Após duas horas de atrasos e
cerimônias entediantes, antes da sessão de “O Estranho Caso de Angélica”, foi
exibido um vídeo enviado pelo próprio Manoel de Oliveira, em que ele se
desculpa com o público brasileiro, visivelmente emocionado, por não poder estar
ali, devido a problemas de saúde. Com 101 anos de idade, o diretor segue filmando, como
um dos grandes do cinema mundial, tendo acompanhado praticamente toda a
história da sétima arte.
“O Estranho Caso de Angélica”
trata da história de Isaac, um jovem fotógrafo de classe média que recebe uma
ligação de uma família rica para tirar a última foto da falecida Angélica. Ao
enquadrar Angélica, Isaac se apaixona e passa a viver um drama interior. O
longa nos revela um Manoel de Oliveira muito lúcido e com capacidade criativa
inabalada, mesmo que em determinados momentos, me pareça pecar pelo excesso,
como nas sequências de sonho.
Por mais que o filme não tenha me
cativado por completo, não há como não reconhecer a habilidade narrativa e de
composição do diretor português. Filmado inteiramente com planos fixos, muitas
vezes em plongé, “O Estranho Caso de Angélica” não é um filme típico. Há algo
de muito autoral nesse cinema centenário, feito por um realizador preocupado
com a essência da própria imagem e também com o excesso de modernização do
cinema. Manoel utiliza trucagens que nos remetem aos filmes de Meliés, homenageando
um cinema que pulsa poesia. Da mesma forma, o personagem Isaac, registra as
imagens de trabalhadores braçais camponeses, talvez para eternizar a beleza do
homem que se auto-afirma transformando a natureza. Manoel de Oliveira insiste
em ser um desses grandes homens.
Parceiro, belo trabalho! Bravo!
ResponderExcluirComo amigo do cinema, ficaria contente com a sua navegação no blog O Falcão Maltês. Com ele, procuro o deleite cinematográfico.
Abraços,
Antonio Nahud Júnior
www.ofalcaomaltes.blogspot.com