O Coletivo Cinefusão surge, no final de 2008, a partir da iniciativa de trabalhadores de diversas áreas - cinema, jornalismo, publicidade, artes cênicas, filosofia, arquitetura, fotografia -, empenhados em criar primeiramente uma rede colaborativa que pudesse dar conta da junção dessas linguagens e também da possibilidade de abarcar potencialidades em busca de produção artística independente, mas também de reflexões concretas acerca da sociedade. É principalmente sobre este último pilar de atuação política, que o grupo vem, atualmente, pensando o cinema, sempre vinculado a outras expressões artísticas e movimentos sociais.
segunda-feira, 30 de abril de 2012
domingo, 29 de abril de 2012
Incompreensível para as massas - Maiskóvski
Entre escritor
e leitor
posta-se o intermediário,
e o gosto
do intermediário
é bastante intermédio.
Medíocre
mesnada
de medianeiros médios
pulula
na crítica
e nos hebdomadários.
Aonde
galopando
chega teu pensamento,
um deles
considera tudo
sonolento:
- Sou homem
de outra têmpera! Perdão,
lembra-me agora
um verso
de Nadson...
O operário
não tolera
linhas breves.
(E com tal
mediador
ainda se entende Assiéiev!)
Sinais de pontuação?
São marcas de nascença!
O senhor
corta os versos
toma muitas licenças.
Továrich Maiacóvski,
porque não escreve iambos?
Vinte copeques
por linha
eu lhe garanto, a mais.
E narra
não sei quantas
lendas medievais,
e fala quatro horas
longas como anos.
O mestre lamentável
repete
um só refrão:
- Camponês
e operário
não vos compreenderão.
O peso da consciência
pulveriza
o autor.
Mas voltemos agora
ao conspícuo censor:
Campones só viu
há tempo
antes da guerra,
na datcha,
ao comprar
mocotós de vitela.
Operários?
Viu menos.
Deu com dois
uma vez
por ocasião da cheia,
dois pontos
numa ponte
contemplando o terreno,
vendo a água subir
e a fusão das geleiras.
Em muitos milhões
para servir de lastro
colheu dois exemplares
o nosso criticastro.
Isto não lhe faz mossa -
é tudo a mesma massa...
Gente - de carne e osso!!
E à hora do chá
expende
sua sentença:
- A classe
operária?
Conheço-a como a palma!
Por trás
do seu silêncio,
posso ler-lhe na alma -
Nem dor
nem decadência.
Que autores
então
há de ler essa classe?
Só Gógol,
só os clássicos.
Camponeses?
Também.
O quadro não se altera.
Lembra-me e agora -
a datcha, a primavera...
Este palrar
de literatos
muitas vezes passa
entre nós
por convívio com a massa.
E impige
modelos
pré-revolucionários
da arte do pincel,
do cinzel,
do vocábulo.
E para a massa
flutuam
dádivas de letrados -
lírios,
delírios,
trinos dulcificados.
Aos pávidos
poetas
aqui vai meu aparte:
Chega
de chuchotar
versos para os pobres.
A classe condutora,
também ela pode
compreender a arte.
Logo:
que se eleve
a cultura do povo!
Uma só,
para todos.
O livro bom
é claro
e necessário
a mim,
a vocês
ao camponês
e ao operário.
e leitor
posta-se o intermediário,
e o gosto
do intermediário
é bastante intermédio.
Medíocre
mesnada
de medianeiros médios
pulula
na crítica
e nos hebdomadários.
Aonde
galopando
chega teu pensamento,
um deles
considera tudo
sonolento:
- Sou homem
de outra têmpera! Perdão,
lembra-me agora
um verso
de Nadson...
O operário
não tolera
linhas breves.
(E com tal
mediador
ainda se entende Assiéiev!)
Sinais de pontuação?
São marcas de nascença!
O senhor
corta os versos
toma muitas licenças.
Továrich Maiacóvski,
porque não escreve iambos?
Vinte copeques
por linha
eu lhe garanto, a mais.
E narra
não sei quantas
lendas medievais,
e fala quatro horas
longas como anos.
O mestre lamentável
repete
um só refrão:
- Camponês
e operário
não vos compreenderão.
O peso da consciência
pulveriza
o autor.
Mas voltemos agora
ao conspícuo censor:
Campones só viu
há tempo
antes da guerra,
na datcha,
ao comprar
mocotós de vitela.
Operários?
Viu menos.
Deu com dois
uma vez
por ocasião da cheia,
dois pontos
numa ponte
contemplando o terreno,
vendo a água subir
e a fusão das geleiras.
Em muitos milhões
para servir de lastro
colheu dois exemplares
o nosso criticastro.
Isto não lhe faz mossa -
é tudo a mesma massa...
Gente - de carne e osso!!
E à hora do chá
expende
sua sentença:
- A classe
operária?
Conheço-a como a palma!
Por trás
do seu silêncio,
posso ler-lhe na alma -
Nem dor
nem decadência.
Que autores
então
há de ler essa classe?
Só Gógol,
só os clássicos.
Camponeses?
Também.
O quadro não se altera.
Lembra-me e agora -
a datcha, a primavera...
Este palrar
de literatos
muitas vezes passa
entre nós
por convívio com a massa.
E impige
modelos
pré-revolucionários
da arte do pincel,
do cinzel,
do vocábulo.
E para a massa
flutuam
dádivas de letrados -
lírios,
delírios,
trinos dulcificados.
Aos pávidos
poetas
aqui vai meu aparte:
Chega
de chuchotar
versos para os pobres.
A classe condutora,
também ela pode
compreender a arte.
Logo:
que se eleve
a cultura do povo!
Uma só,
para todos.
O livro bom
é claro
e necessário
a mim,
a vocês
ao camponês
e ao operário.
quarta-feira, 25 de abril de 2012
terça-feira, 24 de abril de 2012
segunda-feira, 23 de abril de 2012
sexta-feira, 20 de abril de 2012
quinta-feira, 19 de abril de 2012
Repúdio ao Especismo
"Sustento que não pode haver nenhuma razão — com exceção do desejo egoísta de preservar os privilégios do grupo explorador — de evitarmos estender o princípio fundamental da igualdade de consideração dos interesses aos membros de outras espécies."
