O Coletivo Cinefusão surge, no final de 2008, a partir da iniciativa de trabalhadores de diversas áreas - cinema, jornalismo, publicidade, artes cênicas, filosofia, arquitetura, fotografia -, empenhados em criar primeiramente uma rede colaborativa que pudesse dar conta da junção dessas linguagens e também da possibilidade de abarcar potencialidades em busca de produção artística independente, mas também de reflexões concretas acerca da sociedade. É principalmente sobre este último pilar de atuação política, que o grupo vem, atualmente, pensando o cinema, sempre vinculado a outras expressões artísticas e movimentos sociais.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Arte e cultura como vias de transformação social




Por João Marcio


Da Página do MST

O MST inaugurou o centro cultural Bertold Brechet, no assentamento 26 de Março, localizado na região Sul do Pará. O local, onde funcionava um antigo curral, agora dá espaço a diversas manifestações culturais, com origem na região amazônica, construída pelos jovens do movimento.

Maria Raimunda, uma das dirigentes do MST no Pará, que acompanha o projeto de implementação dos centros culturais, em entrevista à Página do MST, destaca a importância de fomentar a cultura junto ao jovem acampado e assentado. “Começamos a identificar nas comunidades os jovens que gostam de trabalhar com cultura, que despertaram para a arte por intermédio das atividades desenvolvidas”, conta. Para ela, a cultura deve ser trabalhada na perspectiva da emancipação social. “A formação da consciência é a tarefa desse projeto”, afirma.

Abaixo, leia a entrevista.


Como surgiu a ideia da criação dos centros culturais?
Surgiu para aglutinar as ações de cultura nos assentamentos e acampamentos do MST, para formar uma frente, um coletivo de cultura da Reforma Agrária, contemplando todas as atividades e as tornando permanentes e contínuas. São atividades culturais que, de certa forma, já existiam, mas precisavam ser organizadas e centralizadas por um coletivo.


Quantos centros culturais têm hoje no Pará?

São três centros consolidados: o centro cultural Che Guevara, no acampamento 17 de Abril, o Augusto Boal, no assentamento Palmares, e agora o Bertold Brecht, recém inaugurado no assentamento 26 de Março. Estamos em via da implementação de mais onze centros.


Qual o envolvimento da comunidade com o projeto?

Geralmente, esses centros atuam em parceria com as escolas dos assentamentos e acampamentos, como é o caso do centro cultural Augusto Boal, que desenvolve uma série de atividades, utilizando o espaço escolar, trazendo o incentivo à leitura, à arte. Não é só para os jovens e os alunos, que de certa forma já estão inseridos nesse meio, mas também para toda a comunidade.


Quais as atividades desenvolvidas nos centros culturais?

Mostra de filmes, como o Cinema da Terra itinerante de temática agrária, apresentado nos assentamentos, acampamentos e em praças públicas. Fazemos oficinas de música, organizamos exposições fotográficas, que retratem nossa luta e história. No teatro, estamos prestes a formar um grupo. Ainda temos a preocupação de atrelarmos os coletivos de cultura e comunicação, como nas atividades de agitação e propaganda e na elaboração da programação de nossas rádios comunitárias.


O que se percebe nos assentamentos e acampamentos depois da implementação dos centros?

Começamos a identificar nas comunidades os jovens que gostam de trabalhar com cultura, que despertaram para a arte por intermédio das atividades desenvolvidas. Grupos culturais vão surgindo e começam a fazer parte do coletivo de cultura, canalizado pelo centro cultural. Antes se perdia essa iniciativa, mas com os centros estruturados, não.


Por que o Movimento trata a cultura como parte fundamental do processo de emancipação social de seus militantes?

A formação da consciência é a tarefa desse projeto. Formar, sobretudo, sujeitos que compreendam, por meio da arte e das manifestações culturais, o processo de opressão e libertação que os envolve. Por isso, temos acima de tudo uma preocupação com a formação técnica dos educadores de Letras e de Artes, que trabalharão nos centros culturais, além da questão política e ideológica.


Quais as perspectivas para futuros projetos?

Fomentar as artes plásticas, fazer oficinas que ajudem a formar grupos de teatro, desenvolver na juventude o gosto pela literatura, melhorar nas escolas as salas de leitura e as bibliotecas. Buscar apoio econômico para conseguir formalizar e sociabilizar esses espaços perante a sociedade e promover em novembro a Semana Amazônica de Cultura Brasileira e Reforma Agrária.

http://www.mst.org.br/

2 comentários:

  1. a transformação deve ser primeiro interior...
    conheça nossa tecnologia de transformação social de cinema em saúde mental!
    parabéns pela iniciativa.

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  2. Acredito que a transformação está em todos os níveis quando a busca é contínua e verdadeira. Já que arte merece respeito, dedicação, esforça e qualidade.

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