(...) Contra a burguesia coligada
fora formada uma coalização de pequenos burgueses e operários, o chamado
partido social-democrata . A pequena burguesia percebeu que tinha sido
mal recompensada depois das jornadas de junho de 1848, que seus
interesses materiais corriam perigo e que as garantias democráticas que
deviam assegurar a efetivação desses interesses estavam sendo ameaçados
pela contra-revolução. Em vista disto aliaram-se aos operários. Por
outro lado, sua representação parlamentar, a Montanha, posta à margem
durante a ditadura dos republicanos burgueses, reconquistara na segunda
metade do período da Assembléia Constituinte sua popularidade perdida
com a luta contra Bonaparte e os ministros monarquistas. Concluíra uma
aliança com os dirigentes socialistas. Em fevereiro de 1849 a
reconciliação foi comemorada com banquetes. Foi elaborado um programa
comum, organizados comitês eleitorais comuns e lançados candidatos
comuns. Quebrou-se o aspecto revolucionário das reivindicações sociais
do proletariado e deu-se a elas uma feição democrática, despiu-se a
forma puramente política das reivindicações democráticas da pequena
burguesia e ressaltou-se seu aspecto socialista. Assim surgiu a
social-democracia. A Nova Montanha, resultou dessa combinação, continha,
além de alguns figurantes tirados da classe operária e de alguns
socialistas sectários, os mesmos elementos da velha Montanha, mas, mais
fortes numericamente. Em verdade, ela se tinha modificado no curso do
desenvolvimento, com a classe que representava. O caráter peculiar da
social-democracia resume-se no fato de exigir instituições
democrático-republicanas como meio – não de acabar com os dois extremos,
capital e trabalho assalariado – mas, de enfraquecer seu antagonismo e
transforma-lo em harmonia. Por mais diferentes que sejam as medidas
propostas para alcançar esse objetivo, por mais que sejam enfeitadas com
concepções mais ou menos revolucionárias, o conteúdo permanece o mesmo.
Esse conteúdo é a transformação da sociedade por um processo
democrático, porem uma transformação dentro dos limites da pequena
burguesia. Só que não se deve formar a concepção estreita de que a
pequena burguesia, por princípio, visa a impor um interesse de classe
egoísta. Ela acredita, pelo contrário, que as condições especiais para
sua emancipação são as condições gerais sem as quais a sociedade moderna
não pode ser salva nem evitada a luta de classes. Não se deve imaginar,
tampouco, que os representantes democráticos sejam na realidade todos
Shopkeepers (lojistas) ou defensores entusiastas destes últimos. Segundo
sua formação e posição individual podem estar tão longe deles como o
céu da terra. O que os torna representantes da pequena burguesia é o
fato de que sua mentalidade não ultrapassa os limites que esta não
ultrapassa na vida, de que são consequentemente impelidos, teoricamente,
para os mesmos problemas e soluções para os quais o interesse material e
a posição social impelem, na prática, a pequena burguesia. (...)
Extraído do livro "O 18 do Brumário" de Karl Marx
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