Peter Singer, Animal Liberation, 1975
A maior lição da nossa década é a integralidade. Estudos ecológicos e econômicos mostram que as soluções para os grandes problemas de nossa época pedem soluções integrais e descentralizadas. Já não se pode separar os problemas por áreas de conhecimento, precisamos relacioná-los.
A estratificação da sociedade e o antropocentrismo tem origem comum no patriarcado, "ideologia na qual o homem é a maior autoridade, devendo as pessoas que não são identificadas fisicamente com ele (isto é, que não sejam também adultos do sexo masculino) serem subordinadas, prestando-lhe obediência." (http://pt.wikipedia.org/wiki/Patriarcado).
Não é novidade a relação entre as ciências humanas e biológicas. Exemplo bastante conhecido é o condenável darwinismo social, "correntes nas ciências sociais baseadas na tese da sobrevivência do mais adaptado, da importância de um controle sobre a demografia humana." (http://pt.wikipedia.org/wiki/Darwinismo_social) Outra derivação de estudos comuns às duas áreas levaram ao cunho da expressão "especismo", paralela ao "racismo" onde os subjugados, ao invés de serem os seres de outras raças, são os animais não-humanos. "O especista acredita que a vida de um membro da espécie humana, pelo simples fato do indivíduo pertencer à espécie humana, tem mais peso, mais importância do que a vida de qualquer outro ser. Os fatores biológicos que determinam a linha divisória de nossa espécie teriam um valor moral – nossa vida valeria 'mais' que a de qualquer outra espécie." (http://pt.wikipedia.org/wiki/Especismo)
Os pensadores iluministas buscaram substituir o Deus onipresente e onipotente da religião e das superstições populares pela "deusa Razão". Acreditava-se que semeando razão se colheria progresso. De fato, as ideias iluministas ajudaram muito no avanço da educação, da ciência e tecnologia e para o desenvolvimento econômico dos povos do mundo. Porém, a forma concreta como isto se deu foi por meio da Revolução Industrial e todas as suas consequências nefastas para as classes trabalhadoras.
Em tempos onde dialogamos e agregamos diariamente causas que tem em comum a luta pela igualdade, devemos ter clara que nossa posição necessita de uma "razão sensível". Há muito discute-se a diferença intelectual entre homens e mulheres, o sexismo. Há muito defende-se as diferenças entre brancos, negros, índios e orientais, o racismo, justificando-se assim até mesmo a escravidão. Hoje defende-se a diferença entre animais humanos e não-humanos, o especismo, e a enormidade do sofrimento e do martírio que os seres humanos infligem hoje aos outros animais é conhecida por todos.
"Contudo, permanece a velha concepção antropocêntrica que se manifesta na separação entre natureza e cultura e na falta de instrumentos para combater o especismo. Ou seja, o ser humano continua a discriminar os animais sencientes, utilizando-os para a alimentação, para diversos usos e a prática da 'escravidão animal'. Muitas pessoas ainda acreditam que pelo simples fato de serem humanos e racionais possuem mais direitos e maior poder sobre a vida de outros seres vivos de outras espécies. É a racionalidade instrumental a serviço do egoísmo humano e em nome da dominação e exploração de outras espécies.
Ou seja, é preciso colocar um fim ao especismo. Os Direitos Humanos não podem estar em contradição e em conflito com os direitos da Terra e os direitos da biodiversidade. A humanidade precisa saber utilizar a sua racionalidade, não para a dominação e a exploração predatória da Terra e das demais espécies vivas, mas é preciso saber utilizar a razão para a convivência pacífica e harmoniosa entre todos os seres vivos do Planeta."
(José Eustáquio Diniz Alves)
O que impressiona é a crescente demanda de oposição aos que lutam pela libertação animal. Existem justificativas hediondas como a relevância da vida de plantas (Como saber se as plantas ou as pedras podem sofrer? É uma questão difícil de resolver em termos absolutos, mas na prática é fácil chegar a conclusões simples) e a desculpa de ativistas apenas quererem um reformismo dentro do sistema atual no qual "sobrevivemos". A minha questão é até que ponto podemos excluir uma causa da outra ou até que ponto chegamos em nossa "unilateralidade egoística"?
Uma pena que vemos humanos tão embrutecidos pelo conhecimento. Triste saber que estamos tão acomodados em livros e teses, que em essência dialogam SIM com todo tipo de sofrimento e injustiça, e atemo-nos apenas dentro daquilo que compreendemos como a única maneira de ser e fazer algo realmente "justo", revolucionário. É preciso repensar sobre justiça. É preciso refazer nossas questões e a maneira como foram moldadas nossas concepções.
"Cridle – por que tão sombrio, caro Pedro Paulo?
Bocarra – Lembra-te Cridle, o dia em que percorrendo o matadouro – era noite - paramos ao pé da máquina de enlatar presunto? Lembra-te , ó Cridle, aquele vitelo que virava o olho claro, grande e obtuso para o céu enquanto entrava a faca? Senti como se fosse carne da minha carne. Ai de nós, Cridle, como é sangrento o nosso comércio."
Santa Joana dos Matadouros
Bertold Brecht
Peter Singer, Animal Liberation, 1975
A maior lição da nossa década é a integralidade. Estudos ecológicos e econômicos mostram que as soluções para os grandes problemas de nossa época pedem soluções integrais e descentralizadas. Já não se pode separar os problemas por áreas de conhecimento, precisamos relacioná-los.
A estratificação da sociedade e o antropocentrismo tem origem comum no patriarcado, "ideologia na qual o homem é a maior autoridade, devendo as pessoas que não são identificadas fisicamente com ele (isto é, que não sejam também adultos do sexo masculino) serem subordinadas, prestando-lhe obediência." (http://pt.wikipedia.org/wiki/Patriarcado).
