultâneas de forma competente e revela uma direção segura e
ritmada. Ainda voltarei a falar mais de “O Inferno”, mas por enquanto
fica a dica de mais um belo exercício cinematográfico, talvez
enfraquecido por algumas atuações, mas imageticamente muito
forte. Segue, abaixo, a visceral abertura do filme. Reparem como Tanovic consegue tirar beleza da mais pura crueldade.
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