"E sem dúvida o nosso tempo... prefere a imagem à coisa, a cópia ao original, a representação à realidade, a aparência ao ser...Ele considera que a ilusão é sagrada, e a verdade é profana. E mais: a seus olhos o sagrado aumenta à medida que a verdade descrece e a ilusão cresce, a tal ponto que, para ele, o cúmulo da ilusão fica sendo o cúmulo do sagrado."
(Feurbach "A essência do cristianismo")
Talvez não haja melhor período que este para fazermos a nós uma auto-crítica - à esquerda -, estética e política: Vivemos o auge da mais pura confusão ideológica, baseada na absurda ideia de conciliação de classes, e dos mais absurdos acordos - outrora se pensava que fossem absurdos. < <<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<< <
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Mas como não sei escrever bons textos auto-críticos, vou escrever um texto bem confuso. ^
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Em nosso mundinho da cultura, tudo de mal a pior. Da forma mais suja, somos incoporados a cada instante; o inefável é feito: separa-se forma de conteúdo: hoje comercial do mac donalds é brechtiano. Não basta ser original, o mercado quer algo a mais: das mais apoliticas, direitosas, e pós-modernas propostas, ainda sim, falta alguma coisa: tem que ter um carinha de esquerda. Nos sentimos fora-do-eixo. ^
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A resposta de alguns: cristalizar-se, tonar-se intocável, quase imperceptível aos olhos espectadores-esperançosos: Vilamadalenização da Cultura! ^
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Migalhas para os reclamões! E dizemos: Sim, mais, mais! ^
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Talvez aquela resposta de alguns _\ seja a saída: quanto mais levemente distanciado do mundo, mas sem perder a carinha de esquerda, mais próximos do nosso montante de milgalhas prometido. ^
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Todo artista deveria ser emoldurado! Em vidro! Acrílico! Aqueles que já não o são, é claro. ^
Não todos! pois não há lugar para todos. Mas tem comida! (hummmmmm). ^
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Nada melhor do que jantarzinho esperto no domingo, sair na porta de casa e ter um palhacinho tocando tambor, até anima para acordar às cinco na segunda. Belezura! Paz dominical! ^
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Mas lembrem-se vocês disseminadores da paz de domingo: ao menos um metro de distância, depois de retirado o figurino, segure bem sua moldura de vidro!
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(Lá em cima deu pra entender que eu sou de esquerda?) -------------------------------------------->
Se por algum momento pareci ser algo que não gostaria mostrar, eis algo melhor que eu, para não deixar dúvidas: "Nos bons e velhos dias – agora vem a infame conclusão, eu os alerto, é realmente suja – nos bons dias do socialismo realmente existente, uma piada era popular entre dissidentes. Uma piada usada para ilustrar a futilidade de seus protestos. Na Rússia do século XV, ocupada por mongóis – esta é a piada – um fazendeiro e sua esposa andavam por uma estrada de terra do campo, um guerreiro mongol em seu cavalo parou ao lado deles e disse ao fazendeiro que iria estuprar sua esposa, ele então pede: “Mas, como tem muita terra no chão, você deve segurar meus testículos enquanto estupro sua esposa, assim eles não se sujarão.” Depois que o mongol terminou seu trabalho e foi embora, o fazendeiro começa a rir e a pular de alegria. A esposa, surpresa, pergunta a ele: “Como você pode pular de alegria depois de eu ser brutalmente violentada?”. E o fazendeiro responde: “Mas eu o peguei! Suas bolas estão cheias de terra!”. Esta triste piada nos mostra a situação da dissidência, eles achavam que estavam fazendo sérios ataques à direção do partido, mas tudo que estavam fazendo era, bem, jogando um pouco de terra nos testículos da direção. Não estão as esquerdas de hoje numa posição similar? Nós achamos que estamos fazendo algo terrivelmente subversivo, mas estamos apenas..."
Nossa tarefa é descobrir como dar um passo adiante. Hoje, nossa décima primeira tese deve ser: Slavoj Zizek: “Os críticos de esquerda tem se limitado a apenas sujar as bolas daqueles que estão no poder, o que importa é cortá-las fora”. Nós podemos, não sejam tão pessimistas. Eu acredito que será feito numa apropriada e pacífica luta ideológica. Eles podem nem mesmo estarem cientes disto, eles ainda gritarão contra nós, mas, de repente, suas vozes ficarão mais agudas.
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