Casa da mãe. Na cozinha: uma tábua de passar, algumas roupas em cima; no alto uma casinha de madeira, nela estão pendurados: duas colheres de pau africanas que dei de presente à minha mãe, quando mais novo, uma sacola de plástico e um pequeno avental bordado a mão. Ainda mais a esquerda um filtro de água daqueles que se pode escolher entre água natural e gelada. O filtro está logo acima de uma fruteira. Ao lado do filtro, um calendário, com a foto de um bebe sobre uma margarida e um texto:
CONVERSANDO COM DEUS
Pedi força e vigor; Deus me mandouDificuldades para me fazer forte.
Pedi sabedoria; Deus me deu problemas para resolver.
Pedi prosperidade; Deus me deu energia e cérebro para trabalhar.
Pedi coragem; Deus me mandou situações perigosas para superar.
Pedi amor e Deus me mandou pessoas com problemas para eu ajudar.
Pedi favores e Deus me deu oportunidades.
Não recebi nada do que queria; recebi tudo que precisava.
Faltou falar da pia cheia. O pai aposentado que já dormia para trabalhar no dia seguinte das 7 às 18, e a televisão ligada no programa de venda de jóias, que a mãe do joelho praticamente quebrado assistia. Ambos completaram 65 anos nesse ano. Eles não receberam nada do que queriam.
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