Não é novidade a relação entre as ciências humanas e biológicas. Exemplo bastante conhecido é o condenável darwinismo social, "correntes nas ciências sociais baseadas na tese da sobrevivência do mais adaptado, da importância de um controle sobre a demografia humana." (http://pt.wikipedia.org/wiki/Darwinismo_social) Outra derivação de estudos comuns às duas áreas levaram ao cunho da expressão "especismo", paralela ao "racismo" onde os subjugados, ao invés de serem os seres de outras raças, são os animais não-humanos. "O especista acredita que a vida de um membro da espécie humana, pelo simples fato do indivíduo pertencer à espécie humana, tem mais peso, mais importância do que a vida de qualquer outro ser. Os fatores biológicos que determinam a linha divisória de nossa espécie teriam um valor moral – nossa vida valeria 'mais' que a de qualquer outra espécie." (http://pt.wikipedia.org/wiki/Especismo)
Os pensadores iluministas buscaram substituir o Deus onipresente e onipotente da religião e das superstições populares pela "deusa Razão". Acreditava-se que semeando razão se colheria progresso. De fato, as ideias iluministas ajudaram muito no avanço da educação, da ciência e tecnologia e para o desenvolvimento econômico dos povos do mundo. Porém, a forma concreta como isto se deu foi por meio da Revolução Industrial e todas as suas consequências nefastas para as classes trabalhadoras.
Em tempos onde dialogamos e agregamos diariamente causas que tem em comum a luta pela igualdade, devemos ter clara que nossa posição necessita de uma "razão sensível". Há muito discute-se a diferença intelectual entre homens e mulheres, o sexismo. Há muito defende-se as diferenças entre brancos, negros, índios e orientais, o racismo, justificando-se assim até mesmo a escravidão. Hoje defende-se a diferença entre animais humanos e não-humanos, o especismo, e a enormidade do sofrimento e do martírio que os seres humanos infligem hoje aos outros animais é conhecida por todos.
"Contudo, permanece a velha concepção antropocêntrica que se manifesta na separação entre natureza e cultura e na falta de instrumentos para combater o especismo. Ou seja, o ser humano continua a discriminar os animais sencientes, utilizando-os para a alimentação, para diversos usos e a prática da 'escravidão animal'. Muitas pessoas ainda acreditam que pelo simples fato de serem humanos e racionais possuem mais direitos e maior poder sobre a vida de outros seres vivos de outras espécies. É a racionalidade instrumental a serviço do egoísmo humano e em nome da dominação e exploração de outras espécies.
Ou seja, é preciso colocar um fim ao especismo. Os Direitos Humanos não podem estar em contradição e em conflito com os direitos da Terra e os direitos da biodiversidade. A humanidade precisa saber utilizar a sua racionalidade, não para a dominação e a exploração predatória da Terra e das demais espécies vivas, mas é preciso saber utilizar a razão para a convivência pacífica e harmoniosa entre todos os seres vivos do Planeta."
(José Eustáquio Diniz Alves)
O que impressiona é a crescente demanda de oposição aos que lutam pela libertação animal. Existem justificativas hediondas como a relevância da vida de plantas (Como saber se as plantas ou as pedras podem sofrer? É uma questão difícil de resolver em termos absolutos, mas na prática é fácil chegar a conclusões simples) e a desculpa de ativistas apenas quererem um reformismo dentro do sistema atual no qual "sobrevivemos". A minha questão é até que ponto podemos excluir uma causa da outra ou até que ponto chegamos em nossa "unilateralidade egoística"?
Uma pena que vemos humanos tão embrutecidos pelo conhecimento. Triste saber que estamos tão acomodados em livros e teses, que em essência dialogam SIM com todo tipo de sofrimento e injustiça, e atemo-nos apenas dentro daquilo que compreendemos como a única maneira de ser e fazer algo realmente "justo", revolucionário. É preciso repensar sobre justiça. É preciso refazer nossas questões e a maneira como foram moldadas nossas concepções.
"Cridle – por que tão sombrio, caro Pedro Paulo?
Bocarra – Lembra-te Cridle, o dia em que percorrendo o matadouro – era noite - paramos ao pé da máquina de enlatar presunto? Lembra-te , ó Cridle, aquele vitelo que virava o olho claro, grande e obtuso para o céu enquanto entrava a faca? Senti como se fosse carne da minha carne. Ai de nós, Cridle, como é sangrento o nosso comércio."
Santa Joana dos Matadouros
Bertold Brecht
quinta-feira, 12 de abril de 2012
terça-feira, 10 de abril de 2012
O Capitalismo luta por nós
Exposição-crítica a debate em rede social(facebook) sobre o caso de Orongotangos que estão sendo usados como prostitutas na Indonésia.
"[…] Uma parte da burguesia procura remediar os males sociais para a existência da sociedade burguesa.
Nessa categoria enfileiram-se os economistas, os filantropos, os humanitários, os que se ocupam em melhorar a sorte da classe operária , os organizadores de beneficências , os protetores dos animais, os fundadores das sociedades anti-alcoolicas, enfim os reformadores de gabinete de toda categoria. Esse socialismo burguês chegou até a ser elaborado em sistemas completos."
Karl Marx - Friedrich Engels
Manifesto Comunista
Manifesto Comunista
1 - [Fulano] eu não entro tanto no facebook, por onde posso ter acesso ao como você se expõe politicamente ( isso porque já não temos uma convivência a ponto de entender como você se coloca e vê o mundo), e acho que o primeiro problema está aí: nunca consigo entender, dentro do pensamento que você divide publicamente, se aquilo que você tenta construir é de natureza Ética, Politica ou Moral.
Na maioria das vezes soa moral, só que mesmo essa moral - obviamente dotada de subjetividade e visões confusas construídas pelo individuo naturalmente em conflito com o mundo que vive, e o que quer viver - é mal construída, pois não vejo, em momento algum, você questionando do que se tratam exatamente essas premissas morais, o que são cada um destes conceitos dos quais tanto fala?
