O Coletivo Cinefusão surge, no final de 2008, a partir da iniciativa de trabalhadores de diversas áreas - cinema, jornalismo, publicidade, artes cênicas, filosofia, arquitetura, fotografia -, empenhados em criar primeiramente uma rede colaborativa que pudesse dar conta da junção dessas linguagens e também da possibilidade de abarcar potencialidades em busca de produção artística independente, mas também de reflexões concretas acerca da sociedade. É principalmente sobre este último pilar de atuação política, que o grupo vem, atualmente, pensando o cinema, sempre vinculado a outras expressões artísticas e movimentos sociais.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

AS MULTIDÕES


O tempo congelado belo virtuoso e social olhar de Sebastião Salgado e descrito por Charles Baudelaire.


Não é dado a todo o mundo tomar um banho de multidão: gozar da presença das massas populares é uma arte. E somente ele pode fazer, às expensas do gênero humano, uma festa de vitalidade, a quem urna fada insuflou em seu berço o gosto da fantasia e da máscara, o ódio ao domicílio e a paixão por viagens.
Multidão, solidão: termos iguais e conversíveis pelo poeta ativo e fecundo. Quem não sabe povoar sua solidão também não sabe estar só no meio de uma multidão ocupadíssima.

O poeta goza desse incomparável privilégio que é o de ser ele mesmo e um outro. Como essas almas errantes que procuram um corpo, ele entra, quando quer, no personagem de qualquer um. Só para ele tudo está vago; e se certos lugares lhe parecem fechados é que, a seu ver, não valem a pena ser visitados.

O passeador solitário e pensativo goza de uma singular embriaguez desta comunhão universal. Aquele que desposa a massa conhece os prazeres febris dos quais serão eternamente privados o egoísta, fechado como um cofre, e o preguiçoso. ensimesmado como um molusco. Ele adota como suas todas as profissões, todas as alegrias, todas as misérias que as circunstâncias lhe apresentem.

Isto que os homens denominam amor é bem pequeno, bem restrito, bem frágil comparado a esta inefável orgia, a esta solta prostituição da alma que se dá inteiramente, poesia e caridade, ao imprevisto que se apresenta, ao desconhecido que passa.

É bom ensinar, às vezes, aos felizes deste mundo, pelo menos para humilhar um instante o seu orgulho, que existem bondades superiores às deles, maiores e mais refinadas, Os fundadores de colônias, os pastores de povos, os sacerdotes missionários exilados no fim do mundo conhecem, sem dúvida, alguma coisa dessas misteriosas bebedeiras; e, no seio da vasta família que seu gênio criou, eles devem rir, algumas vezes, dos que se queixam de suas fortunas tão agitadas e de suas vidas tão castas.

Charles Baudelaire

Belas Artes e o tombamento

FONTE: DESTAK

Em reunião ordinária ontem pela manhã, o Conpresp decidiu abrir processo para tombamento do prédio onde fica o Belas Artes, na esquina da avenida Paulista com a rua da Consolação. Após a medida, a diretoria do cinema vai propor a renovação do aluguel.

"O dono pode decidir simplesmente fechar o imóvel e não querer nada funcionando naquele espaço. É um direito dele. A direção do Belas Artes, no entanto, irá propor uma renovação de contrato de locação o quanto antes", disse ao Destak, por e-mail, Léo Mendes, responsável pela programação da sala, após conversar com André Sturm, dono do cinema. 

Segundo a assessoria do Conpresp, nos próximos três meses serão realizados estudos técnicos para decisão quanto ao tombamento definitivo. Se isso não garante que o cinema permaneça aberto, ao menos faz com que o proprietário do imóvel, Flávio Maluf, não altere suas características. Ele pode também, se quiser, utilizar as salas para alguma atividade, mas não transformá-las em uma loja, como é seu desejo. 

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, a loja teria oferecido o triplo do valor que André Sturm, dono do cinema, paga a Maluf. O proprietário recebe, atualmente, R$ 60 mil mensais pelo aluguel do prédio. 

Cinema francês de graça na internet com legendas

Começou no última dia 14 o primeiro festival de cinema francês na internet, com uma grande novidade: você pode assistir a vários filmes de graça. Basta entrar no site www.myfrenchfilmfestival.com e fazer a inscrição.

O festival reúne cerca de 450 distribuidores internacionais, 80 filmes, a metade inéditos, segundo divulgação à imprensa. Na internet serão exibidos longas e curtas franceses inéditos, até o dia 29. Os internautas ainda podem votar nos seus preferidos.

O site e as legendas dos filmes são acessíveis, além do português, em alemão, inglês, francês, espanhol, italiano, português, polonês, árabe e japonês.

fonte: Cinelux

Entra a UPP e entra o mercado. 'Quanto vale ou é por quilo?'

Para Itamar Silva, morador atuante da comunidade de Santa Marta, favela é gente, é cultura, é história, e são as tensões. “Não é cidade cenográfica”

Por Ana Lúcia Vaz, jornalista e professora

Coordenador do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) e do grupo Eco, criado em 1976, Itamar Silva nasceu e mora na favela Santa Marta, na zona sul do Rio de Janeiro. Desde os anos 1970 participa dos movimentos sociais e chegou a ser presidente e diretor da Associação de Moradores ao longo da década de 80. De fala calma e comedida, só altera o tom ao comentar o Jeep Tour, que leva turistas para visitar a favela: “Coisa meio de zoológico, com a qual eu tenho uma implicância absoluta!”

Nesta entrevista, ele observa que a discussão da UPP Social – de prever a elaboração sistemática de políticas públicas que satisfaçam as demandas das populações dos morros historicamente abandonados pelo Estado – é uma contribuição das comunidades. Por intermédio de sua pressão organizada, a política das Unidades de Polícia Pacificadoras deve evoluir para algo que efetivamente funcione na construção da paz nos ambientes dominados pela violência, dos bandidos e da polícia.

