Para onde essas crianças correm?
Todas, juntas.
Como se mais nada houvesse em suas miseráveis vidas.
Correm, com as mesmas roupas dos outros dias.
De quando em vez uma blusa surrada as protegem do frio.
Pulam amarelinha entre minas.
Para onde correm essas crianças?
Por terras onde, quiçá, só vento se semeia.
Entre elas, o mais novo
pés descalços enterrados, se atracando contra o chão
em meio a pedras, balas, terra, água.
Agarrado ao arame farpado, parecia avistar alguma salvação
mas não por seus olhos esbranquiçados pela cegueira.
E em meio ao som de rifles, tanques, choros e gritos
por aquele enorme pano, branco, vermelho, azul
avistava 50 estrelas, nada mais que isso
como um grande cobertor, que caía lentamente
mas não cobria como que numa noite fria
sufocava, seus pelos entravam pelas narinas
por debaixo dele vi uma menina, que dizia:
“- ainda com os olhos tapados,
procurava teus braços
e não os sentia mais,
mas me agarra mesmo assim,
nem que seja para sentir o começo
e o fim do teu cotovelo na minha costela.”
belo texto! me deu mais vontade ainda de ver esse filme.
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