O Coletivo Cinefusão surge, no final de 2008, a partir da iniciativa de trabalhadores de diversas áreas - cinema, jornalismo, publicidade, artes cênicas, filosofia, arquitetura, fotografia -, empenhados em criar primeiramente uma rede colaborativa que pudesse dar conta da junção dessas linguagens e também da possibilidade de abarcar potencialidades em busca de produção artística independente, mas também de reflexões concretas acerca da sociedade. É principalmente sobre este último pilar de atuação política, que o grupo vem, atualmente, pensando o cinema, sempre vinculado a outras expressões artísticas e movimentos sociais.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Um brinde ao fim do Big Brother Brasil

O cordelista baiano Antonio Barreto, natural de Santa Bárbara, nos brinda com um cordel que precisa ser entoado em uma época da ditadura dos meios de comunicação.

BIG BROTHER BRASIL

Curtir o Pedro Bial
E sentir tanta alegria
É sinal de que você
O mau-gosto aprecia
Dá valor ao que é banal
É preguiçoso mental
E adora baixaria.

Há muito tempo não vejo
Um programa tão ‘fuleiro’
Produzido pela Globo
Visando Ibope e dinheiro
Que além de alienar
Vai por certo atrofiar
A mente do brasileiro.

Me refiro ao brasileiro
Que está em formação
E precisa evoluir
Através da Educação
Mas se torna um refém
Iletrado, ‘zé-ninguém’
Um escravo da ilusão.

Em frente à televisão
Lá está toda a família
Longe da realidade
Onde a bobagem fervilha
Não sabendo essa gente
Desprovida e inocente
Desta enorme ‘armadilha’.

Cuidado, Pedro Bial
Chega de esculhambação
Respeite o trabalhador
Dessa sofrida Nação
Deixe de chamar de heróis
Essas girls e esses boys
Que têm cara de bundão.

O seu pai e a sua mãe,
Querido Pedro Bial,
São verdadeiros heróis
E merecem nosso aval
Pois tiveram que lutar
Pra manter e te educar
Com esforço especial.

Muitos já se sentem mal
Com seu discurso vazio.
Pessoas inteligentes
Se enchem de calafrio
Porque quando você fala
A sua palavra é bala
A ferir o nosso brio.

Um país como Brasil
Carente de educação
Precisa de gente grande
Para dar boa lição
Mas você na rede Globo
Faz esse papel de bobo
Enganando a Nação.

Respeite, Pedro Bial
Nosso povo brasileiro
Que acorda de madrugada
E trabalha o dia inteiro
Dar muito duro, anda rouco
Paga impostos, ganha pouco:
Povo HERÓI, povo guerreiro.

Enquanto a sociedade
Neste momento atual
Se preocupa com a crise
Econômica e social
Você precisa entender
Que queremos aprender
Algo sério – não banal.

Esse programa da Globo
Vem nos mostrar sem engano
Que tudo que ali ocorre
Parece um zoológico humano
Onde impera a esperteza
A malandragem, a baixeza:
Um cenário sub-humano.

A moral e a inteligência
Não são mais valorizadas.
Os “heróis” protagonizam
Um mundo de palhaçadas
Sem critério e sem ética
Em que vaidade e estética
São muito mais que louvadas.

Não se vê força poética
Nem projeto educativo.
Um mar de vulgaridade
Já tornou-se imperativo.
O que se vê realmente
É um programa deprimente
Sem nenhum objetivo.

Talvez haja objetivo
“professor”, Pedro Bial
O que vocês tão querendo
É injetar o banal
Deseducando o Brasil
Nesse Big Brother vil
De lavagem cerebral.

Isso é um desserviço
Mal exemplo à juventude
Que precisa de esperança
Educação e atitude
Porém a mediocridade
Unida à banalidade
Faz com que ninguém estude.

É grande o constrangimento
De pessoas confinadas
Num espaço luxuoso
Curtindo todas baladas:
Corpos “belos” na piscina
A gastar adrenalina:
Nesse mar de palhaçadas.

Se a intenção da Globo
É de nos “emburrecer”
Deixando o povo demente
Refém do seu poder:
Pois saiba que a exceção
(Amantes da educação)
Vai contestar a valer.

A você, Pedro Bial
Um mercador da ilusão
Junto a poderosa Globo
Que conduz nossa Nação
Eu lhe peço esse favor:
Reflita no seu labor
E escute seu coração.

E vocês caros irmãos
Que estão nessa cegueira
Não façam mais ligações
Apoiando essa besteira.
Não deem sua grana à Globo
Isso é papel de bobo:
Fujam dessa baboseira.

E quando chegar ao fim
Desse Big Brother vil
Que em nada contribui
Para o povo varonil
Ninguém vai sentir saudade:
Quem lucra é a sociedade
Do nosso querido Brasil.

E saiba, caro leitor
Que nós somos os culpados
Porque sai do nosso bolso
Esses milhões desejados
Que são ligações diárias
Bastante desnecessárias
Pra esses desocupados.

A loja do BBB
Vendendo só porcaria
Enganando muita gente
Que logo se contagia
Com tanta futilidade
Um mar de vulgaridade
Que nunca terá valia.

Chega de vulgaridade
E apelo sexual.
Não somos só futebol,
baixaria e carnaval.
Queremos Educação
E também evolução
No mundo espiritual.

Cadê a cidadania
Dos nossos educadores
Dos alunos, dos políticos
Poetas, trabalhadores?
Seremos sempre enganados
e vamos ficar calados
diante de enganadores?

Barreto termina assim
Alertando ao Bial:
Reveja logo esse equívoco
Reaja à força do mal…
Eleve o seu coração
Tomando uma decisão
Ou então: siga, animal…

Vincent Moon, O cineasta trovador

Conheci a obra de Vincent Moon há pouco tempo. Para ser mais exato, descobri que já conhecia suas obras quando vi os teasers de "An Island", filme do cineasta com o grupo, que também admiro muito, Efterklang. (Entre outras várias obras, vale a pena citar o vídeo-musical"Petites Planetes", Tom Zé)

Além de um grande trabalhador dessa arte, Vincent impressiona por seu desapego, mesmo àquelas coisas que o cinema comercial mostrou - e educou a todos - ser indispensável ( não que isso seja novidade para nós e tantos outros coletivos e artistas independentes que vivem na mesma lógica, aqui no Brasil).