Então como em vários momentos da vida, o que acontece, com todos nós, sobretudo quando ainda estamos entendendo o mundo em que vivemos e do que se trata a palavra "politica", é quase uma atitude adolescente, que é detectar problemas e achar que a resolução deles está dentro de sensações ou ainda impressões individuais. Ou seja, faz pouco sentido dizer isso, pois há coisas quais nunca passei, ou você, ou qualquer um.
Mas existem algumas lições, bastantes próximas que nos revelam que essa nossa ação no mundo deve ser politica (dentro da politica em diversos âmbitos surge o que chamamos de "ethos" ou ética, geralmente responsável, inclusive, por gerenciar esses impulsos morais, adolescentes, loucamente sensíveis, sem contar é claro o bom e velho recalque, que nosso amigo Freud tanto nos falou). Um destes exemplos é a fome. Por mais que por um momento pequeno e fugaz alguém já passou fome, e sabe como dói (e, claro, podemos especificar que há pessoas que tem fome "de que", umas por mero requinte, outras por questões de saúde, um diabético, por exemplo), logo, e através da história vemos isso, a fome foi um tema, uma luta, gerou lutas, guerras, e guerras geraram fome, então entende-se que a fome, junto aos casos específicos que ela engendra, é algo comum e doloroso, todos passamos e estamos sujeitos, e nada mais natural que homens que produzem, transformam a natureza e representam a unidade social minima, ou seja 2 homens, de se ajudarem a ponto de que nenhum homem passe mais fome: não é isso que vemos.
O outro exemplo é um que está ligado também com uma experiência dolorosa, ao menos aparentemente, já que nunca passei por ela. Um estupro. Caso recente, você deve lembrar, um estuprador teve pênis cortado e colocado em sua boca, as fotos foram postadas no facebook. O fato é: "não importa" (entenda que não importa pois vamos analisar o que isto teve como consequência) quem cortou o pênis e colocou na boca dele, mas o mais curioso/assutador é quanto foi louvado o ato, por pessoas que não promoveram o ato, não são sequer conhecidos da vítima, e nunca tiveram experiência semelhante. Ou seja, a partir do espetáculo criado pela barbárie, as pessoas vangloriavam um ato que para elas "transparecia" cruel. Ou seja, se exclui qualquer construção social (o que acaba por influenciar completamente na psique), tanto do individuo que estupra, quanto do estuprado - mais uma vez é óbvio que estamos discutindo a espetacularização da barbárie, e a disseminação dela por aqueles que tentam ser os heróis de um ambiente já destruido; apesar de implicito, mas não claro não deixamos de lado que a sociedade capitalista é constituída também sob o patriarcado, a mulher reduzida a mero objeto, suprimida, e que muitas vezes pequenas extensões da opressão (como o fato de andar na rua e estar sujeita a ouvir qualquer tipo de baboseira, como se fosse uma mercadoria ambulante) à mulher acabam por serem justificadas por debaixo dos panos.
Óbvio, há diversos problemas (apesar de achar que não temos uma ciência - paradoxalmente - humana) que dão origem, por exemplo, a deformidades ao cérebro, e que são mais complexos, pois são exceções que não sabemos lidar, pois nosso sistema não visa o bem-estar dos homens - aqueles que produzem, representam a unidade social minima, transformam a natureza, elaboram, são naturalmente artistas, capazes de mudar o mundo, sentir, etc -, mas sim o bem-star de uma classe - sempre, veja bem, sempre em detrimento de outra -, que só de ser chamada de "classe" já deixa claro que representa uma função num certo grau da hierarquia deste sistema, correto? Esta mesma classe possui acesso a serviços que nós - que temos consciência de classe, ou não? -, junto a uma outra massa gigantesca, que representa a maior parate da humanidade (hoje em dia graças as crises, (des)evolução do capitalismo, divida em diversos trabalhos, informais, meio-periodo, todos garantindo muitas vezes uma exploração mais amena, isto que, inclusive, assegura argumentos como "comunistas se escondem atrás de didatismo, luta de classes e não entendem a real raiz do problema") não temos: segurança privada, por exemplo, e muitas vezes segurança do próprio estado para proteger o patrimônio privado ( vide Pinheirinho).
Isto posto, há possibilidades infinitamente menores de uma pessoa de classe dominante, que possui uma proteção tão grande, de correr o risco de ser estuprada (para os apegados à estatísticas, é só conferir). O que consequentemente, e o que estamos cansados de saber culmina única e simplesmentes no extermínio das classes suprimidas por elas mesmas, mais um exemplo: http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u468139.shtml
Pensando nessa rápida construção, conseguimos entender que as pessoas que compartilham e se alimentam deste ato bárbaro, estão munidas exatamente do que? De razão? De uma análise profunda sobre a questão? E por isso apoiaram a ação contra o estuprador? De uma experiência individual de estupro? De uma sensação de algo que aparenta ser ruim? (veja bem, estou analisando algo do qual não tive acesso empirico, por isso seria loucura eu afirmar algo sobre isso, tão fugaz e irresponsável quanto às pessoas que apoiaram este ato: pois querer pensar como um "louco" é estar "louco". O máximo que posso fazer é dentro de um ethos construído em mim, regido pela história e que desemboca num sistema - que sou contra e luto para mudá-lo - que rege a construção de uma politica e consequentemente deste ethos, pois é impossível estar fora deste sistema, é dizer que dentro daquilo que estou definindo como homem - espécie humana ou humanidade - nos paragráfos acima, não deve ser coagido, forçado através da violência, sem nenhum tipo de possibilidade de reação a fazer aquilo que não quer, é politicamente, eticamente e ouso dizer moralmente errado). Isto levando em conta como as coisas estão postas no mundo, por mais que o desejo seja mudá-lo absolutamente, as forças que o regem o mundo operam constantemente, e se ignorar o funcionamento dessas forças não há mudança, e essa mudança parte do entendimento completo de como operam essas forças, e não de deírios ultra-individuais, como a pregam os pós-modernos: "cada um tem sua verdade, depende o ponto de vista".