Houve alguma mudança no perfil da mobilização comunitária com a chegada da UPP no morro Dona Marta?

Quando você quer fazer um trabalho com autonomia, a tensão é permanente. Com o tráfico e com a polícia. Se você quer trabalhar a cidadania dos moradores de favela, o direito de expressão, você vai bater sempre nas regras estabelecidas.

A mídia diz que a postura da comunidade mudou, está mais colaborativa com a polícia. Existe mesmo essa mudança?

Eu acho que é uma perversidade com os moradores, nesse momento, você usar e maximizar isso. Eles pegam depoimentos de apoio à polícia e apresentam como um marco de apoio e colaboração absoluto com a polícia. Eu desconfio disso. O morador nunca teve rejeição à polícia. Ele convive com a dinâmica do tráfico, e percebe que a polícia, ao longo dos anos, fortaleceu essa dinâmica. O tráfico não é o grande mal. O mal é essa dinâmica, em que a polícia é parte dela.

Mas houve mais colaboração, na invasão do Complexo do Alemão.

Eu não tenho elementos para falar do que acontece no Alemão. Minha hipótese é que, dessa vez, convergiram para o Alemão muitos traficantes que não eram dali. Então o medo fica muito maior. E, ainda vendo pela televisão a construção de um cenário de carnificina, o morador ficou refém desse medo. Eu imagino que quem mora lá dentro não tinha certeza se ia sobreviver. Então, você diz “amém” para qualquer coisa que venha para estabelecer uma ordem, um cotidiano. Por isso esse apoio mais explícito à polícia. Isso não significa apoio incondicional. A história da polícia na favela, de desrespeito a direitos, é muito longa. Não existe mágica para, de uma hora para outra, os moradores acharem que a polícia é solução. Mas morador também quer segurança. Então, se a polícia promete essa segurança, e não houve a carnificina que se anunciava, o morador tem que apostar nisso. Se não, qual a alternativa?

Mas há muitas denúncias de abuso da polícia por lá. No Santa Marta, vocês fizeram uma Cartilha sobre Abordagem Policial. Parece um problema comum.

A Cartilha foi muito importante. Uma iniciativa do Fiell (rapper e cineasta), que o grupo Eco apoiou. Chamava a atenção dos moradores para o fato de que a gente tem direitos, como cidadãos, que devem ser respeitados pela polícia. Tinha a ver com a forma de o policial se dirigir ao cidadão, de fazer a revista, trazendo esse debate do direito para dentro da favela. Claro que a polícia ficou meio pau da vida com isso. Mas foi interessante porque jogou luz sobre a importância da forma de a polícia se comportar na favela. Não há como ter um policiamento constante na favela sem tensão. Porque a festa, a juventude, a vida não estão subordinados à lei do quartel. Essa tensão é parte do processo, mas diminuiu bastante.

E a UPP Social?

No Santa Marta, ainda não entrou. Como foi a primeira, tem uma enxurrada de projetos que chegaram lá. Eu acho que a UPP Social é uma resposta à crítica que a gente fez muito fortemente, no início da UPP. Junto com outras favelas, começamos a fazer uma discussão sobre qual é o papel da polícia, porque eles estavam juntando tudo no mesmo saco. Só que a polícia não é assistente social. A pressão foi pra tirar o social desse guarda-chuva. A UPP Social foi uma resposta a isso.

E você concorda que onde não há UPP é difícil a atuação do Estado?

É mentira. O Estado está presente nas favelas desde a década de 80. Só que está de forma fragmentada, desarticulada, clientelista e descontinuada. Pode ser que, agora, o Estado queira entrar sem negociação. Mas o Estado sempre entrou e negociou com o tráfico. Isso é duro de dizer, mas é isso. E, de certa forma, fortaleceu o poder do tráfico nesses territórios. Quantos candidatos aceitaram que o tráfico fechasse o morro pra eles?

Em algumas favelas ocupadas, fala-se no risco de exclusão dos pobres desses territórios.

Acho que é uma ameaça real. Qual é a política para as favelas? Controle e redução do território. O Santa Marta é um exemplo acabado dessa política: isolamento, controle, delimitação e redução do território. Se você junta isso ao que eles estão chamando de formalização da favela... Em dezembro de 2008, entra a UPP no Santa Marta e a primeira iniciativa é construir o muro “para a favela não invadir a mata”. Depois veem as câmeras de segurança. Agora, o projeto de urbanização prevê a remoção de parte dos barracos que estão na parte mais alta do morro para fazer um parque florestal. E, finalmente, a formalização. Acabaram com o gatonet e a Sky está vendendo a rodo, porque sem uma assinatura (de TV a cabo) o sinal é muito ruim. A Light aproveitou a carona. Em Janeiro de 2011, os moradores começam a pagar a energia elétrica, que é uma das tarifas que mais subiram nos últimos anos. Daqui a pouco chega o IPTU. Agora, está-se tentando tirar da informalidade o comércio local, as biroscas que estão lá há décadas. Eu não sei até que ponto moradores e comerciantes vão suportar a pressão.

Entra a UPP e entra o mercado.

É essa a lógica. A ideia é que “os pobres têm direito ao mercado”. Não sou contra a formalização, contanto que você crie mecanismo para manter o morador lá. Não existe essa discussão. Porque a lógica é jogar para o mercado: o mercado resolve.

E as atividades culturais que estão entrando?