Uma das coisas que mais gosto na entrevista, apesar de eu usufruir do objeto da crítica, é o final em que ele se refere a "Cannon 5d" como a câmera da globalização e por isso ela a odeia. 

Anima ver a crítica de um artista tão talentoso, que não poupa palavras para aquilo que no senso comum é quase sagrado, e posto como uma unificação ou massificação de povos, em detrimento de suas unidades e especificidades enquanto seres. Além, é claro, de sua bela crítica às escolas de cinema, quais, para ele - e também para mim -, em maior parte dos casos, ajudam muito mais a imbecializar e engessar a subjetividade de cada um do que a pretensão de "ensinar".

Pena que vivemos num mundo onde as pessoas ainda se orgulham de serem "melhores alunos".



O Vídeo e o Título da postagem são de http://www.youtube.com/user/SaraivaConteudo

Cala a boca Bolsonaro!

Dando continuidade a sessão "Cala a boca..." e chamando todos para essa importante campanha, para que esse representante de toda estupidez e mesquinharia humana feche sua boca.

Para quem disse que a direita não tinha representantes(como vi em comentários no youtube, em um vídeo sobre a polêmica do blog da Maria Bethânia), olhem aí:


Family guy - Bóton de MacCain em uniforme nazista

terça-feira, 29 de março de 2011

"30 Second Bunnies": Clockwork Orange (Laranja Mecânica)

Ótima série de animações,em flash, onde os coelhos são os personagens criados sob grandes obras do cinema, como "Clube da Luta"(Fight Club),"Onde os fracos não tem vez"(No country for an old man)e muitos outros.




"I was cured all right"


segunda-feira, 28 de março de 2011

FRAME: Feliz Que o Cinema Francês Esteja Vivo

impressionante o trabalho do pequeno Gabin Lefebvre

Recentes filmes franceses têm me trazido o alento de que há um vigor artístico que resiste ao tempo na cinematografia do país da Nouvelle Vague. Cineastas como Alain Resnais, Claude Chabrol, Xavier Beauvois, Arnaud Desplechin, Laurent Cantet, Jacques Audiard, François Ozon, Bruno Dumont, entre outros, trazem um cinema inventivo que, por mais que nem sempre funcione, propõe uma arte que vai contra o establishment hollywwodiano. Em cartaz nos cinemas de São Paulo, "Feliz Que Minha Mãe Esteja Viva" é mais um exemplar dessa boa safra francesa de filmes não convencionais, que trazem o confronto ao invés do conforto narrativo de um cinema previsível. Simbolicamente dirigido por Claude Miller e seu filho Nathan Miller, o longa é um drama familiar centrado no abandono materno e na relação que se estabelece com a adoção ou com a ausência da figura da mãe. Porém, não há maniqueísmos simplistas, mas sim uma abordagem profunda acerca da necessidade de laços afetivos. 

"Feliz Que Minha Mãe Esteja Viva" é, antes de tudo, um filme sobre a inadaptação e sobre a disfuncionalidade do seio familiar. Os personagens não são simplesmente vitimas, mas sim seres inadaptados ao tipo de vida social que lhes foi naturalmente imposta. Julie é  uma jovem mãe desnaturada, que não consegue se adaptar a vida materna e resolve entregar para adoção os seus dos filhos,Thomas e Patrick. Porém, o adjetivo desnaturado cabe aqui para todos os personagens, incluindo os filhos e o casal que os adotam. As características humanas estão subvertidas e o espaço afetivo se desnaturalizou no sentido de que as relações sociais impostas trouxeram o desenvolvimento de sentimentos contraditórios. Claude e Nathan Miller buscam mostrar como a ânsia humana pela construção de vínculos também pode levar a desconstrução da personalidade do ser, relevando lados obscuros, mas não menos humanos. 

É amparado em pares díspares como ódio e amor, desejo e repulsa, racionalidade e emotividade, que o filme francês costura os seus sentidos, sempre ambíguos e, por isso mesmo, sempre insuportavelmente humanos. A busca de Thomas (interpretado em diferentes fases da vida pelos surpreendentes Gabin Lefebvre, Maxime Renard e Vincent Rottiers) por sua mãe biológica não cai em nenhum momento na clássica jornada do herói norte-americano, que aprende lições de vida moralistas. Estamos diante de um filme complexo e que não traz soluções fáceis. As sequências em que Thomas passa a viver com a mãe biológica e o seu meio-irmão são intensas e carregadas de simbolismos. A imprevisiblidade do personagem não é esquemática, mas sim reflexo do alabirintado jogo de relações que o atravessa. Mesmo o happy end proposto pelos diretores é muito mais uma afirmação da impossibilidade da conciliação do que um acessório de redenção clássica. "Feliz Que Minha Mãe Esteja Viva" não é daqueles filmes unanimidade e também não é uma obra completamente regular ou inovadora. Mas há algo de desconcertante nesse filme, que muito nos diz sobre as possibilidades  da linguagem cinematográfica e também sobre a enigmática condição do ser social.

sexta-feira, 25 de março de 2011

"Canções para Lennin" - O fim de uma genealogia: Morre a última parente viva de Lennin



Olga Ulyanova, a sobrinha do fundador da União Soviética Vladimir Lenin que lutou para que o corpo embalsamado de seu tio permanecesse num mausoléu na Praça Vermelha em Moscou, morreu na sexta-feira na capital russa aos 89 anos.


Olga, uma química, era a última parente viva de Lenin que se tem conhecimento, informou o governo da região russa de Ulyanovsk em comunicado.


"Ela era a última parente viva da família Ulyanov", disse o comunicado. A região nas montanhas do Ural, no leste de Moscou, recebeu o nome em homenagem a Lenin, que nasceu lá e cujo verdadeiro nome era Vladimir Ulyanov.