2 - Não vale a pena discutir o tal do que você chamou de "divino", e outros de deus, ou ideia de deus, como algo que tem o poder de castigar. Até porque se é tão potente, inabalável, inomeável, intocável, inaudível, não faz sentido sequer falar sobre ele, vamos voltar para terra e tentar resolver o nosso. Como diria um amigo: " Falar com deus eu até entendo, agora ele responder já é esquizofrenia". Mas já que você ao menos tenta construir um pensamento que expressa algum tipo de ética, ou politica - que tenta, pois não detecto -, você ignorar o que uma das pessoas falou sobre "deus", "castigo", não é só uma atitude covarde, assim como é incoerente e oportunista, pois se na sua argumentação não está implicíto essas construções, você estaria usando de algo qual mesmo não acreditando, ou analisando como coerente, é útil ao seu argumento, logo seu argumento não se sustenta, pois assim , como quase todos os conceitos que você expõe, você não sabe o como é construída sua teoria, ou aquilo que você defende como ser humano, como prática, como mundo (e não confunda teoria, práxis, e como pensa isso para a mudança efetiva no mundo, com um mero de didatismo, que mais uma vez acho que você foi equivocada e impulsiva ao usar; e mais, entenda, que todas estas critícas se tratam do como nós nos colocamos no mundo, nossas pequenas verdades, convicções única e simplesmente provadas internamente, que não se estendem com sentido ao mundo, aqui já não importam).
3 -" quem criou o capitalismo? não foram os humanos? e a desigualdade? e quem justifica a morte de outros (humanos ou não) com todos os tipos de desculpas?[…] vai além de luta de classes. falamos aqui de "HUMANIDADE", "SENSIBILIDADE"…"
O primeiro ponto disso acho que é o status de entidade maligna que se dá ao capitalismo. Óbvio é um sistema baseado na exploração como meio de reprodução, e que conforme se transforma, se torna mais cruel, perverso, entra em crise, e cria ocndições para seu fim. Sem juízo de valor, em dado momento da história ele foi posto, guardadas as devidas proporções, como necessário, não é mais, e exatamente o contário tempos produção e capacidade o bastante para um tipo de sistema onde o ser humano possa explorar de fato suas potencialidades, suas capacidades de elaboração, que possa finalmente entrar em contato com a essência de tudo aquilo que é colocado mas nunca, necessariamente, definido: você fala de amor, sensibilidade, que humanidade e que sensibilidade é essa de que fala?
"Conheci pessoas super pobres, praticamente na miséria que exalam compaixão e amor. É uma questão outra. Justificamos com "luta de classes", luta disso e daquilo e não vamos DE FATO À RAIZ DA COISA. Violência. Nada se resolve ou se resolverá com violência, exploração e matanças. Isso precisa acabar. E agora isso, além de carne, leite, ovos (e outras e outras aberrações) o tal "ser humano" explora também os animais não humanos sexualmente. Oi?"
Do que se trata essa compaixão e amor que exalam os miseráveis? Em que medida um miserável por ser miserável e fazer atos que lemos como bons (dar um saco de arroz a outro miserável, ir à igreja, devolver uma carteira com dinheiro ao dono, ter suas contas em dia) é de fato bom? Num mundo onde não pode ser bom, se é que temos claro este tal conceito. O que faz deste miserável bom? Não basta detectar um sentido de benevolência num ato, mas o como ele está engendrado. A questão é dialética, e nada maniqueísta, como numa greve em que um operário(a) que sabendo que será mandado(a) embora fure a greve por conta de uma família que tem para alimentar, mas que em última instância, esta greve trará beneficio para toda uma categoria (e que se caso ele aderisse deveria lutar para que este operário não fosse demitido - isto no plano mais reformista que consigo ir), ou seja outros vários trabalhadores, outras várias famílias, outras várias extensões deste fura-greve no mundo, isto posto: o ato é bom ou ruim?
Justificamos com "Luta de classes"? como assim? Você fala como se a luta de classes fosse um pretexto ultra-interno, elaborado ontem a noite durante a janta. Só que é exatamente o contrário, para se chegar neste tema-conceito, assim como vários outros, foi necessário trabalho, análise, elaboração, e sobretudo suspensão do juízo, ainda que em contato constante e sem, em momento algum, desconsiderar a humanidade.
Por que a violência é a raiz da coisa? O que você entende como violência? Se a violência é a raiz da coisa, então a luta de classes, e todos problemas especificos do mundo derivam dela? Desta forma a violência dentro da construção do seu pensamento, e da forma como fala, é sempre algo ruim, correto? Mas, me corrija se estiver errado, a violência é algo - se é que consigo definir-, algo que expressa de outras formas, ou seja que nem sempre de forma "ruim", por exemplo na arte.
O outro exemplo é um que está ligado também com uma experiência dolorosa, ao menos aparentemente, já que nunca passei por ela. Um estupro. Caso recente, você deve lembrar, um estuprador teve pênis cortado e colocado em sua boca, as fotos foram postadas no facebook. O fato é: "não importa" (entenda que não importa pois vamos analisar o que isto teve como consequência) quem cortou o pênis e colocou na boca dele, mas o mais curioso/assutador é quanto foi louvado o ato, por pessoas que não promoveram o ato, não são sequer conhecidos da vítima, e nunca tiveram experiência semelhante. Ou seja, a partir do espetáculo criado pela barbárie, as pessoas vangloriavam um ato que para elas "transparecia" cruel. Ou seja, se exclui qualquer construção social (o que acaba por influenciar completamente na psique), tanto do individuo que estupra, quanto do estuprado - mais uma vez é óbvio que estamos discutindo a espetacularização da barbárie, e a disseminação dela por aqueles que tentam ser os heróis de um ambiente já destruido; apesar de implicito, mas não claro não deixamos de lado que a sociedade capitalista é constituída também sob o patriarcado, a mulher reduzida a mero objeto, suprimida, e que muitas vezes pequenas extensões da opressão (como o fato de andar na rua e estar sujeita a ouvir qualquer tipo de baboseira, como se fosse uma mercadoria ambulante) à mulher acabam por serem justificadas por debaixo dos panos.