Isso é um outro dado. Por exemplo, um bloco do Leblon chamado Espanta Neném aluga a quadra da escola de samba, uma vez por mês, para um evento chamado “Morro de Alegria”, patrocinado pela Ambev. Levam artistas de nome, como Martnália, Dicró... Vem gente de tudo que é lado. Só classe média! Não tem ninguém do Santa Marta. Mas o apelo é o Santa Marta. Aí eles dizem: “Não, a gente quer fazer trabalho social também”. Na verdade é um tipo de negócio, um uso da imagem da localidade para expandir a lógica do mercado. Isso é água de morro abaixo, você não segura. A minha preocupação é a favela cenográfica. A favela, pra mim, é gente, é cultura, é a história, são as tensões. De repente você vai ter um cenário, sem conteúdo. Você coloca qualquer coisa por cima.

Fonte: Núcleo Piratininga de Comunicação


Acima o trecho do filme de Sergio Bianchi "Quanto Vale ou é por quilo?", o filme deixa bastante claro, sobretudo a relação do mercado dentro das favelas e com parcela excluída da sociedade pelo viés da caridade de fachada.


O site filestube disponibiliza o filme para download: http://www.filestube.com/964e653e6c3d5f2103e9,g/Quanto-Vale-Ou-%C3%89-Por-Quilo-torrent.html

Nova Manifestação contra o aumento da tarifa de ônibus, dia 20(quinta)


sábado, 15 de janeiro de 2011

Carlos Latuff - cartunista e ativista político brasileiro

Bala de borracha usada pela PM de São Paulo contra estudantes





Para conhecer mais o trabalho de Carlos Latuff - http://twitpic.com/photos/CarlosLatuff

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Estamos aqui para manter a ordem! - Manifestação contra o aumento da tarifa de ônibus

Esse foi o "pequeno" confronto com a polícia. 



Fonte do Video: Página de Carlos Latuff - Youtube 

Ao contrário do que anunciava a grande imprensa, o confronto que chamava de 'pequeno' teve proporções um pouco maiores.


Ainda me assusta - É! O hábito ainda não me calejou - a dedicação desses homens para nem sabem o que.


No final do video abaixo, tive de parar de filmar, porque um dos policiais apontou para mim, ordenando aos outros que atirassem, e foi o que fizeram.


Chega a ser engraçado as discussões que são geradas pós esses conflitos, sempre com teor ideológico e nunca baseado nos fatos. Nunca precisei ser nenhum teórico para entender que esses caras, sejam lá o motivo pelo qual escolheram ser policiais, não estão e nunca estiveram aí para proteger a mim ou as pessoas no vídeo. E também não estou entrando no mérito de treinamento, salário ou seja lá o que for. Até porque para reprimir uma manifestação contra o aumento da tarifa de ônibus se mostraram dispostos, armados e não pareciam tão mal treinados assim.  

E também não quero cair somente numa vitimização do movimento e demonização dos policiais, é claro que esses homens são explorados e desprovidos de qualquer ideologia - que é mais assustador, pois trabalham como cães que num grito se põem a ladrar e perseguir seus iguais -, mas no momento prefiro não discorrer sobre o assunto, não é o objetivo. Em posts anteriores, se interessar, deixo mais claro meu ponto de vista sobre as instituições "Polícia";"Tráfico";"Estado":


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Video de Danilo Santos - Coletivo Cinefusão


Manifestação contra o aumento da tarifa de ônibus: Bombas de efeito moral, repressão, cassetetes e prisões. Nada fora do normal

Foto de Danilo Santos - Coletivo Cinefusão

Hoje, às 17h houve mais uma manifestação contra o aumento da tarifa de ônibus na cidade de São Paulo.

Ao contrário do que a grande mídia divulgou, sim houve confronto e não se pode dizer que foi 'pequeno', como afirma o site R7. A polícia utilizou de todo aparato que dispõe e prendeu alguns militantes - ainda não se tem o número.

Um homem, de aproximadamente 45 anos, foi imobilizado, seu rosto colado contra o asfalto, pois os policiais alegavam que o celular que estava em sua mão parecia uma arma.

A prefeitura, como sempre, não se pronunciou.

 Foto de Danilo Santos - Coletivo Cinefusão
Foto de Danilo Santos - Coletivo Cinefusão

Foto de Danilo Santos - Coletivo Cinefusão

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Cineclube Cinefusão apresenta o ciclo "Cinema e Culturas Marginais"

Para iniciar 2011, o Coletivo Cinefusão anuncia o retorno do Cineclube Cinefusão com o ciclo “Cinema e Culturas Marginais”. A nossa proposta para esse semestre é apresentar um panorama de filmes realizados por cineastas de culturas não tão conhecidas e distantes de um senso comum, marcado pelo ocidentalismo europeu e estadunidense, que produz o cinema comercial que é divulgado massivamente. Assim, serão priorizadas obras que nasceram no âmago dessas culturas ou que abordem o modo de vida delas. Esperamos com esse novo ciclo, trazer uma possibilidade de trocas e, principalmente, à luz da barbárie neoliberal, discutir sem qualquer tipo de preconceitos quais são as motivações que levam as sociedades a concepções de mundo tão distintas. Para a primeira sessão, pensamos que, em tempos de repressões policiais e governamentais tão cruéis, nada mais simbólico do que homenagearmos o cineasta iraniano Jafar Panahi e declararmos o nosso repúdio à prisão de tal artista. Jafar foi condenado a 6 anos de prisão e não poderá filmar ou deixar o Irã durante os próximos 20 anos, por “participação em reuniões e propaganda contra o regime islamita”. Semelhanças com o nosso regime de 64 a parte, recentemente Kassab mandou prender os artistas de rua da cidade de São Paulo, relembrando-nos que os reacionários estão por toda parte. Na primeira sessão do ano, exibiremos o belo “Ouro Carmin”, que teve uma série de cortes pela censura iraniana por revelar as contradições da capital do país. A sessão será no próximo domingo, dia 13 de janeiro, às 18h30, à rua Augusta, 1239, conj 13 e 14.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Chico Buarque e a TV Globo

Vídeo para refletirmos sobre a série "Amor em 4 atos" que a globo vem apresentando com músicas do Chico Buarque. Algumas famílias dominando os meios de comunicação no Brasil e reproduzindo os discursos que já foram contra dominação, como forma de fingir democracia e, principalmente, bom gosto.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Mostra de Hou Hsiaou Hsien em Brasília


O CCBB Brasília realiza até o dia 16 de janeiro, a projeção de películas do cineasta taiwanês Hou Hsiao-Hsien, na mostra “Cinema de Memórias Fragmentadas” com entrada gratuita.