Lenin, que morreu em 1924, não teve filhos segundo se sabe.


Vinte anos após a queda da União Soviética, ainda existe um amplo debate sobre o que fazer com o corpo de Lenin, que está exposto em seu mausoléu ao lado do Kremlin.


Pesquisas indicam que um terço dos russos quer que o corpo do revolucionário bolchevique seja removido, mas o governo russo se recusa a retirá-lo.


O Partido Comunista, a segunda mais importante força política russa, quer que Lenin seja mantido no mausoléu.


Abaixo, três curtas-metragens sobre o revolucionário russo, divididos em seis partes, sob o genial olhar de Vertov.

Políticas Públicas para o vídeo popular


Por Evandro Santos - Coletivo de Vídeo Popular

Olá a todos que trabalham com produção, formação, exibição e distribuição popular de vídeos em São Paulo! Nós, indivíduos e coletivos que trabalham com vídeo popular, acreditamos que está mais que na hora de nos unirmos para propor, juntos, políticas públicas voltadas para o vídeo popular! 

Por isso, queremos convidar todos os interessados para uma reunião no dia 26/03, 14h, no SESC Pinheiros. A ideia é discutir propostas de políticas públicas e iniciar sua formatação para encaminhamento ao poder público municipal, estadual, federal... (na sequencia, a partir das 16h haverá exibição do Videolência (NCA) com debate, quem quiser já aproveita o pacote!)

Divulguem, compareçam!

Reunião - Políticas Públicas para o Vídeo Popular
dia 26/03, 14h, No Saguão de entrada do SESC Pinheiros
(Nos encontraremos no saguão de entrada e às 14h15 iremos para uma sala dentro do SESC)
End. Rua Paes Leme, 195 - Pinheiros 

Lançamento de livro do poeta português Xavier Zarco

O livro “Sonho de Benta Aguiar" – seguido de – “Fragmentos de Hipocrene”, do poeta português Xavier Zarco, de Coimbra, será lançado no dia 26, sábado, às 16 horas, na Galeria Art Place, na rua Marquês de Itu, 243, próximo à Praça da República.

Xavier Zarco tem 27 livros de poesia publicados em Portugal, muitos deles distinguidos com prêmios dos mais  importantes da poesia portuguesa. A obra tem capa e ilustração de Valdir Rocha. O livro do poeta português será distribuído aos presentes que assistirão a uma leitura de poemas, com a participação de vários poetas de São Paulo, como Celso de Alencar, Ronaldo Cagiano, Beth Brait, Lílian Gattaz e Álvaro Alves de Faria, que organizou a edição da Editora RG na coleção “Alumbramento”. A apresentação do lançamento na Galeria Art Place será comandado pela jornalista e escritora Patrícia Cicarelli.



ao longo dos anos
semeei versos
como passos no caminho
que chamei de meu

alguns ainda os trago comigo
são o meu legado
o meu quinhão

meu naco de chão

Exibição de cópia restaurada de "A Hora da Estrela"


Teaser: "Entre a Coroa e o Vampiro - Terror e Miséria no Novo Mundo, Parte II: O Império" - Espetáculo da Cia Antropofágica de teatro

Animação ucraniana feita com desenhos na areia

Liz Taylor e Catarina


texto de Marco Haurélio (http://marcohaurelio.blogspot.com/)


A imprensa mundial informa: morreu, hoje (quarta, 22 de março), Elizabeth Taylor. A atriz britânica, duas vezes premiada com o Oscar, brilhou em muitos filmes. Um deles, Um lugar ao sol, de George Stevens, é o meu favorito. E de Chaplin também, conforme vim a saber mais tarde.

Bem, mas a postagem é por outro motivo. Quando pensei em verter para o cordel um clássico da literatura universal, não pensei muito e cravei A Megera Domada, de Shakespeare. Talvez o motivo principal nem tenha sido a peça em si, mas o filme de 1967, dirigido por Franco Zefirelli e estrelado por Liz Taylor e seu marido à época, Richard Burton.

Nos papéis de Petrucchio e Catarina, eles reviviam cenas muito próximas da realidade, o que rendeu atuações inesquecíveis. A cena do casamento, entre tantas, merece destaque. Foi a imagem desta cena que motivou-me a escrever estes versos para o livro A Megera Domada em Cordel:


Depois disto, ele agarrou
A noiva pelo gargalo
E deu-lhe um beijo na boca,
Com escandaloso estalo,
Que a nobreza envergonhada
Se recusava a olhá-lo.

Fico, entre tantas, com essa imagem de Liz Taylor.

Rise - Eddie Vedder - Trilha sonorra de "Into the Wild"(Natureza Selvagem)


(Tradução)
Tais são os caminhos do mundo
Você nunca sabe
Onde colocar sua fé
E como ela vai crescer

Vou me erguer
Trazer de volta buracos e memórias ocultas
Vou me erguer
Transformar enganos em ouro

Tal é a passagem do tempo
Rápida demais para conter
E de repente engolida por sinais
Abaixe-se e observe

Vou me erguer
Encontrar minha direção magneticamente
Vou me erguer
Atirar-me ligeiro à estrada

quinta-feira, 24 de março de 2011

Cineclube Cinefusão exibe "Alamar", de Pedro Gonzáles Rubio



No próximo domingo, dia 27 de março, às 18h30, o Cineclube Cinefusão exibe uma jóia latino-americana - o filme mexicano "Alamar", do belga-mexicano Pedro Gonzáles Rubio. "Alamar" é um filme sobre a jornada de um menino, seu pai e o avô, que descobrem na natureza o mais autêntico laço afetivo entre homens. 

O trailer do filme pode ser visto no link: http://cinefusao.blogspot.com/2010/07/frame-homens-ao-mar.html

Natan é um garoto de oito anos que vive com a sua mãe em Roma e vai passar férias com o pai, que vive em alto mar, dedicado à pesca e à contemplação apaixonada da natureza. Cria-se, assim, um movimento contrário daquele dito "civilizatório", um retorno ao que lhe é natural, intrínseco ao próprio humano. Natan, acostumado com a vida de um grande centro urbano, passa por um desenvolvimento interno e aprende aos poucos a lidar com a natureza e as suas peculiaridades.

