No último Festival Latino Americano, tive uma bela surpresa com "Alamar", do belga-mexicano Pedro González-Rubio. Fui envolvido completamente pelo documentário/ficção que mostra de forma singela a relação entre pai e filho que teria somente o mar como testemunha, não fosse o filme de Rubio. Ao final da projeção, me senti acolhido e livre por ter tido contato com uma relação humana amparada naquilo que de mais belo pode existir: o carinho de um homem por outro.
Natan é um garoto de oito anos que vive com a sua mãe em Roma e vai passar
férias com o pai, que vive em alto mar, dedicado à pesca e à contemplação
apaixonada da natureza. Cria-se, assim, um movimento contrário daquele dito
"civilizatório", um retorno ao que lhe é natural, intrínseco ao
próprio humano. Natan, acostumado com a vida de um grande centro urbano, passa
por um desenvolvimento interno e aprende aos poucos a lidar com a natureza e as
suas peculiaridades.
Diretor, roteirista, produtor, diretor de fotografia e montador de
"Alamar", Pedro González-Rubio constrói uma narrativa carregada de
simplicidade e, por isso mesmo, igualmente repleta de significados. A jornada
de Natan e seu pai, em constante aproximação da natureza, os leva a uma
cumplicidade tal, que chegamos a perceber o homem em seu estado mais natural,
aquele ligado ao instinto e revelador do ser humano como a mais autêntica
manifestação da natureza em seu estado latente, o mesmo que nos faz chorar
perante uma simples imagem cinematográfica.
O filme parece ser bem bonito mesmo, tanto pelo texto quanto o teaser. Só que é importante que seja visto de fato, senão ficará como quase tudo no cinema, se tratando do Brasil, restrito à categoria nos festivais que passar. O como fazer isso é outro ponto(rs).
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