A retrospectiva abrange além dos 17 filmes em longa-metragem – todos títulos inéditos no circuito comercial brasileiro –, o longa O homem-sanduíche (The SandwichMan/Er zi de da wan’ou, 1983), filme chave do novo cinema de Taiwan que é composto por três curtas-metragens.


Confira a programação: http://catracalivre.folha.uol.com.br/2011/01/mostra-de-hou-hsiaou-hsien/

Fonte: Catraca Livre

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Manifestação contra o aumento da tarifa de ônibus. Esta quinta(13/01)!


13/01/2011 (quinta-feira) às 17h.
Concentração no TEATRO MUNICIPAL (próximo ao metrô Anhangabaú)

Todos os aumentos diminuem a nossa possibilidade de circulação na cidade. Um acrescimento no preço das passagens significa a exclusão de mais pessoas do sistema de transporte coletivo.
É necessário mudar a lógica do transporte coletivo; ele precisa respeitar o interesse daqueles que de fato o utiliza.

Impedir esse aumento e mudar a forma como o transporte é organizado depende de nós, usuários e usuárias. Todos sabem que o aumento é um absurdo e dificulta ainda mais nosso deslocamento na cidade, mas é necessário que esta insatisfação individual transforme-se em MOBILIZAÇÃO COLETIVA.

FONTE: Movimento Passe Livre


domingo, 9 de janeiro de 2011

Je Vous Salue Sarajevo (1993) - Jean-Luc Godard

"De certa forma, medo* é a filha de Deus, redimida na noite de sexta-feira santa. Ela não é bela, é zombada, amaldiçoada e renegada por todos. Mas não entenda mal, ela cuida de toda agonia mortal, ela intercede pela humanidade.

Pois há uma regra e uma exceção. Cultura é a regra. E arte a exceção. Todos falam a regra: cigarro, computador, camisetas, TV, turismo, guerra. Ninguém fala a exceção. Ela não é dita, é escrita: Flaubert, Dostoyevski. É composta: Gershwin, Mozart. É pintada: Cézanne, Vermeer. É filmada: Antonioni, Vigo. Ou é vivida, e se torna a arte de viver: Srebenica, Mostar, Sarajevo. A regra quer a morte da exceção. Então a regra para a Europa Cultural é organizar a morte da arte de viver, que ainda floresce.

Quando for hora de fechar o livro, Eu não terei arrependimentos. Eu vi tantos viverem tão mal, e tantos morrerem tão bem."


Jean-Luc Godard


Medo = "Peur" em francês a palavra é de gênero feminino, por isso, para não alterar a legenda já vinda com o vídeo, mantemos o original.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Experiências de um anarquista no serviço militar americano


"Se a terra é um direito, ocupar é um dever"



Existem atualmente no Estado de São Paulo cerca de 2.800 famílias vivendo em acampamentos, reivindicando o direito à um pedaço de terra. Entraram na luta do MST por necessitarem de trabalho, comida e moradia. Lutam para serem assentadas e viverem em comunidades, com acesso à educação, à saúde, cultura e meios de produção.

Boa parte dessas famílias está nessa situação há 8 anos, pois a política aplicada hoje tanto em âmbito estadual como também no âmbito Federalpriorizou o agronegócio em detrimento de uma política de Reforma Agrária que beneficiaria a maioria da população brasileira, gerando com isso trabalho, distribuição de renda, alimentação saudável sem envenenamento dos agrotóxicos, uma política habitacional.  

As famílias acampadas no estado de São Paulo seguem sem uma resposta concreta a respeito de sua situação.  E além daquelas que vivem debaixo da lona preta, boa parte dos assentamentos ainda não estão regularizados pelo INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma  Agrária), ou só com parte da área liberada. Isso ainda com o agravante das famílias assentadas não estarem tendo o apoio necessário para o seu desenvolvimento, como escolas, acesso à saúde, estradas, água, energia elétrica e condições de produção e comercialização, que são direitos garantidos pela constituição. Porém os recursos que tem sido destinados aos assentamentos não dão conta de cumprir sequer com um dos itens citados. A situação de grande parte dos assentamentos é precária, pois a reivindicação pela concessão de créditos para implementação de agroindústrias nos assentamentos permanece sem ser atendida. Os assentamentos no estado de São Paulo se deparam também com a falta de Assistência Técnica, tanto da parte do INCRA, como também da parte do ITESP (Instituto de Terras do Estado de São Paulo). 


Frente à indiferença do governo diante da demanda por uma política de Reforma Agrária no Estado de São Paulo, cerca de 300 acampados, assentados, militantes e aliados do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ocuparam nessa manhã do dia 05 de janeiro de 2011 a Fazenda Martinópolis, em Serrana, região de Ribeirão Preto. 

A fazenda foi arrematada pelo governo do estado em 1992, porém em 2002 a decisão foi revogada. A área pertence à Usina Nova União, que tem uma dívida de 300 milhões de reais devido a sonegação de ICMS, além de dívida trabalhista com 600 trabalhadores funcionários referente a 2010 e condenações por crimes ambientais.