A exibição dá sequência ao ciclo do Cinefusão "Cinema e Culturas Marginais", que pretende apresentar um panorama de filmes realizados por cineastas de culturas não tão conhecidas e distantes de um senso comum, marcado pelo ocidentalismo europeu e estadunidense, que produz o cinema comercial que é divulgado massivamente. Assim, serão priorizadas obras que nasceram no âmago dessas culturas ou que abordem o modo de vida delas. Esperamos com o ciclo, trazer uma possibilidade de trocas e, principalmente, à luz da barbárie neoliberal, discutir sem qualquer tipo de preconceitos quais são as motivações que levam as sociedades a concepções de mundo tão distintas. A sessão é gratuita e acontece à rua Augusta, 1239, conj 13 e 14.

evento no Facebook: http://www.facebook.com/event.php?eid=162076243847027

quarta-feira, 23 de março de 2011

"An Island" um filme de Efterklang e Vicent Moon

3º teaser de um filme "An Island" que tem tudo para ser ótimo, dada a virtuose dos músicos do Efterklang e do diretor Vicent Moon.


Depoimento dos primeiros presos políticos do governo Dilma


Matilha Cultural faz evento especial para a Mostra do Filme Livre



A Matilha Cultural participa da Décima Mostra do Filme Livre, recebendo sessão especial nesta quinta-feira, 24. O evento vem acontecendo no CCBB.

Na Matilha, a programação intitula-se “Sessão Sexuada” acontece às 21h. Depois da sessão, acontece a “Festa Livre” com o DJ carioca KZL e convidados. A entrada é franca.

A Mostra ficará em cartaz no CCBB até o dia 31 de março.

MOSTRA LIVRE DE CURTAS-FESTIVAL RNAB NO CECISP


terça-feira, 22 de março de 2011

Destruição Coletiva

Abaixo, uma triste imagem.

Todo um imaginário coletivo destruído.
Poltronas cederão espaço ao bolso capitalista dos que vendem a não poesia.

Não por ser o Belas Artes, mas a destruição de um espaço cultural é triste... muito triste

      FOTO: Marcio Fernandes/AE

PMs da Rota são filmados ao misturar droga em tambor em SP




Exibição + debate de "Videolência"

FONTE: NCA_Nùcleo de Comunicação Alternativa





Dia 26/03 tem exibição especial de um dos trabalhos mais expressivos do NCA (NCA_Nùcleo de Comunicação Alternativa), o Doc-Fic "Videolência".

Videolência - 58 min, São Paulo - Brasil/2009

Realização do Núcleo de Comunicação Alternativa:

O trabalho aborda os desafios enfrentados por grupos que trabalham a produção de vídeo de maneira sócio-política fora do circuito comercial, colocando em debate temas como vigilância, trabalho, periferia e representação.



Coletivos entrevistados:
CineBecos
Filmagens Periféricas
Brigada de Audiovisual da Via Campesina
Cinescadão
Cinema Nosso
Coletivo Artemanha


Ficha técnica:
Fernando Solidade Soares
Diego FF. Soares
Daniel FagundeS.
Paulo Pucci


A exibição será às 16hs no Sesc Pinheiros
Rua Paes Leme, 195 - Pinheiros (Próximo da igreja de pinheiros)

Após a exibição haverá um debate com Kiko Gofman (Cineasta e antropólogo), Luciana Bira (Coletivo CineBecos), Fernando Solidade Soares (NCA) e mediação de Guilhermo Aderaldo (Doutorando em antropologia Social pela USP).

O evento é gratuito e todos serão bem vindos, mas as vagas são limitadas então chegue pelo menos uns 15 minutos antes para garantir o ingresso.

domingo, 20 de março de 2011

Realismo do Grotesco em ‘Almas Mortas’ de Gógol.

.
“Todos nós saímos de Gógol”.

(Dostoievski)

O conhecimento da vida cotidiana da Rússia no séc. XIX, em seu mais remoto e variado matiz, só a literatura pode fornecer. Mas, no caso de Gógol, por exemplo, sem um conhecimento histórico mínimo de fundo, acharíamos, talvez, menos graça na caracterização mordaz de seus personagens: sempre abusivos e despóticos. Aos gatunos tudo se perdoa frente à “ingenuidade” de seus métodos, fingindo-se ignorar, inclusive, a natureza pouco angelical de seus propósitos. Nesses termos, como não pensar no Brasil: a essência da lei é a infração da lei.

Reconhecemos pegadas machadianas na ironia de Gógol, ou mais propriamente o contrário. Talvez seja maior o acabamento na construção dos romances de Machado, em que a elaboração formal desvela de forma sutil, quase sem pretender, mecanismos psicológicos de classe. Já em Gógol há uma “pretensão edificante”; uma espécie de “ auto-comiseração” do narrador, ausente na narrativa machadiana. Em Gógol o narrador jura não sentir a menor vergonha frente a “fraqueza” de seus personagens, apesar de ser inútil o chamado à redenção moral após a exposição de um quadro tão decadente. Nas últimas páginas de “Almas Mortas”, por exemplo, o narrador torna-se “sério” e cobra responsabilidade cívica dos leitores; mas, vale dizer, é tarde demais: a qualidade do próprio romance já não admite a seriedade.

Há muitos outros traços das “Almas Mortas”, tais como a lógica da mercadoria mediando as relações humanas, quando, por exemplo, compara-se os personagens com coisas inanimadas e animais - pedras, casas, empadas de frango, cavalos, etc. Também a realidade externa, o nível espacial da narrativa, em que as diferentes localidades refletem o caráter de seus proprietários; irradiando-se inclusive como elemento definidor de personagens menores, principalmente camponeses (mujiques), que gravitam à sombra de seus donos, os “grandes”; etc.