Óbvio, há diversos problemas (apesar de achar que não temos uma ciência - paradoxalmente - humana) que dão origem, por exemplo, a deformidades ao cérebro, e que são mais complexos, pois são exceções que não sabemos lidar, pois nosso sistema não visa o bem-estar dos homens - aqueles que produzem, representam a unidade social minima, transformam a natureza, elaboram, são naturalmente artistas, capazes de mudar o mundo, sentir, etc -, mas sim o bem-star de uma classe - sempre, veja bem, sempre em detrimento de outra -, que só de ser chamada de "classe" já deixa claro que representa uma função num certo grau da hierarquia deste sistema, correto? Esta mesma classe possui acesso a serviços que nós - que temos consciência de classe, ou não? -, junto a uma outra massa gigantesca, que representa a maior parate da humanidade (hoje em dia graças as crises, (des)evolução do capitalismo, divida em diversos trabalhos, informais, meio-periodo, todos garantindo muitas vezes uma exploração mais amena, isto que, inclusive, assegura argumentos como "comunistas se escondem atrás de didatismo, luta de classes e não entendem a real raiz do problema") não temos: segurança privada, por exemplo, e muitas vezes segurança do próprio estado para proteger o patrimônio privado ( vide Pinheirinho).
Isto posto, há possibilidades infinitamente menores de uma pessoa de classe dominante, que possui uma proteção tão grande, de correr o risco de ser estuprada (para os apegados à estatísticas, é só conferir). O que consequentemente, e o que estamos cansados de saber culmina única e simplesmentes no extermínio das classes suprimidas por elas mesmas, mais um exemplo: http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u468139.shtml
Pensando nessa rápida construção, conseguimos entender que as pessoas que compartilham e se alimentam deste ato bárbaro, estão munidas exatamente do que? De razão? De uma análise profunda sobre a questão? E por isso apoiaram a ação contra o estuprador? De uma experiência individual de estupro? De uma sensação de algo que aparenta ser ruim? (veja bem, estou analisando algo do qual não tive acesso empirico, por isso seria loucura eu afirmar algo sobre isso, tão fugaz e irresponsável quanto às pessoas que apoiaram este ato: pois querer pensar como um "louco" é estar "louco". O máximo que posso fazer é dentro de um ethos construído em mim, regido pela história e que desemboca num sistema - que sou contra e luto para mudá-lo - que rege a construção de uma politica e consequentemente deste ethos, pois é impossível estar fora deste sistema, é dizer que dentro daquilo que estou definindo como homem - espécie humana ou humanidade - nos paragráfos acima, não deve ser coagido, forçado através da violência, sem nenhum tipo de possibilidade de reação a fazer aquilo que não quer, é politicamente, eticamente e ouso dizer moralmente errado). Isto levando em conta como as coisas estão postas no mundo, por mais que o desejo seja mudá-lo absolutamente, as forças que o regem o mundo operam constantemente, e se ignorar o funcionamento dessas forças não há mudança, e essa mudança parte do entendimento completo de como operam essas forças, e não de deírios ultra-individuais, como a pregam os pós-modernos: "cada um tem sua verdade, depende o ponto de vista".
2 - Não vale a pena discutir o tal do que você chamou de "divino", e outros de deus, ou ideia de deus, como algo que tem o poder de castigar. Até porque se é tão potente, inabalável, inomeável, intocável, inaudível, não faz sentido sequer falar sobre ele, vamos voltar para terra e tentar resolver o nosso. Como diria um amigo: " Falar com deus eu até entendo, agora ele responder já é esquizofrenia". Mas já que você ao menos tenta construir um pensamento que expressa algum tipo de ética, ou politica - que tenta, pois não detecto -, você ignorar o que uma das pessoas falou sobre "deus", "castigo", não é só uma atitude covarde, assim como é incoerente e oportunista, pois se na sua argumentação não está implicíto essas construções, você estaria usando de algo qual mesmo não acreditando, ou analisando como coerente, é útil ao seu argumento, logo seu argumento não se sustenta, pois assim , como quase todos os conceitos que você expõe, você não sabe o como é construída sua teoria, ou aquilo que você defende como ser humano, como prática, como mundo (e não confunda teoria, práxis, e como pensa isso para a mudança efetiva no mundo, com um mero de didatismo, que mais uma vez acho que você foi equivocada e impulsiva ao usar; e mais, entenda, que todas estas critícas se tratam do como nós nos colocamos no mundo, nossas pequenas verdades, convicções única e simplesmente provadas internamente, que não se estendem com sentido ao mundo, aqui já não importam).
3 -" quem criou o capitalismo? não foram os humanos? e a desigualdade? e quem justifica a morte de outros (humanos ou não) com todos os tipos de desculpas?[…] vai além de luta de classes. falamos aqui de "HUMANIDADE", "SENSIBILIDADE"…"
O primeiro ponto disso acho que é o status de entidade maligna que se dá ao capitalismo. Óbvio é um sistema baseado na exploração como meio de reprodução, e que conforme se transforma, se torna mais cruel, perverso, entra em crise, e cria ocndições para seu fim. Sem juízo de valor, em dado momento da história ele foi posto, guardadas as devidas proporções, como necessário, não é mais, e exatamente o contário tempos produção e capacidade o bastante para um tipo de sistema onde o ser humano possa explorar de fato suas potencialidades, suas capacidades de elaboração, que possa finalmente entrar em contato com a essência de tudo aquilo que é colocado mas nunca, necessariamente, definido: você fala de amor, sensibilidade, que humanidade e que sensibilidade é essa de que fala?