Por volta das seis horas da manhã dessa dessa sexta feira,dia 07 de janeiro, a Polícia Militar do Estado de SP cercou o acampamento Alexandra Kollontai com o pedido de reintegração de posse, junto ao pedido de prisão dos militantes identificados como lideranças. Desde a então ocorre tensa negociação entre os Ocupantes da Usina Nova União e a Polícia Militar. O Movimento vem tentando fazer contato com advogados e parlamentares aliados da luta pela terra para ajudar nas negociações.


Fonte: Movimento 27 de março

RETROSPECTIVA DE CLÁSSICOS NO CINE BELAS ARTES

O tradicional Cinema Belas Artes encerra suas atividades no dia 27 de janeiro de 2011, mas antes irá prestigiar seus fiéis e entusiastas frequentadores com uma retrospectiva que conta com os maiores títulos exibidos em suas salas ao longo dos 68 anos de sua rica história, e também uma seleção especial com outros grandes clássicos do cinema mundial.

Diariamente, de 14 a 27 de janeiro, os Sucessos do Belas Artes serão exibidos às 18h30, e os Clássicos Cult, às 21hs.

Os ingressos destas sessões custará R$4,00.

Segue abaixo a programação da RETROSPECTIVA:

dia 14
18:30h - “As Bicicletas de Belleville” (França, 2003; de Sylvain Chomet)
21:00h - “Amores Expressos” (China, 1994; de Wong Kar-wai)

dia 15
18:30h - “Morte em Veneza” (Itália, 1971; de Luchino Visconti)
21:00h - “O Encouraçado Potemkin” (Rússia, 1925; de Serguei Eisenstein)


Gustav Von Aschenbach em "Morte em Veneza"
dia 16
18:30h - “Paixão Selvagem” (França, 1976; de Serge Gainsbourg)
21:00h - “A Regra do Jogo” (França, 1939; de Jean Renoir)

dia 17
18:30h - “Meu Tio” (França, 1958; de Jacques Tati)
21:00h - “Segunda-Feira ao Sol” (Espanha, 2002; de Fernando León de Aranoa)

dia 18
18:30h - “O Ilusionista” (EUA/República Tcheca, 1976; de Neil Burger)
21:00h - “Música e Fantasia” (Itália, 1976; de Bruno Bozzetto)

dia 19
18:30h - (a confirmar)
21:00h - “ Lúcia e o Sexo” (Espanha, 2001; de Julio Medem)

dia 20
18:30h - “ Cría Cuervos” (Espanha, 1976; de Carlos Saura)
21:00h - “O Balão Vermelho” (França, 1956; de Albert Lamorisse)



dia 21
18:30h - (a confirmar)
21:00h - “A Lei do Desejo” (Espanha, 1987; de Pedro Almodóvar)

dia 22
18:30h - “Pai Patrão” (Itália, 1977; de Paolo e Vittorio Taviani)
21:00h - “Apocalypse Now” (EUA, 1979; de Francis Ford Coppola)

dia 23
18:30h - “Gritos e Sussurros” (Suécia, 1972; de Ingmar Bergman)
21:00h - “O Passageiro – Profissão: Repórter” (Itália, 1975; de Michelangelo Antonioni)

dia 24
18:30h - “Z” (França, 1969; de Costa-Gravas)
21:00h - “Quanto Mais Quente Melhor” (EUA, 1959; de Billy Wilder)

dia 25
18:30h - “ Crônica do Amor Louco” (Itália, 1981; de Marco Ferreri)
21:00h - “A Guerra dos Botões” (França, 1962; de Yves Robert)

dia 26
18:30h - “Johnny Vai á Guerra” (EUA, 1971; de Dalton Trumbo)
21:00h - "Vestida Para Matar” (EUA, 1980; de Brian de Palma)

dia 27
18:30h - “Possessão” (Alemanha/França, 1981; de Andrzej Zulawski)
21:00h - “A Malvada” (EUA, 1950; de Joseph L. Mankiewicz)

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Discurso de posse proferido pela nova ministra da Cultura, Ana de Hollanda.


Excelentíssimos Srs. ministros e ministras, senadores e deputados, demais autoridades presentes, caríssimos servidores do Ministério da Cultura do Brasil, 

Minhas amigas, meus amigos, boa tarde. 

Antes de mais nada, quero dizer que é com alegria que me encontro aqui hoje. Uma espécie de alegria que eu talvez possa definir como uma alegria densa. Porque este é, para mim, um momento de emoção, felicidade e compromisso. 

Sinto-me realmente honrada por ter sido escolhida, pela presidenta Dilma Rousseff, para ser a nova ministra da Cultura do meu país. 

Um momento novo está amanhecendo na história do Brasil – quando, pela primeira vez, uma mulher assume a Presidência da República. Por essa razão, me sinto também privilegiada pela escolha. Também é a primeira vez que uma mulher vai assumir o Ministério da Cultura. E aqui estou para firmar um compromisso cultural com a minha gente brasileira. 

Durante a campanha presidencial vitoriosa, a candidata Dilma lembrou muitas vezes que sua missão era continuar a grande obra do presidente Lula. Mas nunca deixou de dizer, com todas as letras, que "continuar não é repetir". 

Continuar é avançar no processo construtivo. E quando queremos levar um processo adiante, a gente se vê na fascinante obrigação de dar passos novos e inovadores. Este será um dos nortes da nossa atuação no Ministério da Cultura: continuar – e avançar. 

A política cultural, no governo do presidente Lula, abriu-se em muitas direções. O que recebemos aqui, hoje, é um legado positivo de avanços democráticos. É a herança de um governo que se compenetrou de sua missão de fomentador, incentivador, financiador e indutor do processo de desenvolvimento cultural do país. 

