O Coletivo Cinefusão surge, no final de 2008, a partir da iniciativa de trabalhadores de diversas áreas - cinema, jornalismo, publicidade, artes cênicas, filosofia, arquitetura, fotografia -, empenhados em criar primeiramente uma rede colaborativa que pudesse dar conta da junção dessas linguagens e também da possibilidade de abarcar potencialidades em busca de produção artística independente, mas também de reflexões concretas acerca da sociedade. É principalmente sobre este último pilar de atuação política, que o grupo vem, atualmente, pensando o cinema, sempre vinculado a outras expressões artísticas e movimentos sociais.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Trilogia : Morte aos artistas. 1º parte : Roberto Benigni e a torre de Paris.


“Estar vivo não significa viver” e como sinfonia as palavras do dramaturgo alemão batiam nas paredes da subjetividade de um sujeito qualquer. Frequentava a lâmina para desfazer o mal entendido, lia o Rei da Vela com uma catarata, herdada do tropicalismo num hedonismo que dava tédio. O cigarro era sempre metade do mesmo cigarro. Não tinha outra forma, assim como não tinha forma. Inocente-pueril comia o branco das páginas e só o branco das páginas, a palavra pouco lhe interessava filisteu meio termo, dotado de um narcisismo do seu próprio peido, segundo ele: Perfumado. O seu único interesse era desenhar o seu eterno espelho. Roberto Benigni e a torre de Paris. 

Num comercial as artes dramáticas lhe ajudavam, efeito de seu curso técnico. No armário o arroz integral impedia dele explodir a linguagem. Nunca abusa do álcool. Dentro do seu crânio: O hermético é a fruição estética do homem solitário. Repetia - Estou só, degenerado do sensível. Recebe um convite: VIAJAR FICOU MAIS FÁCIL. Tem o limite, não pode ir além, cortou os cabelos ouvindo Frederic Chopin numa cena melodramática, e foi atrás dos amigos. De volta ao possível, seu monologo, tem direção de um Norueguês renomado. Narrativas míticas, nome de opereta, assim denominava. O fundo do conteúdo era a história do tarô, assim concebia o seu ilustre monologo. Teve público.  

A noite do piru – faixa do motel popular: Depois da leitura de Macunaíma, o artista fica arfando por uma experiência transcendental. Numa tipografia concebida a pena, ele pensa ser Victor Hugo e anos após sua morte é encontrado o seu fatalismo bilhete: 

No balcão uma fêmea seminua, em volta do seu pescoço uma cobra enrolada. O aspecto do lugar é hostil. Falta um pouco de cor e talvez um quadro abstrato no canto direito do ambiente. As minhas mãos estão soltando água suficiente para um copo. Tenho a enorme vontade de cheirar toda uma prostituta, o amor deve estar nos lugares mais sobrenaturais. Duas mulheres, uma chupada com dentes, me excita ao ponto de imaginar a língua de um cavalo   

A canoa do amor se quebrou. Volta entoando pra casa. Na juventude leu poesia russa moderna. No elevador junto a ele, um rapaz com óculos que no lugar da haste tem fio de fone de ouvido. – Você é da schindler( Elevator company)- Não, não sei nem do que se trata.

  
‘’ O artista novo é comedido, compara passado como algo anacrônico, e presente como uma coisa só. Acende vela para o santo como um desesperado por esperança. Está desajustado com sua realidade material, e tem apenas fé nos projetos de reforma ‘’   

(Carlos Carrara
 colunista da revista:
 Klaxon nova edição)   


Após o artigo todo parece ter um momento de sapiência. Olha no espelho e já não se vê como um europeu – o bacharel, veste suas calças e vai decidido cancelar o seu monologo. Antes tem de ir ao um almoço no edifício paulista, reunião sobre a pensão da filha. Está com pouco dinheiro. O advogado já é conhecido, estudaram juntos. Chega transtornado. Depois de muita conversa fala abertamente – Temos que começar a filosofar sobre o Brasil. 


Não entendeu nada o Roberto Benigni da torre de Paris. 

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