"Com o lema 'envolva-se em sua vida', proposta defende que o tiro é fundamental para a identidade do país. Além das aulas de tiro, participantes ainda recebem informações históricas sobre América colonial."
Essa matéria foi publicada no uol exatamente no mesmo dia em que assisti ao filme "Elefante", dirigido, roteirizado e editado por Gus Van Sant. Coincidência ou não, achei interessante o fato, já que a crítica na obra é muito mais próxima da matéria citada, do que propriamente o atentado cometido pelos dois garotos - que entraram na escola armados de bombas e metralhadoras, após um cuidadoso plano para execução de alunos, profesores, funcionários, etc.
No filme, cada um dos personagens, todos jovens durante o colegial, é retratado sob uma câmera parecida com aquelas de games como "007", onde os personagens são seguidos ou perseguidos, definindo-os como "terceira pessoa" - ele(a) - em longos planos-sequência. Isso possibilita nossa observação sobre eles, sem que saibamos suas personalidades por completo, se são"essencialmente maus", como o atleta popular ou ainda extremamente oprimidos, como a nerd. Isso não importa de fato.
Portanto, a obra não busca traçar a linha entre burros e inteligentes, brancos e negros, democratas e reacionários, nerds e descolados. E nem tenta justificar o atentado dos dois garotos pelo seu comportamento junto ao colégio ou em família. Mas sim, e daí o principal motivo da citação à matéria, o filme desenha o perfil de um país obsessivo pelas armas e que ainda acredita ser o imã centrípeto do mundo.
"Elefante" é um nada agradável grande filme, justamente, por nos sentirmos tão próximo desse império neoliberal. De qualquer forma, vale a experiência como cinema. Gus Van Sant tem precisão de decupagem como poucos.
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