Sua principal característica talvez tenha sido mesmo a de perceber que já era tempo de abrir os olhos, de alargar o horizonte, para incorporar segmentos sociais até então desconsiderados. E abrigar um conjunto maior e mais variado de fazeres artísticos e culturais. Em consequência disso, muitas coisas, que andavam apagadas, ganharam relevo: grupos artísticos, associações culturais, organizações sociais que se movem no campo da cultura. E se projetou, nas grandes e médias cidades brasileiras, o protagonismo colorido das periferias. 

É claro que vamos dar continuidade a iniciativas como os Pontos de Cultura, programas e projetos do Mais Cultura, intervenções culturais e urbanísticas já aprovadas ou em andamento – como as ações urbanas previstas no PAC 2, com suas praças, jardins, equipamentos de lazer e bibliotecas. E as obras do PAC das Cidades Históricas, destinadas a iluminar memórias brasileiras. Enfim, minha gestão jamais será sinônimo de abandono do que foi ou está sendo feito. Não quero a casa arrumada pela metade. Coisas se desfazendo pelo caminho. Pinturas deixadas no cavalete por falta de tinta. 

Quero adiantar, também, que o Ministério da Cultura vai estar organicamente conectado – em todas as suas instâncias e em todos os seus instantes – ao programa geral do governo da presidenta Dilma. Às grandes metas nacionais de erradicar a miséria, garantir e expandir a ascensão social, melhorar a qualidade de vida nas cidades brasileiras, promover a imagem, a presença e a atuação do Brasil no mundo. A chama da cultura e da criatividade cultural brasileira deverá estar acesa no coração mesmo de cada uma dessas grandes metas. 

Erradicar a miséria, assim como ampliar a ascensão social, é melhorar a vida material de um grande número de brasileiros e brasileiras. Mas não pode se resumir a isso. Para a realização plena de cada uma dessas pessoas, tem de significar, também, acesso à informação, ao conhecimento, às artes. É preciso, por isso mesmo, ampliar a capacidade de consumo cultural dessa multidão de brasileiros que está ascendendo socialmente. 

Até aqui, essas pessoas têm consumido mais eletrodomésticos – e menos cultura. É perfeitamente compreensível. Mas a balança não pode permanecer assim tão desequilibrada. Cabe a nós alargar o acesso da população aos bens simbólicos. Porque é necessário democratizar tanto a possibilidade de produzir quanto a de consumir. 

E aproveito a ocasião para pedir uma primeira grande ajuda ao Congresso, aos senadores e deputados agora eleitos ou reeleitos pela população brasileira: por favor, vamos aprovar, este ano, nesses próximos meses, o nosso Vale Cultura, para que a gente possa incrementar, o mais rapidamente possível, a inclusão da cultura na cesta do trabalhador e da trabalhadora. Cesta que não deve ser apenas "básica" – mas básica e essencial para a vida de todos. Em suma, o que nós queremos e precisamos fazer é o casamento da ascensão social e da ascensão cultural. Para acabar com a fome de cultura que ainda reina em nosso país. 

A mesma e forte chama da cultura e da criatividade do nosso povo deve cintilar, ainda, no solo da reforma urbana e no horizonte da afirmação soberana do Brasil no mundo. Arquitetura é cultura. Urbanismo é cultura. Na visão tradicional, arquitetura e urbanismo só são "cultura" quando a gente olha para trás, na hora de tombamentos e restaurações. Isso é importante, mas não é tudo. Arquitetura e urbanismo são cultura, também, no momento presente de cada cidade e na criação de seus desenhos e possibilidades futuras. Hoje, diante da crise geral das cidades brasileiras, isso vale mais do que nunca. 

O que não significa que vamos passar ao largo da vida rural, como se ela não existisse. O campo precisa de um "luz para todos" cultural. 

De outra parte, o Ministério da Cultura tem de realmente começar a pensar o Brasil como um dos centros mais vistosos da nova cultura mundial. 

Quero ainda assumir outro compromisso, que me alegra ver como uma homenagem ao nosso querido Darcy Ribeiro. Estaremos firmes, ao lado do Ministério da Educação, na missão inadiável de qualificar o ensino em nosso país. Se o Ministério da Educação quer mais cultura nas escolas, o Ministério da Cultura quer estar mais presente, mediando o encontro essencial entre a comunidade escolar e a cultura brasileira. Um encontro que há muito o Brasil espera – e onde todos só temos a ganhar. 

Pelo que desde já se pode ver, o Ministério da Cultura, na gestão de Dilma Rousseff, não será uma senhora excêntrica, nem um estranho no ninho. Vai fazer parte do dia-a-dia das ações e discussões. Vai estreitar seus laços de parentesco no espaço interno do governo. Mas, para que tudo isso se realize, na sua plenitude, não podemos nos esquecer do que é mais importante. 

Tudo bem que muita gente se contente em ficar apenas deslizando o olhar pela folhagem do bosque. Mas a folhagem e as florações não brotam do nada. Na base de todo o bosque, de todo o campo da cultura, está a criatividade. Está a figura humana e real da pessoa que cria. Se anunciamos tantos projetos e tantas ações para o conjunto da cultura, se aceitamos o princípio de que a cultura é um direito de todos, se realçamos o lugar da cultura na construção da cidadania e no combate à violência, não podemos deixar no desamparo, distante de nossas preocupações, justamente aquele que é responsável pela existência da arte e da cultura. 

Visões gerais da questão cultural brasileira, discutindo estruturas e sistemas, muitas vezes obscurecem – e parecem até anular – a figura do criador e o processo criativo. Se há um pecado que não vou cometer, é este. Pelo contrário: o Ministério vai ceder a todas as tentações da criatividade cultural brasileira. A criação vai estar no centro de todas as nossas atenções. A imensa criatividade, a imensa diversidade cultural do povo mestiço do Brasil, país de todas as misturas e de todos os sincretismos. Criatividade e diversidade que, ao mesmo tempo, se entrelaçam e se resolvem num conjunto único de cultura. Este é o verdadeiro milagre brasileiro, que vai do Círio de Nazaré às colunatas do Palácio da Alvorada, passando por muitas cores e tambores. 

Sim. A riqueza da cultura brasileira é um fato que se impõe mesmo ao mais distraído de todos os observadores. Já vai se tornando até uma espécie de lugar comum reconhecer que a nossa diversidade artística e cultural é tão grande, encantadora e fascinante quanto a nossa biodiversidade. E é a cultura que diz quem somos nós. É na criação artística e cultural que a alma brasileira se produz e se reconhece. Que a alma brasileira brilha para nós mesmos – e rebrilha para o mundo inteiro. 

E aqui me permitam a nota pessoal. Mas é que não posso trair a mim mesma. Não posso negar o que vi e o que vivi. Arte e cultura fazem parte – ou melhor, são a minha vida desde que me entendo por gente. Vivência e convivência íntimas e já duradouras. Nasci e cresci respirando esse ar. Com todos os seus fluidos, os seus sopros vitais, as suas revelações, os seus aromas, as suas iluminuras e iluminações… E nesse momento eu não poderia deixar de agradecer ao meu pai e à minha mãe, que me abriram a mente para assimilar o sentido de todas as linguagens artísticas e culturais. É por isso mesmo que devo e vou colocar, no centro de tudo, a criação e a criatividade. O grande, vivo e colorido tear onde milhões de brasileiros tecem diariamente a nossa cultura. 

A criatividade brasileira chega a ser espantosa, desconcertante, e se expressa em todos os cantos e campos do fazer artístico e cultural: no artesanato, na dança, no cinema, na música, na produção digital, na arquitetura, no design, na televisão, na literatura, na moda, no teatro, na festa. 

Pujança – é a palavra. E é esta criatividade que gira a roda, que move moinhos, que revela a cara de tudo e de todos, que afirma o país, que gera emprego e renda, que alegra os deuses e os mortais. Isso tem de ser encarado com o maior carinho do mundo. Mas não somente com carinho. Tem de ser tratado com carinho e objetividade. E é justamente por isso que, ao assumir o Ministério da Cultura, assumo também a missão de celebrar e fomentar os processos criativos brasileiros. Porque, acima de tudo, é tempo de olhar para quem está criando. 

A partir deste momento em que assumo o Ministério da Cultura, cada artista, cada criadora ou criador brasileiro, pode ter a certeza de uma coisa: o meu coração está batendo por eles. E o meu coração vai saber se traduzir em programas, projetos e ações. 

Sei que, neste momento, a arte e a cultura brasileiras já nos brindam com coisas demais à luz do dia, à luz da noite, em recintos fechados e ao ar livre. E vamos estimular e fortalecer todas elas. Objetivamente, na medida do possível. E subjetivamente, na desmedida do impossível. Mas sei, também, que coisas demais ainda estão por vir, das extensões amazônicas à amplidão dos pampas, passeando pelos assentamentos da agricultura familiar, por fábricas e usinas hidrelétricas, por escolas e canaviais, por vilas e favelas, praias e rios – entre o computador, o palco e a argila. Porque, no terreno da cultura, para lembrar vagamente, e ao inverso, um verso de Drummond, todo barro é esperança de escultura. 

É preciso descentralizar, sim. Mas descentralizar sem deserdar. É preciso dar formação e ferramentas aos novos. Mas garantindo a sustentação objetiva dos seus fazeres. Porque, como disse, muita coisa ainda se move em zonas escuras ou submersas, sem ter meios de aflorar à superfície mais viva de nossas vidas. É preciso explorar essas jazidas. Explorar a imensa riqueza desse "pré-sal" do simbólico que ainda não rebrilhou à flor das águas imensas da cultura brasileira. 

Por tudo isso é que devo dizer que a atuação do Ministério da Cultura vai estar sempre profundamente ligada às raízes do Brasil. Pois só assim vamos nos entender a nós mesmos. E saber encontrar os caminhos mais claros do nosso futuro. 

Minhas amigas e meus amigos, antes de encerrar, quero me dirigir às trabalhadoras e aos trabalhadores deste Ministério. De uma forma breve, mais breve do que gostaria, mas a gente vai ter muito mais tempo para conversar. De momento, quero apenas dizer o seguinte: seremos todos, aqui, servidores realmente públicos. Vou precisar, passo a passo, da dedicação de todos vocês. Vamos trabalhar juntos, somar esforços, multiplicar energias, das menores tarefas cotidianas, no dia-a-dia deste Ministério, às metas maiores que desejamos realizar em nosso país. 

Em resumo, é isso. O que interessa, agora, é saber fazer. Mas, também, saber escutar. Quero que a minha gestão, no Ministério da Cultura, caiba em poucas palavras: saber pensar, saber fazer, saber escutar. Mas tenho também o meu jeito pessoal de conduzir as coisas. E tudo – todas as nossas reflexões, todos os nossos projetos, todas as nossas intervenções –, tudo será feito buscando, sempre, o melhor caminho. Com suavidade – e firmeza. Com delicadeza – e ousadia. 

Mas, volto a dizer, e vou insistir sempre: com a criação no centro de tudo. A criação será o centro do sistema solar de nossas políticas culturais e do nosso fazer cotidiano. Por uma razão muito simples: não existe arte sem artista. 