“Almas Mortas”, em suma, é a trajetória do personagem Tchitchikov, senhor proprietário de muitas almas de camponeses, “Consultor Civil do Estado”, que passa pela casa de diversos outros proprietários com um interesse comercial um tanto mórbido e obsessivo: comprar almas de camponeses mortos; para constar numericamente, ou por sandice de “colecionador” – só ao fim do romance sabemos seu real interesse.

Apresento alguns trechos da obra, que talvez façam sentir a força da ironia desse grande realista.

___________

O narrador nos apresenta Nosdriov, figura que o herói conheceu em sua jornada:

“De certo modo, Nosdriov era uma personagem histórica. Nenhuma reunião de que ele participasse acabava sem uma história qualquer, tanto que ele, ou acabava a reunião de “braços dados” com a polícia, ou os próprios companheiros eram forçados a empurrá-lo para fora. Ou embebedava-se até ficar reduzido a um riso ininterrupto, ou então acabava com vergonha das próprias mentiras. E mentia sem a menor necessidade: de repente, contava que tinha um cavalo de pelo azul ou cor-de-rosa, a ponto dos ouvintes acabarem por se afastar dele, dizendo: “Eh, meu velho, estás passando da conta” (p. 85)

Assim era Nosdriov! Quem sabe dirão que ele é um tipo superado, que Nosdriov não existe mais hoje em dia. Infelizmente, não terão razão os que assim falarem. Nosdriov ainda permanecerá por muito tempo nesse mundo, e não será fácil exterminá-lo. Ele está entre nós por toda parte e, quiçá, apenas traja uma casaca diferente; mas os seres humanos são superficiais e pouco perspicazes, e um homem de roupa diferente, lhes parece um outro homem”. (p. 86-7)

Já aqui, o narrador descreve uma “agregada” do Sr. Sobakêvitch, proprietário ao qual Tchitchikov está em visita com o objetivo de arrematar mais algumas “alminhas” de camponeses mortos:

“Para o quarto lugar na mesa logo surgiu uma, é difícil definir com segurança, senhora ou senhorita, parenta, governanta, ou simplesmente uma agregada da casa. Há certos indivíduos que existem no mundo não como um objeto, mas como pintinhas ou manchinhas sobre um objeto. Sentam-se sempre no mesmo lugar, mantêm a cabeça na mesma posição, são quase tomados por peças de mobiliário; e no entanto, em algum recanto, principalmente na despensa ou na cozinha, descobre-se que... oh meu deus, oh!”. (p. 115)

O narrador descreve agora o anfitrião Sobakêvitch:

“Parecia que naquele corpo gigante não existia alma nenhuma, ou, se existia, situava-se não no lugar devido, mas, como um bruxo, a alma está envôlta numa casca tão grossa que como quer que se movesse no fundo daquele corpo não conseguia produzir qualquer comoção na superfície...”. (p. 116)

Por fim, o próprio Tchitchikov, tão mesurado e simpático com Sobakêvitch, formula “mentalmente” sua opinião a respeito do mesmo, vendo-o “pelas costas”, por assim dizer:

“Quando olhou para aquele costado que ia na sua frente, amplo como o lombo de um cavalo, e para suas pernas que pareciam os postes de São Petersburgo, não pôde deixar de exclamar mentalmente: ‘Será que já nasceste assim, urso, ou ficaste ursificado com a vida neste buraco distante, amofinando seus mujiques com sua avareza, e por causa de tudo isso te transformaste no que se costuma chamar de unha-de-fome”. (p. 120)

(Nicolai Vassílievitch Gógol, Almas Mortas, Abril Cultural, 1972)

.

sábado, 19 de março de 2011

Bethânia e a galinha dos ovos de ouro - Nossa subjetividade à mercê do capital


Há pelo menos dois pontos de vista sobre Maria Bethânia e a sua galinha dos ovos de ouro de 1,3 milhão de reais. O primeiro seria aquele composto por burocratas (avessos à cultura), ressentidos e alguns poucos contrários a qualquer tipo de lei de renúncia fiscal,  seria o de considerar um absurdo a intérprete arrecadar tal quantia para um blog - dizem os ressentidos e burocratas - de poesia - dizem os burocratas. O segundo ponto de vista é daquele que acredita que essa quantia não representa e nem deveria ter feito tanto barulho, já que além de ser um incentivo necessário à nossa cultura, o dinheiro ainda não foi "entregue" apenas "encomendado", já que os produtores de Bethânia foram permitidos captar tal verba através da uma lei de renúncia fiscal¹.

Não posso dizer que discordo plenamente de ambas as opiniões. É óbvio que o Brasil necessita sim, de uma cultura desenvolvida e para isso precisa de meios para executá-la. E, sim, me agrada a ideia do blog de Bethânia.

Contudo quando se fala de dinheiro público - sim, DINHEIRO PÚBLICO! - seja para qual meio for, não podemos simplesmente nos esquivar  por ser uma artista importante que contribui para nosso enrijecimento  cultural.

Ora, vamos lá. A lei em questão, em poucas palavras, não passa de desvio de dinheiro público para o setor privado. Já que esse dinheiro teria de ser repassado primeiramente ao governo, para então ser destinado à cultura, educação, etc. E ao contrário disso, o que acontece é que fica a critério de um diretor de marketing, ou coisa que o valha, decidir aonde é importante e rentável para sua empresa injetar aquele dinheiro - aí, outro ponto, já que além da renúncia fiscal, a empresa tem seu nome divulgado nas obras de seu interesse(propaganda), sem contar os trambiques de renunciar 1 milhão, injetar 300mil  e ficar com o resto.

Dessa forma, deveríamos usar toda essa energia critica atual e repensar como são feitos shows  de Ivete Sangalo, Roberto Carlos, ou espetáculos como Cirque de Soleil - e centenas de outros exemplos inesgotáveis.

Que é tirste ver uma artista consagrada tendo a possibilidade - que acaba por ser efetiva, dados os fatos de "sucesso" da intérprete -  de captar tanto dinheiro em detrimento - sim, em detrimento - de outro artistas e  novos coletivos de trabalhadores de cultura, sim, é deprimente.

