O diretor mineiro João Batista de Andrade faz um intenso retrato da
capital paulista, aquela que esmaga de forma opressora o nordestino
migrante, suprimindo as suas raízes e explorando a sua força de
trabalho. Porém, não há excessos sentimentais. “O Homem que Virou Suco”
resume o ciclo de abocanhamento de um migrante nordestino – Deraldo,
interpretado primorosamente pelo paraibano José Dumont – por uma cidade
cruel e determinista. Participante ativo de movimentos sociais e
documentarista engajado, João Batista de Andrade propõe aqui um cinema
de denúncia e reflexão, mas que vai além disso, pois há toda uma
construção poética e metalingüística, de um cinema que acontece ao mesmo
tempo em que é questionado, estudado. Tudo gira em torno de um contexto
dramático e Deraldo é mais um vítima do esmagamento pela sociedade
industrial, porém, há constantemente uma ironia latente, que resulta
numa das mais pungentes críticas sociais do cinema brasileiro.
O Coletivo Cinefusão surge, no final de 2008, a partir da iniciativa de trabalhadores de diversas áreas - cinema, jornalismo, publicidade, artes cênicas, filosofia, arquitetura, fotografia -, empenhados em criar primeiramente uma rede colaborativa que pudesse dar conta da junção dessas linguagens e também da possibilidade de abarcar potencialidades em busca de produção artística independente, mas também de reflexões concretas acerca da sociedade. É principalmente sobre este último pilar de atuação política, que o grupo vem, atualmente, pensando o cinema, sempre vinculado a outras expressões artísticas e movimentos sociais.
domingo, 29 de agosto de 2010
FRAME - O Homem que Virou Suco
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário