“Turnê” é o 4º filme dirigido por
Mathieu Amalric, mais conhecido pelo seu trabalho como ator (“A Questão
Humana”, “O Escafrando e a Borboleta”, “Munique”, “Um Conto de Natal”).
Premiado no último Festival de Cannes pela melhor direção, Mathieu também é o
protagonista de seu filme, interpretando Joachim, um produtor de televisão
falido, que monta um show itinerante de strippers americanas e resolve levá-las
para uma pequena turnê pela França.
Logo no início de “Turnê”,
Amalric já demonstra sua habilidade cinematográfica colocando o espectador como
voyeur em um camarim de cabaré. Marcado por uma decupagem precisa e uma câmera
que sempre se move para compensar a movimentação de algum ator, o filme francês
impressiona mais pela qualidade de suas imagens e maneira como os cortes são
conduzidos do que pela narrativa propriamente dita. Porém, a fragilidade do
roteiro é compensada pela atuação de quatro não atrizes (strippers na vida real
também) e, mais uma vez, pela precisa composição do personagem que Mathieu
Amalric interpreta.
Joachim luta para sobreviver no
ilusório mundo do show business,
dominado por futilidades e jogo de aparências. Porém, o ritmo alucinante da
vida de produtor nos EUA faz com que não consiga ter uma relação de proximidade
com os seus filhos, que vivem na França. Assim, a turnê representa também a
oportunidade de se aproximar mais de sua família, mas a sua inabilidade para
relações afetivas não permite a concretização disso. Joaquim é um escravo do
seu próprio show que, como diz o final do filme, não pode parar. O sonho
americano persiste, por mais melancólico que isso possa soar.
Talvez, os melhores momentos do
filme sejam aqueles poucos em que Joaquim interage com pessoas comuns, fora do
seu âmbito pessoal. É o caso, por exemplo, de uma conversa que tem com uma
frentista, que vive à sua maneira o tal sonho americano, mesmo que dentro de
uma cabine de posto de gasolina. Em outro trecho, uma caixa de supermercado
implora a Joaquim que ele a acompanhe ao fundo do mercado para que ela demonstre um número em que mostra os seios. É aí que o show se revela como uma
válvula de escape de uma sociedade alienadora, que faz, por exemplo, que um
filme seja realizado, mas que uma das condições para isso, seja a evidente
propaganda do Hotel Mercure, em duas cenas. É triste, mas o show continua.
Melancolicamente apoteótico o final da análise. Parabéns
ResponderExcluirei, tu comentou no meu blog..
ResponderExcluiradd ai no msn
alexandre__zamboni@hotmail.com
http://alexandre-zamboni.blogspot.com/
beijos!