"Conheci pessoas super pobres, praticamente na miséria que exalam compaixão e amor. É uma questão outra. Justificamos com "luta de classes", luta disso e daquilo e não vamos DE FATO À RAIZ DA COISA. Violência. Nada se resolve ou se resolverá com violência, exploração e matanças. Isso precisa acabar. E agora isso, além de carne, leite, ovos (e outras e outras aberrações) o tal "ser humano" explora também os animais não humanos sexualmente. Oi?"
Do que se trata essa compaixão e amor que exalam os miseráveis? Em que medida um miserável por ser miserável e fazer atos que lemos como bons (dar um saco de arroz a outro miserável, ir à igreja, devolver uma carteira com dinheiro ao dono, ter suas contas em dia) é de fato bom? Num mundo onde não pode ser bom, se é que temos claro este tal conceito. O que faz deste miserável bom? Não basta detectar um sentido de benevolência num ato, mas o como ele está engendrado. A questão é dialética, e nada maniqueísta, como numa greve em que um operário(a) que sabendo que será mandado(a) embora fure a greve por conta de uma família que tem para alimentar, mas que em última instância, esta greve trará beneficio para toda uma categoria (e que se caso ele aderisse deveria lutar para que este operário não fosse demitido - isto no plano mais reformista que consigo ir), ou seja outros vários trabalhadores, outras várias famílias, outras várias extensões deste fura-greve no mundo, isto posto: o ato é bom ou ruim?
Justificamos com "Luta de classes"? como assim? Você fala como se a luta de classes fosse um pretexto ultra-interno, elaborado ontem a noite durante a janta. Só que é exatamente o contrário, para se chegar neste tema-conceito, assim como vários outros, foi necessário trabalho, análise, elaboração, e sobretudo suspensão do juízo, ainda que em contato constante e sem, em momento algum, desconsiderar a humanidade.
Por que a violência é a raiz da coisa? O que você entende como violência? Se a violência é a raiz da coisa, então a luta de classes, e todos problemas especificos do mundo derivam dela? Desta forma a violência dentro da construção do seu pensamento, e da forma como fala, é sempre algo ruim, correto? Mas, me corrija se estiver errado, a violência é algo - se é que consigo definir-, algo que expressa de outras formas, ou seja que nem sempre de forma "ruim", por exemplo na arte.
Para não dizer, por exemplo, uma outra ideia de interpretação do radical da palavra, que foge à definição do senso comum (e apesar de não ser definido como significado válido e declarado, posta em dicionários e tudo mais, nos ajuda ao menos o ver como nos apegamos semanticamente a palavra dando ao signos quase que total autonomia) da palavra que vem de "violar", ainda mais " ato de violar" logo o sexo sendo a violação - consentida - de um corpo por outro seria naturalmente violento, o que indo mais além, poderíamos dizer que se somos fruto deste ato, seríamos descendentes diretos de uma violência que não se configura necessariamente como ruim, correto? Se o exemplo estiver abstrato demais, vamos então a algo prático, registrado na história e com o carimbo da verdade: Por centenas de milhares de anos o Homo sapiens empregou (e algumas tribos que ainda dependem) um método de caçadores-coletores como o seu principal meio de obter alimentos, combinando e envolvendo fontes estacionárias de alimentos (tais como frutas , cereais, larvas, insetos, etc), com a caça de animais selvagens, que devem ser caçados e mortos, para serem consumidos. O que nos leva a entender apesar do ato "violento", isso foi necessário para o surgimento/desenvolvimento/continuidade da humanidade, da evolução do homem, do processo de aprendizagem, de transformação. E é claro, a violência neste mesmo período da história também surge de certa forma como proteção de um forma de propriedade primitiva.
Porém, como sabe, a história andou, e trata-se de uma espiral, e não de uma linearidade qual se exclui o que permeia as consequências de seu movimento. Logo você não pode analiticamente dizer que a violência do homo-sapiens em momento primevo, depois de centenas de transformações na sociedade é a mesma que, por exemplo, a estebelecida nos dias de hoje pela polícia ou pelo exército - como deve saber também, a policia é uma instituição que age da mesma forma com que agia na ditadura, ao invés de ser uma instituição de "segurança do cidadão" ela é defensora do estado, assim como o exército pode "gozar" de ações que estariam delegadas à polícia, como cercar morros, revistar moradores, entrar em casas, enfim. Tudo isso com um único propósito defender uma superestrutura.
Então, não sendo a violência algo ruim durante toda a história e a todo momento, pois não de trata de termo que expressa uma única forma de expressão, ela - a violência - não poderia gerar apenas problemas, certo? Logo a violência precisa ser, de alguma forma, "vigiada", politicamente administrada, deve ser discussão, inclusive no campo da ética - a psicanálise define essa "regulamentação" como recalque -, pois ela não é um sistema, ela é uma ferramenta.
Agora, o capitalismo, sim, é um sistema, e para existir depende da existência da luta de classes. E a violência é uma das ferramentas do capitalismo, que inclusive a usa de diversas formas, com vários procedimentos (policia, exército, sistema judicial, escolas, cadeias, imprensa, na filosofia, na ciência, na arquitetura, no transporte, em tudo), e essa é a diferença, mesmo no capitalismo a violência é, em certa medida, regulamentada, regida, para manter esta estrutura a polícia deve se passar por protetora do povo, o estado também, os bancos, as ongs de proteção a sei lá o que; a única coisa que não é, nem pode ser regulamentada, não é vigiada, é o capitalismo, pois ele é o próprio sistema que opera tudo isto, inclusive nosso desejos, sonhos, especificidades e vontades mais intímas, me diga uma que não?
E, sinceramente, dentro de toda a barbárie estabelecida, não entendo de onde vem a surpresa, a indignação deveria ser constante, tendo sempre em vista que são apenas pequenos elementos da superficie de algo muito maior e que opera e que não se vigia, nem há lei que o impessa: outro exemplo, como já deve ter visto aqui no blog fato deste ter acontecido: alguma lei contra racismo já impediu-me de ser chamado de macaco, ou de alguém proliferar dentro de si um ódio gigantesco a um outro ser humano de outra etnia ou sei lá o que?