Muito obrigada.
Ana de Hollanda

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Em "tributo a nossa cultura do cifrão": Pink Floyd - $ Money $

Enquanto o país é tomado por "qual clube se apossará de Ronaldinho Gaúcho", o aumento da passagem de ônibus sobe, o belas artes vai fechar, sucateamento das universidades públicas, da cultura cada vez maiores, mas as coisas vão bem...

Em "tributo a nossa cultura do cifrão":

Após 68 anos, Belas Artes vai fechar as portas em São Paulo

FONTE: FOLHA ONLINE, REPORTAGEM DE ANA PAULA SOUSA


O Belas Artes, um dos mais antigos cinemas de São Paulo, se prepara para as últimas sessões. No dia 30 de dezembro, uma notificação judicial avisou: o imóvel, na esquina da avenida Paulista com a rua da Consolação, tem de ser entregue até fevereiro.

Terminará, assim, uma história iniciada em 1943. Terminarão assim os "Noitões" que, nos últimos anos, chegaram a reunir, madrugada adentro, mil pessoas.

A ameaça de fechamento do cinema veio a público em março de 2010, quando o HSBC pôs fim ao patrocínio. André Sturm, o proprietário, começou então a bater à porta de algumas empresas, atrás de nova parceria.

Conversa daqui, conversa dali e, em novembro passado, foi acertado novo apoio. A minuta do contrato estava sendo finalizada quando veio a surpresa. "O proprietário disse que queria o imóvel de volta porque ia abrir uma loja lá", diz Sturm.

Sturm conta que havia se comprometido a pagar um novo valor de aluguel, de R$ 65 mil, assim que fechasse o patrocínio. "Tínhamos um acordo, mas ele não cumpriu", diz o dono do cinema.

Procurado, o proprietário do imóvel, Flávio Maluf (que não é filho de Paulo Maluf), não precisou sequer ouvir uma pergunta. A identificação da reportagem da Folha foi suficiente para que dissesse não ter nada a declarar.

"Ligue para o meu advogado", recomendou. Enquanto ditava nome e telefone, interrompeu a fala e perguntou: "Mas é a respeito do quê?". Informado, ensaiou uma explicação: "Perderam o prazo... Não tenho nada a declarar". O advogado não retornou as ligações.

Maluf passou a responder pelo imóvel há dois anos, quando seu pai morreu. "Venceu a visão mesquinha", diz Sturm. 


Ontem, os 32 funcionários receberam o aviso prévio. 


ÚLTIMA FASE


Sturm assumiu o cinema em 2002, quando os antigos proprietários decretaram o negócio inviável. O espaço, de fato, estava com as instalações decadentes e a programação descaracterizada. 


Vieram a seguir a sociedade com a O2, produtora do cineasta Fernando Meirelles e, em 2003, o apoio do HSBC.


A ameaça do fim, em 2010, fez com que, no ano passado, a cidade se mobilizasse para salvar o Belas Artes. A campanha tanto deu resultado que o patrocínio chegou.


Dentre as marcas que esta última fase deixará estão o "Noitão" e a longa permanência de alguns filmes.


Pelo menos quatro títulos ficaram mais de um ano em cartaz: "O Filho da Noiva", "Bicicletas de Belleville", "2046 - os Segredos do Amor" e "Medos Privados em Lugares Públicos".


CINEFILIA

A tradição cinéfila do espaço firmou-se na década de 70. O cinema pertencia ao grupo francês Gaumont que, além de exibidor e distribuidor, era produtor de cineastas autorais, como Fellini e Antonioni. 

Na década de 80, foram muitos os cineastas brasileiros a escolher o Belas Artes como tela preferencial para suas estreias e foram muitos os espectadores a formar filas na Paulista, para conseguir um lugar nas sessões de "Daunbailó", de Jim Jarmusch, e "Terra dos Bravos", de Laurie Anderson. 

Para evitar que toda essa memória se esvaia do dia para a noite, Sturm fará, a partir do dia 14, duas retrospectivas. Uma trará clássicos do cinema. Outra, clássicos do Belas Artes. E não é só: "Meu compromisso é abrir outro cinema do mesmo tipo. Já tenho lugares em vista."

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Mostra fotográfica de Mario Tursi

Wealthy Homeowner (Gangues de Nova York)
Foto de Mario Tursi


Com mais de 70 fotos, pela primeira vez em São Paulo, a mostra fotográfica de Mario Tursi, apresenta imagens clássicas e inéditas de grandes filmes do cinema italiano. São 40 anos de cinema sob o olhar indiscreto de um dos maiores fotógrafos de cena da história do cinema com imagens de produções como Morte em Veneza e Ludwig de Luchino Visconti, O Carteiro e o Poeta de Michael Radford, e Gangues de Nova York e Kundum de Martin Scorsese. O artista pregava a imagem como demonstração de "vida". 

Sua indescrição nos sets foi reconhecida por muitos diretores, entre eles Luchino Visconti, Ettore Scola, Martin Scorsese e Massimo Troisi. O projeto prioriza a cultura e formação através do olhar e da sensibilidade da fotografia em imagens que possibilitam a expressão por si mesmas. Durante o período da exposição, serão exibidos clássicos da sua cinematografia: "Morte em Veneza", "Porteiro da Noite" e "Violência e Paixão".

Sexta, 21 de janeiro às 14:00 - 25 de março
Às 21:00 
CineSESC, Augusta 2075, São Paulo, Brasil



Realização: SESC SP
Concepção: Guria Arte & Cultura
Curadoria: Patricia Poslednik de Oliveira
Acervo: Manuela Tursi
Tratamento das Imagens: Maurizio Presutti
Coordenação: Lu Mounic
Produção Executiva: Lu Matos
Design e Projeto Expográfico: Nina Vieira
Edição de Texto: Deborah Izola
Trilha Sonora: Lao Cabrera
Assessoria de Imprensa: ProCultura