Que lamentável ver que ainda vivemos num mundo que frases como essa sejam tão facilmente objetivadas e aceitas: "... Não vivemos de palavras bonitas, mas sim de dinheiro, o Brasil precisa é de educação financeira"² - não que em nosso sistema econômico não seja este o carro-chefe, mas a frase como fim não deve contemplar a ninguém.

Mas o que mais entristece é que num sistema fadado às ruínas do apocalipse, anunciado há muito por um messias chamado dinheiro, nós trabalhadores, sejam da cultura, da arte ou não, e sobretudo estes como Maria Bethânia, que são como espécie de nossos "mestres", aceitem ainda que nossa subjetividade seja condicionada por aqueles, que por toda sua vida, se dedicaram a nos enfiar goela abaixo uma realidade sem nuances, desromantizada, mórbida ou simplesmente controlada.


²Comentário do vídeo de Daniel Fraga em http://www.youtube.com/watch?v=zIKu3HZs_Qs

Estreia hoje "Entre a Coroa e o Vampiro - Terror e Miséria no Novo Mundo, Parte II: O Império"


quarta-feira, 16 de março de 2011

Vale a pena acreditar: Protesto com óleo marca entrega do Prêmio Shell de Teatro

Abaixo, disponibilizo a notícia do portal Terra, sobre o protesto feito pelo Grupo de Teatro Dolores Boca Aberta durante a 23º edição do prêmio Shell de teatro.
Antes, algumas considerações minhas sobre a notícia:
Vivemos, talvez, um dos períodos mais preocupantemente pacientes da história, isso tanto para aqueles visto como sendo comum, quanto para outros, considerados em nosso 'sistema' "artistas". A maior parte dos artistas, principalmente aqueles que "produzem" constantemente, seja através da renúncia fiscal ou dos prêmios advindos dos editais públicos, não tem grandes preocupações nem discutir, expandir essas leis ou formas de fincanciamento da cultura - claro, por já terem econtrado o canal de construção de sua unidade -, e ainda mais que isso pouco se importam quanto a contrapartida social para/COM o povo, que é de onde nascem os recursos para que as obras venham à tona.
Contudo, esse panorama já vem mudando há muito tempo, com os grupos de teatro da cidade de São Paulo, que não só protestam, lutam, para que existam de fato leis e formas de fincanciamento público para a cultura, junto à cidade e não mais como um produto a ser vendido, mas também estão engajados em algo muito maior: a emancipação total do homem - Utopia ou não, é isso que ainda faz sorrir.
Entres muitos, um deles é o Grupo Dolores Boca Aberta.
Para muitos a ação do grupos foi "Extremista"(Marcelo Tas), para Beth Goulart foi "desnecessário", e para mim foi e será algo que deve estar marcado na história, como um dos pontos mais marcantes do espírito de nosso tempo. Afirmações como as anteriores só comprovam a complacência e conformismo de nossos "formadores de opinião" e sua opção por manter o status quo de nossa sociedade.
O que o grupo em questão fez, diferente dos críticos à atitude, foi quebrar com a hipocrisia das relações de trabalho e classe, onde por conta de ações de caráter "ONGuista", essas grandes corporações tentam nos enfiar um opium e congelar nossa visão crítica, como a de Marcelo Tas - que de uma vez por todas prova, que o CQC não passa de uma "sacada(R$)" e das grandes.
"Receberam um carinho e deram um tapa.": Não há carinho para quem luta de forma que seu processo de trabalho chegue aqueles, em muitos casos literalmente, deram seu sangue para nascer algo que nunca nem saberão se é, foi ou será.
Parabéns ao grupo, e se for assim que seja: Continuem estapeando, negando esse carinho morto e fazendo o lindo trabalho que fazem, que conheço e recomendo.
A atriz Nica Maria jogou óleo queimado, simulando petróleo, no ator Tita Reis, que segurava o troféu. Foto: Fernando Borges/Terra
A atriz Nica Maria jogou óleo queimado, simulando petróleo, no ator Tita Reis, que segurava o troféu
Foto: Fernando Borges/Terra
ELISANGELA ROXO
ANDRÉ ALOI
Direto de São Paulo
Dois atores do Grupo Dolores Boca Aberta Mecatrônica de Arte, premiado na Categoria Especial do 23º Prêmio Shell de Teatro, protestaram na entrega dos troféus na noite desta terça-feira (15) em São Paulo.
A atriz Nica Maria jogou óleo queimado, simulando petróleo, no ator Tita Reis, que segurava o prêmio durante o discurso. "Nosso corpo de artistas explode", disse Reis. Com o o rosto cheio do líquido preto, citou no discurso "crianças iraquianas que explodem". "É bom poder contar com empresas ecológicas e politicamente corretas de fato", ironizou sobre a Shell, patrocinadora do evento.
Em entrevista ao Terra por telefone, após a premiação, o representante do grupo, ator e diretor Luciano Carvalho explicou que o protesto se deu "pela contradição de a categoria teatral não dialogar e ter como intermediário uma multinacional petrolífera".
"É um fato alarmante porque nós, os 'fazedores de teatro', não temos controle sobre a direção das políticas públicas, inclusive de cultura e uso do subsolo. A gente recebe o prêmio de cabeça erguida porque o dinheiro é de trabalhadores e cooptado e expropriado por essa empresa", completou. O grupo deve soltar uma nota sobre o ocorrido em seu site oficial na quarta-feira (16).
Todos os vencedores recebem uma escultura em metal em forma de uma concha dourada, inspirada no logotipo da Shell, e uma premiação individual de R$ 8 mil.
O Dolores Boca Aberta concorria, entre outros, com a atriz Karin Rodrigues, viúva de Paulo Autran (morto em 2007) e indicada pelo encaminhamento e socialização do acervo pessoal do ator a instituições culturais na Categoria Especial.
O ator Norival Rizzo, na disputa por sua atuação em 12 Homens e Uma Sentença, criticou a escolha do grupo na categoria. "Acho que o prêmio especial não deveria ter concorrência, mas ser entregue direto a Karin", explicou.
"Foi uma atitude de visão pequena da parte deles, são extremistas", disse o apresentador Marcelo Tas, casado com a atriz Bel Kowarick, indicada ao prêmio por Dueto para Um. "Eles não conseguiram enxergar a coisa maior de tudo isso e se igualaram a quem só quer aparecer na revista Caras."
Para a apresentadora do prêmio, Beth Goulart, a atitude foi desnecessária. "Receberam um carinho e deram um tapa."
O autor premiado da noite, Leonardo Moreira, da peça Escuro não se incomodou com o protesto contra a Shell. "Cada um faz seu discurso. Acho legal ter esse espaço."
Premiados
Escuro era a favorita da edição, das cinco indicações que teve, levou três prêmios, por autor, figurino e cenário. Bete Dorgam, de Casting, foi eleita a melhor atriz e Luciano Chirolli, por As Três Velhas, melhor ator. Rodolfo García Vásquez, do grupo Satyros, ganhou como diretor pelo trabalho em Roberto Zucco.
Veja a lista completa dos vencedores:
Música
Fernanda Maia por Lamartine Babo
Iluminação
Caetano Vilela por Dueto Para Um
Figurino
Theodoro Cochrane por Escuro
Cenário
Marisa Bentivegna e Leonardo Moreira por Escuro
Categoria especial
Grupo Dolores Boca Aberta Mecatrônica de Artes pela pesquisa e criação de A Saga do Menino Diamante - Uma Ópera Periférica
Direção
Rodolfo García Vásquez por Roberto Zucco
Autor
Leonardo Moreira por Escuro
Ator
Luciano Chirolli por As Três Velhas
Atriz
Bete Dorgam por Casting
Homenagem
Maria Alice Vergueiro, paladina do teatro experimental brasileiro.

Elis Regina - "Tatuagem"

quinta-feira, 10 de março de 2011

Canon 7D vs. Barbie Video Girl - Pensando em comprar uma câmera?


Curta(Animação): "One Minute Puberty" - Um minuto na vida um adolescente

Na França, Kassab é surpreendido por protesto



São Paulo – Solidários aos ativistas contrários ao aumento da tarifa de ônibus em São Paulo, um grupo de manifestantes aproveitou a visita oficial do prefeito Gilberto Kassab (DEM) a Paris para protestar em frente à entrada da Feira Internacional dos Profissionais do Setor Imobiliário.
A manifestação ocorreu na terça-feira 8. Nesta quarta 9, Kassab apresentou na feira dois projetos, o Nova Luz e o Centro de Convenções que pretende construir em Pirituba, conhecido como Piritubão.
Na capital paulista, manifestantes foram às ruas em uma série de manifestações contra o aumento da tarifa de R$ 2,70 para R$ 3. A última passeata reuniu 1.500 pessoas e percorreu a Avenida Paulista, caminhando depois para o centro da cidade, sede da Prefeitura. Na quinta-feira 10,  o movimento promete fazer um ato diante da residência de Kassab (DEM), com concentração na frente do Shopping Iguatemi a partir das 17h.
*Matéria publicada originalmente na Rede Brasil Atual

quarta-feira, 9 de março de 2011

Cia Buraco do Oráculo

Grupo de teatro de rua de São Paulo se apresenta no próximo sábado, dia 12, às 16h, próximo à estação Jardim Helena - Vila Mara da CPTM. A apresentação será na mesma praça da estação.

Para chegar, na estação brás, pegue o trem sentido Camom Viana. 

Mais informações no site:



Relicário, de Vik Muniz



Chega a cidade de São Paulo  “Relicário, de Vik Muniz”, exposição que reúne um conjunto de 30 trabalhos, objetos, alguns não exibidos pelo artista desde o início de sua carreira, há 20 anos. A mostra fica em cartaz do dia 1 de março a 24 de abril no Instituto Tomie Ohtake.

Os objetos trazidos  fizeram parte da primeira exposição individual de Vik, na galeria Stux, em Nova York, em 1988, e de sua primeira mostra no Brasil, dois anos depois, em galeria paulistana. Outros são execuções recentes de projetos dos anos 80 e 90, que ele não conseguiu realizar na época, entre os quais há peças em Carrara e Murano produzidas na Itália, em Nova York e no Rio de Janeiro. Em Relicário, ao recuperar a produção de décadas anteriores, Vik Muniz confere uma aura quase que etnográfica às obras reunidas.


Origami feito de uma só folha de papel, crânio com nariz de palhaço, ampulheta com um tijolo dentro, sarcófago feito de tupperware, luvas de seis dedos, enciclopédia britânica de um só volume, pluma de mármore são alguns dos trabalhos que estão na exposição. São trabalhos repletos de ironia que tratam da identidade destes objetos em relação à sua função, sempre impregnados de humor levado a sério. “Interessa-me espaços onde a lógica e o senso comum falham, criando oportunidade ao público para novas experiências”, diz o artista.

A recriação de objetos cotidianos por meio de uma farta pesquisa material – do lixo aos materiais nobres – contribui para o amplo repertório de imitação ilusória do real construído pelo artista, conferindo-lhe especial notoriedade. O processo de sedução por meio desse grande cenário vem acalantado pelo humor, o elo final a captar o olhar do espectador.

                

terça-feira, 8 de março de 2011

A Demissão de Charlie Sheen e A Hipócrita Capa do Bom Senso

"É um dia de enorme satisfação na toca do Vale dos Sóbrios porque agora eu posso tomar todas, nunca mais terei de olhar para a cara do 'como é mesmo o nome dele' e jamais terei de vestir aquelas camisas ridículas enquanto este bruxo existir na dimensão terrena." Charlie Sheen.

Warner Bros decidiu demitir o ator Charlie Sheen, 45, da série "Two and a Half Men".

"Two and a Half Men" não será mais produzida neste ano
O ator se envolveu em uma série de escândalos com drogas e atrizes pornôs, além de ter brigado com o criador da série. Leia a reportagem completa sobre os motivos da demissão


Não de hoje que a indústria cultural americana extrapola a identidade conservadora estadunidense. E fatos como esse - a demissão de Charlie Sheen da série "Two and Half Man" - demonstram o quanto, nesse caso, esta mesma indústria, ao contrário dos princípios da "boa família" americana, está muito longe  de estender os ditos referentes a liberdade, democracia  e solidariedade pregados por seus líderes, ao decorrer do processo histórico.

