O Coletivo Cinefusão surge, no final de 2008, a partir da iniciativa de trabalhadores de diversas áreas - cinema, jornalismo, publicidade, artes cênicas, filosofia, arquitetura, fotografia -, empenhados em criar primeiramente uma rede colaborativa que pudesse dar conta da junção dessas linguagens e também da possibilidade de abarcar potencialidades em busca de produção artística independente, mas também de reflexões concretas acerca da sociedade. É principalmente sobre este último pilar de atuação política, que o grupo vem, atualmente, pensando o cinema, sempre vinculado a outras expressões artísticas e movimentos sociais.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Quanto vale? Ou é por quilo?

"Chega uma hora em que o vaso de barro só é vaso quando se completa com uma flor" foi algo do gênero que escutei de um dos personagens na peça "Ópera dos Vivos" do Latão, no primeiro ato.

E ao ler uma noticia, essa semana, sobre um ator que reclamou ao diretor não sair no cartaz de um filme, na estreia de um festival, recebendo como resposta  que não saiu pois "não vendia", me lembrei de um filme que o mesmo ator fez, e que foi um dos mais marcantes de minha vida. Além disso uma poesia de Ferreira Gullar que ilustra muito bem a incompatibilidade da arte com o mercado.

Senão, vejamos:



                                                                                  "Os Inquilinos", De Sergio Bianchi

TRADUZIR-SE, de Ferreira Gullar

Uma parte de mim

é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

uma parte de mim

é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim

pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim

é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim

é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir-se uma parte

na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?


R$: ___________

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