"[...] as aspirações e as expectativas populares são variadas, contraditórias, frequentemente, divididas entre . uma exigência de liberdade e uma demanda de segurança A função específica da política consiste em articulá-las e conjugá-las por meio de um futuro histórico cujo fim continua incerto."¹
O que é pior? A decisão de um miserável alimentada de sua urgência, impulsionada unidimensionalmente pelo ímpeto, que tem como fim sua sobrevivência? Ou seria a paciência do saciado, contudo consciente de todas as mazelas dos miseráveis - ou a mazela - e, aparentemente, disposto a erradicá-las?
Quanto tempo dura um miserável? Quanto tempo seus órgãos suportarão a sede, a fome, a dor, o sexo maquinal?
Quanto tempo suportará o descalabro da alienação que o corrói?
Quanto tempo suportará ter sua subjetividade determinada por um sistema econômico?
Hitler transformou uma massa faminta, impetuosa e confusa em nazistas; o governo Lula potencializou o período anti-crítico, que semelhante a ele próprio, se coloca como fim da história. Fundou o operário pós-moderno. ( À guisa de embasamento e provocação: Joseph Goebels, Ministro da Propaganda na Alemanha nazista, dizia que não se poderia dominar o povo com/através de argumentos, pois argumentos poderiam ser confrontados no nível do discurso, haveria de atingir onde não pudessem concatenar lógicas de pensamento, ou seja em suas "emoções")
O governo Lula potencializou e estendeu a vida do miserável; viverá miseravelmente, durante muito tempo.
Como então deixar nas mãos do "consciente paciente da miséria do mundo" o futuro incerto do miserável?
Quanto tempo demora para um sonho ser totalmente destruído? Quanto tempo levará para morrer o sonho do trabalhador que crê uma dia poder escrever uma poesia?
Quanto tempo duram os sem mãe, com filho(s)?
Quanto tempo duram os sem mãe, com filho(s)?
Por quanto tempo permaneceremos "tolos e pobres"²?
A greve representa o rompimento com tudo aquilo que possibilita essas perguntas. Uma greve deve existir uma única vez. Não deve ser como uma festinha que ocorre todo ano. Pois os miseráveis não podem esperar o mesmo tempo que os "inquietos conscientes da miséria". A greve deve atingir o ponto nevrálgico do que vai contra. Deve nascer do estomago ferido do faminto. Deve romper com a caneta do burocrata.
A greve não é um movimento possível, é uma reação prática, uma pronta-resposta, e se objetiva, efetiva e determinante para o definitivo fim de um mal.
Uma greve, sequer deveria ser votada, ela se funda e se auto-explica por uma única razão: um patrão. E onde houver um, eu apoio.
¹ "Os irrdutíveis", Daniel Bensaïd
² Trecho do Discurso de Steve Jobs
nas universidades federais greve não adianta mais de nada. O pior é que os intelectuais, tão distantes da população, não conseguem estabelecer uma maneira de se vincular à sociedade e de fazer ver a necessidade de ensino público (mas não gratuito, porque o povo paga...). Não conseguem criar uma nova forma de mobilizar e sensibilizar a sociedade pras nossas reivindicações: Pra quê universidade pública?
ResponderExcluirConcordo Luca!
ResponderExcluirAcho que há, sobretudo, em "mestres" e estudantes pouco ação prática com o povo, como você disse,responsáveis para que a tal universidade exista e ao mesmo tempo estão distante dela.
A greve, falando por exemplo da unifesp-guarulhos, tem problemas de construção muito mais pela noção de processo - como por exemplo terminá-la antes de se conseguir algo - do que necessariamente por uma "inutilidade em si" que se deu historicamente. Há questões práticas, como sabemos: estudantes, mestres dos partidos no poder que, infelizmente, acabam por ser determinantes no processo.
Eu acho que a greve é extremamente necessária, contudo feita como uma espécie de enfrentamento "único e visceral". A regra dos "bocadinhos" acaba por virar demagogia. Só que temos que entender os possíveis rompimentos e conflitos irrevogáveis, e até onde estamos dispostos a ir?
Mas de fato, o que mais entristece é ver a "paumolcência" dos intelectuais, sobretudo aqueles que ficam horas falando sobre práxis, alimentando o fetichezinho deles, de colocarem uma "postura crítica dentro da universidade" - o que diríamos então daqueles que nem disso falam e vêem na metafisica, abstração, a saída ideológica perfeita.