Particularmente, gostava da série e sempre achei Charlie Sheen um bom ator, apesar de nunca ter visto nenhum grande diferencial fora de seu papel dentro da indústria ianque. O que assusta é que o "mercado do entretenimento" americano se esconde, e não é o primeiro e nem último caso, atrás de sua hipocrisia, sob uma capa de um falso bom-senso e baseado nos bons costumes, para negar a existência, ainda que artística, daqueles que não os seguem. Não se trata, nem nunca se tratou de um real "cuidado" com aqueles que assistem, mas, como já sabemos, uma estratégia de manter as vendas dessa empresa para aqueles que são o espelho de sua programação, que por sua vez é a imagem, potencializada, daqueles, sob uma capa de mediocridade.

Não torno o ator herói, nem faço apologia a seus atos, mas questiono: Por quanto tempo nos manteremos sob essa colcha de senso comum, que nos impede de dar um salto qualitativo em nossas próprias vidas? Até quando casos como esse serão tratados pela velha máxima "ele é uma pessoa pública, um exemplo a ser tomado, não pode ter atitudes como essa". Já estamos cobertos por tamanha estupidez. Por que não voltarmos a nos questionar sobre essa condição  da hierarquia do dia-a-dia referente a essas pessoas, a canonização de seres de carne e osso como nós, e, que, ao contrário de nós, "reles mortais", estão mais próximos e relacionados aos meios de comunicação que os criam, nos educam e dominam.

Somos cultivados e por conseguinte frutos de veículos de comunicação que tem a pretensão de fazer crer. Como há pouco uma reportagem de um jornal espanhol falava, e muitos ativistas batiam orgulhos no peito, que Pamela Anderson, Bill Clinton eram vegetarianos. Engraçado, que mesmo por aqueles - analisando na estrutura macro - que são, nas mais brutas expressões, dominadores, manipuladores, e mantenedores de um sistema econômico que assegura qualquer tipo de exploração, passam a ter razão quando nos apontam mínimas "melhorias" de opções individuais, mesmo usando como objeto de exemplo uma mulher, representante, no mais alto grau, da futilidade, e símbolo da mulher-mercadoria; um presidente que foi marco do conservadorismo americano, além de ter apoiado ações imperialistas, como o início da guerra no Iraque. 

Fatos como a demissão de Charlie Sheen apontam - ou reforçam, para aqueles que ainda tendem a acreditar num "mundo predestinado" - a desumanização da relação dos detentores desta indústria por seus "criados" - pois é assim que são vistos e como estes vêem a outros, e assim sucessivamente -, desencadeiam outras reações como os exemplos citados e reafirmam o perigo iminente de algumas poucas redes de televisão, além de veículos da internet, que também tem sido tomados por elas, estarem cada vez mais fortes. Ao contrário do que pensam os otimistas, como quanto a queda do número de pessoas que assistem televisão, vale lembrar que mais de metade do mundo acessa um único site de busca.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Ferreira Gullar, O poeta que não sonha mais


É fato que Ferreira Gullar é um excelente poeta, e também que o tento escrever aqui, não conseguirá chegar nem próximo à densidade e complexidade que constituem esse grande artista.

Assistindo ao programa Roda Viva, da TV cultura, fiquei bastante impressionado com a qualidade de seus versos, que ainda se mantém no novo livro "Em Alguma Parte Alguma", e, sobretudo, com sua visão de mundo antidogmática, mas ao mesmo tempo confusa.

Ferreira tem posições muito firmes e que esbarram no conservadorismo referente a drogas, sistema político, etc. Mas talvez o que mais incomode seja sua crítica constante ao que chama de “mentira”, “ilusão” sem que aponte nenhuma, não chamarei de solução, mas uma síntese eficaz para suas contradições. Isso fica bem claro quando afirma que o socialismo acabou, ou em outro momento afirma máximas do altruísmo, como o homem e a vida só ter sentido no momento em que enxergamos o outro, e acaba por repudiar o capitalismo, e apontando uma possível saída que é esse sistema ser "vigiado". Ou seja, apesar de crente numa relação mais humana, e à frente daquilo que temos no capitalismo, ele não admite e nem propõe o fim do sistema, que o próprio poeta chama de perverso – como verão no vídeo abaixo, ele tem suas justificativas para tal.

O ponto de vista político-partidário de Ferreira Gular não, necessariamente, me incomoda tanto, já que sua obra é algo muito além de sua confusão política. E convenhamos: É compreensível a crítica, principalmente aos partidos. Sabemos como funciona a maior parte dos partidos políticos e sua relação com a subjetividade, sobretudo na arte, são brutalizados quase tanto quanto o senso comum criado no capitalismo. E, talvez, por isso seja ainda mais atraente a pergunta: Como, o poeta, sabendo mais do que ninguém, que numa sociedade, onde relações humanas são mediadas pela mercadoria, logo, homens brutalizados e quase nulos em totalidade daquilo que é produzido enquanto arte em seu espaço, pode acreditar que num “capitalismo vigiado”, pode haver aquilo que descreve como vida? Já que na mais simples relação de 'benevolência', o que está em jogo não é o ser humano próximo de mim, mas o quanto custa tudo aquilo que nos permeia: tempo, quantidade, possibilidades, etc.

Sem dúvidas, há uma contradição enorme  e uma hipocrisia sem igual na esquerda, que, por vezes, é preferível escutar a um conservador convicto de sua mesquinhice. E, talvez, esse seja um dos pontos críticos cruciais da fala do poeta. Ainda assim, o que é mais “doloroso” é que nossos “exemplos” tenham deixado de sonhar, e talvez, por isso, seja nosso dever, dos jovens, fazê-lo – vale a pena lembrar: a definição de jovem, aqui, não tem a ver com a rugas, ou nosso questionável conceito de tempo, mas, sim, nossa capacidade de sonhar.