Se no lugar dos Orongotangos fossem cavalos-marinhos, ou repolhos, ou melancias, tanto faz, você discute o "quem", e o que deve ser levantado é o "por que" e "como". É, porque lucra! Simples assim.
Sua sensibilidade, sua honestidade, tudo é absorvido, enquanto a superstrutura existe o que está em jogo é o que se tornou natural: tire o orogantango, e coloque o repolho, em ambos os casos, ainda existirá a extração de mais-valia, a exploracão de trabalhadores, a decadência da vida, a arte cada vez mais pobre, o mundo cada vez mais desgraçado e com atos barbáros loucos a cada metro quadrado.
Sua individualidade, e impulsos desmedidos não são nada mais que negócio para a sociedade do espetáculo, assinar uma petição lhe garantirá as migalhas para saciar as pequenas revoltas de que tanto o capitalismo necessita para perpetuar - não sou contra as petições, contudo quando elas existem apenas por elas mesmas, e pela causa descolada de uma bandeira maior de luta de total supressão de um sistema que opera e permite esses absurdos, ela não faz sentido.
E se somos sepulturas vivas é porque em momento algum soubemos o que é vida.
Porém, como sabe, a história andou, e trata-se de uma espiral, e não de uma linearidade qual se exclui o que permeia as consequências de seu movimento. Logo você não pode analiticamente dizer que a violência do homo-sapiens em momento primevo, depois de centenas de transformações na sociedade é a mesma que, por exemplo, a estebelecida nos dias de hoje pela polícia ou pelo exército - como deve saber também, a policia é uma instituição que age da mesma forma com que agia na ditadura, ao invés de ser uma instituição de "segurança do cidadão" ela é defensora do estado, assim como o exército pode "gozar" de ações que estariam delegadas à polícia, como cercar morros, revistar moradores, entrar em casas, enfim. Tudo isso com um único propósito defender uma superestrutura.
Então, não sendo a violência algo ruim durante toda a história e a todo momento, pois não de trata de termo que expressa uma única forma de expressão, ela - a violência - não poderia gerar apenas problemas, certo? Logo a violência precisa ser, de alguma forma, "vigiada", politicamente administrada, deve ser discussão, inclusive no campo da ética - a psicanálise define essa "regulamentação" como recalque -, pois ela não é um sistema, ela é uma ferramenta.
Agora, o capitalismo, sim, é um sistema, e para existir depende da existência da luta de classes. E a violência é uma das ferramentas do capitalismo, que inclusive a usa de diversas formas, com vários procedimentos (policia, exército, sistema judicial, escolas, cadeias, imprensa, na filosofia, na ciência, na arquitetura, no transporte, em tudo), e essa é a diferença, mesmo no capitalismo a violência é, em certa medida, regulamentada, regida, para manter esta estrutura a polícia deve se passar por protetora do povo, o estado também, os bancos, as ongs de proteção a sei lá o que; a única coisa que não é, nem pode ser regulamentada, não é vigiada, é o capitalismo, pois ele é o próprio sistema que opera tudo isto, inclusive nosso desejos, sonhos, especificidades e vontades mais intímas, me diga uma que não?
E, sinceramente, dentro de toda a barbárie estabelecida, não entendo de onde vem a surpresa, a indignação deveria ser constante, tendo sempre em vista que são apenas pequenos elementos da superficie de algo muito maior e que opera e que não se vigia, nem há lei que o impessa: outro exemplo, como já deve ter visto aqui no blog fato deste ter acontecido: alguma lei contra racismo já impediu-me de ser chamado de macaco, ou de alguém proliferar dentro de si um ódio gigantesco a um outro ser humano de outra etnia ou sei lá o que?
Se no lugar dos Orongotangos fossem cavalos-marinhos, ou repolhos, ou melancias, tanto faz, você discute o "quem", e o que deve ser levantado é o "por que" e "como". É, porque lucra! Simples assim.
Sua sensibilidade, sua honestidade, tudo é absorvido, enquanto a superstrutura existe o que está em jogo é o que se tornou natural: tire o orogantango, e coloque o repolho, em ambos os casos, ainda existirá a extração de mais-valia, a exploracão de trabalhadores, a decadência da vida, a arte cada vez mais pobre, o mundo cada vez mais desgraçado e com atos barbáros loucos a cada metro quadrado.
Sua individualidade, e impulsos desmedidos não são nada mais que negócio para a sociedade do espetáculo, assinar uma petição lhe garantirá as migalhas para saciar as pequenas revoltas de que tanto o capitalismo necessita para perpetuar - não sou contra as petições, contudo quando elas existem apenas por elas mesmas, e pela causa descolada de uma bandeira maior de luta de total supressão de um sistema que opera e permite esses absurdos, ela não faz sentido.
E se somos sepulturas vivas é porque em momento algum soubemos o que é vida.
segunda-feira, 9 de abril de 2012
quarta-feira, 4 de abril de 2012
segunda-feira, 2 de abril de 2012
"Genipapo Absoluto"
Apesar de todas as ressalvas sobre a figura de Caetano Veloso - ou melhor do que se tornou -, lendo seu livro "Verdade tropical", não pude deixar de compartilhar um trecho, que além de dar uma prévia da ótima construção prosaica do livro, relembra dois clássicos "Em Busca do Tempo Perdido', de Proust, e "Genipapo Absoluto", do próprio Caetano:
"[...] saudades de Santo Amaro[...] saudades trancedentais, a experiência da beleza do canto fazendo estarem mais presentes do que jamais estiveram, vivenciados com mais verdade do que da primeira vez: algo que vim a ver luminosamente representado pelas palavras no grande livro de Proust, que li alguns anos depois, e adequadamente analisado no livro de Gilles Deleuze sobre Proust, que li muitos anos depois - o que me levou a poder escrever a canção "Jenipapo absoluto"[...]"
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