O temor de que o cinema se converta definitivamente numa arte tributária da literatura se agravou no atual mês por sucessivas e às vezes simultâneas apresentações de filmes baseados em peças literárias. Vários exemplos: A um passo da eternidade, México de meus amores, O Disfarce da solidão, versões cinematográficas dos romances: Ingênua até certo ponto, Leito nupcial, Julio César, baseados em peças teatrais. Isto sem mencionar a reestréia de Electra de Eugene O`Neill, e as projeções privadas de Senhorita Júlia, com base na conhecida peça teatral em um ato de Strindberg, e Las tres prefectas casadas, que é uma adaptaçãoda peça de Alejandro Casona, feita sem muito esforço nem originalidade por Mauricio Magdalenoe José Revueltas.
A conclusão parece evidente: dia a dia se restringe a originalidade temática do cinema e se fortalece ampla e lamentavelmente sua dependência de outros gêneros com os quais o verdadeiro cinema, o cinema puro, e autêntico, pode ter elementos e até interesses comuns, mas aos quais não deve sacrificar seus elementos próprios.
A crise de roteiros originais - que é realmente uma crise de roteiristas de cinema - só deve ser considerada como uma crise do cinema. Uma crise diante da qual não se conformam os verdadeiros cineastas, mesmo que seja resolvida com algo tão respeitável e tão semelhante ao cinema como o teatro fotografado ou o romance relatado em imagens falantes."
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