O Coletivo Cinefusão surge, no final de 2008, a partir da iniciativa de trabalhadores de diversas áreas - cinema, jornalismo, publicidade, artes cênicas, filosofia, arquitetura, fotografia -, empenhados em criar primeiramente uma rede colaborativa que pudesse dar conta da junção dessas linguagens e também da possibilidade de abarcar potencialidades em busca de produção artística independente, mas também de reflexões concretas acerca da sociedade. É principalmente sobre este último pilar de atuação política, que o grupo vem, atualmente, pensando o cinema, sempre vinculado a outras expressões artísticas e movimentos sociais.

domingo, 29 de agosto de 2010

FRAME - O Homem que Virou Suco

O diretor mineiro João Batista de Andrade faz um intenso retrato da capital paulista, aquela que esmaga de forma opressora o nordestino migrante, suprimindo as suas raízes e explorando a sua força de trabalho. Porém, não há excessos sentimentais. “O Homem que Virou Suco” resume o ciclo de abocanhamento de um migrante nordestino – Deraldo, interpretado primorosamente pelo paraibano José Dumont – por uma cidade cruel e determinista. Participante ativo de movimentos sociais e documentarista engajado, João Batista de Andrade propõe aqui um cinema de denúncia e reflexão, mas que vai além disso, pois há toda uma construção poética e metalingüística, de um cinema que acontece ao mesmo tempo em que é questionado, estudado. Tudo gira em torno de um contexto dramático e Deraldo é mais um vítima do esmagamento pela sociedade industrial, porém, há constantemente uma ironia latente, que resulta numa das mais pungentes críticas sociais do cinema brasileiro.


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