O Coletivo Cinefusão surge, no final de 2008, a partir da iniciativa de trabalhadores de diversas áreas - cinema, jornalismo, publicidade, artes cênicas, filosofia, arquitetura, fotografia -, empenhados em criar primeiramente uma rede colaborativa que pudesse dar conta da junção dessas linguagens e também da possibilidade de abarcar potencialidades em busca de produção artística independente, mas também de reflexões concretas acerca da sociedade. É principalmente sobre este último pilar de atuação política, que o grupo vem, atualmente, pensando o cinema, sempre vinculado a outras expressões artísticas e movimentos sociais.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Casa da mãe, ou A poesia de cada dia: um exercício descritivo para fins unicamente artisticos

Casa da mãe. Na cozinha: uma tábua de passar, algumas roupas em cima; no alto uma casinha de madeira, nela estão pendurados: duas colheres de pau africanas que dei de presente à minha mãe, quando mais novo, uma sacola de plástico e um pequeno avental bordado a mão. Ainda mais a esquerda um filtro de água daqueles que se pode escolher entre água natural e gelada. O filtro está logo acima de uma fruteira. Ao lado do filtro, um calendário, com a foto de um bebe sobre uma margarida e um texto:

CONVERSANDO COM DEUS

Pedi força e vigor; Deus me mandouDificuldades para me fazer forte.

Pedi sabedoria; Deus me deu problemas para resolver.

Pedi prosperidade; Deus me deu energia e cérebro para trabalhar.

Pedi coragem; Deus me mandou situações perigosas para superar.

Pedi amor e Deus me mandou pessoas com problemas para eu ajudar.

Pedi favores e Deus me deu oportunidades.

Não recebi nada do que queria; recebi tudo que precisava.

Faltou falar da pia cheia. O pai aposentado que já dormia para trabalhar no dia seguinte das 7 às 18, e a televisão ligada no programa de venda de jóias, que a mãe do joelho praticamente quebrado assistia. Ambos completaram 65 anos nesse ano. Eles não receberam nada do que queriam.





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